terça-feira, janeiro 17, 2006

A minha interpretação

Nestas alturas de decisão importa sempre fazer um enunciado de princípios do perfil que se pretende que um candidato tenha, independentemente do que posteriormente se venha a considerar da aplicabilidade destes princípios ao eleito ou ao aqui proposto.

Para cada um de nós, o festival das campanhas pode ou não fazer sentido, podemos ou não rever-nos nos temas que se desfiam nos jantares comício ou nas arruadas, podemos ter ou não expectativas fundadas sobre os silêncios ou o ruído que se produz, mas não podemos em consciência votar em fulano ou sicrano sem que isso represente uma adesão subjectiva a uma cartilha de princípios que defendemos e que de alguma forma conseguimos identificar nos candidatos.

O que eu procuro num Presidente da República é acima de tudo alguém cuja experiência política relevante me deixe tranquilo quanto à interpretação dos poderes presidenciais que eu tenho.

Não embarco em "golpes constitucionais" ou na ideia destas serem "as mais importantes eleições desde o 25 de Abril" e só posso imaginar que estas opostas e extremadas ideias representam um total divórcio do sentir dos portugueses em relação à política e concretamente em relação à presidência.

O que pretendo ver reflectido num Presidente é a garantia de que a democracia e as suas instituições estão salvaguardadas para lá da simples luta partidária e a sua intervenção sempre que necessária para repor o quadro constitucional normal e o princípio da legalidade da administração.

Pretendo um Presidente que conheça, defenda e alerte o Governo, os tribunais e a sociedade em geral para os Direitos, Liberdades e Garantias constitucionais dos cidadãos portugueses mas também daqueles que ao abrigo da lei escolheram o nosso país para viver.

Pretendo um Presidente que defenda e garanta os Direitos Sociais e Económicos do povo português numa estrita subordinação do poder económico ao poder politico, não para o limitar, mas para fazer com que este faça cumprir o projecto de uma sociedade livre, socialmente justa e solidária onde a discriminação não tenha lugar.

Um presidente que defenda uma visão do mundo assente numa cultura de paz e de respeito pelo direito internacional, e que possa representar Portugal e a língua portuguesa de forma convicta não cedendo a qualquer subalternidade geo-política, junto dos povos que falam a mesma língua mas também junto das Nações Unidas.

Não pretendo, nem me iria rever num Presidente em oposição permanente às instituições que deve salvaguardar e garantir, por simples razões de estilo ou questões politicas avulsas.

Muito embora estes meus princípios possam ser vistos como demasiado pretensiosos… são estes os princípios pelos quais avalio a prestação dos actuais candidatos e é por esta bitola que lhes irei dar o meu voto, ou não.

2 comentários:

Anónimo disse...

Qualquer cidadão consciente e que partilhe o que escreveste, não pode votar no aspirante a D.Sebastião Aníbal Cavaco Silva.

Anónimo disse...

Que bem sabe uma tão límpida declaração de princípos no meio do ruído e da confusão da campanha...