terça-feira, dezembro 13, 2005

O paradigma do Betão

Isto das auto-estradas é no mínimo interessante para não lhe chamar ridículo... Estamos perante o paradigma das contas públicas.

Independentemente do governo, a auto-estrada é sempre um modelo muito apreciado porque permite obra com visibilidade suficiente, a maioria dos portugueses que vivem no interior acha que bonito bonito é ter uma auto-estrada a passar a porta. Porque é um investimento que se dá a inaugurações de 100 em 100 metros, o que salvaguarda qualquer tipo de eleição e porque é o tipo de investimento que convive mais de perto com as derrapagens e os custos de última hora e os custos inflacionados dos materiais de fornecedores que actuam como cartel nas obras do estado...

Eu até gosto de auto-estradas, a sério, gosto de ter no meu espírito de condutor a certeza que posso ir para qualquer lado num desses fantásticos tapetes de alcatrão bordejado de simpáticas estações de serviço.

Mas o problema é quando não consigo perceber de quem é aquilo? É meu? É dos senhores a quem eu tenho de pagar a portagem? E quando não tenho de pagar é de quem?

Não, não vou fazer um manifesto pela colectivização das auto-estradas apoiado em palavras de ordem como "a estrada a quem nela circula". Desconfio que seja de quem for paga sempre o mesmo...

Mas seja SCUT ou não, as auto-estradas continuam a ser construídas pelas verbas inscritas no orçamento de estado, certo? Pode ser que passe por aqui o Mário Lino e me faça o favor de explicar esta situação.

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