quarta-feira, abril 18, 2007

25 de Abril (na internet) - O princípio do fim

1961 é o annus horribilis para a paz podre em que Salazar mantinha Portugal depois do fim da segunda guerra mundial. Depois do episódio Santa Maria, aos poucos, e um pouco por todo o mundo português, o gigantesco castelo de cartas em que se baseava a nossa presença colonial no mundo, começa a ruir.
A 4 de Fevereiro o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) ataca a cadeia de Luanda e um posto da PSP, incidente que resulta na morte de sete policias.
A metrópole treme. O Portugal pluricontinental cumpre-se nas riquezas das colónias, onde Angola é a jóia da coroa. A metrópole e o regime tremem, mas vão tremer muito mais quando a 15 de Março de 1961 a União das Populações de Angola ataca pela madrugada explorações de colonos brancos do norte de Angola, matando centenas de colonos, assim como alguns angolanos que trabalhavam nas explorações. Daqui para a frente o regime passará a referir-se aos movimentos de libertação como os “terroristas”.
Em Portugal não restam alternativas. O conceito de províncias ultramarinas não permite qualquer outro caminho senão afrontar militarmente os movimentos de libertação angolanos. Multiplicam-se os ataques a populações isoladas e fazendas.


Treino da UPA no norte de Angola - 1961

Debelada a intentona de Botelho Moniz, Salazar assume a pasta da Defesa e a 14 de Abril na tomada de posse dos novos ministros justifica a remodelação pronunciando as famosas palavras: "A explicação é Angola, andar rapidamente e em força é o objectivo que vai por à prova a nossa capacidade de decisão" Tem início a guerra colonial e o regime caminha para o desfecho inevitável.
O ano não terminaria sem mais umas machadadas no regime salazarista.
A 1 de Agosto o Forte de São João Baptista de Ajudá é anexado pelo Daomé, actual Benim.

Bombardeamento à Radio Goa, controlada pelos portugueses - Dezembro 1961

A União Indiana de Nehru, aproveitando a confusão que entretanto se instalava em Angola e o clima de hostilidade na ONU contra Portugal, intima o regime para que abandone Goa, Damão e Diu, resquícios do Estado português da Índia, a 16 de Dezembro e a 17 inicia com 40.000 soldados a operação militar que leva à ocupação de Goa após uma resistência que se reduz a meia dúzia de tiros das forças portuguesas no território.
De Lisboa vem a informação: "Apenas pode haver soldados e marinheiros vitoriosos ou mortos", mas a 19 de Dezembro as forças portuguesas rendem-se à União Indiana. De Lisboa as munições pedidas pelos militares em Goa tinham sido substituídas por chouriços, mas isso não impediu o regime de tentar manobrar diplomaticamente com países aliados na ONU e de constituir um governo fantoche (e ridículo) do Estado da Índia no inicio de 1962.



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