segunda-feira, agosto 08, 2005

Até sempre camarada


Para todos os que acham mesmo que eu sou comunista não poderia deixar passar em claro a morte de um dos pais fundadores (como se diz agora) do nosso actual regime.

É verdade que durante toda a sua vida defendeu um sistema com o qual agora podemos não concordar, mas como poucos defendeu as suas ideias de forma coerente.

É importante nesta altura reconhecermos o que devemos a Àlvaro Cunhal.

Quantos de nós estariam disponiveis para na mais profunda clandestinidade, assim como na prisão, resistir à ditadura e continuar uma luta sem quartel pela queda do regime??

Provavelmente muito poucos.

Quantos nesta altura podem dizer que não utilizaram a sua influência politica para protagonismo pessoal??

Provavelmente muito poucos.

Bem haja camarada.

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois, é incontornável a genial humanidade deste homem, no melhor e no pior. Aliás, como julgo já termos falado, penso que sob a farda do militante comunista, como sob a veste sacerdotal do papa, o que se pode encontrar é talvez sempre um grande humanista, e aí comungamos todos de uma mesma fraternidade. Pena é que a dureza dessas couraças que envergam lhes esconda o que de melhor têm.
Cunhal foi grande pelo combate exemplar à ditadura, pela generosidade e entrega a uma causa, sem daí retirar proveitos (dizes bem, coisa rara hoje).
Já a questão habitualmente propalada da coerência, enfim, é mais relativa: aprecie-se a "forma", mas o "conteúdo"... nesses casos talvez valha mais a "incoerência", ou melhor, uma coerência como a de Melo Antunes, por exemplo, de "forma" e "conteúdo" (ando agora a ler qualquer coisa dele - "Melo Antunes-O Sonhador Pragmático", não podia deixar de o referir).