quarta-feira, novembro 23, 2005

Para Memória Futura

Apesar de tudo a RTP Memória continua a ter o condão de me surpreender. Entre o Zé Gato, O Passeio dos Alegres com o Júlio Isidro e a Desfolhada (versão Live), aparecem uns documentos históricos de indiscutível interesse.

Na passada quinta, em horário claramente proibitivo, transmitiram o debate das Presidenciais 86 entre Maria de Lurdes Pintassilgo e Francisco Salgado Zenha, moderado por Margarida Marante, naquela altura em que não mordia nos convidados.

E independentemente do valor que possam ter as afirmações politicas que por lá foram feitas, as semelhanças com o Portugal actual são impressionantes.

Ora vejamos:
Um candidato fundador do PS;
Um candidato dissidente do PS;
Um candidato independente e livre do "pecado original da politica"* e que curiosamente estava à frente das sondagens naquela altura;
Um candidato para toda a direita (que desta vez é igualmente o Independente)

Mas as semelhanças continuam, além dos debates que também foram a dois, com os temas abordados:
Poderes presidenciais;
Reforma Fiscal;
A Europa;
Sistema Eleitoral;
A discussão sobre o sistema eleitoral e que gostaria de ver aqui reflectida consistia em saber se a proposta defendida na altura por Freitas de Amaral, os círculos eleitorais uninominais, faz ou não sentido continuar a discutir-se hoje em dia ou se devemos arrumá-la de uma vez por todas.
Parece-me que esta é uma questão fundamental ao funcionamento da República pelo que procuro aqui esclarecimentos.
No meu caso concreto enumero uma vantagem e uma desvantagem.
A favor, uma maior proximidade do poder politico através do conhecimento directo do eleito que nos representa, assim como uma atenção menos genérica aos problemas das populações locais.
Contra, a previsível bipolarização entre PS e PSD e a luta entre caciques locais como acontece nas autárquicas.
* "pecado original da politica" - Francisco Salgado Zenha

1 comentário:

Anónimo disse...

O "conhecimento directo" coloca o tal problema da proximidade se transformar em clientelismo, o que ao nível da Assembleia havia de ser curioso, qualquer coisa tipo "caso limiano" elevado ao expoente máximo... os deputados dos (actuais) círculos podem ser conhecidos nas regiões de eleição e conhecer as suas regiões de eleição, sem precisarem de eleições tipo "one man show". Além do mais, esse sistema (pelo menos sem atenuantes, que as há) afecta substancialmente a proporcionalidade, que está na base da democracia representativa. Existirão outros modos de melhorar o nosso sistema político e o seu funcionamento. Portanto, círculos uninominais, voto contra.