Chega hoje ao fim a campanha eleitoral e por isso importa fazer um balanço do que nos últimos meses e mais concretamente nas últimas duas semanas aconteceu neste país.
Houve arruadas, debates, dramatização, comícios, jantares, sondagens, insultos mais ou menos velados, silêncios (muitos silêncios) e polémicas quanto baste, mas escassearam as ideias fundamentais para o país e para os portugueses ganharem a confiança perdida.
Aliás a maior parte dos discursos manteve-se na confortável zona da discussão do estilo de intervenção presidencial e do papel na crise que todos pretendem ajudar a resolver, de forma não claramente especificada.
Desenganem-se os portugueses sobre o papel do presidente na recuperação da confiança nacional, pois nenhum aceitará ser uma espécie de embaixador itinerante à procura de investimento estrangeiro por esse mundo fora, ainda que possam viajar com empresários e ministros.
Desenganem-se sobre a intervenção do presidente no papel do governo, seria o pior serviço a Portugal e aos portugueses um Presidente que bloqueasse o trabalho do governo. Os portugueses não iriam entender as razões objectivas de um confronto aberto entre Belém e São Bento e isso apenas iria consubstanciar a nossa depressão actual.
A campanha esgotou-se perante o pensamento exclusivamente económico do professor e a discussão sobre a impossibilidade de o colocar em prática a partir de Belém.
Ficaram para trás inúmeras questões sobre o exemplo que o Presidente deve ser para todos os portugueses e sobre todas as matérias que interessam à manutenção do estado de direito democrático, ao papel de Portugal no mundo, à defesa do património e cultura portuguesa. No fundo todas as questões ligadas à manutenção da identidade nacional que se encontra pelas ruas da amargura.
Independentemente do resultado do próximo domingo, posso garantir que continuarei a dormir descansado. A única coisa que pode manter-me angustiado é pensar por quanto mais tempo vamos permitir que estes políticos durmam descansados….
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