sexta-feira, abril 27, 2007

Tanto por fazer

Simpatizo com as causas que alegadamente defendem os manifestantes que terão procurado chegar à sede do PNR, ao fim do dia 25 de Abril. Tanto quanto discordo do folclore da sua indumentária, capuzes e cocktails molotov incluídos. Só servem a argumentação da PSP e nada mais.

Inclusivamente, cheguei a desfilar numa iniciativa semelhante no 1º de Maio de 1991. Dessa vez, as agressões (essencialmente verbais) vieram dos velhos sindicalistas da CGTP, visivelmente agastados com o tipo de vestuário, penteados e palavras de ordem dos “anarcas”...

Espero que as próximas reuniões destes ou de outros militantes de causas sejam manifestações de combate de ideias que prescindam de capuzes, barras de ferro, paus ou cocktails molotov. Caso contrário, só massaja os egos daqueles que teimam em equivaler os extremos da actividade política. Numa altura em que os nazis cá do burgo voltam a pôr a cebecinha de fora, nada como apresentar um reverso da medalha. Radical em tudo, menos nos aspectos violentos da acção política.

No DN de hoje, um artigo sobre essa manifestação, incorre num tipo de gaffe cada vez mais frequente...

A jornalista refere o seguinte:

“Entre a cerca de centena e meia de pessoas que se concentraram no Rossio (...) viam-se sobretudo jovens, muitos deles rastas, outros negros.”

Esqueceu-se de enumerar as cores do cabelo e das peças de roupa presentes... Mas é natural. A senhora jornalista deveria estar influenciada pelo sr.Aznar...

Horas depois dos eventos da baixa lisboeta, um senhor que foi corrido da presidência do governo espanhol por insistir que havia sido a ETA a responsável pelos atentados de Madrid, falou para “mais de uma centena de empresários, políticos e opinion makers”.

As pérolas que o DN destaca são várias. Destas, realço a alusão de que o “multiculturalismo” é a “negação da sociedade democrática”.

Tem toda a razão.

O multiculturalismo tem muito pouco a ver com a “democracia” de Bush Pai e Filho, Thatcher, Reagan e Blair, figuras destacadas pelo próprio Aznar.

Recusar o multiculturalismo é recusar a evolução da História da Humanidade. É nem sequer perceber que os Estados-Nação da actualidade são, quase todos, fruto de séculos de processos migratórios, mais ou menos pacíficos. A “Espanha” do senhor Aznar é, ela mesma, um bom exemplo. Enquanto subsistir como a conhecemos, a “Espanha” integra culturas tão diferentes como a basca ou a galega.

Vindo de alguém que se diz católico, admirador de Papas e democrata-cristão, este ataque ao multiculturalismo parece não ser outra coisa que um aval à lógica maniqueísta do Bush filho.

Jorge Sampaio, atenção a estes “democratas”. Não há diálogo entre civilizações com senhores destes. E, tal como eu, acredito que o Sr.Presidente deseje um mundo em que a função que agora vai exercer nem sequer seja necessária. E, já agora, em que nenhuma jornalista se lembre de frisar a cor da pele de manifestantes.

quinta-feira, abril 26, 2007

25 de Abril (na internet) - O Epilogo Final

Já na madrugada de 26 de Abril a Junta de Salvação Nacional comunica ao país o fim do regime, naquele que é o ultimo episódio do inicio desta revolução. Esta última expressão de Spinola (pluricontinental) seria o inicio de uma outra revolução...






Fontes: Wikipedia; Centro Documentação 25 de Abril - Universidade Coimbra; FNLA; O Portal da História; RTP; Bharat-Rakshak; PAIGC; Vidas Lusófonas; Youtube; Abrupto; Universidade de Miami (pela cadeira); O Leme; Infópédia (só para utilizadores registados); Instituto Camões; Universidade do Porto.

quarta-feira, abril 25, 2007

25 de Abril (na internet) - Vitória

25 de Abril (na internet) - Quartel do Carmo

Após a incapacidade das forças do regime em acabar com o golpe, opondo-se às forças de Salgueiro Maia no Terreiro do Paço, o regime cai finalmente no Quartel do Carmo onde se refugiara Marcelo Caetano e alguns ministros.
Adelino Gomes comenta em directo um momento único da história de Portugal.
Spinola chega para receber a rendição de Marcelo Caetano que o pretenderam fazer a um oficial superior para que o poder não caisse na rua. Franscisco Sousa Tavares usufrui da nova liberdade com um megafone.




Fontes: Wikipedia; Centro Documentação 25 de Abril - Universidade Coimbra; FNLA; O Portal da História; RTP; Bharat-Rakshak; PAIGC; Vidas Lusófonas; Youtube; Abrupto; Universidade de Miami (pela cadeira); O Leme; Infópédia (só para utilizadores registados); Instituto Camões.

25 de Abril (na internet) - Uma manhã de Liberdade

De manhã o Jornal República, desde sempre conotado com os movimentos de contestação ao regime, anuncia o que já era uma realidade. Ainda decorriam momentos dramáticos no Terreiro do Paço com forças fiéis ao regime e uma fragata da Marinha ainda mantinha uma posição duvidosa no Tejo. A situação do resto do país não era totalmente clara, mas o triunfo da Revolução era inevitável.



Fontes: Wikipedia; Centro Documentação 25 de Abril - Universidade Coimbra; FNLA; O Portal da História; RTP; Bharat-Rakshak; PAIGC; Vidas Lusófonas; Youtube; Abrupto; Universidade de Miami (pela cadeira); O Leme; Infópédia (só para utilizadores registados); Instituto Camões; Universidade do Porto.


25 de Abril (na internet) - Daqui, posto de comando

Por todo o país, unidades militares aderem ao movimento dos capitães. Diversos comandates ameaçam resistir mas são detidos por oficiais mais novos. Assim que são explicados os objectivos do avanço sobre Lisboa, Sargentos e Praças aderem sem hesitações.
São tomados os primeiros objectivos considerados essenciais ao desenrolar da revolta militar.
A RTP, a Emissora Nacional, o Aeroporto da Portela e os Quartéis Generais das regiões militares de Lisboa e do Porto e a Casa da Moeda são tomados.
Às 03:56 forças afectas ao regime, que estavam a ser escutadas no Posto de Comando do movimento, referem "Concentração que avança sobre Lisboa"
Às 04:26 e tendo sido tomados a maioria dos objectivos estratégicos, é divulgado o primeiro comunicado do MFA, pela voz de Joaquim Furtado aos microfones do RCP.






Fontes: Wikipedia; Centro Documentação 25 de Abril - Universidade Coimbra; FNLA; O Portal da História; RTP; Bharat-Rakshak; PAIGC; Vidas Lusófonas; Youtube; Abrupto; Universidade de Miami (pela cadeira); O Leme; Infópédia (só para utilizadores registados); Instituto Camões.

25 de Abril (na internet) - 2ª Senha


terça-feira, abril 24, 2007

25 de Abril (na internet) - 1ª Senha

Faltam cinco minutos para as vinte e três horas. Convosco, Paulo de Carvalho com o Eurofestival 74 «E Depois do Adeus».




Fontes: Wikipedia; Centro Documentação 25 de Abril - Universidade Coimbra; FNLA; O Portal da História; RTP; Bharat-Rakshak; PAIGC; Vidas Lusófonas; Youtube; Abrupto; Universidade de Miami (pela cadeira); O Leme; Infópédia (só para utilizadores registados); Instituto Camões.

O quarto de século do ZX Spectrum


25 de Abril (na internet) - Momentos finais de um regime

1973 tinha mal com a ocupação da Capela do Rato. Tornar-se-ia ainda mais complexo com o congresso da oposição democrática em Aveiro no mês de Abril.
Em Julho o regime comete a gaffe de facilitar o acesso de oficiais milicianos ao Quadro Permanente e lança o rastilho para o movimento dos capitães que a 9 de Setembro era formalmente constituído no Alentejo, numa reunião secreta, ainda sem Otelo Saraiva de Carvalho e ainda apenas com reivindicações militares. Também em Setembro (a 24) o PAIGC declara a independência da Guiné-Bissau.
No final do ano de 1973 existem rumores de um golpe militar da ultra direita do regime, encabeçada pelo General Kaúlza de Arriaga, que não chega a verificar-se.
Acossado pelo lançamento do livro “Portugal e o Futuro” em Fevereiro de 74, onde Spínola preconiza uma solução politica para o problema colonial, Marcelo Caetano vê-se obrigado a ratificar (como se fosse necessário) o apoio da Assembleia Nacional à sua politica ultramarina a 6 de Março de 1974.





A 16 de Março 1974 o Regimento de Infantaria das Caldas da Rainha tenta um golpe militar. Isolada, esta tentativa falha, mas é uma espécia de balão de ensaio para o 25 de Abril. Marcelo Caetano refere-se a ela naquela que será a sua última "conversa em família" a 28 de Março.



Otelo Saraiva de Carvalho ultima o Plano Geral de Operações a 15 de Abril e começa a distribuir tarefas e objectivos estratégicos entre: November (sector Norte); Charlie (Sector Centro) e Sierra (Sector Sul).

Dia 22 Otelo encontra-se com João Paulo Diniz, radialista do Rádio Clube Português e combinam a senha para a revolução. A hora da transmissão da senha é posteriomente alterada.

Dia 23 é escolhida a música "E depois do Adeus" de Paulo Carvalho para senha de que se avancará e a música "Grândola, Vila Morena" de Zeca Afonso no programa Limite da rádio Renascença para o inicio das operações. A primeira sugestão foi "Venham mais cinco" também de Zeca Afonso.

Dia 23 às 23:30 em Santarém, o Capitão Salgueiro Maia recebe as instruções finais da Marcha sobre Lisboa e verifica que é seguido de perto por agentes da PIDE/DGS num carro.

A revolução estava em marcha...

Fontes: Wikipedia; Centro Documentação 25 de Abril - Universidade Coimbra; FNLA; O Portal da História; RTP; Bharat-Rakshak; PAIGC; Vidas Lusófonas; Youtube; Abrupto; Universidade de Miami (pela cadeira); O Leme; Infópédia (só para utilizadores registados); Instituto Camões.

A inspecção

Com tanta gente incomodada ao ponto de se fazer um debate na televisão, isso só pode querer dizer que a ASAE está a trabalhar bem...

segunda-feira, abril 23, 2007

25 de Abril (na internet) - A cadeira

A 3 de Agosto de 1968, Salazar cai da cadeira, sofre um hematoma cerebral, seguido de posterior acidente vascular. No fundo fica um vegetal.
Ainda assim a classe politica dominante e o presidente Américo Tomás receiam substitui-lo à frente dos destinos do país. Como se receassem que ele pudesse recuperar completamente.


A 27 de Setembro desse mesmo ano, mais de um mês depois da queda, é substituído por Marcelo Caetano e a esperança dos portugueses na possibilidade de reformas politicas passa a chamar-se ”Primavera Marcelista”. São feitas diversas reformas sociais e políticas mas para a maioria dos portugueses nada muda. A politica ultramarina prossegue os seus intentos quando Marcelo Caetano visita as colónias e fica muito impressionado com as manifestações de apreço orquestradas pela DGS (novo nome da PIDE). Dirá à chegada a Lisboa que os africanos querem genuinamente continuar a ser portugueses.

O Ditador já não assistirá à queda do regime. Morre a 27 de Julho de 1970 convencido que ainda é Presidente do Conselho.




25 de Abril (na internet) - A censura

Palavras para quê? Exemplos mais que suficientes de como a censura seminarista e clerical, nas mãos de velhos militares e senhoras de bem das grandes famílias nacionais, desempenhava fielmente o papel do lápis azul e como a vida normal era totalmente incompatível com os interesses do regime.











domingo, abril 22, 2007

25 de Abril (na internet) - O discurso oficial e o país

Durante todo este período o país, ou melhor a metrópole, vivia encantada pelo regime com uma encenação épico-heróica da importância do país e das colónias.
Faziam e alimentavam heróis que sustentavam a politica ultramarina e a guerra.




E os portugueses para se distraírem do essencial eram gentilmente levados a acreditar que nos destacávamos dos demais, até porque havia bons exemplos disso. Eusébio, Amália e Fátima.

Só uma terra protegida por deus podia ter tão distintos filhos, que tão bem nos representavam nos relvados e nas salas de espectáculo de todo o mundo.

Mas a realidade era bem diferente. A aliar à extrema pobreza que existia principalmnete no interior do país que obrigava os portugueses a emigrar, a pressão da policia politica fazia sentir-se cada vez mais e o Tarrafal ia enchendo-se.

Bom exemplo desta realidade foi a campanha de Humberto Delgado em 58 que resultou numa gigantesca fraude eleitoral. Estas imagens pertencem a uma manifestação da oposição democrática, acompanhadas das palavras "justas" do senhor do costume.



A 13 de Fevereiro de 1965 o General Humberto Delgado é morto em Villa Nueva del Fresno pela PIDE, num grupo encabeçado por Rosa Casaco.
O regime não perdoou ao General o maior sobressalto de sempre antes da guerra colonial.
A frase "obviamente demito-o" valeu-lhe a morte numa vala qualquer, perto da fronteira portuguesa sem nunca conseguir regressar a Portugal.

quinta-feira, abril 19, 2007

A suprema hipocrisia

Um país que comete a obscenidade de ter um estado onde se permite a venda de alguns tipos de armas a maiores de 12 anos e a venda de todas as armas a partir dos 18, fica chocado perante a divulgação de um vídeo onde apenas existe violência verbal e simulada, ao ponto de censurar as obscenidades que nele são ditas.

Bolas, Edgar !!!


Chama-se Edgar e veio do Brasil na época natalícia. Poderia ter presenteado os portugueses ontem à noite. Faltavam poucos minutos para terminar o jogo e não conseguiu acertar na baliza do Sporting. Teria levado o Sporting-Beira Mar para prolongamento e o frente-a-frente entre os candidatos à liderança do CDS-PP para perto da meia-noite, horário bem mais adequado para um evento tão desinteressante e vazio.


Mas Edgar não quis estragar a coerência instalada nas estações televisivas em Portugal. Se o horário nobre se prolonga até depois da meia-noite com telenovelas, nada como uma boa novela com o Zé e o Paulo, para que o canal 1 pudesse concorrer com o “Tu e Eu” e a “Vingança”.

25 de Abril (na internet) - Guerra em três frentes

1962 começa com a tentativa de golpe militar sem êxito que tinha sido iniciada com o ataque ao quartel de Beja. Externamente aumenta a pressão das organizações internacionais e o ambiente de nações africanas entretanto independentes é hostil a Portugal.
Marcelo Caetano ainda não preside ao conselho de ministros mas preconiza pela primeira vez a solução do Estado Federal para o problema colonial, mas mais tarde abandona esta ideia.
Continua a guerra em Angola e surgem os primeiros indícios de desentendimento entre os movimentos angolanos de libertação.

Embarque de tropas portuguesas para Angola - Lisboa 1962

Em Portugal, a 24 de Março a proibição das comemorações do dia estudante fazem estalar a crise académica.
Ao longo do ano os dirigentes da Frelimo e do PAIGC (Amílcar Cabral) discursam em vários fóruns da ONU e alertam para a iminência de guerra neste territórios à semelhança do que já acontecia em Angola. Portugal recusa-se a responder aos comités da ONU sobre colonialismo.
A nova frente da Guerra Colonial prometida pelos dirigentes do PAIGC começaria a 23 de Janeiro de 1963 com um ataque ao quartel do exército na localidade de Tite. Aquela que se viria a revelar a mais difícil e crucial ao descontentamento dos militares
A 10 de Junho a necessidade propagandística do regime que necessita de alimentar a máquina colonial e manter os portugueses convencidos da importância da política ultramarina que tem vindo a ser seguida, é comemorado pela primeira vez o dia da raça em Lisboa. No final do ano iniciam-se operações militares em diversas zonas militares de Angola, ao contrário da Zona Militar Norte onde até ai se concentrava a acção dos movimentos de libertação.



Acampamento do PAIGC na selva Guineense - 1963


Em 1964, mais concretamente a 24 e 25 de Setembro, a FRELIMO ataca a Chai (uma espécie de posto administrativo português) e abre uma nova frente na Guerra Colonial que se irá prolongar a partir desse momento por mais dez anos.

Luta contra-subversiva do exército português em Moçambique - 1964


Fontes: Wikipedia; Centro Documentação 25 de Abril - Universidade Coimbra; FNLA; O Portal da História; RTP; Bharat-Rakshak; PAIGC; Vidas Lusófonas

quarta-feira, abril 18, 2007

"Uma questão de princípio"

Quebrando o processo de pesquisa para a minha rubrica dedicada ao 25 de Abril pela Internet, reproduzo aqui um post de Junho de 2006 porque o momento impõe e se para nada de melhor servir, pelo menos representa a minha opinião.

A democracia está permanentemente ameaçada pela arrogância daqueles que a imaginam eterna e por aqueles que se aproveitam dela para veicular ideias que na sua génese visam a sua destruição.
Mas a democracia é um conjunto de valores constitucionais à volta dos quais uma sociedade se organiza social e politicamente. Dessa forma é perfeitamente compreensível que uma sociedade não aceite, ou não tenha querido aceitar no momento da sua constituição, o princípio (ainda que democrático) de permitir ideologias que ameacem a continuação dessa mesma sociedade, tal como o fazem todas as ditaduras.
É um princípio de sobrevivência das sociedades democráticas contra aqueles que as pretendem destruir por oposição às sociedades ditatoriais onde estes mecanismos não servem para proteger a sociedade, mas sim o poder.
Não permitir formas de implosão auto-infligida não torna uma sociedade mais fraca. Apenas evita que ela possa ser destruída pelo interior com recurso aos instrumentos legais que as distinguem das ditaduras.

Eles andam aí


A web tem destas coisas. Por via da notícia da detenção de uns skins pela PJ, fui dar com a reacção do tal senhor do cartaz e, de seguida, com a alusão a um tal de Hervé Van Laethem.

Os dirigentes da jota do PNR destacam este personagem como um figurão que estará presente no concílio que decorrerá por cá no próximo sábado.

Fui ver quem era este senhor e descobri o suficiente para escrever umas coisitas mas nada como dar a voz ao próprio. Aliás, os próprios militantes do PNR compreenderão a minha preocupação. Afinal de contas, soube que um estrangeiro vem cá. Logo, convém saber de quem se trata...

"P: Que política consideras um exemplo a seguir?

R: O Partido Baas da Síria e do Iraque. O Baas é realmente um partido laico, socialista, anti-imperialista e nacionalista. Vi isso com os meus próprios olhos porque fui um “escudo humano” no Iraque, antes da agressão dos EUA em 2003. A maior parte dos nossos militantes tem também simpatia por Hugo Chávez.


Respostas Rápidas

Bélgica: País artificial que está a morrer.

FNB (Frente Nacional Belga): Trabalhamos juntos, mas não “dormimos” juntos.

NATO: Ocupação Militar da Europa.

Novopress: Informação Real.

Sérvia: Irmãos em luta.

Islão: Perigo na Europa, não é problema meu fora da Europa.

Vlaams Belang: Neo-Liberal, Sionista e pró-NATO.

Socialismo: Mentiras, corrupção, traição de trabalhadores. Só é bom quando está unido ao ponto de vista nacionalista (como o Partido Baas ou Chávez).

Nem Kippah, nem Keffiah: Boa regra que é contornada por alguns nacionalistas que são principalmente anti-islâmicos.

América: Inimigo Público nº1

Obrigado pelo teu tempo. Se quiseres dizer algo, estas são as tuas linhas livres…

Saudações a todos os camaradas - Europa, Juventude, Revolução. "


Nada mau para cartão de visita...

25 de Abril (na internet) - O princípio do fim

1961 é o annus horribilis para a paz podre em que Salazar mantinha Portugal depois do fim da segunda guerra mundial. Depois do episódio Santa Maria, aos poucos, e um pouco por todo o mundo português, o gigantesco castelo de cartas em que se baseava a nossa presença colonial no mundo, começa a ruir.
A 4 de Fevereiro o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) ataca a cadeia de Luanda e um posto da PSP, incidente que resulta na morte de sete policias.
A metrópole treme. O Portugal pluricontinental cumpre-se nas riquezas das colónias, onde Angola é a jóia da coroa. A metrópole e o regime tremem, mas vão tremer muito mais quando a 15 de Março de 1961 a União das Populações de Angola ataca pela madrugada explorações de colonos brancos do norte de Angola, matando centenas de colonos, assim como alguns angolanos que trabalhavam nas explorações. Daqui para a frente o regime passará a referir-se aos movimentos de libertação como os “terroristas”.
Em Portugal não restam alternativas. O conceito de províncias ultramarinas não permite qualquer outro caminho senão afrontar militarmente os movimentos de libertação angolanos. Multiplicam-se os ataques a populações isoladas e fazendas.


Treino da UPA no norte de Angola - 1961

Debelada a intentona de Botelho Moniz, Salazar assume a pasta da Defesa e a 14 de Abril na tomada de posse dos novos ministros justifica a remodelação pronunciando as famosas palavras: "A explicação é Angola, andar rapidamente e em força é o objectivo que vai por à prova a nossa capacidade de decisão" Tem início a guerra colonial e o regime caminha para o desfecho inevitável.
O ano não terminaria sem mais umas machadadas no regime salazarista.
A 1 de Agosto o Forte de São João Baptista de Ajudá é anexado pelo Daomé, actual Benim.

Bombardeamento à Radio Goa, controlada pelos portugueses - Dezembro 1961

A União Indiana de Nehru, aproveitando a confusão que entretanto se instalava em Angola e o clima de hostilidade na ONU contra Portugal, intima o regime para que abandone Goa, Damão e Diu, resquícios do Estado português da Índia, a 16 de Dezembro e a 17 inicia com 40.000 soldados a operação militar que leva à ocupação de Goa após uma resistência que se reduz a meia dúzia de tiros das forças portuguesas no território.
De Lisboa vem a informação: "Apenas pode haver soldados e marinheiros vitoriosos ou mortos", mas a 19 de Dezembro as forças portuguesas rendem-se à União Indiana. De Lisboa as munições pedidas pelos militares em Goa tinham sido substituídas por chouriços, mas isso não impediu o regime de tentar manobrar diplomaticamente com países aliados na ONU e de constituir um governo fantoche (e ridículo) do Estado da Índia no inicio de 1962.



terça-feira, abril 17, 2007

25 de Abril (na internet)

Nos próximos dias, que antecipam o 33º aniversário do 25 de Abril, abre-se aqui uma rubrica totalmente dedicada à revolução de Abril e de que forma é possível vê-la através da Internet. Imagens, vídeos e páginas que explicam a história da Revolução de forma isenta, objectiva e desapaixonada. Ou se preferirem imagens e documentos que permitem refrescar a memória.
Que não nos colocam à esquerda ou à direita de ninguém, mas que nos permitem perceber melhor este magnifico momento de liberdade, que não pertence a ninguém, mas sim a todos.
A acompanhar a partir de amanhã.

Adivinha


O que Marques Mendes gostaria de ser quando for grande ?


a) José Sócrates (sem falhas de carácter)

b) Líder do PSD

c) Pedro Santana Lopes

d) O 5º elemento do "Gato Fedorento"

Apátrida

"Não há portugueses entre os mortos no tiroteio"
Este tipo de notícias é tão frequente quanto aquelas que destacam a nacionalidade/cor da pele de crimes cometidos no terreno pátrio - "Grupo de jovens africanos assalta banhistas na Praia do Calhau Branco".
Como se o crime e/ou a morte tivessem cor ou nacionalidade.

Este homem não acredita no controlo do défice


Dinheiro, feriados e concertos. Assim o Vaticano não vai convergir com a Europa...

segunda-feira, abril 16, 2007

A história repete-se

Ultimamente os tempos que vivemos, são tempos escuros e a história repete-se de uma forma assustadora. Estupidamente não conseguimos olhar para trás e de lá retirar qualquer lição para o presente e para o futuro.

O clone de Ataturk


A foto apresenta o actual chefe de governo turco, Recep Erdogan, junto de um retrato do fundador da República Turca, Mustafa Kemal Ataturk.


Parecem clones. Talvez seja por isso que é ilegal difamar Kemal Ataturk, apesar de este ter sido o responsável por transformar o antigo Império Otomano numa república laica. República esta que, quer se goste mais ou menos, é um exemplo de que islamismo e democracia não são propriamente inconciliáveis. Apesar da pena de morte, da repressão curda, etc...
A somar ao "etc" chegam agora as restrições de acesso a sites considerados insultuosos a Ataturk. E isto após o bloqueio de acesso ao Youtube, pela mesma razão...
Os que, nesta Europa, bradam pela não entrada dos "bárbaros turcos", estes exemplos vindos de Ancara vêm mesmo a calhar...

Polónia

A blogosfera, apesar de tudo, pode ser utilizada para fazer convergir pessoas sobre ideias e manifestações de defesa de princípios comuns a todos. É o caso da iniciativa que aqui se subscreve.
O Max do Devaneios lançou uma campanha à qual (como seu leitor habitual) não tenho qualquer dificuldade em aderir. Enviar um mail à embaixada polaca e solicitar a outros que o façam também. E porquê a embaixada polaca? Porque a Polónia vendeu caro a sua entrada para a União Europeia e agora que pertence, esqueceu totalmente os princípios que norteiam esta Europa, ignora os valores da democracia, a igualdade de oportunidades e os direitos humanos e alimenta extremismos vários, que encontram reflexo nos extremismos de outros países europeus.
Tudo sobre a liderança dos evil twins Kaczynski e dos seus amigos do partido das famílias polacas. Enquanto isso a União Europeia assobia para o lado enquanto vê crescer a perseguição a judeus, homossexuais, ex-comunistas e mulheres em nome de uma determinada purificação da sociedade polaca através do ensino do anti-semitismo e da homofobia.
Uma leitura atenta das etiquetas: anti-semitismo, extrema-direita, homofobia, polónia, xenofobia no Devaneios pode ajudar a compreender.
Embaixada da Polónia em Lisboa (politica.embpol@mail.telepac.pt).


"Exmo Sr Embaixador da Polónia,

Ciente do árduo percurso do Povo do seu país rumo a uma Democracia expurgada de totalitarismos como os que historicamente se abateram sobre a Polónia, é com genuína inquietação que assisto à implementação de medidas governativas tendentes a instaurar um clima de desrespeito pelos mais basilares Direitos Humanos. As soluções propugnadas pelo executivo de Varsóvia, ao terem como consequência o desrespeito pela liberdade de não prossecução de um dado credo, a perseguição de minorias sexuais e modelos familiares atípicos, assim como as sugestões vindas a público de uma proibição total do aborto ou, por outro lado, a apologia da pena de morte feita por alguns membros do Executivo que representa, traduzem uma divergência inaceitável com os valores que assumimos comuns nesta União Europeia.
Ciente que o Povo polaco, como outrora, saberá levantar-se contra a instauração da intolerância e do desrespeito pela dignidade humana, junto de vós lavro o presente protesto."

sexta-feira, abril 13, 2007

Mind the step

Não, por mais que pudesse preferir estar, a verdade é que não estou, em Londres. Não estou no metro, algures entre Picadilly e Marble Arch. Estou na linha de Sintra mas aqui já parece Londres. Mind the Step* ou melhor, Cuidado com o degrau, alto e bom som.

* - O original é um seco e repetitivo, Mind the gap, Mind the gap, Mind the gap

quinta-feira, abril 12, 2007

Viagens na minha terra...

... ou uma dedicatória especial a um Suburbano, desejando que tenha já recuperado o ânimo, depois do programa do António Barreto desta semana.
















"Deixo na marcha a marca doce
Dum passo alegre por voltar
Na outra margem, sou feliz
Invoco a Terra, campo em flor
Um mau olhado por Lisboa
Rio da sorte e maus caminhos
Linha entre a dúvida e o desejo
Pão tão difícil
Incerteza, d´amanhã

Vou no vapor da madrugada
A minha estrada vai prò Sul
Dá-me um abraço d´encantar
Volto para o fundo dum olhar
Meiga paixão ao Sol do Estilo
Rubra papoila fugidia
Encontro certo no trigal
Nada me prende, vou-me embora
Vou prò Sul..."

Vitorino - Sul


(imagens via http://cantoalentejano.com e http://pracadarepublica.weblog.com.pt/)

E dura, e dura, e dura...

quarta-feira, abril 11, 2007

Figuras tristes...

...as de Marques Mendes esta noite...
"Não vou concretizar nada..." mas que grande surpresa.
Diz Marques Mendes que “quem utiliza títulos que não possui, não pode continuar...”
Perguntaria eu, se Marques Mendes considera que o primeiro-ministro se deve demitir?
Nunca responderá a esta questão até porque o próprio admite não concretizar.
A palha veio substituir o silêncio dos últimos dias.

Dúvidas há?

Parece que sim.
Esclarecido o assunto que proibiu esta entrevista de entrar noutros campos mais interessantes, Luís Delgado dá já o mote da próxima investida na SIC.
Segundo o isento jornalista, Sócrates é responsável por ter estado ocupado a estudar o seu passado em vez de governar.
Crime de lesa-majestade de que o Primeiro-ministro é o único responsável...

Uma no cravo...

Ou se promulga ou se veta. Não está previsto juridicamente o meio termo que Cavaco parece querer instituir.
Mas já estamos a ficar habituados. Cavaco do alto da sua sapiência não consegue decidir-se sobre se gosta de carne ou de peixe. Prefere ficar no limbo dos que gostam apenas de legumes, evitando hostilizar os omnívoros, tudo para no final acabar por dizer que sempre teve razão, seja ela qual for. Assim eu também nunca me engano e raramente tenho dúvidas.
Fazer acompanhar de uma mensagem à Assembleia da República, que em muitos aspectos contraria uma lei que acaba de promulgar, só poderia vir de Cavaco.
Não só vai contra o espírito da lei que os legisladores interpretaram dos resultados do referendo, como é moralmente inaceitável dar como a opção às mulheres, a adopção, cujo sistema perpetua o sofrimento de crianças que ninguém quer, porque não correspondem aos padrões da sociedade limpinha que o Presidente sempre preconizou.
A possibilidade/obrigatoriedade de serem mostradas ecografias às mulheres é para mim moralmente inqualificável e constitui uma chantagem emocional que condiciona a opção livre da mulher, e é totalmente contrária aos resultados do referendo.

Pare, escute e olhe...


Nem de propósito. Horas depois de uma conversa sobre o desinteresse português sobre o que se passa cá no burgo, eis que António Barreto explica. O episódio de ontem do Portugal Social foi de tal forma deprimente que justifica, por si só, todos os que, à mesma hora, optaram por fazer outra coisa qualquer.

Depois de episódios em que observámos as mudanças que a sociedade portuguesa viveu, fomos controntados com o que parece na mesma ou ainda pior. Foi difícil de ver este episódio, tal como é “difícil viver nas cidades portuguesas”. Pior que isso só o facto de não se antecipar uma inversão de tendências.

Presumo que as “Estefânias” deste país não tenham visto o programa, tal como aqueles que, como o casal do Algueirão, passam dois dias e meio em cada mês no percurso casa-trabalho, trabalho-casa.

A relação trabalho-tempo é, digo eu, algo cada vez mais preocupante. Para além das óbvias implicações nas vidas das pessoas, tem efeitos cada vez mais evidentes na qualidade da democracia. Ou alguém espera que as “Estefânias” tenham disposição para acompanhar os temas do momento ?

E que dizer da abordagem que Saldanha Sanches fez da “capacidade” dos autarcas acelerarem processos que a burocracia prolonga no tempo ? Assustador e sintomático da sociedade em que vivemos. Salve-se quem puder…

O mínimo que se pode dizer é que estes factores contribuem, directa ou indirectamente, para o aumento do individualismo de cada um de nós. E é por via disso que me lembrei das palavras de Brecht que, salvo qualquer variante de tradução, aqui ficam:

"Primeiro eles vieram atrás dos comunistas
E eu não protestei, porque não era comunista
Depois, eles vieram pelos socialistas
e eu não disse nada, porque não era socialista
Mais tarde, eles vieram atrás dos líderes sindicais
E eu calei, porque não era líder sindical
Então foi a vez dos judeus

E eu permaneci em silêncio porque não era judeu
Finalmente, vieram me buscar
E já não havia ninguém para protestar."

terça-feira, abril 10, 2007

Pontapé na Liga (de Honra)

Andam escondidos, é uma realidade. Mas a vida de um gajo não começa e certamente não termina no Suburbano.

Por isso o nosso pouremuz, que me furto aqui a identificar, resolveu associar ao seu perfil, uma parte escondida, da sua vida passada que se espera agora queira continuar a dinamizar.

É aquela parte de ser um maluquinho da bola, tipo Gabriel Alves, no fundo um homem da estatística.

A partir de hoje em http://ligadehonra-jorgebarata.blogspot.com/ está disponivel a base de dados da Liga de Honra duramente compilada e segundo ouvi outras novidades para breve... (é só para pressionar)

Muh!!


segunda-feira, abril 09, 2007

Publique-se

Alerta a todos os amigos, ocasionais visitas e futuros comensais nos jantares que eu prometo sempre organizar… apreciadores de chá, cappuccino, cookies com mais ou menos chocolate, greens e futebol de primeira selecção, e dois dedos de conversa.
A partir deste momento deixo oficialmente de ter uma rua. O cerco aperta-se e se a chuva insistir em cair vejo-me na contingência de não sair mais de casa e por arrasto toda a gente impedida de entrar. É a vida do Suburbano.

domingo, abril 08, 2007

Dança de cadeiras

A política é uma coisa interessantíssima. Quando Bush criticava França por representar a velha Europa estava longe de saber que os democratas lhe iam fazer a vida negra. E em França ainda não havia o fenómeno Sarkoshow.
Agora que Bush está quase a sair e a América (espero eu) a mudar de caminho, o “bushismo” naquilo que de mais neo-con ele tem, começa a surgir em França pela mão de Sarkozy.

Ressurreição televisiva

Temos de agradecer ao Mel Gibson por nos ter proporcionado a nova referência televisiva pascal para os próximos 50 anos.
Hollywood já nos tinha dado o Quo Vadis e o Ben-Hur, agora trouxe-nos a Paixão de Cristo e a RTP este ano resolveu dá-los todos.
Obrigado.

A responsabilidade

Já lá vai uma semana, mas ainda actual. Quando um país precisa, após uma semana relativamente complicada, que um comentador de direita, auto proclamado nacionalista, explique porque razão o PNR é um poço sem fundo de gente incoerente, isso significa que a esquerda que pelas ultimas legislativas representa quase dois terços dos portugueses, está a trabalhar mal
Salazar está morto. E muito bem morto. Houvesse mais cadeiras providenciais por esse mundo fora e talvez muitos dos conflitos que hoje vivemos não nos assustassem tanto.
Mas o PNR, ainda que se arrogue na defesa do legado de Salazar, que um programa de televisão confirmou estar bem vivo, não é exactamente como o ditador ou como o estado novo.
Muitas vezes existe a tendência desculpabilizante de afirmar que o regime salazarista não foi tão violento como o fascismo italiano, alemão ou espanhol. Que não se revestiu do mesmo estilo de propaganda e culto da personalidade dos outros, e talvez seja verdade para todos aqueles que não estiveram em Caxias ou em Peniche ou na frigideira do Tarrafal.
O PNR e seus lacaios não são propriamente o mesmo que Salazar. São piores, porque estão vivos. Ninguém imagina ver Jaime Nogueira Pinto e outros que tal ligados a esta gente.
Esta gente pretende sob a capa de um provincianismo rural salazarista com o qual tanta gente se identifica, fazer passar a ideia que são iguais, quando na realidade com falinhas mansas vão revelando a sua verdadeira essência, a sua matriz.
Aquilo que os orienta é o racismo, a xenofobia, a homofobia e o ódio generalizado a tudo o que é diferente e a tudo o que a liberdade acarreta.
O caminho não é deixar esta ameaça passar incólume, como se se tratasse de uma trivialidade infantil de crianças imberbes, mas enfrentá-la politicamente. Explicar as suas incoerências, explicar como os portugueses não são como eles pensam e trabalhar para que a crise que afecta a sociedade portuguesa não continue a dar-lhe argumentos.
E é aí que a esquerda e principalmente o PS têm grande responsabilidade.

É a vida...

Este blog está quase a atingir dois anos e meio. Mas entretanto uma coisa ficou clara para mim. Dificilmente atingirá os três anos e de certeza não os irá ultrapassar.

quinta-feira, abril 05, 2007

Vale o que vale

Sócrates vai falar sobre a sua biografia. Vai ser um interessante momento televisivo quando na próxima semana o primeiro-ministro, o primeiro primeiro-ministro da democracia a ter de explicar qual o seu percurso académico, falar ao país, mas é urgente que o faça.
Sócrates terá concluído a primária, o unificado e o secundário. Terá concluído um bacharelato, terá concluído uma especialização e tirado um MBA no aclamado ISCTE, mas restam dúvidas sobre 5 cadeiras que lhe permitiam concluir a licenciatura.
Não podemos dissociar este interesse quase mórbido sobre a licenciatura do homem, do caos que está instalado na Universidade Independente e da habitual chicana política quando não existe nada de concreto para se discutir.
Ainda assim, Sócrates tem mesmo de falar. Não pode evitar, porque neste país nada pode deixar de ser explicado sob pena de às pessoas ficar irremediavelmente, e para o resto da vida, agarrado um estigma qualquer, que condiciona e insulta.
Faz bem em separar a questão da Independente do seu próprio curso superior para não alimentar a confusão, mas não nos enganemos sobre o que viermos a ouvir. Sócrates não tinha de ter um curso superior. Até podia ser operário e ainda assim ser primeiro-ministro. A questão não é saber se Sócrates foi um bom aluno, mas saber se Sócrates tem ou não uma licenciatura que aparentemente faz parte da sua biografia oficial e o assunto deve morrer no dia em que se confirmar que de facto ela existe.
Extrapolações políticas sobre os valores atingidos, juízos de valor sobre a qualidade das licenciaturas da Independente, a assiduidade, o carácter ou empenho do aluno, não fazem qualquer sentido após esse momento.
Sócrates não é especial e terá sido um aluno como os outros, que tiram uma licenciatura como podem, fazendo os possíveis para chegar ao 10, e isso não os torna nem melhores, nem piores pessoas e muito menos maus profissionais.
Uma licenciatura vale o que vale, e muitas vezes vale muito pouco.

terça-feira, abril 03, 2007

Re: Mudar a administração pública

Como se nota o tempo não abunda e este blog começa a cheirar a bafio, só tem dado para acompanhar a troca de impressões entre o no_campo e o nosso estimado visitante h.horta neste post. Fica aqui a minha achega ao assunto, em forma de post porque não dá tempo para mais :)
Acho que estamos aqui a confundir as partes com o todo. Claro que existem diferenças em muitos casos totalmente injustificadas entre funcionários públicos e trabalhadores privados. Claro que existem climas de ansiedade e receio em sectores da administração pública, tal como existem no sector privado. A agitação é normal, e existiria mesmo que a forma adoptada fosse outra. Isso não invalida a virtude da reforma, mas penaliza fortemente a forma como esta deveria ser explicada aos que se pretende reestruturar. Até porque é básico que as pessoas entendam o que se passa, porque não são estúpidas e é básico que a reforma se deve fazer com as pessoas e não contra elas.
Também existem privados com muito mais garantias que os funcionários públicos e destes últimos, existem muitos que não estão minimamente receosos com esta reforma, nem se revêem nas suas estruturas sindicais e por isso não aparecem nos noticiários. O Estado deve falar com quem? Com os sindicatos, legítimos representantes dos trabalhadores, ou deve tentar falar com os restantes seja qual for a sua dimensão? Bem, cairia o Carmo e a trindade se o governo começasse a falar na maioria silenciosa de funcionários públicos que está a favor de uma reforma. Seriam imediatamente acusados do mais refinado fascismo pelas estruturas sindicais, mas na realidade ela pode existir.
Portanto têm de falar com sindicatos e estes se efectivamente pretendem ajudar e participar no processo e se acham que o governo é arrogante, mal criado, se o primeiro ministro é autoritário, se não respeita ninguém, convém não serem iguais e insistirem em sair das salas a cada virgula que se discute. Baterem com a porta e irem a correr para os jornalistas que estão à espera. Porque se o fizerem onde está a suposta legitimidade moral que a soberba de alguns sindicalistas insiste em ter sobre quase toda gente?
O que não pode acontecer é aplicarem-se leis diferentes a portugueses que trabalham por conta de outrém, seja qual for o patrão. Esta reforma é inevitável e urgente. Não há nada a fazer, tem mesmo de ser feita. Tal como o défice tem de descer para 3% porque o rectângulo não tem alternativa ao Euro.
Eu não quero mais, e julgo que muitos portugueses funcionários públicos também não querem, que os meus impostos sirvam para alimentar o desperdício (atenção: isto não quer dizer que o desperdício sejam os funcionários públicos), mas fico contente se eles forem correctamente utilizados nas funções que o Estado pretende manter (que até ver são todas as que o Estado tinha antes de 2005).
O que para mim é estranho, do ponto de vista da credibilidade destes plenários e outros que tal, (não quero errar, mas) é nunca ter ouvido um único sindicato, com qualquer governo de qualquer cor, em qualquer legislatura ter concordado com uma única alteração na administração pública. Nada, absolutamente nada.
Eu considero importantes os sindicatos, não considero importante o pensamento linear ou a manipulação. Mas foram feitos milhares de plenários, milhares de manifestações, milhões de dias de trabalho perdido com centenas de greves, gerais ou sectoriais na administração pública, com o único objectivo de deixar tudo na mesma, o que na maioria dos casos conseguiram.
Era o que mais faltava que nos deixássemos arrastar para a dicotomia maniqueísta que todos os governos tivessem como ódio de estimação os funcionários públicos, na mesma medida em que todos os governos são o ódio de estimação de todos os sindicatos. Isto não são condições de trabalho para ninguém.
Eu, em consciência, não consigo depreender das presenças nestes eventos (há excepção das greves onde todas as questões de principio se diluem...) que todos os funcionários públicos vejam as reformas como uma ameaça. A ausência nestes plenários pode não ser apenas por receio, mas por total falta de credibilidade dos sindicatos que representam a administração pública.

domingo, abril 01, 2007

Festa Eventual



Não é uma mentira, é a mais pura das verdades. O Dolo Eventual faz mesmo 2 anos apesar do Pedro estar em negação. Se o dia continuar a ser das mentiras, ainda vai dizer que o Dolo não é um blog.