segunda-feira, setembro 19, 2005

Oh Sr. Presidente, não dá para abortarmos este referendo??

O PS e a sua bancada parlamentar no mais estrito cumprimento da promessa eleitoral de referendar a questão do aborto volta à carga com uma interpretação pelo menos duvidosa de quando começam as sessões legislativas. Segundo o PS a sessão legislativa acaba de começar e por isso podem livremente propor novo referendo depois da nega de Sampaio.

O independentíssimo Presidente da Assembleia da República, já confirmou a interpretação feita pela bancada socialista e parece que a nova proposta vai avançar.

Não sejamos hipócritas, os partidos de direita não se podem refugiar num aspecto técnico para fugir à questão essencial que é a de não quererem de forma nenhuma que se organize um referendo ou qualquer outra iniciativa legislativa e preferem manter a situação tal como está.

À esquerda, embora haja legitimidade para iniciar um processo de marcação de um referendo sobre esta matéria, falta um enorme bom senso em perceber que os portugueses não entendem a existência de três actos eleitorais em 3 meses.

O que o PS quer é condicionar definitivamente a posição de Cavaco sobre o aborto de forma a poder tirar dividendos para a candidatura de Soares que começa a dar sintomas de alguma fragilidade, assim o PS não parece estar a pensar nas mulheres mas nos homens das presidenciais.

Por exemplo, o PS que considera o aborto como fundamental já se preocupou em apresentar um projecto relativo ao enquadramento nos hospitais públicos das mulheres que pretendam fazer uma interrupção voluntária da gravidez??? Já se lembrou de pensar se existem condições para fazer esta interrupção? Já pensou em que situação pode haver objecção de consciência por parte dos médicos???

Pois não, os senhores do PS não podem achar que basta legalizar o aborto, até porque embora penalizado, continua a ser prática corrente nas piores condições ou em Espanha em melhores condições.

Resta esperarmos que Sampaio demonstre mais uma vez, o bom senso que já revelou noutras alturas.

Sem comentários: