terça-feira, dezembro 02, 2008

Uma bilhética para um mundo novo

A bilhética é um mundo completamente novo que ocupa muitos milhares de funcionários nas milhentas empresas que produzem sistemas de bilhética avançada, que ocupa muitos milhares de funcionários públicos que têm de imaginar a bilhética em consonância com os passes sociais e é um mundo completamente louco para todos os restantes portugueses.
Na “never ending task” em que se tornou o processo de simplificação administrativa desta república, o governo vai inovar novamente criando o Zapping.
Isso mesmo. Esse fenómeno televisivo anglo-saxónico que nos faz saltar ininterruptamente entre canais sem ver objectivamente nenhum, vai passar a estar disponível nos transportes públicos.
Provavelmente o governo pretende que sejamos tão ecológicos, tão “carbon free” que quer que passemos os dias a saltitar entre transportes públicos (quinze bilhetes em 4 operadoras, para ser mais exacto), sem ter o objectivo de deles sair para fazer alguma outra coisa, tipo trabalhar.
Já tínhamos os L’s, os de Dez viagens, os de ida e volta, a assinatura, o 7 colinas, o escola.tp, o Viva Viagem e o Lisboa Viva, os de duas zonas, os combinados, os de 3ª idade, os pré-comprados, os simples e as cadernetas de módulos. Mas agora tudo isso terminará e tudo começará de novo com o mundo novo do Zapping.
Mas depois ninguém se pode queixar que isto não é Simplex, até porque simplifica e cria muitos mais empregos nestes 4 operadores, tal vai ser a quantidade de funcionários necessária para explicar aos mais velhos, aos mais novos, aos mais info-excluídos e ao estrangeiros como se adaptarem a esta nova realidade, quando ainda não conseguiram habituar-se ao Lisboa Viva / Viva Viagem.
Ganha toda a gente, ganham as empresas e o país. As empresas poupam em papel, o emprego cresce, e as metas de Quioto cumprem-se. O governo cumpre o Simplex e aumenta a qualificação dos portugueses para tirar um simples bilhete.


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