Com esta frase, o Mayor da cidade histórica de New Orleans anunciava ao mundo o colapso de toda as estruturas de uma cidade cuja àrea metropolitana tem milhões de habitantes e abria os olhos da administração Bush para a maior catástrofe humanitária que os Estados Unidos alguma vez tiveram de enfrentar no seu território.
Pela primeira vez desde a guerra civil, existe um número indeterminado de refugiados em território americano. Estima-se que cerca de 250.000 pessoas possam estar ainda dentro da cidade e que haja milhares de mortos até porque nas vésperas da chegada do furacão Katrina, as autoridades do estado da Louisiana encomendaram 13000 sacos para corpos.
Já estamos algo habituados às tragédias, sejam elas naturais ou provocadas pelo homem. O Tsunami na Àsia foi até agora o mais significativo acontecimento natural dos ùltimos séculos e tal como já disse aqui gerou uma onda de solidariedade internacional sem precedentes.
No entanto o que nos choca nas consequências do Furacão Katrina é o aparente abandono a que estão votados milhares de pessoas, aonde não tem sido possivel chegar (tal como em Banda Aceh) mas em vez de se encontrarem no meio de umas cidades semi destruidas do outro lado do planeta, em ambiente tropical, estas pessoas estão perdidas no meio de uma cidade desenvolvida e moderna no jardim das traseiras de Washington e que ainda assim não conseguiu resistir à destruição.
Apesar da aparente capacidade americana de intervir militar ou humanitáriamente em todo o mundo, não estão a conseguir chegar às populações que à três dias não têm àgua, luz, comida, cuidados médicos ou um tecto que os protega do calor insuportável do golfo do méxico. Nesta altura morrem pessoas que sobreviveram à chegada do furacão mas que não resistiram à ausência de ajuda nos edificios publicos onde se refugiaram. Há corpos na rua, lixo, esgotos e escombros por todo o lado.
Este tipo de tragédia desperta em todos os americanos um dos seus maiores medos, o medo do caos, do vazio legal e da ordem pública. E é nestas alturas que os instintos mais primitivos do homem voltam a surgir.
Corpos profanados porque têm jóias ou carteira, lojas e supermercados pilhados e tiros nos poucos momentos em que o auxilio tenta evacuar os refugiados tornam esta zona numa guerra sem quartel onde estão já milhares de militares que não conhecem bem a sua missão.
A industria petrolifera do golfo está destroçada com plataformas que foram empurradas pelos ventos e pela àgua durante 60km do seu local original, outras que vieram encalhar a terra e outras que estão desaparecidas. Esperam-se agora os impactos na economia mundial e alguns dizem já que os combustiveis só em Portugal podem aumentar 10 cent por litro. Num pedido sem precedentes, Bush pede ao país que poupe combustível.
Esperemos que pelo menos em relação aos seus cidadãos, Bush consiga melhor do que tem feito pelo mundo inteiro.
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