terça-feira, dezembro 06, 2005

Auto-inteligência

Realmente neste país temos o gosto especial de sermos espezinhados por gente que se auto-considera muito inteligente.

Mas que raio de situação é esta a da Auto-Europa, que cada vez que se fala em aumentos a administração vem dizer que se subir mais do que o que pretende oferecer vai ter de fechar as portas e ir para o Burkina Faso?

Das duas uma, ou estão constantemente a ver se pega ou então são fortemente incompetentes porque os projectos desta dimensão são planeados para várias décadas e já contemplam uma quota parte muito substancial de risco.

O problema aqui é que estamos a falar da empresa responsável por 8% das nossas exportações e que ainda assim está fartinha de receber vantagens e subsidios do estado.

Será útil continuar a manter este disparate à custa de mais uns milhões do orçamento de estado nuns subsidios quaisquer de formação ou o que seja, para no ano que vem eles se queixarem novamente e dizerem que vão produzir para o Laos???

Começo a achar que o dinheiro era bem melhor empregue no apoio à internacionalização das nossas menos importantes e estratégicas empresas.

7 comentários:

Anónimo disse...

Amigo convenhamos!...
Atendendo a situação do mercado automóvel em termos globais, pedir o pagamento das horas extraordinárias a triplicar é capaz de não ser muito razoável!...

Anónimo disse...

Convenhamos... o Miguel a defender os "interesses do capital"? O mundo está mesmo do avesso! A verdade é que, aqui como na Alemanha (há uns meses), o argumento negocial destes cavalheiros é "ou estão connosco ou vamos embora", o que, convenhamos de novo, não parece muito razoável. Por isso é que era contraproducente felicitarmo-nos pelo novo carro vir para cá, se os trabalhadores alemães fossem casmurros. É que para estes senhores casmurro é qualquer um que não se lhes vergue e faça a vénia, inclusivé os governos... precisamos deles, muito, não se duvide, mas não se duvide também que, mesmo que lhes façamos todas as vontadinhas, quando lhes der na real gana fecham as portinhas e vão explorar outros para outro lado...

José Raposo disse...

É o grande capital que nos divide :))) claro que horas extrordinárias a triplicar é um absurdo, mas a propria definição da hora extraordinária implica o seu carácter excepcional e segundo tenho vindo a perceber não é isso que acontece na Auto-Europa... e se de facto o recurso frequente a horas extraordinárias para não ter de admitir a necessidade de mais pessoal, então tem de ser muito bem paga.

Mas aqui o problema é a chantagem que isto tudo representa. Este ano é os aumentos e as horas extraordinarias e no no passado era outra treta qualquer.

O problema é já hoje termos recebido a garantia que vai haver acordo e não vão deslocalizar a empresa para o Belize porque o governo até já acordou directamente com o governo alemão um pacote de beneficios fiscais e financeiros (sim, financeiros)e isto assim não pode continuar até porque como o "proletário" diz os sujeitos podem fechar as portas quando quiserem e depois o governo Português que vá protestar para Bruxelas...

Anónimo disse...

Amigo "anónimo" mas isso são a leis do mercado que temos!...
E já se sabe que o capitalismo é tudo menos perfeito.
Se os senhores da industria automóvel cada vez que ha negociações laborais fazem esses tipo de ameaças a culpa é do(s) governo(s) que na altura da abertura da fabrica ( e das respectivas facilidades e apoios quer em termos de isenção de impostos quer na obtenção dos terrenos ou na atribuição de fundos) não soube negociar as garantias da permanência da unidade fabril em Portugal .
Este tipo de atitude por parte das grandes multinacionais é infelizmente estupidamente previsível.
Longe de mim estar a defender "os interesses do capital" mas também acho que é um bocado ridículo atendendo a situação económica a nível mundial e mais especificamente na industria automóvel ver sindicalistas a exigir horas extra com pagamentos a triplicar.
Repara muitas vezes que estes senhores são "profissionais da reclamação" estando muitas vezes completamente alheados daquilo que realmente se passa nos locais de trabalho.
Quando fiz o "comment" a este post do suburbano foi só na perspectiva que no meio é que "esta a virtude" pois este post passa ( no meu entender) a ideia que nesta negociação são os "patrões" os maus da fita a tentar explorar os trabalhadores ( o que em parte não deixa de ser verdade desde a revolução industrial) mas também penso que já é bem conhecida de todos nos a utopia e o delírio das exigências que muitas vezes são feitas no mundo sindical português

José Raposo disse...

nã, nã, nã... o meu amigo tem de ver que neste caso concreto os patrões estão mesmo ser os maus da fita... aliás nos ultimos dois ou três anos voltou a colocar-se esta históri de arrumar as malas e ir para outras bandas e os trabalhadores acordam não receber qualquer aumento durante dois anos precisamente para se manterem os postos de trabalho... é uma situação totalmente diferente da generalidade das empresas...

Anónimo disse...

La nos estamos outra vez a desviar da especificidade de industria automóvel
Não defendo de maneira nenhuma que não seja possível á auto-europa aumentar os seus trabalhadores, ( em percentagens aceitáveis) mas o meu amigo "Suburbano" já alguma vez se questionou ha quanto tempo é que os automóveis não aumentam de preço por si só?
Sim ha quanto tempo é que os aumentos nos carros não são só provocados ou por aumento no I.V.A ou por aumento no I.A.
No caso especifico da auto-europa, não sei se estarás ao corrente mas desde que começou a sua produção ha coisa de uns 8 ou 9 anos as monovolumes que eram produzidas em Palmela só sofreram aumentos em virtude dos aumentos destes 2 impostos, os aumentos que tiveram por si só foram devidos a reajustamentos de potência e equipamento que tiveram de ser feitos para não perderem "terreno" para as suas concorrentes "orientais" ( japonesas e coreanas) já que estas em termos de preço sempre foram muito mais baratas, pois são feitas na Ásia onde como todos sabemos a mão de obra é muito mais barata.
Sem querer ser advogado do diabo é necessário entender que neste ramo a mudança da localização de uma fabrica muitas vezes não representa unicamente a busca do lucro fácil mas sim a sobrevivência da própria marca.

José Raposo disse...

O teu argumento é válido, apenas não é aplicável a Portugal porque 96% da produção da Auto-europa não é consumida em Portugal mas sim em ecomias mais fortes onde não houva a necessidade de aumentar duas vezes o IVA. Aliás o problema destas unidades das multinacionais e não propriamente da empresa em termos globais tem a ver com a criação de unidades em países onde a mão de obra é mais barata, como no nosso, e depois obrigá-las a competir umas com as outras em termos de maximização de lucro. Até porque como deves saber esta unidade é uma das mais produtivas do grupo mas está com estes problemas porque a mão de obra já não é tão barata. A questão aqui é saber se faz sentido estas multinacionais estarem em Portugal se isso tem como custo uma lógica de miserabilismo