Realmente foi um momento triste de televisão que não gostaria de rever no futuro. Alegre e Soares partilham uma amizade de muitos anos e não se consegue perceber aquilo que os separa nesta campanha.
Não há objectivamente diferenças entre o pensamento político de Soares e de Alegre, partilham os mesmos combates e as mesmas lutas desde sempre e agora partilham os mesmos objectivos apesar de em campos distintos.
Perdoar-me-ão considerar que Soares está muito melhor preparado que Alegre, até porque isso se têm vindo a reparar ao longo dos debates feitos por Alegre.
Soares responde objectivamente às perguntas dos jornalistas, sabe bem o que um presidente deve fazer (naturalmente), em que condições e quais os riscos políticos da intervenção do presidente. Tem uma opinião concreta sobre Portugal, a crise, o mundo e apenas escorregou violentamente naquela embrulhada em que colocou a NATO e uma suposta organização a criar para combater o terrorismo.
Por outro lado, Alegre não tem uma ideia clara do papel do presidente e alguém lhe disse que estava a ser brando nos debates e que teria de apresentar posições fortes e concretas (como faz o Louçã) e por isso pretende dissolver a assembleia se por algum acaso a àgua for privatizada (acaso que a lei já prevê).
O que não se consegue compreender neste debate é um Alegre que esteve particularmente apagado nos debates anteriores e aqui parece renascer com novo vigor, não que isso represente um reafirmar do valor das suas ideias, mas sim para reafirmar a sua oposição à candidatura de Soares. Afinal a vitória de Alegre é como o campeonato da 2ª Circular nos anos em que o FCP ganha o campeonato. São as vitórias morais...
O que não se consegue compreender neste debate é um Soares quezilento, provocador, a não querer deixar passar em claro a falta de fundamento da candidatura de Alegre. Mas não tinha de ser assim. Soares não precisa de desenvolver uma espécie de estratégia aí-que-me-vou-a-eles-e-até-os-como para chegar a Belém, aliás esta estratégia é bem capaz de ser oposta a uma determinada visão que os portugueses têm do que deve ser a postura de um politico, ainda que os portugueses prefiram que nem sempre lhes contem a verdade.
Resta-nos aguardar por 22 de Janeiro para perceber qual a estratégia que faz mais sentido.
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