Simpatizo com as causas que alegadamente defendem os manifestantes que terão procurado chegar à sede do PNR, ao fim do dia 25 de Abril. Tanto quanto discordo do folclore da sua indumentária, capuzes e cocktails molotov incluídos. Só servem a argumentação da PSP e nada mais.
Inclusivamente, cheguei a desfilar numa iniciativa semelhante no 1º de Maio de 1991. Dessa vez, as agressões (essencialmente verbais) vieram dos velhos sindicalistas da CGTP, visivelmente agastados com o tipo de vestuário, penteados e palavras de ordem dos “anarcas”...
Espero que as próximas reuniões destes ou de outros militantes de causas sejam manifestações de combate de ideias que prescindam de capuzes, barras de ferro, paus ou cocktails molotov. Caso contrário, só massaja os egos daqueles que teimam em equivaler os extremos da actividade política. Numa altura em que os nazis cá do burgo voltam a pôr a cebecinha de fora, nada como apresentar um reverso da medalha. Radical em tudo, menos nos aspectos violentos da acção política.
No DN de hoje, um artigo sobre essa manifestação, incorre num tipo de gaffe cada vez mais frequente...
A jornalista refere o seguinte:
“Entre a cerca de centena e meia de pessoas que se concentraram no Rossio (...) viam-se sobretudo jovens, muitos deles rastas, outros negros.”
Esqueceu-se de enumerar as cores do cabelo e das peças de roupa presentes... Mas é natural. A senhora jornalista deveria estar influenciada pelo sr.Aznar...
Horas depois dos eventos da baixa lisboeta, um senhor que foi corrido da presidência do governo espanhol por insistir que havia sido a ETA a responsável pelos atentados de Madrid, falou para “mais de uma centena de empresários, políticos e opinion makers”.
As pérolas que o DN destaca são várias. Destas, realço a alusão de que o “multiculturalismo” é a “negação da sociedade democrática”.
Tem toda a razão.
O multiculturalismo tem muito pouco a ver com a “democracia” de Bush Pai e Filho, Thatcher, Reagan e Blair, figuras destacadas pelo próprio Aznar.
Recusar o multiculturalismo é recusar a evolução da História da Humanidade. É nem sequer perceber que os Estados-Nação da actualidade são, quase todos, fruto de séculos de processos migratórios, mais ou menos pacíficos. A “Espanha” do senhor Aznar é, ela mesma, um bom exemplo. Enquanto subsistir como a conhecemos, a “Espanha” integra culturas tão diferentes como a basca ou a galega.
Vindo de alguém que se diz católico, admirador de Papas e democrata-cristão, este ataque ao multiculturalismo parece não ser outra coisa que um aval à lógica maniqueísta do Bush filho.
Jorge Sampaio, atenção a estes “democratas”. Não há diálogo entre civilizações com senhores destes. E, tal como eu, acredito que o Sr.Presidente deseje um mundo em que a função que agora vai exercer nem sequer seja necessária. E, já agora, em que nenhuma jornalista se lembre de frisar a cor da pele de manifestantes.
Inclusivamente, cheguei a desfilar numa iniciativa semelhante no 1º de Maio de 1991. Dessa vez, as agressões (essencialmente verbais) vieram dos velhos sindicalistas da CGTP, visivelmente agastados com o tipo de vestuário, penteados e palavras de ordem dos “anarcas”...
Espero que as próximas reuniões destes ou de outros militantes de causas sejam manifestações de combate de ideias que prescindam de capuzes, barras de ferro, paus ou cocktails molotov. Caso contrário, só massaja os egos daqueles que teimam em equivaler os extremos da actividade política. Numa altura em que os nazis cá do burgo voltam a pôr a cebecinha de fora, nada como apresentar um reverso da medalha. Radical em tudo, menos nos aspectos violentos da acção política.
No DN de hoje, um artigo sobre essa manifestação, incorre num tipo de gaffe cada vez mais frequente...
A jornalista refere o seguinte:
“Entre a cerca de centena e meia de pessoas que se concentraram no Rossio (...) viam-se sobretudo jovens, muitos deles rastas, outros negros.”
Esqueceu-se de enumerar as cores do cabelo e das peças de roupa presentes... Mas é natural. A senhora jornalista deveria estar influenciada pelo sr.Aznar...
Horas depois dos eventos da baixa lisboeta, um senhor que foi corrido da presidência do governo espanhol por insistir que havia sido a ETA a responsável pelos atentados de Madrid, falou para “mais de uma centena de empresários, políticos e opinion makers”.
As pérolas que o DN destaca são várias. Destas, realço a alusão de que o “multiculturalismo” é a “negação da sociedade democrática”.
Tem toda a razão.
O multiculturalismo tem muito pouco a ver com a “democracia” de Bush Pai e Filho, Thatcher, Reagan e Blair, figuras destacadas pelo próprio Aznar.
Recusar o multiculturalismo é recusar a evolução da História da Humanidade. É nem sequer perceber que os Estados-Nação da actualidade são, quase todos, fruto de séculos de processos migratórios, mais ou menos pacíficos. A “Espanha” do senhor Aznar é, ela mesma, um bom exemplo. Enquanto subsistir como a conhecemos, a “Espanha” integra culturas tão diferentes como a basca ou a galega.
Vindo de alguém que se diz católico, admirador de Papas e democrata-cristão, este ataque ao multiculturalismo parece não ser outra coisa que um aval à lógica maniqueísta do Bush filho.
Jorge Sampaio, atenção a estes “democratas”. Não há diálogo entre civilizações com senhores destes. E, tal como eu, acredito que o Sr.Presidente deseje um mundo em que a função que agora vai exercer nem sequer seja necessária. E, já agora, em que nenhuma jornalista se lembre de frisar a cor da pele de manifestantes.
1 comentário:
Muito interessante esta proximidade de idades. Eu estive em 93 na luta contra as propinas na célebre manif. que começou na Cidade universitária e terminou em São Bento um dia depois da Polícia de Choque ter batido e bem. Na FDL, pela primeira vez, desde o 25 de Abril, infiltraram-se agentes, muito semelhantes, mutatis mutandis, com os da Pide/Dgs, do SIS. Um, nesse dia foi desmascarado com uma pistola em riste.
Abraço
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