Até que enfim que Manuel Alegre se candidatou... pelo menos a sua candidatura, na ausência de qualquer outro tipo de utilidade, serve para pôr um fim à novela mexicana do avanços e recuos do "homem que nunca recua" (as coisas que as pessoas dizem…) e serve também para não permitir o condicionamento da candidatura de outros que na ausência de um Cavaco candidato só são questionados sobre o papel de Alegre na esquerda.
É sempre engraçado ver alguém que inicialmente não admitia ser uma segunda escolha, criticar alguém que inicialmente considerava absurda a ideia de se candidatar.
É sempre engraçado considerar que a democracia e os partidos estão sequestrados quando não somos a escolha de nenhum partido. Até Salgado Zenha conseguiu ser apoiado pelo PCP.
É sempre engraçado dizer por aí (não têm faltado comentadores, nos jornais, na televisão e na blogoesfera a pretenderem comer o Soares vivo) que é a suprema ironia a possibilidade de a candidatura de Manuel Alegre ser a candidatura que obriga a uma segunda volta, quando nos esquecemos que caso Soares ganhe numa segunda volta é a candidatura do homem que não concorda com o regresso de Soares que possibilita isso.
Infelizmente alguém anda a enganar Alegre. Depois de umas sondagens em que fez uma birra por não ter aparecido, fizeram-lhe a vontade e lá apareceu a uns 5 pontos percentuais de Soares... (Que alegria). Aliás isso vem demonstrar as diferenças de substância que separam Alegre de Soares… Como toda a gente sabe estamos a falar de duas pessoas com uma total disparidade de pontos de vista sobre a política nacional e internacional…
Alegre não compreende que o espaço que ele ocupa pertence uma esquerda que não é propriamente renovadora (como o candidato gosta de dizer…) mas sim uma esquerda saudosa de Abril e do PREC, uma esquerda cada vez menos objectiva, que vive na recordação de uma promessa de uma sociedade sem classes, em vez de tentar fazer alguma coisa pelo presente.
Mas enfim, tal como disse no post que aqui deixei sobre a candidatura de Mário Soares, ganha a democracia sempre que existam candidatos que consideram ter razões para avançar para cargos políticos, sejam eles quem forem.
1 comentário:
Acima de tudo, se romperem com os aparelhos partidários. Se existe um cargo cujo afastamento dos partidos é vital, esse cargo é de PR.
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