sábado, novembro 29, 2008

Não foi só a linguagem que se radicalizou...

A estética do partido também voltou a uma matriz Marxista-leninista...
O último P de PCP, que nos tem vindo a ser apresentado há vários anos em verde, já se perdeu para o vermelho.
Resta perguntar, para quando a pintura de um mural?

quinta-feira, novembro 27, 2008

Só pode ser uma brincadeira

Realmente só o facto de esta gente dos sindicatos não ter mesmo de avaliar ninguém, porque não dá aulas, é que torna possível conceber que os professores se auto-avaliem numa "reflexão sobre as condições em que exerce o processo de ensino".
Quem tem reais responsabilidades de avaliar outros e para mais é sério sobre a intenção de ser avaliado ou sobre a utilidade da avaliação, não pode conceber uma coisa destas.
Fico honestamente baralhado. Então a avaliação dos professores passa a ser uma auto-avaliação dos professores, ou uma avaliação da escola e muito provavelmente do governo?
É que pensava que para isso já tinham inventado as eleições.


Sindicatos propõem auto-avaliação acompanhada por pedagógico.

segunda-feira, novembro 24, 2008

Marcelo 2009


O professor está de volta… já em 2009…
Pedro Passos Coelho já se deve ter mordido todo. Mas ainda pode haver esperança para Passos Coelho.
Alguém imagina que o professor se chega à frente se Sócrates renovar a maioria absoluta???

Ainda alguém pensa em justiça para a Casa Pia?

Essa é a única questão relevante. É possível nesta altura, quatro anos volvidos, saber se vai mesmo haver justiça no caso da Casa Pia?
Apesar de relevante parece não ser a preocupação de todos os que vêm falando sobre o assunto. Na comunicação social e um pouco por todo o país vai aumentando uma ideia de cansaço sobre este assunto e uma certeza que a justiça não se conseguirá fazer porque os endinheirados notáveis envolvidos nunca serão responsabilizados pelos seus crimes.
Ora esta ideia está totalmente enviesada. A justiça não se faz fora dos tribunais e não se cumpre com recurso a uma interpretação naturalmente abstracta da opinião pública. Todos aqueles que sendo objectivamente ilibados pelos tribunais terão sempre a pender sobre as suas cabeças um estigma de desconfiança e presunção de culpa que tornará as suas vidas e das suas famílias ainda mais insuportáveis do que já é.
Quatro anos depois, está irremediavelmente comprometido o papel e a imagem da justiça.


Toque de fininho

Cavaco acusou o toque que ao de leve lhe tem vindo a ser dado por alguma comunicação social. Muito ao de leve, que neste país ninguém parece estar disposto a imaginar mácula em Belém.
Ainda assim, Cavaco resolveu e bem, pôr fim à conversa.
Embora no caso do Governo não haja a mesma sensibilidade, sendo por vezes noticiadas desbragadamente as mais varaidas alarvidades, talvez fosse útil a Sócrates aprender alguma coisa com Cavaco e em vez de deixar arrastar conversas que ganham vida própria na internet ou nos jornais, pôr-lhe um ponto final de forma lacónica, o que a bem dizer não esclarece nada para Sócrates, como para Cavaco.


Mais do mesmo...

Está mesmo a ver-se onde isto vai dar. Está instalada a confusão e a desinformação sobre o caso BPN. Este vai ser mais um como a Casa Pia e como tantos outros casos mediáticos. O problema está em a comunicação social andar irremediavelmente à frente do crónico atraso da justiça. Na ausência de relevantes notícias provenientes dos tribunais, a comunicação social explora todos os pontos de vista e de repente não é o caso que faz notícia, o que seria correcto, mas outra coisa qualquer que ninguém percebe muito bem o que é.
Na ausência de uma abordagem séria, que poderia ser proporcionada por um sistema de justiça moderno, são notícia as tricas, o diz que disse, as preferências partidárias de uns e de outros, a independência do supervisor, tudo nessa luta aparentemente mais importante de quem se fica a rir no final.


sexta-feira, novembro 21, 2008

Damage control

O outro ainda nem aqueceu o banco da cela e já começou o lobby pelo presidente-de-banco-coitadinho-que-eu-até-conheço-pessoalmente-e-sei-ser-incapaz-de-tais-hediondos-actos-de-aproveitamento-pessoal.
Que estranha nova personalidade de Dias Loureiro. Ou tem um caso grave de dupla personalidade ou está velho. Este não é o Dias Loureiro que nos habituámos a ver. O outro era aguerrido e arrogante e o desta noite foi um cordeirinho.
Mesmo assim, que estranho este poder de Dias Loureiro. É recusado pelo parlamento (atenção, eu não estou a fazer juízos de valor porque acho que deve haver uma comissão de inquérito, mas não uma audição pedida por Dias Loureiro), e então arranja maneira de se passar pelo papel de infeliz que não sabia de quase nada do que se passava no banco, porque esteve muito mais ocupado com os negócios em Marrocos, e até já olhava meio de lado para aquilo, mas passando sempre aquela ideia de que o pobre do Oliveira e Costa era incapaz de se aproveitar do BPN.
Os tribunais logo dirão. Mas para mim começa a repetir-se excessivamente este corrupio de gente sempre disposta a pôr as mãos no fogo por alguém que conhece desde pequenino.
Vão todos logo a correr para as televisões, que continuamente se prestam ao serviço destas limpezas de imagem, e subitamente estão todos a fazer-nos a cabeça de forma que qualquer atraso da justiça possa ser justificado pela bandalheira a que este país chegou, para logo ser impossível que qualquer decisão dos tribunais comporte em si qualquer justiça para o acusado, que eles sempre souberam ser inocentes.
No meio disso aproveitam para justificar que o resultado da justiça segue o caminho da pressão dos média sem se recordarem ter sido eles os primeiros a utilizarem o meio para desculpabilizar os acusados.
Confuso? Não, o problema é que o país é demasiado pequeno, e classe política demasiado fechada e todos se conhecem desde de pequeninos como se fossem do Benfica.

quinta-feira, novembro 20, 2008

Sem impacto

Não quero que subsista qualquer dúvida. Perante a afirmação do secretário geral do PSD sobre a descontextualização das afirmações de Manuela Ferreira Leite, li os blogs e os jornais, vi na RTP e ouvi no Rádio Clube.
Depois de tudo visto não consegui concluir qual é a descontextualização. Não nego que ela pode ter existido, mas a ter existido e toda a comunicação social ter alinhado por esconder a contextualização destas afirmações parece-me estranho, mesmo dentro do critério em que Manuela Ferreira Leite considera que a comunicação social não deve marcar a agenda política.
Mas não interessa, a baixa repercussão das declarações de MFL revelam principalmente a irrelevância que as suas afirmações têm neste momento.
Ninguém parece levar particularmente a sério as suas declarações ao ponto de se conseguir fazer um paralelo com o tempo em que o que se lhe criticava era o seu silêncio. Alguns chegam a preferir o silêncio e quase todos estão no PSD.
Nesta altura parece cada vez mais evidente que MFL vai ser o líder de transição que permitirá a um outro lider estar em estado de graça à porta das eleições.
Afinal a líder do PSD que pretendia ser ela esse lider em estado de graça na proximidade das eleições, mas que Menezes não permitiu que conseguisse esse objectivo, vai ter mesmo de ceder o seu lugar a Pedro Passos Coelho.

Arrogante

Esta mulher é uma arrogante. Imagine-se que teve a arrogância de corrigir ou tornal condicional as mais relevantes questões que levantava o processo de avaliação dos professores.

Arrogante...

Um dia destes ainda tem a suprema arrogância de suspender o processo de avaliação.

Pior, teve a arrogância de reconhecer o papel dos professores na reforma em curso...

terça-feira, novembro 18, 2008

Como???

Não sei se não é bom seis meses sem democracia??? Não sei se não é bom seis meses sem democracia???!!!! Mas que raio...

Bem, eu estou ocupado com uma recensão e até já tenho para mim que é melhor deixar a poeira assentar antes de escrever a quente... mas assim que se perceba bem em que contexto estas palavras foram ditas, teremos de voltar a este assunto...

Naturalmente...


Greve


Não há condições para se continuar a estudar neste país, com piquetes de greve como este :)

domingo, novembro 16, 2008

O papel dos jornalistas


Às vezes sentimo-nos pressionado a ter em conta que se demos 4 minutos ao candidato A, temos de dar 4 minutos ao candidato B. Depois o candidato A diz que está a chover e o candidato B diz que faz sol e limitamo-nos a passar essa mensagem.
O papel dos jornalistas deveria ser, olhar pela janela e confirmar que está sol e dizer que um dos candidatos está errado.


Campbell Brown (No Bias. No Bull in CNN) @ Daily Show with Jon Stewart

Na Califórnia como em Portugal...

sexta-feira, novembro 14, 2008

Paz social

Tem havido um claro desanuviamento da tensão nas escolas portuguesas, contribuindo para uma maior paz social. Os alunos deixaram de bater nos professores para passarem a bater na ministra e nos secretários de estado. Reina a paz na escola pública.


quinta-feira, novembro 13, 2008

É a crise...

Não gosto nada do caminho que isto leva quando este blog entra no modo "i told you so”, até porque não gosto nada de me repetir, mas é inevitável.
Senão comparem… Em Maio de 2006 escrevi o seguinte post:

Desculpe?!?

Será que ouvi bem? O governo vai assinar um protocolo para a exploração mineira em Aljustrel? Vamos ajudar a formar toda uma nova geração de mineiros para os desiludir daqui a 10 ou 15 anos?

Enganei-me, não foram 10 ou 15 anos e agora posso escrever i told you so, porque as minas de Aljustrel vão suspender a laboração e prepara as rescisões habituais de funcionários uma vez que vai entrar em “care and maintenance”…
Também mais lá para trás discutimos, uma ideia que continuo a manter, mas que provavelmente ainda teremos de discutir no futuro, que muitos dos apoios e isenções fiscais que visam atrair investimento estrangeiro acabam por resultar em jogos de soma nula para o país.
Este caso das minas de Aljustrel e Neves Corvo é um gritante exemplo disso.
O modelo de desenvolvimento de que tanto se fala nunca me pareceu que devesse estar suportado por mão-de-obra intensiva como a mineira e a de outros sectores, mas ainda assim o investimento de uma qualquer empresa mineira estrangeira lá se fez.
O que prova o encerramento das minas são duas coisas fundamentais:
Primeiro: O governo na sofreguidão por atrair investimento estrangeiro, qual panaceia para todos os males (já foi chão que deu, melhores, uvas) não avalia correctamente o potencial de criação de riqueza das áreas onde os investidores estão dispostos a apostar.
Segundo: O modelo de desenvolvimento português tarda em perceber-se objectivamente qual é.

quarta-feira, novembro 12, 2008

Éticamente aceitável?

Eu avisei (se os meus amigos quiserem pesquisar lá mais para trás) quando foi aquilo da mão de obra barata na China, que afinal era em Portugal, que este senhor tinha de ser corrido porque já não estava a dar conta do recado. É preciso arranjar outra pessoa que esteja em contacto com a realidade, até porque este é um troca tintas.
Mas não me ouvem.... :)

Ar puro

O fumo dissipa-se e o ar que se respira vai ficando mais puro, quando o presidente eleito dos Estados Unidos se compara a um cão rafeiro na sua primeira conferência de imprensa...

É sempre bom lembrar...

Da colectânea de choques de realidade que vou tendo nos dias que correm... é sempre bom lembrar-me, como nota mental, que houve um tempo sem exames nacionais, os acetatos eram uma grande inovação tecnológica, em que as pessoas não se podiam conhecer pelo Hi5, e morangos com açúcar eram apenas uma sobremesa...
Mas há sempre um factor geracional de ligação... Também já se fumavam ganzas...
Curiosamente nunca tinha pensado na ganza com um elo de ligação entre gerações... enfim...

terça-feira, novembro 11, 2008

A outra autonomia

O Presidente tem dois pesos e duas medidas em relação às duas autonomias.
Enquanto é conivente em silêncio com a lenta degradação das instituições democráticas do arquipélago da Madeira, confirmando o famigerado défice democrático. Prestando-se a festas e passeios em que apenas alguns participam como é vontade do governo regional, no que toca aos Açores, insiste em não promulgar um diploma que a Assembleia da República insiste em votar unanimemente, embora alguns pareçam ser menos unânimes quando falam aos jornalistas, para não desagradar o Sr. presidente.
O problema é que Cavaco tem razão em pelo menos um dos aspectos que invocou.
Quanto a ele ou qualquer outro futuro Presidente ouvir, antes de dissolver o Parlamento Regional, várias entidades da região, embora possamos invocar (como faz Cavaco) que uma lei ordinária não deve limitar os poderes que a Constituição prevê serem da exclusiva competência do Presidente, é uma questão de somenos importância até porque o legislador apenas prevê colocar na lei algo que a mais elementar educação deve respeitar. Ouvir as instituições regionais sobre uma possível dissolução.
A Constituição não obriga, mas acabará sempre por ocorrer esta formalidade quanto mais não seja para cumprir calendário e é uma perda de tempo o PS insistir em manter a necessidade desta consulta.
Onde Cavaco tem razão é na oposição ao nº 2 do 140º Artigo do novo estatuto.
Podemos pensar as autonomias como entendermos, mas para já elas organizam-se como subordinadas ao todo nacional num equilíbrio institucional que se pretende saudável. Mas não é possível pensarmos neste relacionamento à luz dos actuais responsáveis das pastas em Lisboa e nos Açores. Os actuais responsáveis de algumas autonomias e o que muitas vezes se diz, já nos deveriam pôr de pé atrás, mas a Assembleia da República abdicar do seu direito de rever o estatuto no futuro, limitando-se a confirmar as alterações por iniciativa legislativa regional, pode querer fazer reflectir o mais nobre principio dos açorianos se regerem a si próprios, mas alguns dirão que isso se chama independência.
Ainda que naturalmente não seja esse o objectivo dos açorianos ou até dos madeirenses, além do Jaime Ramos, este articulado do novo estatuto pode vir a criar graves problemas institucionais entre as ilhas e o continente e acabar por criar uma situação de bloqueio em que a Assembleia Legislativa Regional e Assembleia da República não se entendam quanto a uma alteração de estatuto e legalmente nenhuma se pode impor à outra.

domingo, novembro 09, 2008

A Iniciativa social

Estamos em crise, não é? Politicamente a palavra crise, resulta quase sempre numa atenção especial da comunicação social aos aspectos sociais, que esperam tenham correspondente reflexo nos políticos. É uma espécie de lobby, que até podemos considerar legítimo. A comunicação social sem perguntar nada a ninguém, interpreta os legítimos interesses do povo, passando a veicular a ideia que os portugueses exigem ardentemente políticas sociais que compensem a violência da crise, perguntado aos políticos o que pretendem fazer.
Este ano e nesta crise o PS pouco ofereceu. O défice, que afinal já nem sequer parece muito importante, na medida a que volta a ser instrumental, ainda obriga a constrangimentos fortes da despesa e por isso o maná social que se esperava em ano de eleições, não ocorrerá.
A inteligência está, como muitas vezes no PS, em criar a sensação de que é realmente bom fazer-se alguma coisa que já estava anteriormente combinada. É o caso do aumento do salário mínimo.
A falta de inteligência está, em não perceber o impacto do referencial mínimo do país, independentemente do número de pessoas que ele abrange e ainda por cima contestá-lo, não exigindo mais, mas antes o adiamento do seu aumento. Que foi o que fez Manuela Ferreira Leite.
Para a opinião pública a Manuela está com os empresários e o grande capital (o que geralmente não é bom para a imagem), contra o trabalhador que ganha o salário mínimo.
O PS em termos de opinião pública, sem ter feito nada de particularmente relevante, reivindica para si a iniciativa social que alguns há muito criticavam neste PS. Sendo difícil antecipar que essa iniciativa possa voltar para o lado laranja.

A coerência tem um valor político

Os professores nunca concordaram com qualquer medida, de qualquer ministro, de qualquer governo, de qualquer partido. E provavelmente vão continuar a fazê-lo, logo são coerentes.

sábado, novembro 08, 2008

Porra... chegámos ao Natal...


I didn’t see that coming...

Business as usual

Ricardo Araújo Pereira no Governo Sombra da TSF.

Antes das eleições a esquerda defendia Obama por ser o candidato anti-sistema, e desdenhava de McCain, que a direita defendia por partilhar os mesmo valores conta a perigosa incógnita de Obama.

Agora Obama passou a ser o líder dos imperialistas para a esquerda e respeitado como merece o Presidente dos EUA, pela direita.

Não está entre aspas uma vez que não foram exactamente estas as palavras. Mas é esta a ideia.

quinta-feira, novembro 06, 2008

Não fiquem tristes

Não vale a pena a direita conservadora, mascarada de liberal, que domina a blogosfera portuguesa, ficar deprimida com a vitória do Obama. Ou tentarem justificar com o desinteresse que vos suscita a vitória do Obama ou a derrota do McCain, até porque não se interessam particularmente por este tipo de eleições.
Alguns de nós, os mais atentos, recordamo-nos que há quatro anos alguns dos vossos blogues já existiam e o desinteresse pela vitória de Obama contrasta bem com o sentido Rambo justiceiro como acolheram a vitória de Bush pela segunda vez.
Mas não fiquem tristes. A América que vocês gostam e com que sonham ainda lá está...
Os mesmo californianos que deram 61% dos votos e 55 colégios eleitorais e com os seus votos confirmaram este momento histórico, utilizaram os mesmos votos para apagar um outro momento histórico estadual e criaram um imbróglio jurídico, votando a favor da emenda constitucional para banir os casamentos gay.
Imaginando que não se vai avançar para a nulidade dos milhares de casamentos constitucionalmente garantidos pelo Supremo Tribunal da Califórnia, entretanto realizados, passa a haver vários problemas que terão de se resolver. Vão os casados poder divorciar-se de uma união que constitucionalmente já não existe? Que direitos legais na morte de um cônjuge assiste ao cônjuge sobrevivente de uma união inexistente constitucionalmente, e as contas conjuntas, e a fiscalidade, etc, etc etc,?
É possível imaginar que um país que acaba de eleger um negro, opte por criar um regime constitucional de excepção que confirme uma discriminação legal sobre uma comunidade tão discriminada quanto a negra?

É preciso salvar o povo da Madeira

É necessário criar imediatamente uma ponte aérea com o Funchal para permitir que todos os madeirenses possam, dentro da liberdade que a constituição reconhece a todos os portugueses, sair o mais depressa possível daquela ilha. Já não basta viverem numa ilha, como ainda têm de aturar esta classe política. Ninguém merece...
Há algo de irónico nestas palhaçadas que o PND faz agora na Madeira, finalmente Alberto João tem um adversário à altura. Teve de haver alguém a fazer o mesmo jogo que o Presidente do governo regional, para empurrar o PSD, que negou sempre a teoria do défice democrático, à realização de actos aparentemente ilegais.
Claro que esta coisa da bandeira nazi é um fait-divers, uma comparação grave e totalmente incorrecta e injusta para o com o PSD-Madeira, mas ao melhor nível do que o Alberto João nos habituou.
É sempre bom recordar que muitos e muitos portugueses, nos mais elevados cargos, já foram insultados e ofendidos pela refinada (leia-se troglodita) ironia do Alberto João e aparentemente ninguém se preocupou muito com isso.
O PSD-Madeira tem uma maioria absoluta há 30 anos e não precisa sequer de se incomodar com estes disparates. Mas não, o PSD-Madeira não só se contenta com o poder que tem manipulado da forma como sempre entendeu, como aparentemente não permite que qualquer opinião contrária à sua tenha qualquer possibilidade de ser veiculada, ainda que legitimada pelo voto popular, tal como a sua própria maioria.
O deputado regional não pode ser suspenso por votação da maioria parlamentar, que ninguém sequer percebeu se chegou a votar-se esta suspensão, uma vez que os restantes grupos parlamentares se ausentaram da sala. Nem a maioria pode suspender sine die os trabalhos da Assembleia Regional até que seja proferida uma decisão judicial relativa a um processo que nem sequer foi iniciado, contra um deputado que na realidade não fez mais do que exaltar-se.
A Assembleia Regional não é um órgão acessório do Governo regional, uma espécie de escritório que despacha encomendas e confirma o glorioso trabalho do Governo regional, mas antes a legitima expressão da vontade do povo madeirense e a manter-se esta suspensão o povo da Madeira não está a ver devidamente representados os seus votos, uma vez que o PSD apesar de ter uma maioria absoluta não se pode arrogar ao direito de ser o único legitimo representante dos madeirenses.
A manter-se este impasse, e caso Cavaco não consiga nos bastidores resolver este disparate e a Assembleia Regional não voltar a trabalhar, com o deputado em causa presente, então não resta qualquer alternativa senão a dissolução que reponha a normalidade democrática naquele arquipélago.

Dentro de momentos...

Arrumada a eleição americana e com todas as dúvidas que irão continuar a existir até janeiro, é possível deixar o Obama em stand-by e voltar aos sumarentos pormenores da política nacional.
Para o ano que vem vai haver festa rija com europeias, autárquicas e legislativas, e tem havido durante a minha travessia no deserto algumas coisas sobre as quais ainda quero falar.
Além disso vão sempre acontecendo todos os dias novos episódios dessa revolução comunista que nacionaliza bancos.
Muito para dizer, mas prometo não falar num mês tudo o que a Manuela Ferreira Leite não disse em seis. Não lhe quero roubar a iniciativa política.

quarta-feira, novembro 05, 2008

Histórico

Este é realmente um momento absolutamente histórico que felizmente eu tenho o imenso prazer de testemunhar.
As campanhas americanas são muito disputadas nos meios de comunicação social com mensagens curtas e muitas vezes vazias. Por vezes as campanhas tornam-se sujas e são atirados os mais diversos mimos aos candidatos, uns pelos outros. Muitas vezes falta substância e ideias aos candidatos, ou a haver substância ela passa ao lado das mensagens de consumo simples em horário nobre. Mas este é um problema genérico de ambos os lados da barricada.
Obama pode ainda ser uma incógnita, provavelmente o futuro mandato levanta mais dúvidas e questões do que certezas. A experiência é de facto uma das questões fundamentais, mas por oposição ao experiente candidato McCain que nesta eleições optou por ignorar as suas anteriores posições moderadas, em muitos casos quase anti-republicanas, para se colar à mais extremista da direita republicana,
Obama conseguiu aquilo que aparentemente parece difícil numa campanha com estas características, que foi ser coerente. Espera-se que possa continuar a sê-lo na Casa Branca.
No entanto este momento inimaginável na maioria dos países que tão frequentemente criticam a generalidade da classe politica americana, não se pode afastar da relevância da raça do candidato eleito. Obama tem um nome difícil, pertence a uma raça que até à relativamente pouco tempo teve de lutar pelos mais básicos direitos civis depois de uma longa batalha contra a escravidão e ainda que se possa dizer que Obama é um privilegiado, algo a meio caminho entre negro e branco, muitos outros negros americanos de classes altas ou privilegiadas nunca terão imaginado que este momento pudesse ser possível, ainda que alguns possam ter chegado a cargos de elevada importância.
A raça poderia ter desempenhado um papel mais relevante nesta eleição, mas ela é precisamente notícia pelo papel que não desempenhou. Obama soube estar a acima dos limites tantas vezes impostos à sua raça e é eleito com o maior número de colégios eleitorais, mas para que não restassem quaisquer dúvidas, também venceu no voto popular.
Esta vitória de Obama é mais um passo na história longa e inacabada da igualdade entre os homens, que evidencia que os homens não se devem dividir em raças, mas que com igual acesso a condições de vida dignas, à Paz, à educação e à igualdade de oportunidades todos poderemos ter hipóteses de sucesso, ainda que pertençamos a algum grupo étnico, sejamos imigrantes, de um sexo fraco, de uma minoria económica, de uma determinada nacionalidade, de um grupo sexual, ou que pertençamos a qualquer tipo de grupo sobre o qual exista um absurdo e estúpido estigma social.

São momentos irrepetíveis, ou não, os que se vivem por estes dias...

Momento de americanismo primário

Também tenho direito aos meus sentimentos primários...
Digam lá onde é que está o país, onde apesar de tudo, continua a estar a maior capacidade de inspiração para o resto do mundo? Onde é que está a capacidade de continuar a reinventar a história? De lhe dar novas características e valores? Onde é que vamos ciclicamente reforçar o nosso capital de esperança no futuro?
Está onde sempre esteve, desde que em 1776 se escreveram as palavras "...all men are created equal..."

Este homem é um Senhor

John McCain prova no seu discurso de reconhecimento da derrota, o tipo de homem que é, o que naturalmente nunca esteve em causa nesta eleição.

Os resultados (provisórios)





Já está

Só certezas

Como também já nos tem habituado, Rui Oliveira e Costa tem sempre razão, e de preferência desde o início da noite eleitoral.

Landslide

Se as projecções se confirmarem quanto ao Ohio e se a tendência continuar na Carolina do Norte e na Florida, Obama ganha as eleições podendo inclusive perder a Virgínia, porque ninguém imagina a possibilidade dele perder os 55 colégios eleitorais da Califórnia,
Se isto continuar assim vai mesmo ser aquilo que já estão a chamar uma landslide victory... que é como quem diz uma hecatombe para McCain e para o partido republicano.


P.S: José Rodrigues dos Santos (embuído do espírito juiz do supremo tribunal americano) já decidiu e declarou Obama vencedor citando informação que não existe no site citado.

Ronda pela informação sem cabo

Breve ronda pelos canais portugueses. Ai se o arrependimento matasse.
Na SIC discute-se as implicações raciais da votação em determinados condados da Virginia, assunto que ainda não foi sequer mencionado como condicionante da votação (até ao momento) pela CNN ou pelos sites das grandes cadeias televisivas americanas. Na net o "posto de escuta" tem o mesmo post desde o início da noite. A Quadratura do círculo está morta porque o JPP embirrou e declarou a sua falta de entusiasmo pelas eleições americanas, mas que votaria McCain. Todos sabemos que defenderia e votaria Obama se porventura este estivesse no lado negativo das sondagens e a sofrer as agruras da discriminação racial sofrida por exemplo por Jessie Jackson.
Na RTP José Rodrigues dos Santos optou por discutir com o moço que mostra o mapa e os resultados, e por desconfiar das opiniões do analista de sondagens presente. Este facto não pode ser dissociado da falta de sentido revelada em baralhar todas as sondagens e projecções das principais cadeias americanas. Um pouco confuso...
Como já vem sendo costume em noites eleitorais, este vosso humilde espaço faz melhor serviço público :)
Bem, vou fazer café, isto promete durar pelo menos mais umas duas horas…

Underdog

Tinha de ser. Há sempre quem não reconhece a mudança de um ciclo e pretende perpetuar a lógica “estás comigo ou contra mim” em que se tornaram as relações americanas com o resto do mundo.
Dentro da dicotomia anti-americanismo primário vs americanismo primário já alguns andam por aí a justificar na blogosfera que o coitado do McCain é vitima da achincalhamento esquerdista do costume, que ninguém pode ser visto a defender McCain, que uma elite pretensiosamente cultural de rito europeu condiciona a opinião publica a defender um aparente candidato único, de partido único.
É o “underdog factor”, o complexo da pena que suscita o Zé Maria e que tão caro a algumas figuras da blogosfera.
Como se estivesse em causa algum defeito de carácter de McCain que manifestamente não está em causa, porque até lhe são reconhecidas fortes convicções e qualidades que manteve ao longo da vida.
É uma visão tortuosa da democracia que permite que se ganhe sempre, mesmo quando se perde.

Vai uma FAQ?

Nos dias que correm há FAQ's para tudo. Fica aqui mais algumas bastante úteis para a noite de hoje. Tudo o que sempre quis saber sobre o sistema eleitoral americano mas nunca teve coragem para perguntar.

Trend

Primeiro fecho de urnas em grande. 25 Estados fecharam as suas urnas e não há surpresas. Toda a gente ganha e perde onde era suposto.
O que cresce a cada momento é a minha paixão por aquele quadro interactivo da CNN. Será que aquilo é caro? Será que me ainda vou a tempo de encomendar uma coisa daquelas para o Natal?
Parece que vai surgindo uma tendência, também ela previsível na leitura das sondagens, McCain perde votos em relação aos locais tradicionalmente republicanos, conseguidos por Bush na eleição anterior com larga margem. Só por si, devido ao sistema "winner takes all" (na maioria dos estados) isto não seria um problema pois o vencedor leva todos os colégios eleitorais nem que tenha apenas mais um voto. Mas o problema (para McCain) é que Obama tem melhores resultados nos centros urbanos desses estados que se não forem compensados com voto rural mais conservador pode deixá-los escapar.

terça-feira, novembro 04, 2008

Viva a Polónia mascarada de modernaça e o mano Kasinski sobrevivente

Na ausência de candidatos vencedores na América, ganha a Polónia. É uma fórmula de sucesso. Quanto mais tempo durar a emissão especial da CNN, maior será a quantidade de anúncios a demonstrar como a Europa estava órfã sem a Polónia e como é perfeitamente normal que a Polónia se tenha tornado um espinho permanente nas gargantas da União.
Pelo menos dois anúncios, na CNN, por intervalo numa noite como esta é capaz de não ter saído barato.
A Polónia tem de tudo. Ele é o Éden económico, a capital da cultura e a reinvenção do turismo mundial.

Jura!!!

De acordo com uma sondagem, 72% dos evangélicos votaram em McCain... Que surpresa...

Um STAPE faz muita falta

E provavelmente ainda vamos ter saudades do nosso.
Mas depois das eleições de 2000 não se compreende como é possível o processo eleitoral não ter sido homogeneizado por todos os Estados Unidos, e se continuar a verificar uma discrepância total na forma de eleições de estado para estado ou até de comunidade para comunidade, conforme se vai confirmando o fosso entre ricos e pobres. É o problema de não ter um STAPE mas 50.
Filas longas, como sempre, uns que votam em papel, outros electronicamente, junto com uma afluência que parece vir a ser recorde e está instalado o caos outra vez...
Lá vamos ter de assistir à contagem dos conditional ballots se isto ficar novamente demasiado renhido.

A influência da crise

Dear Sirs,
in view of current developments in the banking market,

if one of my checks is returned marked "insufficient funds",
does that refer to me or to you?
Sincerely Yours,

Assim à primeira vista

Ainda antes do fecho das primeiras urnas na costa leste americana, e prevendo à partida a prudência da CNN em indicar resultados, devido ao famoso "to close to call", não foi incrivelmente imprudente o entusiasmo de alguns lideres europeus pelo candidato Obama?
Ainda que possam existir proximidades políticas com alguns destes líderes, não teria sido melhor que manifestando o seu apoio, tivessem refreado o seu entusiasmo?
É que nunca se sabe de que forma uma relação diplomática pode ser afectada por momentos menos felizes de ingerência na política interna de outro país, especialmente com um sistema eleitoral que não garante que vitórias nas sondagens se confirmem em vitórias efectivas.
Claro que os políticos americanos gostam de ingerir onde quer que seja, mas a generalidade da classe politica europeia não foi suficientemente conivente com a administração Bush para agora desejar tanto que ela termine?

Clivagem

Hoje à noite o mundo está irremediavelmente dividido entre os que vão ver a Teresa Guilherme no Momento da Verdade e os que vão acompanhar as eleições americanas na CNN.

É agora...

Nem é tarde nem é cedo, é agora mesmo que o Suburbano regressa à blogosfera.
Um ano e uns dias fora, permitiram cumprir outros projectos que ainda duram, permitiu ver com alguma distância o que por aqui se vai escrevendo, apenas para concluir que está quase tudo na mesma.
Não julguem os incautos visitantes que distraídos aqui aparecerem, que esta data para regressar parece indiciar um maior interesse pela política internacional por oposição à nossa política doméstica. Vocês sabem que eu gosto muito da nossa política interna, não sabem? Mas quem pode recusar que a confirmar-se, surgem ventos frescos sobre o atlântico (disso darei aqui conta ao longo da noite) que ainda que não sejam soluções são certamente novas abordagens e talvez uma visão menos maniqueísta da política internacional.
O Suburbano regressa como partiu, continuará ser um blog sobre tudo e sobre nada. Continuará sujeito aos humores flutuantes e cada vez menos disponibilidade do seu autor. Continuará uma caixa de ressonância da agenda mediática, mas isso após um ano até já nem parece mau. O que parece mal é muito do que se vai vendo escrito e como voluntariamente ou não, se vão fazendo as perguntas erradas ou não se vai questionando de todo.
Não se prevê muita frequência. Nada justifica que se ande a escrever por tudo e por nada mesmo que não haja grande coisa para se dizer. É preferível que se escreva aquilo que nos assalta verdadeiramente o espírito e não qualquer patacoada sem graça nenhuma.
Por isso cá estou novamente, esperando poder agradar neste Suburbano 2.0, pelo menos a tantos como os que passaram por aqui nos 3 anos da anterior versão do suburbano.
Vemo-nos por aqui...