domingo, janeiro 29, 2006

Caí neve...

Neva em grande parte do país e o Cacém não é excepção. Este dia rigoroso é para mim estranho pois apesar de já ter visto neve várias vezes, nunca tinha visto nevar e muito menos no Cacém.

O pesadelo

O pesadelo
O pesadelo,
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O pior pesadelo de um publicitário deve ser assistir como uma má comunicação se sobrepõe a outra já não muito feliz... Eu diria mesmo que PARVO É CHAMAR PARVO AOS PARVOS QUE CHAMAM PARVOS AOS PORTUGUESES.

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Terminal do Suburbano

O Terminal desta linha já está a mexer e já começa a aparecer um arquivo mais cuidado do Suburbano.

O objectivo é eu conseguir encontrar as coisas que escrevo... :) com maior facilidade, mas também ajudar os meus amigos a encontrarem o que quiserem dividindo os posts por categorias.

O meu agradecimento ao Ricardo do Filho do 25 de Abril a quem roubei a ideia das suas memórias, pois já algum tempo que procurava um sistema de arquivo aceitável.

O Novo Panorama

Cavaco ao contrário do que as sondagens e a comunicação social vinham dizendo, foi eleito à primeira volta com uma margem curta de eleitores em relação ao global dos candidatos da esquerda. O que as sondagens e a comunicação social diziam era que o seria com uma grande margem, o que não se verificou. Nada coloca em causa a legitimidade do novo presidente mas esse facto fez com que o candidato guardasse a sua declaração para mais tarde e deve ter causado arrepios nas hostes cavaquistas que enchiam o CCB.

Apesar desse momento de alguma dúvida sobre a existência ou não de uma 2ª volta, Cavaco acaba por conseguir a vitória com o voto urbano de centro esquerda que nas últimas legislativas votou em Sócrates e que acabou por segurar a votação do Professor acima da linha de água.

Ou seja, todos os que genuinamente de direita afirmavam não haver candidatos de direita acabaram por confirmar as suas piores expectativas com estes votos decisivos que Cavaco recebeu. Agora a grande questão é saber até que ponto Cavaco reconhece a responsabilidade na sua vitória destes votos e lhes será, ou não, fiel.

Dependendo da evolução da pseudo-crise no PS com Manuel Alegre, que aparentemente vai resultar (e bem) na criação de um movimento cívico que terá como próximo desafio a despenalização do aborto, Cavaco terá uma vida fácil em Belém se porventura o Governo mantiver a orientação que tem tido até aqui.

É já tradicional a existência de primeiros mandatos pacíficos por oposição às confusões que os governos insistem em gerar nos segundos mandatos presidenciais, e neste caso não será certamente diferentes até porque haverá sintonia entre Sócrates e Cavaco quanto à presidência da União no segundo semestre de 2007 e por isso não é de prever qualquer tipo de instabilidade politica até lá.

O problema desta nova realidade é o governo ter uma maioria absoluta no parlamento o que provoca uma deslocação do eixo da política nacional do parlamento para a relação entre Presidente e Governo.

Sócrates governará para agrado do Presidente e este retribuirá não hostilizando o Governo e quase apagando a oposição.

Resta saber o que acontecerá depois de 2007 em que o Governo começa a terminar o mandato e a nova liderança do PSD já estará mais consolidada…

A única questão de fundo dos próximos meses na relação entre o Governo e o Presidente é a questão da OTA e do TGV. Estes dois projectos ainda estão em fases embrionárias e vai ser interessante ver se Cavaco vai ou não tomar posição sobre este assunto.

Gadgets

As coisas que um homem se lembra quando não quer pensar no que realmente é importante...

Já repararam como os cabos da parafernália informática que se vão tornando as nossas casas, perturba a hamonia desejada entre design dos gadgets e os móveis modulares que compramos?

Mistura Explosiva

Carne para Canhão...

Em virtude da marcação de um congresso extraordinário no PSD para alteração estatutária que irá permitir as "directas", e também em virtude da chegada a Belém de novo inquilino, reponho aqui na íntegra um texto postado a 11-04-2005.... Tirem as vossas conclusões sobre o destino do visado...


Concluído que está o congresso do PSD, não posso deixar de me lembrar desse grande líder do PSD no passado.... Sim, o Fernando Nogueira.

O agora "exilado" em Paris chegou-se à frente no momento difícil em que o Professor já não estava interessado em continuar no governo e em que o desgaste das duas maiorias absolutas já se fazia sentir.

Nessa altura, Fernando Nogueira revelou coragem politica de se sacrificar pelo partido e talvez na sua opinião pessoal pelo país.

Marques Mendes tem agora a mesma coragem para pegar num partido desfeito que não conseguiu durante três anos estruturar e pôr em prática qualquer tipo de medida coerente. Fosse ela popular ou impopular.

No entanto o PSD parece estar a preparar-se para a travessia do deserto que o PS fez nos anos das maiorias do Cavaco e que o Guterres não permitiu ao PSD por nunca ter conseguido a maioria absoluta que pediu.

Tendo em conta que essa travessia do deserto irá durar uns previsíveis 4 anos, a atitude de Marques Mendes é de louvar mas pode torná-lo em mais um líder transitório do que alguém que o país possa confiar.

terça-feira, janeiro 24, 2006

O Eleito

Para os mais distraídos a minha participação n'O Eleito irá manter-se até 9 de Março, tal como previsto inicialmente.

Após a eleição do novo inquilino de Belém espero que o fervor ideológico por aquelas bandas aclame e se acabe por conseguir abordar outras questões mais interessantes à República.

Catálogo Imagens Suburbanas (1)

A lavagem dos cestos

É impressão minha ou os blogs de apoio exclusivo aos candidatos já deviam estar a preparar-se para fechar as portas?

Vão todos tornar-se blogs/movimentos de cidadania ou é mesmo mau perder?

Por aqui é necessário uma adaptação aos novos tempos e depois do meu divórcio do Blogrolling surge uma lista actualizada de blogs. Alguns mais directamente relacionados com as presidenciais desapareceram e surgem outros novos que espero que gostem.

Também vai à vida o Bloglet por insistir em não funcionar com o mínimo de qualidade e aparece uma nova sugestão de cinema - Match Point de Woody Allen.

Mais cinema em Hollywood.

Chato

49.4% dos portugueses que se deram ao trabalho de ir votar, não se revêem em Cavaco Silva para seu presidente. E antecipando aquilo que mais tarde ou mais cedo acabará por acontecer, aviso já que eu não votei Cavaco, nem Cavaco é o meu presidente.

A frase feita inventada por Soares em que o presidente passa ou pretende passar a partir do momento da sua eleição o "presidente de todos os portugueses" faz sentido numa lógica de supra partidarismo do cargo mas já não faz sentido 30 anos depois do 25 de Abril porque tenho a expectativa que apesar de os portugueses não se reverem em algum dos seus eleitos, isso não coloca em causa a democracia.

Assim, Cavaco Silva não é o meu presidente. Antes é mais o sujeito que ocupa Belém e que eu tenho de aturar por uns previsíveis 10 anos, mas a quem não reconheço particular brilhantismo para ocupar um cargo em que essencialmente é necessário um profundo conhecimento das instituições e do seu funcionamento, assim como respeito por estas.

Não consigo ver em Cavaco nada de empolgante ou motivador e cada vez que o ouço falar não consigo desligar a imagem de professor primário com vocação de seminarista.

Vão ser provavelmente os mais enfadonhos e chatos 10 anos de Belém.

A sério???

Olha que grande novidade que a SIC acaba de nos revelar numa reportagem.

Afinal e apesar de tudo o que se disse nos últimos meses sobre o louco despesismo das viagens de Soares, o Professor terá feito centenas de viagens (palavras do jornalista) e mostram imagens de pelo menos umas 8.

E eu que estive quase a votar no professor por causa do rigor quanto à política espectáculo, a retórica e a demagogia...

O (não) assunto

É legítimo que Manuel Alegre faça render o seu peixe ou que ponha a Helena Roseta a fazê-lo. No entanto a ideia que existe dentro do PS um capital próprio de Manuel Alegre por causa da sua votação nas presidenciais, tem perna curta...

Manuel Alegre tem de facto um espaço dentro do PS que lhe foi dado pelos próprios militantes na luta que travou com Sócrates pela direcção do partido, mas como Manuel Alegre sabe bem esse espaço dissipou-se com a chegada ao poder e neste momento não corresponde directamente aos socialistas que o apoiaram mas presidenciais.

Não há grande espaço de manobra para Alegre dentro de um PS legitimado com uma maioria absoluta sem que se aproxime qualquer ciclo eleitoral em que os seus votos e a sua ideia de esquerda pudesse influenciar a direcção do partido. Ou seja, tal como a maioria de Cavaco se extingue no momento da eleição também os votos de Alegre não representam mais que o interesse do seu eleitorado em vê-lo em Belém, o que não se verificou.

Tivesse a candidatura de Alegre partido efectivamente de um movimento de cidadãos e não de uma rejeição partidária que originou um movimento de cidadãos e aí Alegre teria um espaço de manobra muito maior. Aliás, se Alegre tivesse forçado Cavaco a uma segunda volta, Sócrates não teria outro remédio senão emendar a mão e por-lhe a máquina do partido à disposição, mas isso não aconteceu e por isso todas as consequências políticas que se esperam dos 20% Alegre acabarão por não se verificar.

Alegre nunca arriscaria criar um fenómeno de instabilidade dentro do PS, que colocasse Cavaco demasiado à vontade num início de mandato ou pelo contrário criar instabilidade no PS por oposição a uma defesa da estabilidade política por Cavaco.

No entanto nada disto invalida que Sócrates perceba o recado e passe a dar ouvidos à ala mais à esquerda do partido.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

As coisas simples

"De repente a Europa está cheia de árabes... Qual é o espanto? Se nós não tivéssemos o que comer íamos para onde? Íamos para onde houvesse... Não é?" Aldina Duarte - Fadista (TSF)

O Sistema

Antes de me pôr aqui a escrever sobre o novo panorama político, as expectativas sobre o primeiro mandato de Cavaco, o balanço da partida de Sampaio e sobre a provável agitação no PS permitam-me manifestar a minha confiança no sistema (agora é que eu perdi definitivamente o juízo...).

2004 Europeias - Vitória à Esquerda
2004 Regionais - Vitoria à Esquerda nos Açores e à Direita na Madeira
2005 Legislativas - Vitória à Esquerda
2005 Autárquicas - Vitória à Direita
2006 Presidenciais - Vitoria à Direita

Assim tudo divido é que é bonito.... agora só daqui a 3 anos...

domingo, janeiro 22, 2006

Presidencias 2006 - Hora de me deitar

Afinal nem valia a pena esta trabalheira toda... uma pessoas ouve "certos e determinados comentadores" e eles já sabiam desde o inicio que a culpa é do governo...

Presidenciais 2006 - "Habemus Praesidente"

"Eu e o meu marido somos reformados e temos artrite reumatóide e espero que ele faça algo de bom por nós." povo simples frente ao CCB

Ele é o melhor que há, esse malandro do Sócrates está a fazer muito mal, especialmente aos funcionários públicos" povo simples frente ao CCB

Presidenciais 2006 - Cavaco Silva

Isto depois da legitimidade dos votos é muito mais fácil... Cavaco não disse nada de de especial e aparentemente não precisou no passado por isso não vai precisar agora.

Ainda assim, foi claro nos principios genéricos que enunciou para a sua magistratura independentemente do que eles possam querer dizer.

A pose de estado já lá está e Cavaco vai acabar por ficar bem na fotografia sempre que houver necessidade de se deslocar ao estrangeiro (sim ele tb vai viajar).

Mais tarde veremos qual o caminho interno (se houver) do novo Presidente...

Presidenciais 2006 - Resultados Globais

Estamos em fim de festa, faltam apurar 3 freguesias e os votos dos emigrantes no continente americano. e o panorama é o seguinte:

CAVACO SILVA - 50,59%
MANUEL ALEGRE - 20,72%
MÁRIO SOARES - 14,34%
JERÓNIMO SOUSA - 8,60%
FRANCISCO LOUÇÃ - 5,31%
GARCIA PEREIRA - 0,44%
Amanhã farei mais comentários sobre o novo momento politico do País. Depois entrarei de férias e este blog passará a falar de cinema, teatro e literatura... :)

Presidenciais 2006 - Sócrates e Alegre

Era desnecessário Sócrates interromper a intervenção de Alegre que depois disso foi ignorada. No entanto isso revela o que para Sócrates significam os votos socialistas que foram para Alegre e o que isso irá traduzir na politica do PS. Vamos ver se o interior do Partido também concorda

Presidenciais 2006 - Marques Mendes

Marques Mendes queria ver se aparecia e se voltava a poder falar com jornalistas mas primeiro Jerónimo e depois a saida de Cavaco voltaram a abafá-lo...

Presidenciais 2006 - Louçã

Compreende-se que Louçã pretenda nesta altura fazer um discurso positivo para chamar à luta todos os que votaram nele ou na esquerda... o que não se compreende é que na sede de Louçã pareça que se vão abrir garrafas de Champanhe...

Presidenciais 2006 - Soares

Este homem é independentemente de tudo o que possam dizer, é um grande democrata. Este homem é alguém a quem este país deve muito e voltou a prová-lo nesta candidatura, assim como nesta derrota.
Devemos todos tirar lições da vida deste homem.

Presidenciais 2006 - O Fantasma

A SIC está instalada na Travessa do Professor desde cedo e de vez em quando interrompem a emissão para mostrar vultos fantasmagoricos na marquise....

O que nos espera nos próximos dez anos?? uma espécie de Familia Addams em Belém??

Presidenciais 2006

Helena Roseta vai fundar outro partido liderado por Alegre

Presidenciais 2006 - Nota Positiva

Nota positiva desta noite... a Ana Gomes não chamou traidor a ninguém...

Presidenciais 2006 - Fractura

As informações que vêm do STAPE confirmam, apesar das 992 freguesias mais populosas que ainda falta apurar, confirmam a vitória de Cavaco à primeira volta e deixam aberta uma fractura no PS...

Prevê-se para breve o discurso "presidente de todos os portugueses", mas a intervenção mais aguardada da noite será a de Sócrates.

Presidenciais 2006

Aceitam-se apostas na liga Betandwin a partir de agora para onde vai viver Cavaco...

Ficará na Travessa do Poçoulo ou irá para Belém?

Presidenciais 2006

Portugal já está cada vez maior... Só com inchaço dos apoiantes de Cavaco, Vigo e Badajoz já são nossas...

Presidenciais 2006

Parece que desta vez o STAPE está a funcionar... já dá para saber os votos da emigração... em Àfrica Cavaco ganhou com 95,1%... Revelador do que aparentemente o candidato representa...

Presidenciais 2006

Lá para as 22 está a festa acabada...

Presidenciais 2006

Ausência de novidades... as projecções confirmam o que se esperava com uma ressalva para a RTP cuja margem de erro ainda não permite garantir a vitória à primeira.

Presidenciais 2006

Ironias do destino... Garcia Pereira fez manifestações em frente de estúdios de televisão pela participação em debates e agora tem mais jornalistas que apoiantes na sua sede de campanha...

Sabedoria popular

Sabedoria popular
Sabedoria popular,
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Afluência Até Às 17h

A poucas horas do fecho das urnas a afluência, ainda agora anunciada, fica apenas pelos 49%. Ora, um número de abstenção tão elevado pode baralhar as contas a todas as candidaturas.

A única verdadeira surpresa desta noite poderia ser a existência de uma segunda volta, que assim pode estar comprometida. No entanto, o raciocínio inverso também é possivel, tendo alguns votantes de Cavaco Silva desmotivado devido às sondagens que lhe davam a vitória à primera.

De qualquer forma perdem todos e especialmente os portugueses que continuam a afastar-se da politica.

Presidenciais 2006

Más notícias... A CNE garante terem votado apenas 20% dos eleitores... Eu contínuo no meu momento de recolhimento familiar... Só falta uma missa para ser um candidato em pleno...

Sempre a comer

Sempre a comer
Sempre a comer,
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Bem... Está na hora de encher o estômago que o dia não será fisicamente esgotante, mas longo e arrasador para os nervos. Fica aqui uma imagem de sábado a tarde no processo de preparação do que nos poderá fazer aguentar os próximos dez anos... Caipirinhas...

Presidenciais 2006

Hoje é o dia em que podemos ajudar Portugal a combater a arrogância de quem se acha dono da verdade. É hoje que podemos lembrar os portugueses que o futuro está nas nossas mãos e que não precisamos de um pai, um tutor, ou um messias.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!

Fernando Pessoa, in Mensagem

O Estado (provisório) do País

Eurosondagem para SIC/Expresso/RR. Ficha técnica aqui

O meu voto

"É difícil estabelecer o momento em que se começa a pensar pela cabeça própria, tão lenta e árdua é a aprendizagem da independência mental e tão decisivas são as influências que pesam, se entrechocam e condicionam as nossas tomadas de posição, mesmo as aparentemente mais pessoais"
Portugal Amordaçado, Mário Soares

Poderia aqui discorrer pelas inúmeras razões que me levam a não votar Cavaco nestas eleições, até porque parece ao ler-se as colunas de opinião, que esse é um crime capital como se porventura não houvesse nos portugueses qualquer razão para ousarem não votar na figura tutelar do professor.

Poderia aqui passar a tarde a discutir como o melhor marketing político criou a sensação que o verdadeiro candidato era o professor e todos os outros existem na sua sombra apenas para contribuírem com o banal folclore da democracia na entronização sebastianica de um mito.

Mas não o vou fazer. O meu candidato é, como já sabem há bastante tempo, Mário Soares.

É Mário Soares porque tenho em relação a ele uma imensa divida de gratidão em relação ao homem que sou hoje em dia. Mário Soares esteve sempre presente em todos os momentos da minha juventude e devo-lhe em parte a consciência cívica e politica que tenho hoje.

Mário Soares é o meu candidato independentemente de nem sempre concordar com ele e se calhar precisamente por isso, só pelo prazer da discussão politica.

Mário Soares aos 81 anos é o orgulho de uma esquerda perdida entre uma orfandade da militância no passado contra a ditadura e a circunstância de ter de ser poder num mundo virado ao contrário.

Como poucos neste país, tantas e tantas vezes limitado no espaço e nas cabeças dos seus cidadãos, Mário Soares conseguiu sempre ver para além do presente e muitas vezes com prejuízo da sua vida pessoal lutou por aquilo em que acreditava.

Talvez vote Soares por a sua postura aos 81 anos não ser precisamente a de um grande estadista que do alto do seu pedestal nos contempla e por ter aceitado este derradeiro combate. Mas voto nele convicto que voto numa interpretação clara (pelo menos para mim) da constituição, uma determinada ideia humanista da sociedade, um determinada ideia quanto ao caminho da Europa a 25, uma ideia quanto ao progresso do Mundo numa lógica de direito internacional, uma ideia sobre Portugal a sua língua, a sua cultura e a Lusofonia.

São exemplos de abnegação e de democracia, como o de Soares, os únicos que alguma vez nos poderão retirar da crise em que nos encontramos.

Faço minhas as palavras que têm vindo a fazer eco pela internet.

Voto Soares porque tenho memória.

Fim De Festa


Chega hoje ao fim a campanha eleitoral e por isso importa fazer um balanço do que nos últimos meses e mais concretamente nas últimas duas semanas aconteceu neste país.

Houve arruadas, debates, dramatização, comícios, jantares, sondagens, insultos mais ou menos velados, silêncios (muitos silêncios) e polémicas quanto baste, mas escassearam as ideias fundamentais para o país e para os portugueses ganharem a confiança perdida.

Aliás a maior parte dos discursos manteve-se na confortável zona da discussão do estilo de intervenção presidencial e do papel na crise que todos pretendem ajudar a resolver, de forma não claramente especificada.

Desenganem-se os portugueses sobre o papel do presidente na recuperação da confiança nacional, pois nenhum aceitará ser uma espécie de embaixador itinerante à procura de investimento estrangeiro por esse mundo fora, ainda que possam viajar com empresários e ministros.

Desenganem-se sobre a intervenção do presidente no papel do governo, seria o pior serviço a Portugal e aos portugueses um Presidente que bloqueasse o trabalho do governo. Os portugueses não iriam entender as razões objectivas de um confronto aberto entre Belém e São Bento e isso apenas iria consubstanciar a nossa depressão actual.

A campanha esgotou-se perante o pensamento exclusivamente económico do professor e a discussão sobre a impossibilidade de o colocar em prática a partir de Belém.

Ficaram para trás inúmeras questões sobre o exemplo que o Presidente deve ser para todos os portugueses e sobre todas as matérias que interessam à manutenção do estado de direito democrático, ao papel de Portugal no mundo, à defesa do património e cultura portuguesa. No fundo todas as questões ligadas à manutenção da identidade nacional que se encontra pelas ruas da amargura.

Independentemente do resultado do próximo domingo, posso garantir que continuarei a dormir descansado. A única coisa que pode manter-me angustiado é pensar por quanto mais tempo vamos permitir que estes políticos durmam descansados….

quinta-feira, janeiro 19, 2006

MIT

Só ontem à noite tive a oportunidade de ver as declarações do Primeiro-ministro sobre o novo "caso MIT".

Confesso que não me recordava objectivamente do MIT (Massachusetts Institute of Technology) desde o Samuelson e por isso tive alguns pesadelos durante a noite...


Parece que Sócrates não gostou de ser colocado entre a espada e a parede pelo antigo coordenador do plano tecnológico. E é normal... O homem é uma lavadeira...

Em lado nenhum um coordenador de iniciativa alguma tem o direito de se colocar em bicos dos pés e vir lavar roupa suja, especialmente quando o projecto que parece tão interessado em proteger ainda está em curso. Não pretendo que o homem fique calado perante aquilo que considera estar errado, pois isso já tinha ficado claro com a sua demissão. Agora vir totalmente fora de contexto explorar fraquezas do projecto que o podem pôr em causa, parece-me um absurdo.

Sócrates, visivelmente incomodado deu-lhe uma curta e lacónica resposta e deixando claro que será ele, quando assim entender e se o entender que dará seguimento a este assunto.

Ora polémicas à parte, esta situação revela dois problemas muito comuns entre nós.

Primeiro - a falta de qualidade do pessoal político é cada vez mais gritante, e o problema existe ao mais alto nível. Cada um puxa para o seu lado, o coordenador sai porque não é como ele quer e o ministro insiste que não pode ser como o coordenador pretendia mas sim como o Sr. ministro decidir. Se porventura o primeiro-ministro decidir da importância da ligação do MIT ao plano tecnológico e ainda assim o ministro se opor, então o coordenador já foi e o ministro deve seguir-lhe o caminho.

Segundo - a política avulso para preencher telejornais e ocupar comentadores. Nunca mais conseguimos que a acção governativa seja um trabalho silencioso e não especulativo. Não... Tem sempre de se reunir uma comissão que estude o problema, que depois apresente um relatório, para depois se convidar os elementos executivos, para depois se convocar a comunicação social e lhes apresentar um logotipo que definirá daqui para a frente o trabalho da comissão executiva, logo após ter sido concluído o trabalho da comissão instaladora...

Não conseguimos fazer melhor...

quarta-feira, janeiro 18, 2006

O Mundo ao Contrário


Digam lá que nunca tiveram dias em que pensavam que o mundo estava ao contrário?

O Incómodo

"Apesar de haver quem tivesse trocado o dia de folga ou faltado a uma consulta marcada há meses para ver Cavaco, o candidato apenas cumprimentou os apoiantes e não discursou em Arganil, tal como não falou em Cantanhede, nem na Figueira.

«Vai-se embora e não fala com a gente? Fale lá», pediam, sem sucesso, alguns." in DD

O incómodo começa a apertar com os valores das sondagens e o candidato começa a acusar algum cansaço de uma pré-campanha e campanha longa e começa a perceber-se que o povo português não se rege bem pelos mesmos tempos que o marketing politico e quando um candidato quer ser popular não pode decidir quando fala ou não... tem de falar sempre, mesmo que não diga nada...

Já ontem Cavaco foi abordado, numa localidade onde esteve um palco montado, depois desmontado antes da chegada do candidato, para falar ao que respondeu ter uma agenda carregada.

terça-feira, janeiro 17, 2006

A tartaruga na comunicação

Claro que não há razões de queixa e Soares fala dos jornalistas porque é estúpido...

Agora mesmo na RTP numa reportagem sobre o papel do presidente na representação de Portugal no estrangeiro e aparecem imagens de Eanes e Sampaio de fato a receberem primeiros-ministros e dignatários estrangeiros e o Soares em cima de uma tartaruga no exercício da sua função de chefe de estado...

Soares é estúpido... Se tivessem mostrado Soares em cima de uma tartaruga, com o dedo no nariz e a coçar o rabo com a outra mão é que já se podia dizer que ele estava a ser perseguido...

Com uma simples tartaruga não dá...

Sugestões de leitura

Como a campanha aperta e a imparcialidade não faz parte dos principios deste blog, toca a reunir porque com o Professor a descer 2% ao dia ainda é possivel uma segunda volta... (breve momento do autor em delírio...)

Por isso fica aqui uma colectânea de outros blogs bem mais temáticos que este meu singelo espaço e muito mais interessantes sobre a temática que a "todos" interessa de ver Cavaco longe de Belém.

Aqui estão alguns bons exemplos:


Nota da redacção: Sim, eu sei que há mais milhentos blogs a dizer que o Soares e a família são os responsáveis da nossa desgraça colectiva... mas para isso existem os vossos blogs.

A minha interpretação

Nestas alturas de decisão importa sempre fazer um enunciado de princípios do perfil que se pretende que um candidato tenha, independentemente do que posteriormente se venha a considerar da aplicabilidade destes princípios ao eleito ou ao aqui proposto.

Para cada um de nós, o festival das campanhas pode ou não fazer sentido, podemos ou não rever-nos nos temas que se desfiam nos jantares comício ou nas arruadas, podemos ter ou não expectativas fundadas sobre os silêncios ou o ruído que se produz, mas não podemos em consciência votar em fulano ou sicrano sem que isso represente uma adesão subjectiva a uma cartilha de princípios que defendemos e que de alguma forma conseguimos identificar nos candidatos.

O que eu procuro num Presidente da República é acima de tudo alguém cuja experiência política relevante me deixe tranquilo quanto à interpretação dos poderes presidenciais que eu tenho.

Não embarco em "golpes constitucionais" ou na ideia destas serem "as mais importantes eleições desde o 25 de Abril" e só posso imaginar que estas opostas e extremadas ideias representam um total divórcio do sentir dos portugueses em relação à política e concretamente em relação à presidência.

O que pretendo ver reflectido num Presidente é a garantia de que a democracia e as suas instituições estão salvaguardadas para lá da simples luta partidária e a sua intervenção sempre que necessária para repor o quadro constitucional normal e o princípio da legalidade da administração.

Pretendo um Presidente que conheça, defenda e alerte o Governo, os tribunais e a sociedade em geral para os Direitos, Liberdades e Garantias constitucionais dos cidadãos portugueses mas também daqueles que ao abrigo da lei escolheram o nosso país para viver.

Pretendo um Presidente que defenda e garanta os Direitos Sociais e Económicos do povo português numa estrita subordinação do poder económico ao poder politico, não para o limitar, mas para fazer com que este faça cumprir o projecto de uma sociedade livre, socialmente justa e solidária onde a discriminação não tenha lugar.

Um presidente que defenda uma visão do mundo assente numa cultura de paz e de respeito pelo direito internacional, e que possa representar Portugal e a língua portuguesa de forma convicta não cedendo a qualquer subalternidade geo-política, junto dos povos que falam a mesma língua mas também junto das Nações Unidas.

Não pretendo, nem me iria rever num Presidente em oposição permanente às instituições que deve salvaguardar e garantir, por simples razões de estilo ou questões politicas avulsas.

Muito embora estes meus princípios possam ser vistos como demasiado pretensiosos… são estes os princípios pelos quais avalio a prestação dos actuais candidatos e é por esta bitola que lhes irei dar o meu voto, ou não.

Quando a politica só confunde

E eu, ingénuo, a pensar que não ia voltar a falar da OTA e do TGV...

Mas apareceu por aí um distinto grupo de cidadãos a lançar a ideia de um referendo aos projectos da OTA e do TGV, numa tentativa de arrastar a questão para além das eleições presidenciais (como se estivesse relacionado) na esperança que o Professor confirme as sondagens e acabe por dizer alguma coisa sobre o assunto depois de investido da legitimidade dos votos. Aliás Cavaco é a pessoa ideal para o fazer pois no seu currículo não há sinal nem rasto do elefante branco, não é?

Para mim este tipo de iniciativa criaria um precedente que paralisaria o país e gostaria de ver (mas não vou ver) a mesma coerência destes ilustres cidadãos quando as populações locais quiserem passar a referendar aterros, urbanizações, incineradoras, centros de saúde, escolas ou qualquer outra obra pública.

O problema desta discussão é que apenas a decisão é politica e os demais argumentos devem ser técnico-financeiros. Agora já ninguém se lembra que alguns defendia com unhas e dentes 5 linhas de TGV e a OTA e nessa altura não havia propostas de referendos porque a direita tem sempre visão estratégica, e a esquerda quer sempre arrastar o país para uma utopia de redistribuição que não leva a lado nenhum, empenhando o nosso futuro...

Mas porque aqui a discussão politica só confunde, gostaria de deixar aqui algumas questões para a minha melhor compreensão do tema. Pode ser que algum iluminado destas matérias acabe por passar pelo Suburbano.

OTA:

  • Os técnicos consideram a Portela esgotada a curto prazo, tendo em conta que o processo de construção de um novo aeroporto pode levar até 10 anos?
  • Existem alternativas ao encerramento da Portela a curto prazo? Quais são?
  • Quais são as razões objectivas em que os técnicos ou outros se baseiam para rejeitar a OTA?
  • Essas razões objectivas/científicas estão nos estudos publicados em www.naer.pt que abrangem um período de 1969 a 2005?
  • Devem fazer-se mais estudos? Quais e porquê?
  • A localização OTA é mais cara do que a localização em qualquer outro local?
  • A localização deve ou não ter possibilidade de expansão no futuro?
  • A existência de um novo aeroporto na periferia de Lisboa ameaça objectivamente o desenvolvimento da região e o tráfego dos restantes aeroportos nacionais?

TGV:

  • O País considera essencial ter ligações viárias, aéreas e ferroviárias com o resto do mundo ou deve apenas optar estrategicamente por umas em detrimento de outras?
  • O actual projecto de duas linhas é viável em relação ao anterior de cinco linhas?
  • O desenvolvimento da actual ligação por Alfa pendular Lisboa – Porto é mais barato que uma nova ligação por TGV?
  • A construção de uma linha nova de TGV para a ligação Lisboa – OTA – Porto é financeiramente compatível com o tráfego previsto nesta ligação?
  • A actual ligação diária Lisboa – Madrid (10h de viagem) é economicamente viável?
  • A construção de uma nova linha de TGV a ligar Lisboa e Madrid é financeiramente compatível com o tráfego previsto?
  • As actuais ligações Lisboa – Porto e Lisboa – Madrid pagam-se a si próprias sem necessidade de subsidiação do estado?
  • Existem alternativas válidas de transporte ferroviário internacional?

Tão longe...

Tão longe que estamos do Chile, tão longe que estamos da possibilidade de eleger uma mulher como presidente ou até primeira-ministra.

Tão longe que estamos das palavras do vencido nestas eleições chilenas "Quero felicitá-la, e através dela felicitar os milhões de mulheres chilenas que desta forma ocupam o lugar no Chile, que lhes pertence por direito".

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Da alma colectiva

Uma pessoa vê este programa dos Prós e Contras e fica rapidamente com a sensação que não somos mais que uma sucessão mais ou menos feliz de acontecimentos casuais... Não temos nada de exclusivamente nosso além de pouco que mais que a "saudade"...

Estranhamente vendemos sempre o ouro ao bandido e agora olhamos para aqueles que não por serem portugueses, mas por de alguma forma serem especiais, triunfam lá fora, como a verdadeira essência do "Ser" português...

Não conseguimos compreender e aceitar a nossa verdadeira dimensão física e cultural... Não conseguimos esquecer a arrogância que em tempos tivemos e que se manifesta quase sempre em soberba ignorante quando nos sentimos encurralados...

Não deu... Tentámos... mas não deu para fazer um país a sério e por isso mais vale fechar as portas... Vou fazer a minha parte e desligar a televisão porque este programa não faz bem a minha actual condição de povo deprimido...

Projecto de Execução

De 4 a 21 de Janeiro de Quarta a Sábado às 21:30
(dias 4, 5, 6, 7; 11, 12, 13, 14; 18, 19, 20 e 21 de Janeiro às 21:30)

Este projecto desenvolve-se em torno de três amigas-actrizes que se encontram com vista à preparação e à realização conjunta de um jantar. É a partir desse encontro – que se cumpre três vezes, respectivamente em casa de cada uma das três amigas-actrizes – que o espectáculo será concebido. Para além das acções levadas a cabo para, objectivamente, se "fazer o jantar" e se “jantar”, serão tomadas como matéria para o desenvolvimento do trabalho as conversas tidas entre as três mulheres, conversas ainda relacionadas com a culinária e a refeição, ou já do âmbito social/íntimo próprio da relação de amizade que as une. A concepção do espectáculo incidirá assim sobre matéria de dois tipos: por um lado, a tarefa a cumprir (as acções levadas a cabo pelas mulheres, os objectos a que recorrem, a funcionalidade dos espaços domésticos que ocupam); por outro, os afectos (o território de cumplicidade em que se movem, e que sustenta a partilha das narrativas mais ou menos paralelas à circunstância presente). A concretização deste projecto obedecerá a uma sequência de procedimentos precisa e pré-definida.

Projecto de execução
concepção Jorge Andrade
cenografia José Capela
com Anabela Almeida, Cláudia Gaiolas e Teresa Ferreira
co-produção mala voadora e ZDB.Negócio 2006
duração 50 minutos

entrada
6 euros
contacto e reservas Tel. 21 343 02 05 + celia@zedosbois.org
morada Negócio Rua de O Século, nº 9, porta nº 5 (no pátio de S.Clara).
Junto à calçada do Combro, quase em frente à esquadra do Bairro Alto.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Bom fim de semana...

Se conseguirem...

Inquérito Cívico

É justo que se foram enviadas perguntas iguais aos vários candidatos, que se coloque aqui as respectivas respostas sejam elas conclusivas ou não... As acções ficam com quem as pratica e as respostas também.

Aqui fica a resposta de Francisco Louçã:

caro bloguista~

a resposta a toda as suas questões está no manifesto da minha candidatura,à sua disposição
cumprimentos de

Francisco Louçã

(In)justiça

Suburbano n'O Eleito

A cada dia que passa temos de assistir a este triste espectáculo em que se tornou a nossa justiça.

Cada vez mais me parece que o "24 Horas" e o "Crime" são extensões do Ministério Publico e instrumentos de uma politica de investigação suja que não tem como objectivo a aplicação de uma justiça séria e justa.

Congressos, consensos, mais ou menos férias, mais ou menos funcionários, melhores ou piores instalações, declarações de intenções de presidentes, ministros e procuradores e nada parece resolver o problema.

Talvez os candidatos presidenciais se devessem preocupar seriamente com este assunto em vez de andarem a visitar empresas e a jantar com jovens de sucesso.

Não há sucesso algum que perdure com este estado de coisas na justiça.

Hoje é que vai ser...

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Choque Civilizacional

Desde que passou um ano sobre a tragédia do sudoeste asiático que estou para fazer este post. Na altura ouvi relatos de uns povos tribais nalgumas ilhas perto do epicentro que contra qualquer expectativa sobreviveram sem qualquer morte, quando os antropólogos que os acompanhavam receavam a extinção deste tipo de sociedades.

Só agora tive oportunidade de ver um documentário sobre o tsunami e acabei por investigar um pouco mais pela internet.

Os Onges são um povo que até há muito pouco tempo mantinham uma relativa distância da sociedade como a conhecemos apesar de não se revelarem hostis, ao contrário de outros grupos na zona.

Os Onges vivem na ilha da Pequena Andaman no arquipélago indiano das Andaman e Nicobar composto por cerca de 500 ilhas.

Este povo de caçadores, pescadores e recolectores, que se calcula possam ter viajado da África Negra há milhares de anos (alguns especialistas falam em 60.000) conservaram, em especial devido ao isolamento destas ilhas, as suas características essenciais de contacto com a natureza e os elementos.

Este povo, dias antes do Tsunami de 26 de Dezembro de 2004, fugiu junto com a maioria dos animais da ilha para paragens mais altas escapando assim à destruição que causou a morte a uma grande parte dos colonos da ilha.

Quando receberam a primeira visita duas semanas após o Tsunami do antropólogo que passou os últimos 20 anos a estudá-los e com quem declara ter criado amizade, a vida decorria normalmente e os Onges já estavam a recuperar o seu estilo de vida normal e a tentar recuperar o possível de um mar revolto.

Os Onges explicaram na altura que escutam a natureza nos ramos de uma árvore e que o mar e a terra estão sempre a disputar as mesmas fronteiras pelo que já sabiam que na altura em que a terra ganhou ao mar, este iria voltar enraivecido para recuperar as suas fronteiras e que por isso fugiram.

Para os Onges os homens, os animais e os elementos fazem todos parte dos ramos de uma árvore e são os maus espíritos que agitam os ramos para prejudicar os homens.

São formas diferentes de ver a vida, mas de qualquer forma foram ensinamentos que lhes salvaram a vida durante a tragédia. Ensinamentos que as nossas sociedades perderam ao longo da "evolução".

Blackout


Neste momento são 21:37 e estão a aproximar-se as 24h sem energia eléctrica que partes substanciais de Massamá, Queluz e do Cacém estão a sofrer enquanto escrevo.

Neste momento há dezenas de milhar de pessoas enfiadas em prédios com 7 ou mais andares, centenas de estabelecimentos comerciais fechados, estações de comboio sem luz, em que a única coisa que realmente funciona são os comboios e uma noite pela frente com uma temperatura mínima previsível de 7 graus, senão menos.

Pensarão os que por aqui passam que estou novamente a abusar do dramatismo, mas a situação da bandalheira total a que estamos votados neste pais não me permite ver este assunto com grande objectividade... pelo menos para já.
Não é um problema generalizado, até porque eu tenho electricidade em minha casa, mas é notória a total desorganização do desenvolvimento urbano destas zonas quando eu tenho energia electrica e os meus vizinhos aqui a três prédios de distância já não têm.

Não é dramatismo quando esta situação se arrasta à cerca de 24h sem que se tenha criado soluções alternativas que permitam resolver o problema de uma subestação que avariou. Eu não percebo nada disto mas e se fosse uma estação inteira? Era como da última vez que uma cegonha resolveu voar contra uns cabos de alta tensão e metade do país ficou às escuras?

Enfim, acabo de dar uma volta pelas zonas sem luz e mais valia que estivesse quieto. O posto da PSP está praticamente fechado e os policias estão à porta... talvez ninguem se tenha lembrado que até faz sentido um posto de policia ter um gerador para situações excepcionais... a bem dizer metade do Cacém está às escuras e não há um unico policia na rua a não ser na estação ou à porta do posto...

A prolongar-se este blackout é previsivel que a noite se torne agitada...

A Coerência do Costume


É sempre importante deixar claro as ideias dos candidatos sobre os diversos assuntos independentemente de estas serem polémicas e por alguma razão passarem um pouco ao lado dos noticiários principais.

Aconteceu isso com Soares quando ele revelou a sua nova ordem mundial em que Ribeiro e Castro é um grande Socialista oriundo do CDS porque o PP nem existe... e acontece agora com a sugestão de relançar a discussão sobre a energia nuclear de Cavaco.

Quase não apareceu nos restantes jornais e televisões mas ontem no Diário Económico, o candidato fez a apologia da energia nuclear como tábua de salvação para a independência energética.

Não vou discutir aqui as vantagens e desvantagens da energia nuclear, mas parece-me interessante que a sugestão de Cavaco após as palavras de Sampaio (09/01) sobre a energia e os desafios que ela representará no futuro tenham tido reflexo no discurso do candidato que esforça por não se comprometer.

Mas se a sugestão em si mesmo até pode ser considerada válida e até é razoável que o país discuta esta questão devido à proximidade de centrais nucleares espanholas, o que já não é normal é que perante a expectável contestação das populações a noticia acabe por passar como nota de rodapé.

Para uma grande maioria dos portugueses a histeria colectiva, o corte de estradas e as visitas a Belém e são bento com sacas de material supostamente radioactivo e a condenação a uma morte atroz das criancinhas, começa mesmo antes de se conseguir terminar as palavras ATERRO ou CO-INCINERAÇÃO... como seria se esses portugueses tivessem visto na TVI que o professor quer uma central nuclear*????

*Provável expressão a utilizar exclusivamente no jornal da TVI


Sol e Sombra

A análise desta campanha depende em grande medida do local em que estamos sentados nesta grande tourada. Ou podemos comprar o bilhete à Sombra, ou então estamos condenados a ter o Sol de frente não podendo ver na perfeição os contornos das bandarilhas.

O mais isento

Ora aí está... Na edição de hoje da Visão, O Eleito foi considerado o blog mais isento dedicado às presidenciais deste ano.


Em boa hora comecei a colaborar com este blog após ter sido gentilmente convidado pelos moderadores e apesar de por vezes não concordarmos e muitas vezes gritarmos bastante, isso apenas quer dizer que somos plurais.

Parabéns a todos os que têm participado n'O Eleito.

Isto é uma branca de escritor...

Isto é uma branca de escritor porque hoje acordei perante a assustadora perspectiva de não haver eleições neste país durante os próximos três anos...

E então eu vou falar sobre o quê? Quem é que eu vou criticar? Onde é que se vai fazer a luta de classes? Onde é que o poder económico vai lutar com o poder político? Onde é que a esquerda vai combater a direita? Quem vai estar no centro?

Imaginem por um momento que o governo deixa de fazer porcaria e que o futuro presidente passa os dias a distribuir comendas... se assim for este blog está condenado ao fracasso.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Bom Senso (ou a falta dele)

Hoje no DN, num artigo de opinião não assinado (pelo menos na edição on-line) surge este absurdo que só por não conhecer a identidade do autor, vou ter o cuidado de não me referir ao dito daqui para a frente como o IDIOTA.

Com estas linhas sobre o pendor fortemente popular da eleição presidencial em Portugal e sobre a necessidade de o candidato eleito o ter de ser com pelo menos 50% dos votos é deitado por terra qualquer tipo de possiblidade do próximo Presidente da República vir a exercer o seu cargo de forma inteligente respeitando o principio da separação de poderes do qual é a principal garantia.

A forma de eleição do Presidente não é a forma obscura que os eleitores têm de dizer ao candidato que ele é quem manda... e que por isso deve fazer valer os seus pontos de vista sobre os dos outros. Antes é a forma dos eleitores dizerem que confiam nele para manter o normal funcionamento da República e da Democracia perante as eventuais ameaças, mas no respeito da separação de poderes, porque por mais estranho que possa parecer o poder executivo e legislativo também foram eleitos...

Fosse um candidato de esquerda a estar na frente das sondagens e houvesse um governo PSD e este texto começaria por dizer que os Presidentes não se podem envolver em loucuras intervencionistas porque quem manda é o primeiro-ministro.

Inquérito Cívico (cont)

Na continuação das respostas ao questionário através d' O Eleito, e tal como anunciado, seguem as respostas de Jerónimo de Sousa.

Esta raríssima oportunidade de se colocar algumas questões aos candidatos e alguns deles acabarem por responder já justifica o esforço que muitos portugueses fazem para desenvolver esta espécie de foruns de discussão na internet.

Devido à dimensão das respostas inaugura-se o Terminal do Suburbano, onde poderão ver a totalidade das respostas (assim como n'O Eleito) que doravante servirá de back-up ao Suburbano.

Perguntas:

1. Quais são as expectativas para a evolução da democracia portuguesa nas próximas duas décadas?
2. Como poderá um cidadão apartidário intervir politicamente?
3. Qual o papel do estado no processo crescente de globalização?
4. Qual o valor estratégico da lusofonia?
5. O que poderá a UE esperar de nós?
6. Muitos têm vindo a dizer que é no financiamento dos partidos que a democracia portuguesa sofre uma maior erosão. Que mecanismos sugere para alterar este estado das coisas?
7. Considera necessária a regionalização? Em que moldes?

Respostas:

1 - Ao longo de praticamente três décadas, embora de forma mais ou menos intensa, com avanços e recuos, as políticas de direita levadas a cabo pelos diversos governos, laranja ou rosa, estiveram orientadas estrategicamente para a destruição de tudo quanto de essencial caracteriza a democracia portuguesa resultante da Revolução de Abril.
O resultado está à vista. O grande capital, logrando êxitos consideráveis contra as transformações democráticas – nos planos económico, social, cultural e político – alcançadas com Abril, restaurou grande parte do seu poder e acentuou a subordinação do poder político pelo poder económico.
Com as consequências esperadas. Atraso no desenvolvimento, estagnação económica, agravamento das condições sociais – cortes nas pensões sociais, meio milhão de desempregados, pobreza e exclusão social (quase dois milhões de portugueses, sobretudo idosos, vivem na pobreza).
A evolução do regime democrático e as perspectivas quanto ao seu futuro suscitam as maiores apreensões.
A evolução da democracia portuguesa nas próximas décadas passa por saber se é possível hoje, e se estão criadas as condições para travar e pôr cobro à ofensiva da direita dos interesses, efectivando uma verdadeira ruptura democrática e de esquerda com as políticas e as orientações que conduziram o país à situação de grande precariedade em que este se encontra.
Ou se, pelo contrário, vamos assistir ao afundamento ainda maior da nossa economia, à destruição do que resta do aparelho produtivo , à progressiva degradação da democracia política, com a limitação de direitos, liberdade e garantias dos cidadão, à sucessiva perda de fatias da própria soberania nacional.
Se não formos capazes de resistir e de travar esta ofensiva sem precedentes contra o Portugal de Abril, então, seguramente, teremos pela frente em Portugal um novo sistema socio-económico e um novo regime político, seguramente de cariz autoritário.
Sinal claro desses perigos são as constantes ameaças e sentenças, por parte dos apoiantes da candidatura de Cavaco Silva, contra a Constituição da República, visando não apenas desrespeitá-la mas eliminar-lhe todos os traços de Abril, e uma profunda alteração do próprio sistema político.
Defender e aprofundar o regime democrático, encontrar colectivamente um novo rumo e fazer renascer a esperança num Portugal verdadeiramente democrático e progressista é o imperativo que se coloca hoje a todos quantos não se revêem na actual situação do país.Na realidade, e em grande medida, joga-se nestas eleições presidenciais o nosso futuro colectivo.

2
- Entre os factores de degradação da democracia a que vimos assistindo com preocupação no nosso país, está o crescente alheamento dos cidadãos da vida cívica e política.
É já um lugar comum lamentar a falta de participação dos cidadãos na vida política, quer a propósito do aumento das taxas de abstenção eleitoral, quer pela falta de interesse dos cidadãos, quer pela desconfiança com que estes encaram a política e os políticos em geral.
Só que as soluções que os responsáveis pelos sucessivos governos apresentaram para alterar este estado de coisas, como é o caso da famigerada “reforma do sistema político”, contribuem ou podem contribuir para descaracterizar ainda mais a democracia portuguesa.Os que continuam a falar da participação dos cidadãos são os mesmos que dão exemplos escandalosos e que fazem da vida política uma sucessão de actos de falta de ética e de princípios, fazendo no governo exactamente o contrário do que propõem na oposição, como tem acontecido, alternadamente com os partidos que se sucedem no governo.
É necessário inverter este estado de coisas, por forma a assegurar uma verdadeira democracia participativa que, por um lado não se esgota nos partidos, certamente, mas que não pode nem deve confundir-se com o discurso contra os partidos, procurando fazer esquecer o que custou a liberdade de constituição de partidos políticos em Portugal.
Dentro ou fora dos partidos políticos, é absolutamente necessário incentivar a participação democrática, tornando-a uma prática quotidiana na tomada de decisões nos mais variados planos e áreas, seja ao nível da organização laboral nas empresas e sindicatos, seja na multifacetada área associativa, seja em sectores como o ambiente, saúde pública, património e qualidade de vida em geral.
É também muito importante que seja estimulado e garantido a todos, quer pessoalmente quer pela via associativa, o direito constitucional de iniciativa legislativa popular e o direito de acção popular.

3
- No contexto da globalização, a defesa dos povos e dos Estados nacionais, a defesa dos trabalhadores e da generalidade das camadas sociais de menores recursos económicos, passa inevitavelmente pelo reforço do papel do Estado. É por outro lado claro, que os interesses do capital transnacional, dos fundos financeiros e do grande capital nacional (aliás sempre intimamente articulados) se defendem com «menos Estado», segundo as boas receitas neoliberais. Eles hoje dispõem de um conjunto de organismos e organizações supranacionais (BM/FMI, OMC, OCDE, UE, BCE, etc.) que substituem, fazem melhor, no espaço económico planetário e/ou grandes espaços regionais, algumas das funções de defesa dos seus interesses, cometidas anteriormente aos Estados nacionais.
Os povos e os trabalhadores precisam de um maior papel do Estado nacional, em primeiro lugar, exactamente para, em cooperação com os outros Estados (soberanos e iguais em direitos), intervir na tentativa de influenciar e condicionar essa globalização, não a deixando entregue ao comando do capital transnacional e das suas organizações! Em segundo lugar, porque no contexto da globalização, com a redução (e mesmo a perda) do controlo dos fluxos económicos e financeiros através das suas fronteiras e de outros mecanismos que «abrigavam» e defendiam as suas economias de acções externas, os países precisam de compensar essas perdas com uma capacidade acrescida de intervenção (económica, social, política) do Estado, se querem defender os seus povos. E pode acrescentar-se, que o reforço dessa intervenção, necessitará de ser tanto maior, quanto mais pequeno, periférico e débil economicamente for o país, como sucede com Portugal. A abertura de fronteiras, a liberalização da circulação de capitais, a sujeição crescente da fixação das taxas aduaneiras a acordos internacionais, etc. exigem mais, e não menos, intervenção do Estado. Que por isso não podem abdicar de instrumentos como a política monetária e a política orçamental.
Quando Portugal abdicou da moeda nacional, e por essa via perdeu instrumentos como a fixação da taxa de cambio, da taxa de juro (entregues ao BCE), o controlo da circulação de capitais, e viu mesmo a política orçamental ficar sujeita ao espartilho do Pacto de Estabilidade, contrariamente às opiniões dos que defendiam a bondade para o País da moeda única, fragilizou a sua capacidade para enfrentar a globalização.

4
- A língua portuguesa é um valioso instrumento de comunicação e relacionamento. Pode por isso, no que a Portugal e ao povo português concretamente respeita, contribuir para facilitar a aproximação e o intercâmbio cultural e também económico e político-diplomático com Estados e povos que utilizem o português como língua oficial, respondendo ao imperativo estratégico de diversificação das relações externas do nosso país. O combate ao afunilamento das relações de Portugal para os EUA e União Européia é condição necessária ao desenvolvimento soberano e independente de Portugal.
Por outro lado a criação de um espaço de amizade e cooperação em pé de igualdade que uma língua oficial comum propicia pode ser mutuamente enriquecedor e favorecer a resistência à “nova ordem” que a globalização imperialista tenta impor ao mundo. O que exige uma correcta avaliação da história, com as suas luzes e as suas sombras, em que o “encontro de culturas” não pode fazer esquecer terríveis relações de exploração e dominação colonial. E a consciência de que quaisquer veleidades paternalistas e neocolonialistas (que estão a regressar em força às relações internacionais) tudo deitariam a perder.

5
- Esta U.E., que caracterizamos como um instrumento do grande capital e das grandes potências, só pode esperar a subserviência daqueles que querem levar até ao fim a destruição das realizações de Abril, e o combate daqueles que lutam por um Portugal independente e soberano e a realização da plataforma de progresso social e paz que a Constituição da República consagra. É esta a posição da minha candidatura que, se bate por uma outra Europa de progresso, paz e cooperação.

6
- O financiamento da nossa actividade partidária sempre foi transparente. No essencial o nosso Partido vive de receitas provenientes das quotas e contribuições dos seus militantes e do produto resultante de diferentes iniciativas.
Quando nós afirmamos ser contra a actual Lei de Financiamento dos Partidos Políticos e das Campanhas Eleitorais é porque ela representa uma ingerência na vida interna dos partidos e tem como grande objectivo dar mais dinheiro do Estado aos grandes partidos, em particular ao PS e ao PSD, que hoje já vivem sobretudo à custa disso, e criar impossibilidades e dificuldades aos que, como o PCP, vivem sobretudo de receitas próprias conseguidas pelo esforço das suas organizações e militantes.
São exemplos disto, desde logo, o limite que a lei consagra à angariação de fundos provenientes de iniciativas especiais onde se inserem a Festa do “Avante!” e outras iniciativas político-culturais e as limitações impostas à forma de pagamento de quotizações.A posição do PCP é inequívoca quanto a estas matérias.
Em primeiro lugar defendemos que se deve deixar aos militantes dos partidos o direito soberano para decidirem como os seus partidos se devem financiar.
Em 2º lugar estamos em absoluto de acordo com a exigência para que todos os partidos apresentem contas claras e de todas as suas organizações e estruturas, o que desde sempre temos feito, mas sem intromissões e comandos exteriores que visem uma intromissão na vida partidária, por nós considerada inadmíssivel.

7
- Há quatro aspectos essenciais de que o País beneficiará com a implementação do processo de regionalização.
Em primeiro lugar a regionalização é um factor de democratização. Desta forma também o poder regional, a par do que já acontece a todos os níveis de poder, desde a freguesia aos orgãos de soberania, será legitimado pelo voto das populações.
Em segundo lugar, a regionalização é um instrumento que favorece a democracia participativa. O facto de existir uma aproximação dos serviços públicos às populações e a legitimação do poder através do voto popular constitui um estímulo à participação.
Em terceiro lugar, a regionalização pode favorecer o desenvolvimento. Pode não ser uma condição necessária nem suficiente do desenvolvimento, mas também é inquestionável que a existência de regiões e de um sistema democrático e representativo ao nível regional pode estimular os serviços públicos, contribuindo não só para a sua dinamização, como para a dinamização do investimento público. Além disso, tendo o desenvolvimento uma dimensão não apenas económica, mas também social, cultural e ambiental. o poder regional democrático e as suas actividades podem ser um factor benéfico e uma contribuição importante para o assegurar.
Por último, a regionalização é condição de uma reforma administrativa democrática, que dê coerência à administração periférica do Estado e permita descentralizar e desburocratizar.A Constituição da República define no capítulo IV artigo 255º, que as regiões administrativas são criadas simultaneamente, por Lei, a qual define os respectivos poderes, a composição, a competência e o funcionamento dos seus orgãos, podendo estabelecer diferenciações quanto ao regime aplicável a cada uma.
Assim, a instituição das regiões administrativas como autarquias locais, tal como estão previstas na Constituição, deve resultar de um processo de ampla consideração das suas áreas com base num largo debate público e na participação municipal. Um processo dinâmico que, com base num ponto de partida definido, que cria os instrumentos necessários para, através dos mecanismos de participação constitucionalmente estabelecidos, permitirá que se chegue a uma regionalização que corresponda a necessidades de desenvolvimento económico, cultural e social e às realidades existentes e seja querida pelas populações.

E vão dois...


Estes banners da TSF são muito jeitosos e espero que apesar deste relativamente inocente roubo (o segundo em menos de um ano), eles não fiquem incomodados até porque lhes coloco aqui um link directo...
De qualquer forma era necessário dar uma cor a este blog adequada à solenidade do momento. O Suburbano estará assim até dia 22 de Janeiro e depois logo se verá o que acontece...

A sustentabilidade

A propósito da eventual falência da segurança social, lançada pelo ministro das finanças num programa de televisão, naquilo que se tornou mais um momento infeliz deste governo, os candidatos presidenciais disseram:

- Cavaco promete ficar atento mas tem esperança que a situação se resolva;

- Mário soares elogia trabalho do governo que está a fazer tudo o que é possível;

- Alegre não acredita na falência da segurança social porque ninguém tem certezas sobre isso;

- Jerónimo de Sousa considera as declarações do ministro derrotistas porque quer dar cobertura a privatização da segurança social;

- Louçã acusa governo de não fazer ideia como resolver o problema da segurança social mas não ficou surpreendido com as declarações;

- Garcia Pereira acha que se devia falar mais desse assunto.

Mais um imenso oceano de banalidades.... Obrigado por existirem.

Abanão


A nossa agitada companhia dos últimos dias...

Tenho a comunicar que começo a ficar preocupado e vou pedir ajuda ao Anthimio de Azevedo, porque não senti nenhum dos sismos...

Ou ando a dormir de mais (mesmo durante o dia) ou estou com problemas.

Hoje às 01:48 a "Josephine" voltou a perturbar o sono de alguns portugueses.

A constatação do óbvio

Estava mesmo a ver-se que ele não ia ficar calado...

Santana Lopes em entrevista à SIC, destila puro veneno sobre Cavaco como se isso nos surpreendesse a todos.

Nesta altura já é óbvio para a maioria dos portugueses e suponho que também para a direita, que se Cavaco chegar à presidência o CDS-PP vai voltar a caber todo dentro de um táxi nas próximas legislativas e o PSD será apenas uma caixa de ressonância das ideias do Professor.

Já toda a gente sabe que ele irá criar "sarilhos institucionais", que o diga Santana que sentiu isso na pele e Cavaco nem candidato era...

Lindo seria um governo PSD com Cavaco presidente, logo as reuniões de quinta feira passariam rapidamente a aulas de doutrinação politica do governo, muito embora reconheça que isso é um termo um pouco rebuscado para um candidato tão pouco versado nestas coisas da política.

O melhor da entrevista é Santana Lopes admitir a possibilidade de voltar a candidatar-se a presidente do PSD... :)

À escuta

No país onde toda a gente se recusa a atender números que não conhece, como se nunca tivessem atendido um telefone fixo dos antigos... num país onde toda a gente pretende ter o numero confidencial por razão ainda não totalmente claras... fazem-se uma média de 8000 escutas por ano.

Ainda assim, os nossos deputados ficaram descansados porque em média "apenas" são feitas 8000 escutas?

Bem façamos algumas contas... Partindo do princípio que estas pessoas tenham uma família normal e um grupo de amigos normal e um grupo de colegas de trabalho/crime normal... Então deverá falar no mínimo com umas 30 pessoas diferentes todos os meses...

Conclusão: 240000 portugueses são escutados todos os anos... Quem não deve não teme... Mas será mesmo essencial ouvir tanta gente???

terça-feira, janeiro 10, 2006

Inquérito Cívico

Em Novembro e seguindo a iniciativa d'O Eleito de colocar questões aos candidatos, foram apuradas várias questões que foram efectivamente enviadas às candidaturas.

Recebemos agora algumas respostas, entre as quais a de um dos candidatos independentes que foram afastados por não conseguirem reunir as certidões de eleitor necessárias.

Ficam as questões e as respostas de Botelho Ribeiro do Partido Humanista. Parece que amanhã o Sr. que se segue é Jerónimo de Sousa.

Perguntas:
1. Quais são as expectativas para a evolução da democracia portuguesa nas próximas duas décadas?
2. Como poderá um cidadão apartidário intervir politicamente?
3. Qual o papel do estado no processo crescente de globalização?
4. Qual o valor estratégico da lusofonia?
5. O que poderá a UE esperar de nós?
6. Muitos têm vindo a dizer que é no financiamento dos partidos que a democracia portuguesa sofre uma maior erosão. Que mecanismos sugere para alterar este estado das coisas?
7. Considera necessária a regionalização? Em que moldes?

Respostas:
1. Se a sociedade civil ganhar força, pode a nossa democracia... democratizar-se. Se não ganhar, continuará o oligopólio!

2.
Pode candidatar-se ou apoiar activamente candidaturas de cidadãos efectivamente independentes. Pode, é claro, escrever e participar civicamente de outras maneiras, como eu ando a fazer há 15 anos. Mas se não for "ao terreno deles" diputar-lhes a antena, o bastão do poder, pouco irá mudar efectivamente, se não mudar-mos de pessoas e de atitudes "lá em cima".

3.
O papel do Estado, julgo eu, é dar segurança e contribuir para a qualidade de vida aos seus cidadãos. A globalização põe os Estados em competição. A fuga de cérebros é uma das provas de que o Estado Português está a ser muito perdedor nesta competição, apesar de ter grandes condições para estar no número dos vencedores. Há que mudar as pessoas e as ideias, há que abrir o regime em Portugal. "Perestroika" já! :-)

4.
A lusofonia é um dos nossos "activos intangíveis" mais importantes e... mais desperdiçados nos ultimos anos por muitas razões, dentre as quais a falta de visãio estratégica da nossa liderança. Por isto acho tão importante uma política com componente cultural, atenta a este património emocional imenso que a lingua portuguesa ainda conserva.

5.
Para já, uma mão estendida é o que temos tido para lhe oferecer. Basta ver a forma como sempre saudamos as vitórias negociais traduzidas em milhões para financiar... a nossa "incompetência governativa". No futuro, Portugal pode oferecer algo parecido com o que a Califórnia oferece aos E.U.A. - é esta a minha visão. Um pouco na linha do Pedro Bidarra "Europe's west coast", acho que teremos que oferecer turismo de qualidade, turismo seguro, boas ideias traduzidas em boas tecnologias, mercados mas também oportunidades de cooperação internacional com o mundo da lusofonia e (por que não?) também para a Hispanidad...

6.
Concordo cmo esses muitos. Devo ser um deles. É também por isso que me candidato. Por isso corro por fora do sistema partidário. Por isso apostei numa campanha de ideias e sem preocupações de megalomania propagandística de onde, quanto a mim, decorre parte da dependência financeira dos partidos portugueses. Se eu provar com um bom resultado que é possível obter resultados em Portugal com campanhas baratas, talvez os partidos comecem a mudar de atitude. Todos quererm ganhar e, com certeza, nenhum partido deseja ficar eternamente na dependência de interesses económicos. Todos precisam de evidências de que não tem necessariamente que ser assim. Jorge Sampaio já deu um lamiré quando na sua reeleição apostou por uma campanha muito mais sóbria do que aquilo a que estávamos habituados. Mas a verdadeira demonstração viria com a eleição de um "desconhecido", de alguém, passe a vaidade, como eu, quase só com as suas ideias.

7.
Considero necessária a descentralização de alguma administração central, da Presidência da República para Guimarães por exemplo, para se poder chegar a um país com verdadeira igualdade de oportunidades, em que os cidadãos não tenham as suas perspectivas tão limitadas pela... geografia do local onde nasceram ou onde decidam viver. Se as regiões pudessem ajudar a este desígnio, seria óptimo desde que não representassem um encargo intolerável para os contribuintes. A proposta que chumbámos, padecia claramente, a meu ver, daquele mal. Valia a pena pensar ponderadamente noutro modelo. Sim, como Presidente de bom grado promoveria essa e outras discussões na sociedade portuguesa.

Os anéis

O Presidente da República (espero que ainda se lembrem todos que há um em funções), depois dos pedidos de esclarecimento que pediu a Manuel Pinho, que fizeram os apoiantes de Cavaco terem sonhos húmidos com tamanha audácia intervencionista, classificou a energia como a grande questão sobre a qual Portugal se terá de debruçar no médio prazo.

É óbvio que Sampaio está preocupado com o assunto e não terão sido do seu agrado as explicações do ministro agora que estão concluídas (não se percebeu bem o que mudou) as negociações para a GALP e para a EDP.

Importante seria saber qual a opinião dos actuais candidatos presidenciais sobre este assunto estratégico para o país... Mas no entanto só assistimos às banalidades do costume... Até parece que os estou a ouvir em uníssono... O importante é manter os centros de decisão em Portugal... E de banalidade em banalidade vão-se indo os centros de decisão nos barcos à deriva da nossa falta de estratégia... Vão-se os anéis e até ver ficam os dedos...

Vox Populi

Só me falta uma samarra para passar a ser um político profissional a sério...

Da Arruada

segunda-feira, janeiro 09, 2006

A quem serve a dramatização??


Neste início de campanha (oficial) todos os candidatos sem excepção optaram pela dramatização do seu discurso de forma a vincar as diferenças em relação aos restantes, até porque parece não haver nada de importante a dizer sobre os poderes presidenciais ou sobre a intervenção do presidente na vida nacional.

Seja para ajustar contas com o 25 de Abril, seja para se responsabilizar filhos e netos, seja para repor a estabilidade politica, seja porque se caminha para o desastre, cada vez me parece que o discurso politico está mais afastado da realidade dos portugueses.

Houve no passado alguns momentos assim, em que o país parecia remar num sentido oposto ao do discurso politico, em que os portugueses não se revêem nem se interessam ou até não compreendem a necessidade das transmissões em directo dos comícios ou das sessões plenárias da assembleia.

Não obstante este rumo diverso do discurso político, a incompetência dos sucessivos governos e o papel preponderante do Estado na nossa vida, acabou por arrastar os portugueses para o rumo que o discurso político pretende.

A quem serve a dramatização da campanha presidencial?

Alguém pode mesmo achar que elegendo Soares ou Cavaco, ou até Alegre os nossos filhos e netos vão ter uma vida melhor? Que a estabilidade política será recuperada num país que até já é governado por um governo com uma sólida maioria absoluta? Que o desastre nacional será evitado? Que os centros de decisão vão permanecer em Portugal? Que Abril se vai cumprir?

É bem capaz de a dramatização servir ao discurso político, mas certamente não serve ao interesse dos portugueses.

As segundas são insuportáveis

Eu sei que é um lugar comum... mas a minha actual dor de cabeça e o meu ar de fronha de almofada amarrotada também não são comuns e isso só pode ter uma razão objectiva... Segunda-feira.
Segunda-feira... esse nome absurdo que nos faz sentir uma pontada no estomâgo quando ainda estamos a almoçar no domingo.Na realidade apenas existe um dia de folga. o Sábado...
Sexta estamos demasiado de rastos para fazer alguma coisa com jeito e domingo depois do almoço já é impossível fugir às coisas que ficaram penduradas durante uma semana e que têm mesmo de se fazer lá por casa para conseguirmos sobreviver mais uma semana sem sermos atacados por uma qualquer bactéria assassina.
Enfim, magro contentamento mas "Viva os Sábados"
P.S.: Tenho de arranjar uma empregada...

sexta-feira, janeiro 06, 2006

A Arte da Comunicação


Esta coisa dos políticos se queixarem das campanhas obscuras de alguma comunicação social contra eles é sempre uma faca de dois gumes.

Mário Soares não teve o discernimento de perceber isso e voltou a falar numa espécie de conspiração (disfarçada de linha editorial) de alguma comunicação social contra a generalidade das candidaturas, beneficiando a de Cavaco Silva.

O que faltou a Mário Soares, foi perceber que ainda que possam existir exemplos nesta campanha, assim como noutras, da influência da comunicação social na intenção de voto do eleitorado, esta é uma afirmação que não pode ser ouvida da boca dos políticos devido ao seu efeito contraproducente.

O poder do jornalismo é cada vez mais importante na óptica em que cada vez existem menos notícias e mais opinião. Comentadores dos mais variados quadrantes e dos mais variados gostos enchem as páginas dos jornais e os ecrãs das televisões e é provável que nunca como hoje todos os movimentos dos políticos sejam tão escrutinados.

É para mim evidente que muitas vezes os jornalistas assumem, erradamente, o papel de comentadores e usam e abusam da ironia e do sarcasmo e que isso pode até ser mais visível para uns candidatos em relação a outros. Mas quando alguém diz que a comunicação social está de alguma forma a ser tendenciosa, tocam os sinos a rebate nas redacções e todos arregalam os olhos e mostram o dente e logo começam a saltar comunicados das direcções de imprensa a garantir a imparcialidade dos noticiários e artigos de cada um.

Logo depois os candidatos acabam por recuar de forma atabalhoada nas acusações feitas anteriormente, não vão os jornalistas atacar em grupo determinada candidatura, e uma semana depois está tudo esquecido e já todos voltaram à habitual linha editorial, seja ela qual for.

Este é infelizmente um problema não apenas de Mário Soares mas da generalidade dos nossos políticos. Nunca souberem lidar com a comunicação social quer no governo quer na oposição, e quando no poder sempre a tentaram instrumentalizar sem grande sucesso.

Conclusão de tudo isto é a comunicação social continuar a deturpar alegremente a mensagem dos políticos e estes continuarem desportivamente a tratar os jornalistas de forma displicente e arrogante.

Cada um no seu quintal, mas todos a contribuir para o descrédito quer da política e dos políticos, assim como da comunicação social e dos jornalistas.

Um mimo

A RTP Memória não pára de nos dar mimos destes... Um muro numa aldeia do interior no final da década de 70 com a seguinte inscrição: "Se Cristo cá viesse, votava CDS"

quinta-feira, janeiro 05, 2006

História


Depois da boa ideia de Sampaio em criar um Museu da Presidência da República é importante dar-lhe visibilidade e fazer com que as visitas possam ser mais frequentes e espontâneas do que as habituais visitas dos milhares de crianças das escolas.

Para isso e para desenjoar da campanha para as Presidencias, nada melhor do que ficar a conhecer melhor o Museu, a história da República e dos seus Presidentes, do que a iniciativa conjunta do MRP e da SIC Notícias que até às eleições nos pretendem levar numa viagem ao passado dos anteriores ocupantes de Belém.

Zapping XIX

Sharon


Ariel Sharon voltou ao Hospital depois de mais um AVC.

Será que para aqueles que acharam que a morte de Arafat era uma benção para o processo de paz, vão achar que um eventual desaparecimento de Sharon é igualmente benéfico ao processo de paz???

Fico na expectativa para ver qual a linha editorial da comunicação social.

Será Sharon um martir do processo de paz que já expiou todos os seus anteriores pecados com a saída de Gaza e o processo de paz está comprometido sem ele e sem o seu novo partido?

Será Sharon um obsctáculo ao processo de paz e o seu desaparecimento dará lugar a novos dirigentes ansiosos de paz?

Candidata a piada do ano

O jovem que utilizando como meio de transporte uma bicicleta, assaltou uma sede de candidatura de Cavaco Silva, refugiou-se numa casa de banho com dois computadores, dois teclados e dois ratos, quando chegou a policia.

O jovem estava claramente a preparar-se para o Choque Tecnológico...

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Louis Braille

Este pessoal do Google continua a surpreender nas coisas mais simples e básicas e por isso mais interessantes e surpreendentes.

Com uma simples mudança do logo, e conseguem chamar a atenção para o aniversário de Louis Braille e para as dificuldades diárias dos cegos e amblíopes de todo o mundo.

terça-feira, janeiro 03, 2006

O filme de terror

Suburbano n'O Eleito

Para dar alguma substância à polémica da Internet e da propriedade dos sites resolvi fazer uma pesquisa em psd.pt para rapidamente compreender que a bem de uma boa campanha eleitoral, favorável ao Professor, o webmaster do PSD resolveu saneá-lo do site laranja.

É impressionante que um partido político com pretensões a liderar o futuro do País não tenha qualquer link directo para as eleições Presidenciais.

Mas o conluio para consubstanciar a independência da candidatura do professor vai mais longe.

De uma pesquisa no site do PSD pela palavra Presidenciais resultam apenas sete documentos.

Em quatro destes documentos é mencionada a palavra Presidenciais uma única vez.

Em três destes documentos é mencionada a palavra Presidenciais por duas vezes.

Nestes sete documentos existem apenas três referências à palavra Cavaco e todas num único documento, por sinal o discurso de Santana Lopes no Congresso em que declarou apoio ao Professor caso este avança-se.

Cavaco para o PSD nunca existiu enquanto candidato presidencial, ficamos mesmo na dúvida de quem o PSD apoia nestas eleições.

Cada um tirará as conclusões que quiser…