Neste início de campanha (oficial) todos os candidatos sem excepção optaram pela dramatização do seu discurso de forma a vincar as diferenças em relação aos restantes, até porque parece não haver nada de importante a dizer sobre os poderes presidenciais ou sobre a intervenção do presidente na vida nacional.
Seja para ajustar contas com o 25 de Abril, seja para se responsabilizar filhos e netos, seja para repor a estabilidade politica, seja porque se caminha para o desastre, cada vez me parece que o discurso politico está mais afastado da realidade dos portugueses.
Houve no passado alguns momentos assim, em que o país parecia remar num sentido oposto ao do discurso politico, em que os portugueses não se revêem nem se interessam ou até não compreendem a necessidade das transmissões em directo dos comícios ou das sessões plenárias da assembleia.
Não obstante este rumo diverso do discurso político, a incompetência dos sucessivos governos e o papel preponderante do Estado na nossa vida, acabou por arrastar os portugueses para o rumo que o discurso político pretende.
A quem serve a dramatização da campanha presidencial?
Alguém pode mesmo achar que elegendo Soares ou Cavaco, ou até Alegre os nossos filhos e netos vão ter uma vida melhor? Que a estabilidade política será recuperada num país que até já é governado por um governo com uma sólida maioria absoluta? Que o desastre nacional será evitado? Que os centros de decisão vão permanecer em Portugal? Que Abril se vai cumprir?
É bem capaz de a dramatização servir ao discurso político, mas certamente não serve ao interesse dos portugueses.
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