segunda-feira, agosto 08, 2005

De comboio ou de avião


Muita tinta tem corrido nos nossos jornais e televisões sobre o aeroporto da OTA e o TGV.
Basicamente a questão está entre saber como vamos continuar a sair do nosso cantinho à beira mar plantado para o resto do mundo.
Vamos querer ir de avião ou preferimos o comboio de alta velocidade ou ambos, ou então preferimos perder o comboio???
Sim, o país está numa situação económica delicada e provavelmente não devemos entrar em loucuras megalómanas.... mas tb sabemos que as nossas loucuras megalómanas (muitas vezes convenço-me que é a única forma de fazermos as coisas) geram muitos milhões de euros apesar das já habituais derrapagens.
De qualquer forma importa analisar se a OTA e o TGV se podem chamar loucuras megalómanas assim como alguns chamam à EXPO'98 e ao Euro2004.
O TGV é a norma europeia para transporte ferroviário de alta velocidade, tal como existe uma norma europeia para a televisão digital ou para a publicidade ao tabaco. Por isso se eventualmente optarmos por não fazer o TGV (sejam cinco ou duas linhas) e optarmos por fazer um teleférico, ou um trenó puxado por cães para nos ligar a Espanha e daí para o resto da Europa, Bruxelas não vai entrar com um único cêntimo. Ou seja, se não se fizer o TGV de acordo com a norma europeia para o transporte ferroviário de alta velocidade não vai haver nem dinheiro nem TGV.
Neste momento Portugal está ligado a Espanha e à Europa por via ferroviária por 3 comboios diarios, um para Madrid, um para Paris e um que liga o Porto a Vigo.
No meu entender é o mesmo que dizer que ferroviariamente o país está fechado como à 40 anos.
Infelizmente tenho o desprazer de já ter viajado no "Lusitânia Expresso" (nome estranhamente romântico) para Madrid e posso garantir que se trata de uma descida aos infernos com a duração de 10 horas. Ainda hoje tenho dentro da cabeça o ruido insurdecedor do metal que ininterruptamente se faz ouvir durante toda a viagem.
Não posso deixar de colocar a questão aos críticos se será razoável manter esta situação e permitir que quem chega a Portugal ou vá para o estrangeiro tenha de mudar de carruagem na fronteira com Espanha???
Quanto à questão do aeroporto confesso a minha total perplexidade.... não consigo acreditar que toda a minha vida adulta tenha ouvido milhares de comentadores , analistas e técnicos a dizer que o aeroporto no centro da cidade não poderia continuar e quando alguém toma a decisão definitiva de fazer outro aeroporto que só estará pronto com algum optimismo daqui a dez anos, todos vêm a correr à televisão dizer que é um erro monstruoso e um elefante branco.
Não tenho conhecimentos que me permitam responder, apenas sei que a portela está limitada e as mesmas razões que limitam a portela (aumento da pressão urbanistica) condicionam as opções Alverca e Montijo num futuro próximo.
Apenas sei que seja na OTA ou noutro lado qualquer ele acabará por ter de se fazer, ou não?

Sem comentários: