segunda-feira, dezembro 26, 2005

Um ano depois

Pôr do Sol - Khao-Lak, Tailândia

Pouco povos como o Português compreenderão tão bem que aquilo que o Mar dá, pode mais tarde reclamar para si.

Passou um ano sobre a tragédia do Sudoeste Asiático e ainda há muita coisa a fazer. No entanto eu e provavelmente muitos preferimos recordar o mar calmo daquelas paragens antes do tsunami.

sábado, dezembro 24, 2005

Do Portugal Profundo na véspera de Natal

Moura, Beja - A gula ou o espírito natalício da minha familia
Moura, Beja - Lá onde o Sol se começa a pôr ficam as Pias

Moura, Beja - À lareira

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Feliz Natal

Rockfeller Plaza, NY

Entramos nesta altura do ano numa época propícia ao balanço dos bons e maus momentos de 2005.

Naturalmente o Suburbano e mais especificamente o José Raposo não ficam indiferentes à correria das prendas e ao deslumbre das luzes e a partir de hoje vai dedicar mais tempo à família com quem tão pouco tempo passa nos dias de correria.

2005, como todos os anos anteriores e todos os que hão de vir, trouxe-nos alegrias e tristezas, trouxe-nos a lembrança das pessoas que nos acompanham e daqueles que já partiram e que gostaríamos de ter ao nosso lado.

Lembramo-nos das pequenas tricas do dia a dia e pensamos que aquilo que correu mal poderia ter corrido melhor se não andássemos sempre a correr sem saber bem para onde.

Recordo-me de ter dito na semana passada que isto do Natal deveria ser só nos anos bissextos porque acabava por se poupar e porque o impacto do Natal acabaria por ser maior. Concluí agora que isso não é verdade.... :)

Enquanto o pau vai e vem folgam as costas, e pelo menos para uma parte substancial do planeta esta altura faz-nos pensar de uma forma menos egoísta e talvez ajude a perceber melhor a situação daqueles que sofrem e que estão muito mais perto de nós do que imaginamos.

Desejo a todos um Feliz Natal e até para a semana.

Surpresa !?!

Impressionantes imagens exclusivas do momento em que George Bush foi informado pelo Director da CIA da inexistência de armas de destruição em massa (WMD) no Iraque.

As Perguntas Sem Resposta II


Karloos, as perguntas continuam sem resposta.

Como certamente terá verificado eu não falei nas políticas do Professor (pelo menos nesse texto que refere) mas sim nas bastonadas que essas classes sociais levaram sob a governação de Cavaco.

Dirá que as políticas se mantiveram e em alguns casos foram agravadas para os que anteriormente foram bastonados, mas isso leva-me a uma conclusão bem mais gravosa.

Leva-me a concluir que a abordagem à contestação social obedece a estilos diferentes. E no tempo do Professor o estilo que eu critiquei atempadamente, continuo a criticar e cuja memória não me permite esquecer, era o estilo escada abaixo de bastão em punho e aviar todos os que estiverem pelo caminho.

Este país precisa muito de políticos que tenham a coragem de tomar as medidas necessárias ao benefício de todos, porque é essa a função do Estado.

Mas não quero, não preciso e não desejo carrascos.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

As perguntas sem resposta


Sou forçado a reconhecer que o debate foi pobre em projectos e ideias para o futuro, aliás pobre talvez seja uma forma simpática de colocar a questão. Soares não teve ideias e é pena que alguns venham a dizer ao longo dos próximos dias que pelo contrário Cavaco está carregadinho de ideias e foi o mauzão do Soares que não o deixou falar. De qualquer forma, reconhecer "cooperação estratégica" e "um forte apelo ao consenso" como ideias, requer de mim uma capacidade que perdi algures entre a extrapolação dos poderes presidenciais e o papel determinante da economia para exercer um cargo exclusivamente político.

Portugal precisa mesmo de um presidente como o Cavaco, aliás merece-o. Está-nos nos genes este interesse pelas figuras deliberadamente misteriosas ou distantes. Está-nos no sangue a necessidade de termos alguém que se proponha a proteger-nos em contraposição às nossas vidas cinzentas e problemáticas. Precisamos todos como do pão para a boca de depositar em alguém a cada vez mais complexa tarefa de pensarmos por nós próprios.

Soares cumpriu o seu papel neste debate, não deixar que Cavaco faça um passeio na avenida... atacou-o como se esperava, explorou as suas incoerências, apontou os inúmeros cinzentos políticos do pensamento económico preto e branco do Professor. Este defendeu-se bem e não se deixou ir ao tapete.

O professor já está curado do torcicolo, já responde a provocações mas insiste em remeter para as suas "escrituras" se porventura tivermos o interesse em conhecer a profundidade do seu pensamento (a)político.

Soares provou com este debate que a história do candidato passado do prazo, velho e decrépito tem de ser definitivamente arrumada, independentemente de se gostar ou não do que ele tem para dizer. O problema de Soares é a sua estratégia...

A estratégia de Soares empurra Cavaco para um lugar com o qual todos os portugueses se conseguem rever, pela mesma razão que o Zé Maria se tornou um herói em Barrancos. A estratégia de Soares permite a Cavaco estar em sintonia com os filhos que sofrem do amargurado povo Português, ao mesmo tempo que atribuem a Soares uma determinada sobranceria e arrogância com a qual os portugueses lidam mal porque não sabem como se lhe opor.

Nada a dizer sobre a pretensão de Cavaco em liderar consensos em matéria económica. O problema é que os portugueses se preparam para comprar gato por lebre. O professor apresenta-se limpo de um passado com contestação social e até pode citar Jacques Delors em como os 10 anos da sua governação foram um "Oásis" ou uma "Califórnia", o problema é que Jacques Delors nunca viveu em Portugal e não foi um dos estudantes, agricultores, policias ou simplesmente cidadãos comuns que sentiram nas suas costas as bastonadas em nome da manutenção da ordem do Estado de Direito.

O problema de Cavaco não é pretender motivar as classes sociais para os consensos. O problema do Professor é não se conhecer a sua interpretação sobre os Direitos, Liberdades e Garantias que terá de garantir e fiscalizar como Presidente. O problema é não sabermos o que o Professor pensa sobre a "subordinação do poder económico ao poder politico" presente na constituição e se o professor considera ou não que os Direitos e Deveres Sociais são uma obrigação do estado em si mesmos ou uma consequência do desenvolvimento económico.

Acabam aqui os debates e ficam irremediavelmente muitas perguntas no ar em relação a todos os candidatos. Nesta altura não sei bem se elas vão ser respondidas, ou se porventura é objectivo dos candidatos respondê-las.


A unica certeza que tenho neste momento é que os portugueses não devem e não podem ficar em casa no dia 22, porque já é tempo de não permitirmos que outros decidam por nós.

terça-feira, dezembro 20, 2005

A coerência do costume

Espera lá... Eu estou a ouvir o Rui Rio na rádio? Então não era só por escrito?

Da Amizade

Tenho de dizer alguma coisa sobre o debate Soares vs Alegre antes que os meus amigos me acusem de ser parcial... (sim, porque eu sou imparcial, tá?)

Realmente foi um momento triste de televisão que não gostaria de rever no futuro. Alegre e Soares partilham uma amizade de muitos anos e não se consegue perceber aquilo que os separa nesta campanha.

Não há objectivamente diferenças entre o pensamento político de Soares e de Alegre, partilham os mesmos combates e as mesmas lutas desde sempre e agora partilham os mesmos objectivos apesar de em campos distintos.

Perdoar-me-ão considerar que Soares está muito melhor preparado que Alegre, até porque isso se têm vindo a reparar ao longo dos debates feitos por Alegre.

Soares responde objectivamente às perguntas dos jornalistas, sabe bem o que um presidente deve fazer (naturalmente), em que condições e quais os riscos políticos da intervenção do presidente. Tem uma opinião concreta sobre Portugal, a crise, o mundo e apenas escorregou violentamente naquela embrulhada em que colocou a NATO e uma suposta organização a criar para combater o terrorismo.

Por outro lado, Alegre não tem uma ideia clara do papel do presidente e alguém lhe disse que estava a ser brando nos debates e que teria de apresentar posições fortes e concretas (como faz o Louçã) e por isso pretende dissolver a assembleia se por algum acaso a àgua for privatizada (acaso que a lei já prevê).

O que não se consegue compreender neste debate é um Alegre que esteve particularmente apagado nos debates anteriores e aqui parece renascer com novo vigor, não que isso represente um reafirmar do valor das suas ideias, mas sim para reafirmar a sua oposição à candidatura de Soares. Afinal a vitória de Alegre é como o campeonato da 2ª Circular nos anos em que o FCP ganha o campeonato. São as vitórias morais...

O que não se consegue compreender neste debate é um Soares quezilento, provocador, a não querer deixar passar em claro a falta de fundamento da candidatura de Alegre. Mas não tinha de ser assim. Soares não precisa de desenvolver uma espécie de estratégia aí-que-me-vou-a-eles-e-até-os-como para chegar a Belém, aliás esta estratégia é bem capaz de ser oposta a uma determinada visão que os portugueses têm do que deve ser a postura de um politico, ainda que os portugueses prefiram que nem sempre lhes contem a verdade.

Resta-nos aguardar por 22 de Janeiro para perceber qual a estratégia que faz mais sentido.

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Onde está a culpa?

Na sequência das sábias palavras de Ribeiro e Castro sobre os terroristas de esquerda... (maldita a hora em que o homem foi assaltado) deixo aqui algumas sugestões que David Afonso (Dolo Eventual; O Eleito) deixa em comentários neste post.

Algumas sugestões para as próximas palestras de Ribeiro e Castro ao jotinhas: «A origem da SIDA é de esquerda», «Os gays são de esquerda», «Todos os drogados votam na esquerda» ou então um conclusivo «O Diabo é de esquerda».
Não restam dúvidas, o malvado só é vermelho porque é comunista.

domingo, dezembro 18, 2005

Chafarica

Alguns comentadores que achavam que Tony Blair tinha feito uma proposta muito baixa de orçamento europeu para depois ir satisfazendo as necessidades de todos para no final se defrontar com a utopia agrícola francesa parece que estavam enganados.

Afinal não foi isso que aconteceu, os britânicos acabaram por ceder a um acordo que não afecta concretamente ninguém nem nenhum sector, e que apesar de reduzir as perspectivas financeiras, contenta as opiniões públicas descontentes com os respectivos líderes nacionais e com o processo político europeu.

Fraco contentamento para um aprofundamento da União a 25 que assim recebe mais ou menos o mesmo dinheiro, mas não decide nada sobre a reforma das suas instituições.

A europa começa cada vez a caber que nem uma luva àquela expressão do Rei D. Carlos sobre Portugal, antes de lhe limparem o sebo... "esta chafarica é ingovernável"

O interesse nacional

Podemos falar muito sobre os milhões que aí vêm uma vez que já nos esquecemos dos que vieram e continuarão a vir até ao início deste novo quadro comunitário de apoio 2007 - 2013.

Mas de qualquer forma Sócrates esteve bem em felicitar Durão sobre a forma como esta pasta foi conduzida enquanto este era Primeiro-ministro.

Por momentos fiquei convencido que era possível a classe política entender-se sobre as grandes questões de interesse nacional... Mas já me passou...

sábado, dezembro 17, 2005

Inaceitável II

Pronto... Nem em diferido eu me safo destas coisas... Novamente batemos no fundo e surpreendentemente com o mesmo jornalista.

Volta a pergunta a um dos candidatos sobre a prestação de um outro presente no mesmo debate... Será assim tão difícil perceber que as perguntas devem aplicar-se de igual forma a ambos os candidatos? Continuem o bom trabalho...

sexta-feira, dezembro 16, 2005

MIA

Lembrei-me agora de alguém que entretanto a maioria de vós já deve ter esquecido.

Ribeiro e Castro continua mesmo a ser o Líder do CDS-PP e parece que foi assaltado esta semana.

Este é um país muito perigoso.

Zapping XVIII

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Abuso

Neste país há polémicas sem sentido que apenas têm como objectivo vender jornais e espremer ao máximo a condição humana, no seu pior, às 20h na televisão.

É verdade que é revoltante para qualquer pessoa de bem, saber que uma criança com pouco mais de um mês foi barbaramente abusada, e ainda por cima pelo próprio pai. Mas temos sobre este tipo de assunto de exercer da maior calma para que o que daquí resultar, possa ser útil para outras crianças e não apenas uma tentativa de encontrar um bode expiatório.

Aqui há claramente um responsável que é a familia. Podemos passar aqui a tarde a falar que é a situação social em que muitas vezes os portugueses se encontram que gera este tipo de situações, mas esse argumento caí por terra quando estas situações acontecem em familias supostamente "ideais".

Não é razoável e útil apontar o dedo à Comissão de Protecção de Menores e Jovens de Viseu quando estes entraram no processo a pedido do Hospital de São Teotónio no 15º dia de vida da criança. Melhor do que isto só se a criança tivesse sido abandonada à nascença e eles tivessem de intervir de imediato.

Aparentemente foram duas instituições que cumpriram o que lhes é pedido pela sociedade na protecção das crianças, mas apesar disso não foi possivel evitar os abusos.

O que é importante perceber é que as instituições embora possam desenvolver redes de apoio, não se podem substituir ao papel das familias e naturalmente não podem ir a correr tirar os filhos dos pais, mas sim tentar encontrar soluções.

Na minha opinião, e aplicado a este caso concreto, as coisas funcionaram apesar de não ter sido possivel um final feliz.

Legislativas no Iraque



Tenhamos a opinião que tivermos sobre a situação no Iraque, hoje é um dia fundamental para este país e para a democracia de uma forma geral.

Gostemos ou não da "Pax Americana" é no momento das eleições que uma sociedade demonstra a vontade do seu povo em escolher o seu próprio destino. E por isso mesmo só podemos celebrar esse momento.

É tanto assim que os Sunitas não quiseram ser ultrapassados pelo processo político e marcaram presença nestas eleições.

Cuidado!!!

Antes de começarem a lançar Napalm na direcção do Suburbano... CUIDADO!!!

Eu hoje venho munido da Constituição da Républica Portuguesa que não hesitarei em arremessar a quem quer que seja...

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Um grande bem haja

Sua Excelência Dr. Mahomed Amenidejade, Presidente da República Islâmica do Irão.

Obrigado por insistir em negar o Holocausto Nazi. Assim cada vez mais pessoas poderão juntar-se ao grupo daqueles que negam o martírio do povo Palestiniano e o sofrimento do povo muçulmano em geral, em relação ao qual Vossa Senhoria parece estar um pouco alheio no topo dessa verdadeira democracia Iraniana.


Um grande bem haja.

Instantâneos da vida real

Impõe-se um resumo da viagem suburbana de hoje... "O maluco andava pela rua a esfaquear as pessoas, que eu vi no TVI..." ; "Tenha cuidado com a comida feita no frigorífico porque anda aí uma virose muito má que atac dentro de frigorífico, tem de se lavar muitas vezes..." ; "estou tão mal que quase não me consigo mexer..."palavras para quê? A pobre senhora não ter sido raptada por ETs já foi uma sorte...

Flash informativo - Cimeira da WTO

Provisório e mailing list

Em virtude do Blogroll que ainda estou a tentar que seja compativel com a lingua de Camões, os links presentes em "Blogues de referência" não vão ter acentos provisoriamente.

Se porventura o serviço não for compatível volto ao formato anterior.

Outra novidade prende-se com a possibilidade dos meus amigos no conforto dos vossos lares receberem os posts que vou aqui fazendo... sim, não me basta a atenção que já me dão... :)

Por isso vão até ali debaixo da pesquisa do Google na barra direita e vão poder associar o vosso e-mail. Depois é só dois ou três minutos a associarem uma password e já está.

Muito simples.

Despertar (violento) para a realidade

É de 2000, mas continua a manter actualidade.

terça-feira, dezembro 13, 2005

2º, 3º, 4º e 5º Round

Suburbano n'O Eleito

Isso mesmo todos assim arrumadinhos porque não há tempo, paciência e motivação para andar a comentar debate a debate... Afinal até nem foram assim tão interessantes.

Realmente isto de fazer 700 debates não ajuda a esclarecer as dúvidas sobre as presidenciais, pelo contrário apenas condiciona a vida dos poucos (como eu), interessados em vê-los todos. Mas como estamos a meio dos debates previstos, nada melhor que um balanço.

Lamentavelmente a minha desilusão é profunda com o que tenho ouvido, especialmente porque preconizo um determinado tipo de valores que pretendo ver reflectidos na Presidência da Républica e infelizmente nenhum dos candidatos o tem conseguido, antes preferiram adaptar o discurso, com mais ou menos sucesso, ao eleitorado do adversário.

Nestes debates já é possivel tirar algumas conclusões interessantes:
Jerónimo e Alegre afundam-se na impossibilidade de se demarcarem do discurso dos restantes candidatos e por uma surpreende falta de à vontade perante os seus interlocutores. Não chega a Jerónimo a sua habitual simpatia se não se conseguir demarcar das restantes propostas à esquerda e fundamentalmente se não conseguir distanciar-se do namoro feito por Soares ao seu eleitorado. Por outro lado, Alegre tem vindo a demonstrar fraquezas no seu discurso, revelando alguma falta de preparação para assuntos que vão além da habitual defesa intransigente dos Direitos, Liberdade e Garantias presentes na Constituição e também incoerências ao nivel das suas posições no passado e no próprio lançamento da sua candidatura.

Soares apenas esteve num debate em que não abdicou de uma certa concertação com Jerónimo e as suas posições menos extremistas, fazendo de certa forma campanha pelo voto comunista para uma segunda volta. Ainda assim soube a muito pouco.

Claramente em alta está Francisco Louçã. Depois de uma esfrega que lhe permite chegar a votos mais ao centro, o candidato conseguiu dar largas à boa estruturação de discurso que nos habituou, com clareza, com grande objectividade, sem ambiguidades, tornando-se o ùnico candidato que não tem qualquer problema em definir uma estratégia para a Presidência, enunciando medidas concretas no âmbito dos poderes presidenciais. Alguns dirão que está a ser demagogo porque sabe que nunca será Presidente, mas dá gosto ouvi-lo.

Cavaco, igual a si mesmo vai ganhando à vontade ao longo desta maratona de debates e até já consegue virar a cabeça na direcção dos seus adversários. É inegável que começam a surgir ideias (seria inevitável perante as perguntas dos jornalistas) mas ainda carregadas de ambiguidades que variam de acordo com o espaço à esquerda que ocupa o adversário. A questão dos imigrantes é uma delas.

O melhor e o pior debate: O melhor debate foi sem dúvida o de Cavaco com Louçã em que houve mesmo discussão de pontos de vista sobre caminhos necessáriamente divergentes para o País e o pior foi esta noite entre Cavaco e Jerónimo em que o candidato comunista não foi capaz de fazer valer os seus pontos de vista com clareza, recorrendo a argumentos mal preparados e sem se conseguir compreender um fio condutor. Cavaco esteve bem (eu sou insuspeito de dizer isto...), passou a sua mensagem (naturalmente adaptada ao eleitorado comunista) e ainda nos brindou com umas graças. Cavaco esteve em "casa"...

O melhor e pior dos jornalistas: Apesar do habitual medo que tenho da TVI, Constança Cunha e Sá e Miguel Sousa Tavares acabaram por conseguir dar conta do recado não deixando os candidatos excederem-se em matérias onde naturalmente estariam à vontade, especialmente naquele confronto sobre o passado da governação Cavaquista em que o Professor só pretende salientar aspectos positivos.

Nota muito negativa para a SIC que hoje claramente tomou partido ao colocar a Jerónimo de Sousa uma pergunta sobre a prestação de Cavaco Silva. Infelizmente algo se passa em Carnaxide pois nas perguntas dos jornalistas à saída do estúdio, o jornalista da SIC atribui a expressão "olhe que não, olhe que não" a Mário Soares. Um pouco mais de cultura geral não teria sido mau.

A corrida às assinaturas

Está mais do que visto que há uma campanha dentro da corrida presidencial que é a corrida ao maior número de assinaturas...

Louçã já lanço a fasquia para mais de 12000 assinaturas...

Quantas poderemos esperar de Soares e Cavaco, 1 000 000?

Inaceitável

Pronto... Batemos no fundo...

Uma pergunta a um candidato sobre a prestação de um outro candidato presente no mesmo debate, afirmando que afinal o candidato em causa até tem consciência social, é sem dúvida o pior momento de televisão dos últimos anos e o pior que se pode obter de um jornalista com responsabilidade de moderar esse debate.

É no mínimo impressionante não compreender que essa pergunta anula a igualdade de circunstâncias em que os candidatos têm de se apresentar. É demasiado mau para ser verdade...

2ª edição de posts perdidos - (Euro Patch)

Post perdido nos drafts a 29-11-2005

Há palavras em inglês que eu gosto particularmente, "patch" é uma delas. E foi um "patch"que acabou por resolver a cimeira Euromed em Barcelona. Foi aplicado uma espécie de remendo a um acordo impossivel sobre a definição de terrorismo que os paises àrabes se recusaram a concretizar.

Convenhamos que isto é um disparate que não ajuda em nada a tomada de uma posição forte nesta matéria em relação ao amigo americano. Estar durante uma Cimeira a tentar arranjar uma definição para "terrorismo" para depois se tentar arranjar forma de o combater, é capaz de ser uma discussão fora do seu tempo porque segundo me parece os terroristas já passaram esta fase...

Mas o mais interessante desta discussão é serem os "legitimos" líderes do mundo àrabe a oporem-se a uma definição clara de terrorismo. Afinal estamos a falar de um conjunto de lideres que por variadas razões fundamentam as suas ditaduras num tipo de populismo muitas vezes associado a fenómenos violentos anti-americanos, mas que nesta altura são eles próprios vitimas de um fundamentalismo religioso violento que não é compativel com o culto de personalidade tão comum por aquelas bandas.

É um jogo perigoso esta situação de se demarcarem da Al-Qaeda ao mesmo tempo poderem hostilizar demasiado os interesses legitimos do povo palestiniano pois os israelitas estão mortinhos por poderem chamar terroristas a todos.

Ou seja continua tudo num impasse, mas ainda assim é cada vez mais claro que a fundamentação do terrorismo está demasiado ligada à causa palestiniana e por isso mesmo a resolução deste conflito deveria ser o objectivo principal da comunidade internacional.

Na Califórnia

"No passado, Portugal foi um País de sucesso. Dizia-se mesmo que Portugal era a Califórnia da Europa. Porque é que não podemos voltar a esse tempo?" - Cavaco Silva

Sr. Professor, se vossa Excelência não se importar eu não gostava de viver na Califórnia.

Não que tenha alguma coisa contra o sol que muitas vezes partilhamos com esse estado americano, mas não me sentiria bem a viver num país que aplica a pena de morte, e onde a possibilidade de não a aplicar passa pelas mãos de um antigo Exterminador.

Prefiro sinceramente o nosso miserabilismo crónico, embora solarengo.

Momento Zen (da estrutura social)

A felicidade como referência




Economistas dizem que o Japão deveria inspirar-se no feliz Butão.




O ultracompetitivo Japão deveria preocupar-se menos com o crescimento do seu Produto Interno Bruto (PIB) e inspirar-se mais no exemplo do Butão, que mede o seu progresso outro tipo de indicador: a Felicidade Nacional Bruta (FNB), anunciaram nesta quarta-feira famosos economistas japoneses.


"O Japão tem muito que aprender com o Butão", declarou Takayoshi Kusago, ex-economista do Banco Mundial e professor da Universidade de Osaka, durante um simpósio sobre a 'felicidade nacional bruta' organizado em Tóquio pela chancelaria japonesa.

O PIB do Butão é somente de 500 milhões de dólares, quase nove mil vezes inferior ao do Japão (4,4 trilhões de dólares). Mas, desde 1970 este pequeno reino do Himalaia preocupa-se sobretudo com o crescimento da sua Felicidade Nacional Bruta (FNB), um índice que mede a felicidade individual de cada cidadão.

O «FNB» leva em conta quatro factores: o desenvolvimento sócio-económico duradouro e equitativo, a preservação do meio ambiente, a conservação e promoção da cultura, além de bons governos.

"Em busca de um modelo de desenvolvimento, o Butão não encontrou qualquer í­ndice que estivesse de acordo com os valores e aspirações do paí­s. Ao contrário, só viu que o mundo estava dividido entre nações ricas e em naçõss pobres", explicou o economista do Butão, Karma Galay.

Os economistas japoneses admitem que no referente ao FNB, os progressos do Butão eram muito superiores aos do Japão, onde o índice de suicídios é um dos mais altos do mundo e não é rara a morte por excesso de trabalho.

Além disso, cada criança do Butão parece ser um especialista em questões de meio ambiente. "É muito melhor do que aquilo que se ensina aos meninos japoneses neste campo", destacou Shunichi Murata, professor da Universidade Kansei Gakuin.
jps/afp

O paradigma do Betão

Isto das auto-estradas é no mínimo interessante para não lhe chamar ridículo... Estamos perante o paradigma das contas públicas.

Independentemente do governo, a auto-estrada é sempre um modelo muito apreciado porque permite obra com visibilidade suficiente, a maioria dos portugueses que vivem no interior acha que bonito bonito é ter uma auto-estrada a passar a porta. Porque é um investimento que se dá a inaugurações de 100 em 100 metros, o que salvaguarda qualquer tipo de eleição e porque é o tipo de investimento que convive mais de perto com as derrapagens e os custos de última hora e os custos inflacionados dos materiais de fornecedores que actuam como cartel nas obras do estado...

Eu até gosto de auto-estradas, a sério, gosto de ter no meu espírito de condutor a certeza que posso ir para qualquer lado num desses fantásticos tapetes de alcatrão bordejado de simpáticas estações de serviço.

Mas o problema é quando não consigo perceber de quem é aquilo? É meu? É dos senhores a quem eu tenho de pagar a portagem? E quando não tenho de pagar é de quem?

Não, não vou fazer um manifesto pela colectivização das auto-estradas apoiado em palavras de ordem como "a estrada a quem nela circula". Desconfio que seja de quem for paga sempre o mesmo...

Mas seja SCUT ou não, as auto-estradas continuam a ser construídas pelas verbas inscritas no orçamento de estado, certo? Pode ser que passe por aqui o Mário Lino e me faça o favor de explicar esta situação.

Acabou-se a ronha

Isto é inaceitável... nem uma foto, nem um comentário sobre os debates e até parece que o mundo é só feito de politíca, com tantas e tão interessantes coisas para mostrar e discutir.

Acabou-se... amanhã prometo que isto ganha uma nova vida.

Palavra de Jumbo (lá estou eu outra vez a arriscar fazer promessas)...

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Soares agredido

Ontem tinha deixado aqui um post um bocado inflamado sobre a agressão a Soares que optei por tirar porque se dava a interpretações demasiado "teoria da conspiração".

Um amigo fez o favor de me dar um puxão de orelhas no preciso momento em que estava a retirar o post mas ainda assim fica registado o puxão...

Será falha minha, mas não consegui ficar indiferente quando li na blogosfera que a "máquina do PS já está a funcionar..." e acho sinceramente que eu não posso ficar indiferente nem ninguém de boa fé pode pronunciar este tipo de afirmações perante a abjecta agressão (maior ou menor, isso não interessa) a um candidato presidencial.

Não pretendia fazer transparecer a existência de uma conspiração ao mais alto nível da direita contra Mário Soares, mas reforçar a responsabilidade de alguma direita com acesso aos meios de comunicação social, no actual clima de boatos sobre terrenos, boatos sobre os "turras", boatos sobre assaltos a bancos entre outras mais ou menos infelizes peças jornalistícas que estranhamente só recorrem ao sarcasmo e à ironia quando de Soares se trata. Como aliás já tive oportunidade de demonstrar aqui em dois posts anteriores.

Não sei nem tão pouco me interessa se o Professor estimula ou está por trás dessa estratégia, o que eu sei é que a tolera. Tenha Soares os defeitos que tiver, pelo menos não manda dizer por ninguém...

Certamente não haverá uma conspiração concertada da direita contra Soares, mas uma coisa é certa, anda por aí muita direita mais papista que o professor, ansiosa por lhe agradar e lhe prestar vassalagem nem que para isso tenha de fazer um combate fora da política tal como a candidatura do professor.

domingo, dezembro 11, 2005

Para quem melhor lhe sirva a carapuça...

Realmente não se compreende...

Porque razão insistimos neste disparate das eleições quando podiamos perfeitamente fazer uma sondagem e ficava tudo resolvido num instante...

Está mais do que visto o que os Portugueses pretendem e por clarissimas razões de contenção de despesa já deviamos ter despachado esta história das eleições presidenciais.

Ter mesmo de pôr um papel numa urna, só continua a fazer sentido na cabeça desses marxistas-leninistas-trotskistas que continuam a arrastar este país para o fundo...

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Desorientados

E lá se foi a proposta de orçamento europeu da presidência britânica...

Caso a Europa não se consiga entender a 25 sobre o que vai rebecer cada um no próximo quadro comunitário de apoio até ao final do ano, e a presidência de Tony Blair terá sido um fracasso.

Eu é que sou o líder de opinião

Discussão sobre as presidenciais, a comunicação social, a blogoesfera e o impacto nestas eleições, no Clube de Jornalistas na 2.

A mais interessante expressão que recolhi foi "ao contrário da televisão a blogoesfera têm muito mais substância e muito menos impacto"- Manuel Meirinho.

Também por aqui se falou nos perigos dos boatos e a ausência de regras o que dificulta a triagem. Afirmação interessante é dizer-se que quem tem um blog são os líderes de opinião...

terça-feira, dezembro 06, 2005

Do primeiro debate ou do último que iremos recordar

E lá se fez o primeiro debate.

Já chego tarde à tarefa de o comentar até porque hoje durante o dia já muitos se deram a esse trabalho e é provável que muito pouco possa acrescentar sobre o que vi.

Confesso que vi o debate e consegui tirar quase uma página A4 de notas, mas ainda assim, isso não é sinónimo de qualidade da discussão ou de substância dos assuntos... talvez só com 5 ou 6 páginas A4 poderemos dizer que houve mesmo discussão.

Cavaco esteve como sempre tem estado nos ultimos dez anos, teso que nem um carapau que chega uma pessoa a afligir-se se o homem estará a sentir-se bem com aquela coisa das luzes dos estúdios, até porque não está habituado a estas coisas da politiquice mais brejeira que são os debates.

Não detectei nenhuma alteração substancial no discurso do professor, embora nos ultimos tempos ele tenha aproveitado a vantagem significativa das sondagens, não para construir e esclarecer ideias, mas sim para mandar umas bocas muito pouco concretizadas sobre os perigos de algumas medidas do governo....

Tenho de ir aqui às minhas notas para dizer que tudo se resume a cooperação estratégica, a pactos de regime e à influência positiva do Presidente como factor desenvolvimento... tudo embrulhado numa lógica economicista em que parecem brilhar os olhos dos portugueses sempre que se lhes fala de emprego, de formação, de qualidade, de Espanha etc, mesmo que não percebam bem o que isso quer dizer.

Por outro lado Alegre surpreendeu pela negativa, até para mim que considero a sua candidatura um disparate, confesso que estava à espera de mais.

Além da questão do suposto modelo de desenvolvimento errado do professor, a questão do Iraque e ao de leve a OTA e o PGR, Alegre confirmou as piores expectativas da sua candidatura.

Não foi acutilante como é seu costume quando anda por aí a gritar que "ninguém nos cala" e preferiu manter o eleitorado que já obteve num aparente interesse de tirar dividendos politicos para depois das eleições e tenta, neste debate, fazer um discurso que lhe permita aceder a votos de Soares e de Cavaco... Ou seja apesar de tudo o que saí daquela cabecinha, Alegre não está preparado para estas eleições e afinal disputa o centro.

O pior de Alegre neste debate é que para legimitar sua fraca prestação, carimba com relativo sucesso a ideia de que Cavaco se fartou de discutir projectos para o país durante aquela hora.

Isto é aquilo a que se poderá chamar um debate sem-ponta-por-onde-se-lhe-pegue.

Independentemente do que Cavaco ou até Alegre pensem, ter um debate animado não é o mesmo que andarem a chamar palhaços um ao outro.

E desculpem-me qualquer coisinha, mas o que eu quero é debates animados.

Auto-inteligência

Realmente neste país temos o gosto especial de sermos espezinhados por gente que se auto-considera muito inteligente.

Mas que raio de situação é esta a da Auto-Europa, que cada vez que se fala em aumentos a administração vem dizer que se subir mais do que o que pretende oferecer vai ter de fechar as portas e ir para o Burkina Faso?

Das duas uma, ou estão constantemente a ver se pega ou então são fortemente incompetentes porque os projectos desta dimensão são planeados para várias décadas e já contemplam uma quota parte muito substancial de risco.

O problema aqui é que estamos a falar da empresa responsável por 8% das nossas exportações e que ainda assim está fartinha de receber vantagens e subsidios do estado.

Será útil continuar a manter este disparate à custa de mais uns milhões do orçamento de estado nuns subsidios quaisquer de formação ou o que seja, para no ano que vem eles se queixarem novamente e dizerem que vão produzir para o Laos???

Começo a achar que o dinheiro era bem melhor empregue no apoio à internacionalização das nossas menos importantes e estratégicas empresas.

Tadinho

Coitado do Marques Mendes... todos já sabiamos que isto de ser oposição a um governo de maioria absoluta não é fácil.

Mas depois de uma vitória nas autárquicas, vê-se obrigado a um silêncio forçado pelo Professor.

Tenho mesmo a impressão que se Marques Mendes voltar a sugerir uma presença mais forte do PSD na campanha do professor, Cavaco vai insultá-lo (mas com estilo) e dizer que foi um dos seus piores ministros...

A desorçamentação

Ora aí está a proposta britânica para o próximo quadro comunitário da apoio.

Como já tinha falado mais lá para baixo (já nem sei bem quando) a reforma da PAC era essencial para haver melhores e maiores condições para o orçamento Europeu dos proximos anos.

Por pura e simples teimosia dos franceses em perpetuar uma agricultura que dá sempre lucro, faça chuva ou faça sol e que ainda por cima prejudica grandemente os países em vias de desenvolvimento que não conseguem colocar no mercado os produtos que produzem a mais baixo custo, os britânicos tiveram de cortar a direito nos restantes valores do orçamento.

O grande problema e no qual reside a questão que vai ser discutida nos próximos tempos é que parte do orçamento prevista pr os fundos de coesão vai ser substancialmente reduzida e são os novos países da União os principais prejudicados.

A questão é saber qual vai ser a reacção de 10 países a quem lhes foi prometido o El Dorado Europeu, mas agora lhes queremos fechar a torneira.

Pelos vistos continuamos a construir um sólido e coeso projecto Europeu.

Comprometido(s)

Em outubro passado falei aqui do que me parecia um comprometimento inaceitável de José Sá Fernandes com a política, que a meu ver não lhe permite no futuro ter o papel interventivo que nos ultimos anos tinha tido em Lisboa.

Perde o José Sá Fernandes que mais tarde ou mais cedo vai perceber que as instituições dificilmente podem ser mudadas do seu interior, mas fundamentalmente perdeu Lisboa.

Agora pretendo falar de novos comprometidos, desta feita com uma candidatura presidencial.

Falo da UGT e do extraordínario apoio concedido pela Central Sindical a Cavaco Silva. Seguindo a indicação do novo presidente lá foram 723 sindicalistas assinar o apoio ao Professor.

Ora para mim isto constitui um fatal erro na politica sindical da UGT, que não pode ser de forma nenhuma vantajosa para aqueles que pretende proteger.

Não se questionam as opções politicas dos membros dos sindicatos até porque na generalidade dos casos são sobejamente conhecidas, mas o apoio oficial de uma central sindical a um determinado candidato, por mais apolítico que ele possa ser, compromete estes sindicalistas com uma determinada politica que possa vir a ser seguida pelo Professor e prejudica gravemente os interesses dos trabalhadores.

Afinal se porventura existe nos sindicatos a intenção de participar activamente no processo politico porque não se revêm no actual espectro partidário, então devem criar um partido e concorrer a eleições.

Para mais, justificar esse apoio com existência de acordos de concertação social durante as maiorias absolutas de Cavaco é um insulto para todos os que observaram o movimento sindical desses tempos.

Infelizmente a memória curta continua a imperar e as nódoas negras de algumas bastonadas acabaram por sarar.

Eu é que sou o Luís Delgado

Quem bem que sabe ter pela velha Europa, tão ilustre representante da Administração Americana.

E que sábias são as suas palavras para todos os que nesta decadente e velha Europa não comprendem o verdadeiro alcance das medidas desta administração e a forma como o grande chapéu americano nos continua a proteger diarimente, contra esses malfeitores do "Eixo do Mal".

Nesta Europa hípocrita alguns não compreendem que se estão contra a verdadeira e bondosa "Pax Americana" estão com os terroristas.

Desenganem-se todos aqueles mal intencionados que pensavam que Rice vinha esclarecer o assunto dos voos da CIA e das prisões ilegais, nada disso, Rice veio esclarecer os europeus da inevitabilidade desses voos e dessas prisões.

Além disso, ao contrário do que uma certa imprensa e organizações manipuladas pelos comunistas vêm dizer, só agora é que a Roménia passou a ter um acordo de parceria militar com os Estados Unidos, onde os soldados dos dois países vão poder trocar artesanato local, na tal base militar anteriormente mencionada.

Os americanos levam pequenas estatuetas da Miss Liberty, e os romenos poderão ofertar pequenas matrioskas e bustos do Ceacescu em segunda mão, como forma de manifestarem o seu interesse na derrota do "Eixo do Mal"

Afinal eu é que sou o Luís Delgado...

Há vida para lá do... blog

Tal como para o défice também reconheço a existência, cada vez menos interessante, de uma vida para lá do blog.

Ainda assim vejo-me na contingência de efectuar uma pausa nas minhas férias para responder aos milhares e milhares de leitores em pranto que ocasionalmente aqui deixam comentários, que em altura de férias se traduzem em e-mails directamente enviados ao meu telefone.

Por isso e porque se deixar tantas e tantas coisas interessantes para dizer, só para depois das férias, não haveria tempo suficiente, aqui estou eu em pausa extraordinária das prendas de Natal.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Notas de sofá... IV

Isto do sofá não está a correr bem... Acabei de ver uma arquitecta a dizer "expectatível"... Não é de admirar que tb não tenha respondido a qual a cor da cruz da bandeira Suiça... Esta é quase como o cavalo de Napoleão... Vou ao cinema.

Notas de sofá... III

Isto de fazer campanha é uma maçada... Comprem a minha auto-biografia "política"

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Notas do sofá... II

Um tiroteio que irrompe durante uma conferência de imprensa; uma cidade tomada durante algumas horas por guerrilheiros...

Tudo tranquilo e controlado no Iraque, a retirada americana deve estar para breve...

Notas do sofá...

A propósito do julgamento da câmara municipal do Seixal, apetece-me mesmo dizer que somos um país com leis a mais e bom senso a menos...

Entre paredes

O Suburbano está de férias... O Suburbano está entre a cama e o sofá... Entre o cotão e as arrumações sempre adiadas... Entre a televisão e os livros... Entre a tendinite e os comprimidos... Entre o café e o cigarro e longe do computador (se conseguir...) E por isso nos próximos tempos os posts serão via telemovel pelo que vão desculpar.me as gralhas... Até breve.

terça-feira, novembro 29, 2005

Inquérito Cívico

Tal como em Fevereiro surgem aqui no Suburbano algumas das perguntas que gostaria de fazer aos candidatos, num registo diferente porque as eleições são bastante diferentes das de Fevereiro, e mais cedo para aproveitar o repto lançado à dias por um dos moderadores d'O Eleito.

Ao contrário das anteriores, estas não serão enviadas para os sites do candidatos. Ficam aqui publicadas assim como n'O Eleito para quem as entender ler, seja ou não candidato, sem prejuizo de algumas delas serem enviadas aos candidatos a partir d'O Eleito.

De qualquer forma aqui ficam as minhas 9 perguntas, que gostaria de ver esclarecidas pelos candidatos até às eleições. São apenas 9, poderiam ser muitas mais, mas a bem da orientação do debate estas já seriam suficientes para umas 4 horas de televisão.

1 - O estado deverá continuar a assegurar protecção social aos seus cidadãos? Tendo em conta uma lógica de adequação de meios escassos, existirá alguma área habitual da acção do estado que deva ou possa ser abandonada? Qual?

2 - Que solução para a estagnação do regime político e das suas cíclicas crises, tornando os portugueses cépticos em relação à política e aos políticos?

3 - Em pleno século XXI e com o fenómeno crescente da globalização que papel está reservado para a intervenção do estado na economia. Se ainda há possibilidade de intervenção em que áreas ela deve acontecer? É ainda razoável manter uma situação em que a crise das finanças públicas arrasta o país para a crise e ao mesmo tempo a maioria dos privados se recusa a avançar sem a adequada almofada do estado?

4 - A crescente importância da insegurança nas democracias modernas tem que origem? Que medidas para a combater?

5 - Tendo em conta a tendência para o envelhecimento da população portuguesa, de que forma esta poderá ser compensada pelos fluxos migratórios? Quais as soluções para um real enquadramento legal e social destas populações?

6 - O fenómeno da globalização é um factor de desenvolvimento que poderá a médio prazo dar condições de vida mínimas a populações delas carenciadas, ou antes pelo contrário é um movimento de exploração do homem pelo homem numa perspectiva de maximizacão de lucros?

7 - Qual a origem da actual ameaça terrorista às democracias ocidentais e de que forma se combatem as suas causas? E de que forma se punem os culpados?

8 - De que forma a Lusofonia pode tornar-se um bloco cultural forte e um espaço de intercâmbio de projectos e até de negócios com benefícios para todos?

9 - Qual o papel de Portugal no mundo no apoio às democracias emergentes e eventuais situações de catástrofe? de que forma se deve expressar esse apoio?

Politicamente correcto ou como meter o pé na argola

A eurocracia está cada vez mais a tornar-se um "case study"...

A propósito dos voos da CIA e da possibilidade de haver prisões ilegais em território da União Europeia, um qualquer eurocrata disse mais um disparate daqueles que a comissão Barroso nos começa a habituar.

"Se algum país da União albergar uma dessas prisões, perderá direitos na União". Ora de boas intenções está o inferno cheio... Mas onde raio vai a comissão buscar o fundamento legal para justificar esta perda de direitos?

Pois, não vai... Os senhores juristas já esqueceram que "não há crime sem lei". Provavelmente tudo não passará de um vulgar puxão de orelhas que salve a face de todos.

O esquecimento

Já se está mesmo a ver onde vai parar esta história de Timor...

Na parte que me toca e à minha geração, desde tenra idade foi um problema no qual me envolvi sempre que pude, e considero mesmo que em 1999 o povo português se redimiu de um eventual esquecimento da situação dos timorenses.

O (verdadeiro) candidato Esfinge


Ele quase não fala, mas os portugueses sabem que é por ser tímido;
Ele não tem nome nem precisa porque tem um desígnio para o País;
Ele não tem propostas e não necessita pois os portugueses têm confiança no futuro;
Ele não conhece os Lusíadas nem quem é Camões, mas os portugueses sabem que é um homem simples.

Vota no (verdadeiro) candidato Esfinge. Proponha este candidato à Presidência.

A essência

Na sequência da coluna de Luís Delgado no DN de ontem, (Luís, obrigado por existires porque assim serves para balizar todas as nossas afirmações dentro do razoável) em que diz não haver pachorra para a polémica dos aviões da CIA, importa fazer uma distinção essencial.

Talvez seja totalmente hipócrita a maioria dos países europeus se preocupar com os aviões da CIA que transportam prisioneiros, quando aprovaram expressa ou tacitamente as intervenções dos americanos.

Outra questão totalmente diferente (menos para o Luís Delgado) é ter em território da União Europeia prisões ilegais, a funcionar à margem de qualquer convenção onde se praticará tortura e tudo o mais que estiver no manual da CIA.

É esta diferença fundamental que obriga todos a preocuparem-se com os aviões e os seus destinos e encomendas. A Europa não quer e não pode voltar a ficar mal na fotografia, aparecendo de forma fragmentada e frágil, daí que seja essencial saber tudo sobre este assunto.

segunda-feira, novembro 28, 2005

O governo da democracia

"A democracia não é garantia de bom governo." - Felipe González

Semelhanças

"A realidade da Irlanda não têm nada a ver com a nossa. Eles são menos, falam inglês e emigraram quase sempre para os Estados Unidos..." - Clara Ferreira Alves

domingo, novembro 27, 2005

Filosofia da Organização


Lógica quase irrefutável utilizada nas modernas organizações. Um pouco da realidade inversamente proporcional de que falámos um pouco no jantar de Sábado (nem todos vão perceber).

Lições de marketing político

Se um candidato tiver de se sujeitar a um banho de multidão para mais tarde pedir que o ajudem a conseguir tarefas/objectivos não definidos, convêm que no seio da população ocasional, que a título particular pretende apoiar o candidato, não haja uma única bandeira do PSD...


E que de forma perfeitamente ocasional todas as bandeiras de Portugal tenham sido feitas na mesma fábrica...

Oficial

Já é oficial... Depois de 12 anos de condução, consegui a minha primeira taxa de Alcoolemia (TAS) atestada pela "autoridade".... 0,06 g/l.

Ou sou um lindo menino, ou a comida indiana é fantástica...

A malvada...

"Tendinite (ite = inflamação; tendi = tendão => inflamação de tendão). A tendinite é isto mesmo; uma inflamação do tendão, normalmente devido a movimentos repetitivos que o levaram a inflamar. Trabalhadores com movimentos repetitivos podem sofrer ou vir a sofrer de tendinite. O mesmo se passa com quem usa o rato do computador e muitas outras actividades repetitivas."

A malvada dá pelo nome de Tendinite... Eufemismos é o que é... conspirações contra a minha escrita que se manifesta de tortuosas e dolorosas formas, só para me calar... :)

sexta-feira, novembro 25, 2005

Repensar a segurança

António Costa é bem capaz de ser dos melhores ministros deste governo. Não foi um brilhante ministro da Justiça no tempo do Guterres, mas mais uns anos da politica na oposição, deram-lhe alguma sabedoria e fundamentalmente alguma prudência.

Muito pouco justifica os disparates que têm vindo a ser ditos e feitos pelos sindicatos das Policias e da GNR, quanto à alteração da idade da reforma e fundamentalmente quando ao regimes especiais de assistência na doença. Vivi parte substancial da minha vida sob esse mesmo regime e sei bem do que se trata...

Alberto Costa numa intervenção que as televisões e os jornais quase ignoraram esta semana, voltou a lançar temas de discussão sobre a administração interna, falando da oportunidade de repensar se o conceito estratégico e as missões atribuidas à GNR e à PSP se devem constituir com base no tipo de aglomerados populacionais em que se implantam ou em qualquer outro conceito estratégico mais determinado pois as ameaças à segurança publica são cada vez mais semelhantes em ambiente urbano ou rural.

Boa sorte para Antonio Costa nesta tarefa essencial que se espera devolva dignidade, capacidade e motivação às forças de segurança, mas também certezas quanto aquilo que delas se espera, o que nem sempre o cidadão comum vê reflectido no comportamento dos militares destas forças.

Principalmente coragem, porque novamente veremos policias e guardas na rua a exigirem a manutenção da actual situação numa escandalosa aversão a qualquer tipo de mudança.

1ª edição de posts perdidos - (Re)educação

Post perdido nos drafts 19-10-2005, entretanto já muita água passou por debaixo das pontes da educação...

Eu sou um daqueles filhos da madrugada, mas também filho de todas as reformas da educação desde o Roberto Carneiro. Eu sou daqueles para quem o ano lectivo seguinte era quase sempre uma incógnita no que toca às cadeiras, ou ao nome que tinham, às horas que tínhamos de passar na escola, quais os exames a fazer, e qual a designação da área a seguir.

Mas um gajo aguenta isso tudo... O problema é que na altura em que a minha geração começa a dar filhos para esse mesmo sistema de educação, as incógnitas continuam.

Todos os anos e todos os ministros de todos os governos insistem em fazer alterações mais ou menos felizes na educação contribuindo para uma forte instabilidade no sistema para alunos, professores e pais.

Tudo parece ser feito em cima do joelho e de forma avulsa e sem sentido.

No meio de todo este marasmo surge uma medida que me parece essencial e bastante adequada à inadequação do país para as contas. Os professores universitários das áreas de matemática estão a ajudar os professores de outros níveis de ensino a reciclarem a sua forma de dar aulas, sem que isso signifique uma humilhação para os professores de matemática mas sim uma oportunidade de desenvolvimento que todos querem agarrar.

É tão raro haver algum tipo de medida neste país, que mereça um amplo apoio de todos os que nela participem que eu tinha mesmo de a mencionar.

Agora só falta o envolver todos na reorganização de todo o restante sistema de educação...

Isto não é um post

Ia fazer aqui um paralelismo entre os alemães e os portugueses quanto à eleição de governos que iriam ter de tomar medidas dificeis mas compreendi que me estava a enganar. Quando me voltar a entender com as minhas ideias, volto a falar do assunto.

Espirito de missão

"Making Every Mission Possible"... Só pode ser ironia, mas quem melhor para a ponte aérea Kabul - Guantanamo, que uma empresa para quem todas as missões são possiveis?

Porque é preciso recordar o 25 de Novembro

Porque é preciso recordar o 25 de Novembro, numa altura em que alguns parecem querer esquecer, e porque não é possível entender o 25 de Novembro fora do contexto da revolução de Abril, aconselho uma boa consulta do Centro de documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra.

Na gaveta...

A UNESCO arrumou na gaveta a proposta conjunta de Portugal e Espanha para considerar como património imaterial da Humanidade a tradição Oral Galaico-Portuguesa.

No entanto isso não invalida a importância desse património e muito menos a importância de todos os que nos últimos 4 anos promoveram esta iniciativa e deram visibilidade a este património.

Estão todos de parabéns

A UNESCO arrumou na gaveta a proposta conxunta de Portugal e España para considerar como património imaterial da Humanidade a tradición Oral Galaico-Portuguesa.

No entanto iso non invalida a importancia dese património e moito menos a importancia de todos os que nos últimos 4 anos promoveron esta iniciativa e deron visibilidade a este património.

Estan todos de parabéns

Nasce o Sol no Alentejo


O Sol é que alegra o dia,
Pela manhã quando nasce.
Ai de nós o que seria,
Se o Sol um dia faltasse!

Nasce o Sol no Alentejo,
Nasce água clara na fonte,
Nasce em mim a saudade,
Na ladeira do teu monte.

Na ladeira do teu monte,
Meu amor quando te vejo,
Nasce água clara na fonte,
Nasce o Sol no Alentejo!

Ò luar da meia noite,
Tu tens lá segredos meus.
Ò luar não me descubras,
Que os meus segredos são teus!

in Cancioneiro Alentejano

Preso

Pinochet está preso...

E ainda que possa por lá ficar pouco tempo, a humilhação infligida ao ditador é contentamento suficiente, mas agridoce, para os milhares de chilenos torturados, exilados e mortos pelo tirano.

Salvador Allende vive...

Pelo menos na memória de todos os chilenos que resitiram contra a opressão do regime militar.

quinta-feira, novembro 24, 2005

Cimeira luso espanhola ou a cartilha de como permitir o acesso mais fácil ao nosso mercado

Já estava convencido que a Cimeira luso espanhola era completamente inútil. Agora estou convencido da sua utilidade... para os Espanhóis... Não vale a pena continuarmos a participar nesta tão grave demonstração da nossa incapacidade em relação a Espanha. Façamos o que fizermos os Espanhóis terão sempre feito melhor o trabalho de casa e nós acabaremos sempre por ter de nos adaptar às decisões que eles já tomaram porque nem a nossa própria palavra sabemos manter, e acabamos por ter de recuar nos projectos que tínhamos proposto.

A situação é tão mais ridícula quanto maior for a incapacidade dos nossos governos em planear o futuro do país independentemente da cor política do seu governo.

Com esta cimeira só aprofundámos o nosso imenso fosso em relação aos espanhóis. Neste momento eles não são particularmente mais ricos do que nós, mas vão ser se os governos do lado de lá da fronteira insistirem numa assustadora coerência em política económica.

Podem situar.-se em portugal todas as agências de emprego e todas as agências de desenvolvimento tecnológico da Península Ibérica, que isso só significará uma maior necessidade de mão de obra especializada que nós não temos mas que Espanha vai fornecer.

A situação é tão má que Zapatero se dá ao luxo de manter as quatro linhas de TGV que tínhamos proposto para a ligação a Espanha, dando uma palmadinha nas costas de Sócrates como quem diz - deixa lá, nós fazemos as linhas até à fronteira e depois quando puderes logo fazes as linhas que vocês prometeram...

Quotidiano (surreal) do país

Lisboa 08:10 Estação Roma-Areeiro no café...

Cliente1
- Olhe lá esse café era para mim... Estou farta de estar a espera, esperar 3m por um café não é normal...
Funcionario - Desculpe, temos pouca gente...
Cliente1 - Pois mas eu não tenho culpa e numa estação o café costuma ser uma coisa rápida... Vou-me embora mas levo o talão para mais tarde ou para amanhã..
20 segundos depois...
Cliente2, 3 e 4 - Olha esta... Deve estar com pressa... Quem tem pressa não toma café... Deve pensar que trabalha mais que os outros... Vejam só que até contou o tempo... Que lata as pessoas a trabalhar e ela não pode esperar... Deve ir ter com o amante...

Já voa...

Finalmente já estamos a avançar para o novo aeroporto de Lisboa com o qual todos já alguma vez concordaram dependendo dos ciclos politicos.

anteriormente enumerei algumas das vantagens que vejo na construção de um novo aeroporto, mas desta vez prefiro recordar um amigo que costuma dizer que quando estudava no ISCTE era possivel olhar para cima e contar os rebites da fuselagem dos aviões que faziam estremecer as janelas.

Palavras para quê? é indiscutível a necessidade de um novo aeroporto e é indiscutivel que o crescimento urbanistico desordenado das últimas décadas condiciona a sua localização mais perto de Lisboa.

Ainda assim não posso esquecer que os cosmopolitas politicos da nossa praça preferem esquecer as suas viagens a Londres sempre que isso lhes é conveniente. Heathrow é o maior aeroporto internacional de Londres e um dos maiores da Europa, a principal forma de sair de lá para o centro da cidade é de comboio pelo Heathrow express e a viagem dura entre 15m a 20m de acordo com o terminal de chegada. No caso dos restantes aeroportos 30m para Gatwick e 45m para Stansted.

Para o novo aeroporto internacional de Lisboa, com um único terminal, está prevista a ligação de comboio rápido com uma duração de 17m... sem duvida motivador do descalabro económico da região e do país.

Inadmissivel é ter-se iniciado o primeiro estudo sobre este assunto em Setembro de 1969 quando a ponte ainda era Salazar e apenas estará pronto em 2017.

Somos um país de tal forma avançado que fazemos planeamento estratégico a 50 anos.

A frase do ano II

"Cavaco é como um Eucalipto: provoca aridez à sua volta"
Miguel Cadilhe - in Visão

Os meios

Não tenciono atacar a legitimidade dos fins da CIA, para não ser imediatamente atacado pelos lacaios do costume, com a acusação de anti-americanismo primário. Mas estabelecida a diferenciação quanto aos fins, o que separa a CIA e a Al Qaeda quanto a ilegalidade dos meios?

quarta-feira, novembro 23, 2005

Para Memória Futura

Apesar de tudo a RTP Memória continua a ter o condão de me surpreender. Entre o Zé Gato, O Passeio dos Alegres com o Júlio Isidro e a Desfolhada (versão Live), aparecem uns documentos históricos de indiscutível interesse.

Na passada quinta, em horário claramente proibitivo, transmitiram o debate das Presidenciais 86 entre Maria de Lurdes Pintassilgo e Francisco Salgado Zenha, moderado por Margarida Marante, naquela altura em que não mordia nos convidados.

E independentemente do valor que possam ter as afirmações politicas que por lá foram feitas, as semelhanças com o Portugal actual são impressionantes.

Ora vejamos:
Um candidato fundador do PS;
Um candidato dissidente do PS;
Um candidato independente e livre do "pecado original da politica"* e que curiosamente estava à frente das sondagens naquela altura;
Um candidato para toda a direita (que desta vez é igualmente o Independente)

Mas as semelhanças continuam, além dos debates que também foram a dois, com os temas abordados:
Poderes presidenciais;
Reforma Fiscal;
A Europa;
Sistema Eleitoral;
A discussão sobre o sistema eleitoral e que gostaria de ver aqui reflectida consistia em saber se a proposta defendida na altura por Freitas de Amaral, os círculos eleitorais uninominais, faz ou não sentido continuar a discutir-se hoje em dia ou se devemos arrumá-la de uma vez por todas.
Parece-me que esta é uma questão fundamental ao funcionamento da República pelo que procuro aqui esclarecimentos.
No meu caso concreto enumero uma vantagem e uma desvantagem.
A favor, uma maior proximidade do poder politico através do conhecimento directo do eleito que nos representa, assim como uma atenção menos genérica aos problemas das populações locais.
Contra, a previsível bipolarização entre PS e PSD e a luta entre caciques locais como acontece nas autárquicas.
* "pecado original da politica" - Francisco Salgado Zenha

terça-feira, novembro 22, 2005

Alegrias e tristezas

Eu sei que você sabe, que eu sei que você sabe, que nada disse...


Afinal tudo se resume a uma questão (bastante desinteressante) da motivação na altura certa... Aparentemente Alegre não sentia a Alegria pelo combate que sente hoje, quando pensaram no seu nome para candidato às presidenciais.


Manuel, nós recordamo-nos... nós lemos jornais... e recordamo-nos bem que o Manuel não aceitava ser um candidato de recurso, mas que duas semanas depois garantia ter sido esfaqueado pelas costas.

Israelices

Eu achava estranho como uma democracia podia decorrer dentro de um estado de emergência permanente, mas começo a perceber...

Melhor que dissolver um parlamento e marcar eleições legislativas porque se resolve fundar um novo partido Supostamente mais para o centro, só o outro que foi eleito Presidente (Sri Lanka) enquanto ainda é Primeiro ministro.

Isto sim, é ter uma classe política à frente do seu tempo.


"Fácil é ganhar contendas. Só sábios plantam a difícil oliveira da paz (...)
Perdeste um pai, ganhaste um exemplo, uma honra, um herói"

D. Januário Torgal Ferreira

domingo, novembro 20, 2005

A frase do ano

"Cavaco na presidência não deixará Sócrates governar à esquerda..." - Jeronimo de Sousa

sexta-feira, novembro 18, 2005

Porque amanhã é Sábado...

... porque eu tenho de ir para casa, porque já não consigo olhar para o ecrã do computador sem pestanejar mas de duas vezes.... porque hoje foi um dia duro... porque já começou a habitual chacina de cada palavra dita por Soares lanço aqui uma simples observação...

A situação presidencial de Soares tornou-se para os apoiantes de Cavaco uma espécie de pescada de rabo na boca. (Não vale a pena dizeres nada que levas sempre na marmita, põe os olhos no nosso orgulho de candidato...)

A propósito da morte de um militar português no Afeganistão, Soares disse que nunca gostou da ideia de eles (os militares) irem para lá e que inclusivamente já tinha escrito que isso era um precedente perigoso.

Logo vêm os tubarões dizer que Soares é muito provavelmente culpado por alguma vez ter havido Afeganistão, porque sem Soares o Médio Oriente era a própria representação da Paz, que lhe falta sentido de estado e outros mimos.

Se porventura Soares não se tivesse recordado de dizer qual a sua opinião sobre o assunto (opinião que é a principal força dos homens e mulheres livres) teria sido criticado por ter andado aí fora a dizer que era contra a guerra mas agora estava muito bem caladinho.

Pelo meio do que se aponta a Soares passa-se a mão pelo pêlo de Alegre para ajudar a consubstanciar que a esquerda está dividida e que um Alegre mais forte dá muito mais jeito e acaba por se diluir a questão essencial que é saber qual a opinião de Cavaco.

Susto

O susto proveniente do Afeganistão desta manhã, já passou... Muito embora a minha família continue um bocado em choque a missão do contingente militar português em Kabul vai ter de continuar pelo menos até Fevereiro, caso não seja prolongada.

É verdade que pertencemos à NATO e a mais uma centena de organizações internacionais completamente inúteis mas também é verdade que apesar disso, não advém para Portugal qualquer tipo particular de beneficio no plano internacional por estarmos envolvidos em guerras que não criámos e em que muito dificilmente me conseguirão explicar termos algum interesse.

Sim, estamos a falar de uma guerra criada pelos americanos e empurrada para a NATO quando decidiram entrar em mais uma guerra e não numa legítima missão humanitária.

Não há responsabilidade a sacar de ninguém quando acontecem estes "acidentes", até porque os homens que lá estão são voluntários. Mas não faria mais sentido olhar de uma vez por todas para a real dimensão do país e compreendermos que somos realmente pequenos?

Será que não faz sentido ajustar a nossa participação em missões internacionais à verdadeira dimensão e capacidade do país?

Não sei o que acham os que me visitam, mas comida, roupa, livros e o apoio a projectos concretos de desenvolvimento que ajudem a democracia e a liberdade a instalar-se em longínquas paragens, serão muito mais úteis e certamente bem melhor aproveitados pelos povos que as recebem.

quinta-feira, novembro 17, 2005

Desafio

Este jornal da TVI com a Manuela Moura Guedes é escândaloso... E o pior é que cada vez mais isto se torna a referência em termos de noticiários (ou o que lhe quiserem chamar)

Até me arrepio quando vejo ali o António Perez Metelo com aquela mulher...

Portugueses de todas as idades, credos e opiniões, uni-vos em torno do grande objectivo nacional de ligar todas as casas ao cabo para podermos ver o Mário Crespo as 21h na SIC Noticias.

quarta-feira, novembro 16, 2005

Tudo bons rapazes

Não!!! A CIA não utiliza meios legais e pratica tortura com a conivência dos países aliados...???

Nem acredito... Estou perplexo... Nunca imaginei que uma instituição tão transparente tivesse este comportamento...

A piada do ano

Autarcas acusam Administração Central de despesismo...

OE 2006

Enquanto tentava ter tempo para este post, o orçamento lá se aprovou na generalidade. Mas para este orçamento 2006 eu só tenho a lembrar duas palavras. Economia paralela...

Este é o fenómeno que em grande medida eu contínuo a responsabilizar pelo desequilíbrio das contas públicas assim como do clima de total impunidade na fuga aos impostos por todos aqueles bem capazes de ter a lata de ir para a televisão queixar-se que se o governo aumentar impostos eles não vão conseguir manter os funcionários. Ora este argumento é válido na medida em que para as empresas assim como o estado é receita que nunca existiu...

Em nome de todos aqueles que trabalham por conta de outrem e não têm oportunidade de utilizar esquemas de fuga aos impostos, o governo deve encontrar soluções que visem fugir dos 28% (valor estimativo) do PIB que anualmente nos custa a economia paralela.

Claro que a economia paralela irá sempre existir e o governo até já aprovou com este orçamento a obrigatoriedade de factura (medida elementar e não é possível entender a razão de uma implementação tão espaçada no tempo), mas na Europa com quem tão desesperadamente necessitamos convergir, a economia paralela não ultrapassa os 16%. Mas apesar disso o governo parece estar a espera que tal como no tempo de Ferreira Leite, sejamos nós os fiscais das finanças.

O governo falha na realização de um plano plurianual (esta expressão está muito na moda) que permitisse recuperar entre 2% e 3% ao ano deste imenso bolo e falha na disponibilização dos meios humanos suficientes para esta tarefa, perdendo a oportunidade de requalificar funcionário públicos para a estimulante tarefa de recuperar o dinheiro que a todos pertence. Desta forma o aumento do salário mínimo para valores compreensíveis num país desenvolvido que permitam mesmo viver (o que não acontece agora) será tão mais fantasiosa quanto a negligência ou incapacidade dos governos em fazer o que lhes compete.

O Povo é quem mais ordena

Suburbano n'O Eleito

Já onde vai a pobre da República no meio desta discussão...

Será assim tão dificil perceber que ao mesmo tempo que os portugueses estavam a dar duas maiorias absolutas a Cavaco, estavam também a dar dois mandatos presidenciais a Soares?

Será possivel que até tenham sido os mesmos portugueses a votar Cavaco e Soares durante dez anos?

Será possivel que os presentes imaginem que para a generalidade dos portugueses votar Soares não significa odiar visceralmente Cavaco e vice-versa?

Andamos todos enganados

Infelizes os portugueses que já cometeram o erro de alguma vez votar no Dr. Soares.

Nem sequer se percebe como é que o pelintra conseguiu dois mandatos presidenciais (um dos quais com 70% dos votos) perante tão consensual "abarbatanço" que tem vindo a fazer do país e parece querer continuar a fazer. Certamente a relva de Nafarros deve estar a secar...

Pobres os portugueses que se deixaram enganar pela perfídia do Dr. Soares no verão quente de 75 e assim não tiveram oportunidade de dar ao Dr. Cunhal o seu verdadeiro papel na história do país.

Incapazes aqueles que em 96 negaram (na primeira volta) a vitória nas presidenciais ao Professor Cavaco e que não compreenderam que estavam a cuspir no prato do ùnico capaz de lhes levar o pão à boca.

terça-feira, novembro 15, 2005

A Verdade

Post rápido para fazer jus a minha já habitual falta de tempo.

A verdade lamentavelmente não é unívoca e como todos aqui reconhecemos cada um vê o seu quinhão de verdade da forma como lhe dá mais jeito.

O Mário viu que a jornalista não sabia que o Professor tinha falado sobre o Iraque, eu vi o professor a negar que tinha atacado directamente Sampaio nas ultimas eleições, e a dizer que não se recordava de ter criticado qualquer governo nos últimos dez anos.

segunda-feira, novembro 14, 2005

Porquê?


Tenho-me fartado de rir com as pesquisas que as pessoas fazem na net e que acabam por resultar numa visita ao meu blog.

Já vieram aqui parar pessoas das mais variadas origens e pelas mais variadas razões, mas desta forma tão específica e de uma origem tão distante nunca tinha acontecido.

Pode ser que não seja eu.

Que sorte a nossa

Que sorte a nossa. Foi à tropa, é um cidadão comum, um académico e só se candidata para salvaguardar o futuro do país. OBRIGADO por tão humilde e incomum abnegação.

Fora isso é possível negar inequivocamente tudo o que anteriormente se escreveu com um liminar "não me recordo" ou "não foi assim" ou justificar com a mudança do mundo nestes dez anos aquilo que anteriormente se fez em campanha ou se disse sobre outros politicos profissionais, apesar de "foram sempre afirmações cordiais".

Rábulas históricas

Se me é possivel recordar que alguma vez houve passado, recordar-me-ia de uma rábula que o Herman José fez quando da eleição de Soares para o seu segundo mandato presidencial, por ocasião do debate com Basílio Horta.

Era mais ou menos assim que o suposto Basílio dizia:
Basílio - O Sr. (Soares) é só passado, eu como não tenho passado nenhum vai ver o futuro que eu não tenho...

Transpondo para 2005:
Candidato Suprapartidário - O Sr. (Soares) é só passado, eu como já limpei o meu passado vai ver o futuro que eu não tenho...

Programa

Ocorreu hoje a noite na TVI a apresentação do programa do XVIII governo constitucional.

Viva o cliché...

sexta-feira, novembro 11, 2005

Parabéns

Angola está de parabéns.

Faz hoje trinta anos que os angolanos conseguiram a independência após 13 anos de guerra com Portugal.

Muito se tem dito sobre esta guerra ou sobre o direito dests povos à independência, mas no que no final de contas interessa é que os angolanos como qualquer outro povo do planeta tem o direito a governar-se da forma como melhor entender e a guerra civil em que se envolveram após a independência não pode servir para criticar esse propósito.

Angola partilha comigo os trinta anos, mas infelizmente os angolanos não partilham ainda a minha liberdade.

Esperemos que os angolanos não tenham de esperar mais trinta ou tenham de sofrer mais confrontos absurdos para conseguirem atingir a democracia.

Com essa democracia, estou certo que virá também a normalização das relações com Portugal e uma forte relação de proimidade que permitirá tirar dividendos para ambas as partes.

“Os Amigos de Alex” ou nem tudo está perdido?

"Ao meu velho e bom amigo Raposo (talvez o meu único leitor...)

“Todo futuro es fabuloso” – Alejo Carpintier

Numa escola de Gaia duas raparigas estão apaixonadas. A conjugação da juventude com a paixão resulta numa força extraordinária e maravilhosa, que dificilmente pode ser travada. Entrevemo-las a passearem pela escola, de mão dada e a trocarem beijos e carícias, como é natural da paixão.
Mas logo o preconceito e a pequenez mesquinha e retrógrada irromperão como forças das trevas, dessas que infelizmente ainda perduram no nosso âmago. Do Conselho Executivo da escola sairá uma ordem censória e despropositada, ainda que disfarçada pela retórica inteligente expectável num corpo docente.
Uma das jovens falará aos media, com a imagem desfigurada e a voz distorcida, como é natural quando se instala uma cultura do medo. O seu discurso é a voz da inocência e da liberdade, dessa liberdade cujo valor os adultos muitas vezes reclamam não ser reconhecido pelos jovens. Afinal, aqui são os jovens que pugnam pela liberdade, dispensando supostas lições de moral e cidadania.
Entretanto ouvir-se-ão falar também dois jovens da Associação de Estudantes da escola, num discurso de coerência, civismo, abertura de espírito e algum idealismo não descabido.
Por entre tudo isto lembro-me de outros rapazes, noutros tempos (também não há tanto assim...), cujas lutas se incrustavam no mesmo idealismo e genuinidade juvenis. E a essa lembrança sou invadido por um sorriso benévolo.
Mas não é da tendência “Amigos de Alex” que se quer falar nestas linhas. O que podemos talvez aprender com a situação de que falo é que nem tudo está perdido... e que não faz mal acreditar, por pouco tempo que seja, que é possível mudar o mundo... (Zé Paulo)"

Por me teres conseguido roubar um sorriso e quase uma lágrima mereces o devido destaque. Nem parece meu mas hoje estou muito fraco :)

quinta-feira, novembro 10, 2005

Aleluía

Porra... O homem não insulta ninguém, não fala com ninguém, não fala de ninguém, mas FINALMENTE defende alguma coisa... A globalização...

quarta-feira, novembro 09, 2005

Vichyssoise II

Faço por aqui o que durante quase duas semanas ocorreu nos meios de comunicação social franceses... à semelhança dos atentados ou dos incêndios e que tantas vezes merece as mais variadas críticas tenho mantido o meu silêncio sobre este assunto.

Nesta altura parece fazer-se algum balanço dos confrontos nas ruas das vilas e cidades francesas apesar de estranhamente continuarem a arder 600 carros por noite.

Quando abri as portas a este blog nunca pensei que me viesse a sentir forçado a falar tantas vezes da França, mas aparentemente alguém por lá me tem dado tantas e tantas razões de comentário. E são tantos os responsáveis...

A França é, e muito provavelmente continuará a ser uma referência em termos de estado social independentemente do governo ser de esquerda ou de direita. É essa principal particularidade da França e a principal causa do desmoronamento actual desse mesmo estado social.

Nesta matéria como em tantas outras, nós os portugueses somos muito parecidos com os franceses na forma como empurramos com as nossas vetustas barrigas os problemas, esperando que mais cedo ou mais tarde eles acabem por se resolver. No entanto, nós somos mais comedidos na abordagem das nossas próprias capacidades, e já no caso francês os seus dirigentes sempre se arrogaram ao direito de considerar o seu modelo de estado social como "o" modelo a ser adoptado por esse mundo fora de gente selvagem e menos culta ou sofisticada que os franceses.

Ora como não podia deixar de ser, existe uma explicação politica para estes acontecimentos. O barril de polvora que à muitos anos ameaçava rebentar só encontrou condições perante a total confusão politica do estado francês criado por um sistema constitucional inventado para se adaptar ao general De Gaulle mas totalmente inadaptado aos nossos dias apesar de ter conseguido resistir ao maio de 68.

Chirac é neste momento o principal fundamentalista da Europa, nas mais variadas questões. Assim foi na questão do iraque, assim foi na questão da PAC, assim foi na reacção absurda ao referendo europeu, assim tem sido na questão do orçamento europeu para os proximos anos e assim continua a ser na relação com o José Manuel Barroso.

Chirac não tem pensado em governar o país mas sim em deixar claro que externamente o país até pode ser governado por um partido de direita mas isso não pode querer dizer que se concorda com o liberalismo economico. Antes pelo contrário, parece mesmo que Chirac, depois do referendo europeu que perdeu, passou a defender a colectivização dos meios de produção e quer mesmo que a terra seja entregue a quem a trabalha e não interessa para nada essa historia da organização do comercio internacional e outras questões que colocam a França e a Europa no centro das atenções.

O resultado essencial foi permitir a substitução de Raffarin por um primeiro ministro em que Chirac tivesse mão forte esquecendo-se que este primeiro ministro iria ver o seu mandato minado a partir do interior com um Sarkozy cada vez mais forte e ambicioso, em quem Chirac já não tem mão.

Sarkozy foi até à relativamente pouco tempo das poucas pessoas em França que parecia ter ideias mais organizadas sobre o problema economico do país assim como do problema da imigração que em França ganha uma expressão quase absurda quando existem 5 milhões de imigrantes magrebinos, 1 milhão de portugueses e mais não sei quantos milhões de outras nacionalidades.
No entanto a falta de força de Villepin e a doença subita de Chirac, aliado a um certo apagamento de Len Pen fizeram Sarkozy ter mais olhos que barriga. Julgando ter todos os trunfos que lhe permitiriam chegar facilmente ao Eliseu resolveu consolidar a sua votação apelando a um eleitorado vasto e orfão de protagonismo politico activo que anteriormente já votou frente nacional.

Hoje em dia podemos dizer muita coisa sobre o fenómeno da imigração e o que tem vindo a ser feito em matéria de integração das comunidades. Mas em França alguns fenomenos sociais impusionaram que desde a década de 60 se viesse a "acumular" pessoas em depósitos incaracteristicos julgando-se salvaguardar a essência da dignidade humana.

Ora perdoar-me-ão os meus amigos mas esses mesmos movimentos sociais são tão responsáveis como os politicos nestes confrontos.

Realmente não existe igualdade de oportunidades, não existem empregos, não existem condições de vida nas comunidades estrangeiras em França (não europeias), e o problema acaba por rebentar porque o acumular destas situações teve um impacto maior nas segundas e terceiras gerações que efectivamente não conseguiram obter ainda qualquer vantagem do estado francês, ao contrário das primeiras gerações que ainda se lembra da condições em que viviam no seus paises de origem. Estas novas gerações não têm qualquer referência de uma "pátria mãe" e naturalmente consideram-se franceses de segunda aliados a uma maior consciêncialização religiosa que serve na falta de outro tipo de referências.

Mas não se iludam os meus amigos sobre a legitimidade destes confrontos. Apesar das condições abjectas em que os portugueses viveram na decada de 60, conseguiram melhor ou pior integrar-se na sociedade francesa revelando em muito aspectos uma total capacidade de ceder à humilhação com o simples intuito de dar uma vida melhor aos seus filhos.

Os movimentos sociais de esquerda que neste momento dão cobertura à destruição nas ruas francesas sobre a capa de um determinado conceito de desigualdade social e ainda imbuidos de algum saudosismo do Maio 68, estão a prestar um mau serviço à França e à Europa.

Num estado de direito como o Francês é legitimo o direito à manifestação e à demonstração pelo voto do descontentamento. O que simplesmente não é possivel é dar cobertura politica a um movimento espontaneo que não tem "per si" um fundamento politico e a ter é contrário à existência do sistema social das democracias ocidentais. Todos os que esperam minar o liberalismo economico e a globalização com este tipo de acção directa contra o estado não pode esquecer que estas tropas vêm calçadas com sapatilhas da Nike.

Citando Pacheco Pereira, "o pior que na Europa se faz aos imigrantes é tratá-los como coitadinhos e inundá-los com subsidios provenientes do estado social que cada vez mais está financeiramente falido."

Ao longo do tempo a consciência social da Europa tem vindo a tratar os imigrantes como os seus proprios cidadãos, tentanto integrá-los com recurso a programas mais ou menos inuteis (claro a que a realidade portuguesa não conta).
Em 1994 tive direito ao meu primeiro banho de civilização em Paris e mais concretamente em Amiens. A cidade capital da Picardie é aquilo que em Portugal chamariamos uma cidade média, mais ou menos do tamanho de Coimbra.
E para um estrangeiro pouco habituado a estas andanças, a organização norte-europeia teve em mim um forte impacto e ao mesmo um gosto agridoce sobre o cosmopolitismo da zona.
Em casa de familiares imigrantes e para meu espanto rapidamente fui avisado do carácter multi-cultural da região (em 94 não se dizia estas coisas...), aparentemente nad especial se verificava na cidade onde despachei rolos de fotografias uns atrás dos outros até ao fim da avenida que liga o centro e a Tour Perret (que já aqui mostrei) aos limites da idade.
Nesta zona existe um entroncamento com outra larga avenida e atravessando-a deixamos a Amiens turistica dos "Hortillonages", a Amiens das flores pagas pela "mairie" em cada janela, a Amiens que comemora os seus mortos na primeira Guerra com bandeiras dos aliados em cada poste ou janela dos edificios publicos. Nesta Amiens que eu começava a descobrir, os prédios eram tão inexpressivos como qualquer bairro do Cacém, em que gente encaixotada olhava de lado ao estrangeiro nunca visto naquelas paragens... segundo os meus familiares aquela era a zona dos "algerians"...
Pela primeira vez eu tinha contacto com uma realidade não muito comum em Portugal antes da Expo'98 ou do Euro2004... em 1994 os imigrantes em Portugal estavam longe do nosso olhar enquanto construíam auto-estradas para sitios onde antes levávamos 8h a chegar.
Era nesta França que eu acabava de conhecer, que tinha pela primeira vez a noção clara da descriminação num país que muito admirava.