sexta-feira, setembro 30, 2005

Arruada

Como toda a gente sabe, levar na tromba é uma coisa por vezes dolorosa, mas na maior parte das vezes é importante porque traz bons dividendos políticos.

Já no ido ano de 1986 Mário Soares marcou o arranque da sua caminhada para a Presidência da república com umas valentes pedradas no terreno hostil da Marinha Grande.

Mais recentemente Francisco Assis optou por se deixar martirizar em Felgueiras e provavelmente por isso é hoje o candidato à câmara do Porto e Rui Rio foi ontem tentar ser agredido em Aldoar onde sabe que os Socialistas e mais concretamente Fernando Gomes seriam bem melhor recebidos do que ele.

No entanto, Rio não conseguiu levar uns bons tabefes porque uns diligentes jovens "abana bandeiras e faz barulho" da JSD e das Gerações populares do CDS não deixaram... Rio vai certamente afastá-los do resto da campanha.

O que está aqui em causa não é a importância dos políticos levarem umas palmadas, o que em muitos casos se justificará, mas sim o aproveitamento político que todos pretendem fazer deste tipo de acontecimento numa óptica de vitimização.

O que é lamentável é que a estratégia acaba por resultar porque uma larga parte do eleitorado não tem o discernimento de ver que os políticos são os primeiros a motivar este tipo de comportamento desequilibrado quando aprovam as arruadas histéricas pelas ruas e feiras aos gritos de “Viva fulano” ou “Viva sicrano” que por vezes os levam em braços numa espécie de triunfalismo patético.

Pena que os nossos políticos não compreendam a necessidade do debate de ideias e cedam com facilidade à demagogia e ao populismo.

Se calhar estão a precisar de levar mais uns tabefes.

1 comentário:

Bruno Gouveia Gonçalves disse...

E viva os mártires! :)