terça-feira, dezembro 20, 2005

Da Amizade

Tenho de dizer alguma coisa sobre o debate Soares vs Alegre antes que os meus amigos me acusem de ser parcial... (sim, porque eu sou imparcial, tá?)

Realmente foi um momento triste de televisão que não gostaria de rever no futuro. Alegre e Soares partilham uma amizade de muitos anos e não se consegue perceber aquilo que os separa nesta campanha.

Não há objectivamente diferenças entre o pensamento político de Soares e de Alegre, partilham os mesmos combates e as mesmas lutas desde sempre e agora partilham os mesmos objectivos apesar de em campos distintos.

Perdoar-me-ão considerar que Soares está muito melhor preparado que Alegre, até porque isso se têm vindo a reparar ao longo dos debates feitos por Alegre.

Soares responde objectivamente às perguntas dos jornalistas, sabe bem o que um presidente deve fazer (naturalmente), em que condições e quais os riscos políticos da intervenção do presidente. Tem uma opinião concreta sobre Portugal, a crise, o mundo e apenas escorregou violentamente naquela embrulhada em que colocou a NATO e uma suposta organização a criar para combater o terrorismo.

Por outro lado, Alegre não tem uma ideia clara do papel do presidente e alguém lhe disse que estava a ser brando nos debates e que teria de apresentar posições fortes e concretas (como faz o Louçã) e por isso pretende dissolver a assembleia se por algum acaso a àgua for privatizada (acaso que a lei já prevê).

O que não se consegue compreender neste debate é um Alegre que esteve particularmente apagado nos debates anteriores e aqui parece renascer com novo vigor, não que isso represente um reafirmar do valor das suas ideias, mas sim para reafirmar a sua oposição à candidatura de Soares. Afinal a vitória de Alegre é como o campeonato da 2ª Circular nos anos em que o FCP ganha o campeonato. São as vitórias morais...

O que não se consegue compreender neste debate é um Soares quezilento, provocador, a não querer deixar passar em claro a falta de fundamento da candidatura de Alegre. Mas não tinha de ser assim. Soares não precisa de desenvolver uma espécie de estratégia aí-que-me-vou-a-eles-e-até-os-como para chegar a Belém, aliás esta estratégia é bem capaz de ser oposta a uma determinada visão que os portugueses têm do que deve ser a postura de um politico, ainda que os portugueses prefiram que nem sempre lhes contem a verdade.

Resta-nos aguardar por 22 de Janeiro para perceber qual a estratégia que faz mais sentido.

Sem comentários: