Os professores nunca concordaram com qualquer medida, de qualquer ministro, de qualquer governo, de qualquer partido. E provavelmente vão continuar a fazê-lo, logo são coerentes.
10 comentários:
Anónimo
disse...
[até estranharias que não comentasse esta, certo?;-)] Uhhh... para mim "socratismo" é também isso, amigo, perspectiva única e demasiado linear... Haveria muito para (voltarmos a) debater, mas sugiro apenas o "sinais" de hoje, da TSF, que até nem é comentário propriamente político, mas toca muito no "ponto"... e fico-me por aqui...
Meu amigo, eu penso pela minha cabeça, não pela do José Sócrates ou do Fernando Alves. Quando é necessário apoio, quando é necessário critico. Sempre assim foi e sempre assim será. Eu também sei juntar uma série de palavras bonitas, mas vazias, sobre “desgaste físico e emocional” dos professores que sofrem e depois venha cá o meu amigo falar-me de “perspectiva única e demasiado linear”.
Bom, amigo, ambos conhecemos as posições de cada um, mas o espaço aqui talvez não seja o mais adequado para as prolongarmos... Claro que pensas por ti, não aponto o contrário, nem é o que está em questão. Mas não me parece ser apenas uma questão de estilo que, num breve texto, comeces por "nunca", enfatizes "qualquer" (4 vezes...) e termines com um "provavelmente" que, ali, francamente, soa mais a "de certeza absoluta"... O vigor do argumento sugere firme convicção e, suponho que inegável, aproximação a um dos lados. É aí que nos distanciamos profundamente, mas isso é a mais natural das coisas... Ainda quanto ao estilo, cada um opta pelo seu, não é? Conceder-me-ás que também tente pensar por mim e que a sugestão dos "sinais" não tenha sido mais do que isso - uma sugestão de algo em que me revi, num estilo que muito aprecio. O teu estilo é que, insisto, raia muito o "Marcelo do Sócrates" (se me faço entender), e olha que o "estilo Marcelo" é muito dado a boas paródias... ;-)
Pois, realmente isto dava pano para mangas. Não é de facto uma questão de estilo, é uma questão de princípio. O princípio de tomar por bom questionar a realidade em que vivemos como um princípio que não se aplica exclusivamente ao poder político mas a toda a gente. Como um princípio que não reconhece verdades absolutas e muito menos a existência de detentores de verdades absolutas, sob pena de podermos ser enganados por alguns em suposto benefício de todos. Para mim está por provar a vantagem para a educação deste país em caírem sucessivos ministros resultado de centenas de manifestações e de dezenas de greves. Mas essa aparentemente é a pergunta que não se quer colocar.
"mas o espaço aqui talvez não seja o mais adequado para as prolongarmos... "
"Pois, realmente isto dava pano para mangas."
Sem querer estar a dizer ao dono do estabelecimento como deve gerir a casa... mas estão não é para isto mesmo que serve um (este) blog?... Como ponto de encontro de ideias?
Em relação ao assunto do Post, de facto nesse aspecto tiro o chapéu aos professores, são sem duvida uma das classes mais coerentes do nosso pais, na minha modesta opinião, para alem das justas reindivicações salariais e do mau funcionamento das escolas, ( ha que devolver a autoridade ao "papel" do professor na escola ) o problema dos professores não é muito diferente do problema do resto do funcionalismo publico que durante mais de 30 anos se habituou a viver no regime do nacional-porreirismo e que agora se sente ameaçado por começar a ter um código de trabalho idêntico ao regime privado. Ora a partir do momento em que se fala em avaliações do trabalho dos professores e como tal de uma responsabilização directa pelo trabalho de cada um individualmente pois claro que temos uma mobilização corporativista a lutar para que neste aspecto (o das avaliações) tudo fique na mesma.
[Este Macedo é quem eu penso? Até pelo argumento, parece-me que sim... vamos então discutir...] Ó Macedo, concordo plenamente contigo, num aspecto, discordo absolutamente, na ilação que retiras. O problema dos professores é realmente o mesmo da restante administração pública, mas também do país. Na minha óptica não se trata é daquele que referes. Trata-se de enfrentar um governo que pretende, entre outras finalidades maiores, e com o fito nelas, reduzir despesas a todo o custo, submetendo a esse desígnio tudo o que depois vem chamar de "reformas" (que são, portanto, "poupanças"). Que isso venha "explodir" na área da educação, soa-me bastante revelador, por ser uma área sempre tão presente nas retóricas do(s) governo(s). Assim, além da questão da avaliação, importante e decerto complexa (mais ainda para quem está de fora como nós), o que está em causa é o novo Estatuto da Carreira Docente, porque uma reforma não pode ser uma poupança. E o problema é do país, porque, além da educação, eterna "prioridade", é todo o papel do Estado, em todas as áreas, que se está a pôr em causa. E relativamente à avaliação e responsabilização, como insinuar que se lhe quer fugir (os corprorativistas...), se ela é apenas ferramenta da poupança, digo, reforma? Quando não da prepotência e da arbitrariedade... Mas aqui chegados, dir-se-ia que ao menos assim atinge-se a igualdade entre todos os trabalhadores, nessas novas Sagradas Escrituras que seriam o Código do Trabalho global. Mas porque terá de ser assim? Enfim, utopias, poderá sempre alguém dizer, com a mesma facilidade com que o amigo Raposo decerto sorri dos Alegres, Louçãs e Jerónimos deste mundo, que eu, francamente, acho que fariam muita falta a uma Assembleia adulta e madura (minoritária), que tivesse realmente de discutir e decidir os destinos do país (que, na verdade, quase não se decidem por cá, mas vá...), livrando-nos dos "detentores de verdades absolutas" que abundam no poder (porque o argumento, amigo Raposo, é absolutamente reversível, se queres ir por aí...). Bom, demasiada discussão, demasiada ideologia (tchiii...), pelo menos para o espaço e o tempo, que continuo a entender não serem os melhores [se o Macedo é realmente aquele que penso, podemos sempre continuar a discussão na eventual inauguração de algum novo lar... ;-)]. Mas não deixei de responder ao desafio (espero que de forma perceptível), que estamos cá é para isso... Abraços!
Vão-me desculpar mas temos de uma vez por todas de arrumar a questão dos custos. Ou então começamos a sugerir alternativas e levá-las a sério. Estamos num espaço económico a que muito devemos onde existem regras claras sobre défices excessivos. O País estava e provavelmente continua a viver acima das suas possibilidades, logo tem de poupar. E tem de poupar em todos os lados e a educação é tb um deles. A alternativa que se tem de assumir é se pretendemos sair do espaço europeu com todos os custos que isso tem. Esse até pode ser um objectivo acessório, mas eu (pelo menos eu) não vejo apenas isso (embora eu considere que o combate ao desperdício é um principio nobre) no que se pretende para a educação. O que eu tenho de exigir enquanto contribuinte porque o estado me exige obrigações, é que se analise de forma clara se o valor investido na educação ao longo do tempo produz os resultados que todos queremos para melhorar a educação. E isso não se pode fazer sem a avaliação do desempenho dos agentes de educação como são os professores. Recordo aqui que os alunos é que são o objecto da educação, não os professores, e estamos neste momento a permitir arrastar esta confusão para os alunos, para que estes protagonizem lado a lado com os professores momentos de rara beleza como o de ontem, em que uma miúda de Fafe dizia que “ela não veio cá (depois de lhe ter atirado ovos) porque não quer ouvir a verdade”. E como sempre o jornalista não pergunta a frase essencial, qual é a verdade? Mas ao professor que estava atrás já perguntou o que lá estava a fazer e ele responde que se estava a solidarizar com os alunos… (mas solidarizar com o quê? Com a verdade? Qual verdade?) Isso chama-se manipulação. E se a comunidade dos professores talvez não se reveja neste tipo de comportamento de alguns dos seus elementos, então temos de logicamente concluir que não existe uma verdade, mas várias e que isso é tão verdade nos professores como em qualquer outro lado. Mas se acharmos que não, que ainda assim não queremos/devemos avaliar os professores, então pretendemos fazer perpetuar a ideia totalmente absurda que todos os professores ou são bons ou muito bons, o que é um exercício um pouco tonto porque todos lá passámos e sabemos que não é verdade, por oposição a um mundo em que as próprias agências das Nações Unidas têm processos de avaliação de desempenho dos projectos de dinamização de educação, e tb dos professores, no terceiro mundo, precisamente para aferir da qualidade do que se está a fazer. Há aqui claramente alguma coisa de absurdo que sinceramente me escapa. E ainda é mais absurdo se pensarmos que o processo é despoletado dentro das escolas, são os professores que se avaliam uns aos outros, nem quero imaginar os disparates que já se teriam dito se porventura a avaliação fosse efectuada por uma entidade externa. Mas se for essa a solução eu próprio monto uma barraca à porta do ministério para convencer a ministra a pôr a avaliação externa, e depois cá estaremos para ver o que se diz… E o resultado de tudo isto é que independentemente dos milhões investidos na educação (segundo todos os organismos, Portugal investe em % do PIB o normal para a Europa) e tendo em conta que parece que Portugal tem a maior taxa de professores por número de alunos do mundo ocidental (António Barreto em Portugal - um retrato social) então os resultados não são maus, são miseráveis. Claro que a avaliação dos professores está inserida numa reforma (sim, uma reforma) mais vasta e claro que ela está associada a uma reforma da administração pública urgente. Mas a verdade é que se as pessoas se adaptam tão facilmente a mudanças nas suas vidas pessoais e passam a querer coisas novas e melhores para si e para as suas famílias e têm objectivos diferentes que não tinham há trinta anos, com que critérios podem imaginar que os estados e a forma como se organizam são perpetuamente imutáveis? Mais do que ninguém nós deveríamos saber que não são e ainda bem.
Mas temos de falar de factos em vez de passarmos o tempo a falar de ideias, porque isso já percebemos que existem muitas ideias neste país sobre o que se pretende. Algumas verdadeiramente inconsequentes para não dizer irresponsáveis. Donde deriva a implementação do modelo de avaliação actual este ano? Pois deriva de um acordo que os sindicatos aparentemente esqueceram, mas que assinaram com a ministra para parar (sim, parar) o processo no ano passado. Sinal mais do que evidente da intransigência e arbitrariedade deste governo... Aliás se formos a outros sectores, e se o meu amigo for objectivo, sabe que foram conseguidos alguns acordos em concertação social e que por exemplo o Sr. Picanço que o meu amigo conhece bem, até já assinou acordos com este governo. Não são os acordos ideias, para toda a gente. Mas ora bolas, eu não sou toda a gente e o meu amigo tb não. Unanimismos bacocos já existem de sobra neste país. Isto para mim não é intransigência e muito menos arbitrariedade, ou o meu amigo tem a peregrina ideia que cada vez que um ministro caga uma sentença tem de ir a correr perguntar aos sindicatos se concordam? Isto ainda não é uma democracia directa e os sindicatos até ver ainda não são legitimados pelo voto popular. O meu amigo está a deixar-se influenciar em demasia com essa ideia de arbitrariedade, é uma história que lhe conta quem já se esqueceu das cargas políticas a agricultores e estudantes entre outros. Claro que sorrio se o meu amigo me fala do Alegre, nem ninguém pode deixar de sorrir. Nunca me vistes criticar o Louça com sorrisos, até porque sabes que concordo com algumas das suas propostas. O Jerónimo eu ignoro. Mas até sorrio muito mais quando penso na reserva mental que existe em relação aos governantes, simplesmente por serem governantes, que nos leva ao ponto de achar, sem dados nenhuns que substanciem essas afirmações, que a ministra fala e mente e que o gajo do bigode (que não é efectivamente professor vai para uns 20 anos, os sindicatos são instituições muito democráticas e têm toda a essência da rotatividade pluralista em si….) fale e o que diz é verdade, como se fossemos todos mosquinhas e tivéssemos todos estado nas reuniões. Agora para mim não é possível imaginar que alguém que não consegue apontar um única solução ande os dias inteiros por ai a dizer que isto é o tempo da outra senhora, que está farto do quero posso e mando, e que a mim ninguém me cala e que tenha tido a lata de estar a milímetros de distancia de dizer que esta ministra era pior que os ministros da ditadura. Deve ser do Alzheimer… Se tu ouviste uma proposta válida para 2008, não para 1950, no mundo em que vivemos, que tenha saído da boca daquele senhor, então telefona-me rapidamente a contar-me. Além de que estes senhores não faltam na “assembleia madura”. Eles estão lá, se tu não gostas dos resultados eleitorais que compõem esta assembleia, isso não faz dela automaticamente imatura apenas tens de esperar mais um ano e depois se vê se gostas ou não. Então se o argumento é reversível, vamos revertê-lo, tenha o meu amigo o raro prazer de me apontar qual foi a reforma na educação protagonizada pelos governos das duas cores habituais em que os sindicatos não convocaram manifestações / greves? É que eu não me lembro. Ou melhor lembro-me de uma, mas gostava que o me indicasses qual e porquê razão isso aconteceu. Explica-me por favor que sistema é este em que os ministros que caem é que (na tua perspectiva) possuem as verdades absolutas e os sindicatos que lhes fazem oposição não se movimentam uma vírgula. Uma coisa assim leva-me a concluir que as verdades absolutas estejam de facto no lado dos sindicatos, mas é só uma opinião minha… E há muito mais coisas nas quais o meu amigo está enganado, até porque não vejo alternativas credíveis ao actual estado de coisas… :)
Sim o Macedo é quem tu estas a pensar :-) O governo esta apenas a fazer aquilo que prometeu no seu compromisso eleitoral, a fazer reformas de modo a tornar a "maquina" do estado uma "maquina" mais leve em termos de custos e mais competente em termos de eficiência, e é evidente que este ultimo parâmetro só é possível alcançar fazendo avaliações individuais ao desempenho de cada um (uma coisa normal em qualquer empresa privada), este ponto parece-me fundamental não só para os professores mas para toda a função publica, ate porque só assim haverá dentro da própria função publica justiça laboral em termos de promoções de carreira, ao contrario do que acontecia antigamente com as promoções automáticas independentes do desempenho, nas questões de pormenor poderá haver discussão mas onde tu vez prepotência e arbitrariedade eu vejo legitimidade, pois ao contrario dos sindicatos o governo foi eleito pelo voto popular, esta situação ainda se torna mais evidente no caso dos professores pois como foi referido no post, venha o governo que vier, o posição dos seus representantes sindicais é sempre o "bota a baixo" as medidas governativas para reformar a educação.
10 comentários:
[até estranharias que não comentasse esta, certo?;-)]
Uhhh... para mim "socratismo" é também isso, amigo, perspectiva única e demasiado linear...
Haveria muito para (voltarmos a) debater, mas sugiro apenas o "sinais" de hoje, da TSF, que até nem é comentário propriamente político, mas toca muito no "ponto"... e fico-me por aqui...
Meu amigo, eu penso pela minha cabeça, não pela do José Sócrates ou do Fernando Alves. Quando é necessário apoio, quando é necessário critico. Sempre assim foi e sempre assim será.
Eu também sei juntar uma série de palavras bonitas, mas vazias, sobre “desgaste físico e emocional” dos professores que sofrem e depois venha cá o meu amigo falar-me de “perspectiva única e demasiado linear”.
Bom, amigo, ambos conhecemos as posições de cada um, mas o espaço aqui talvez não seja o mais adequado para as prolongarmos...
Claro que pensas por ti, não aponto o contrário, nem é o que está em questão.
Mas não me parece ser apenas uma questão de estilo que, num breve texto, comeces por "nunca", enfatizes "qualquer" (4 vezes...) e termines com um "provavelmente" que, ali, francamente, soa mais a "de certeza absoluta"...
O vigor do argumento sugere firme convicção e, suponho que inegável, aproximação a um dos lados. É aí que nos distanciamos profundamente, mas isso é a mais natural das coisas...
Ainda quanto ao estilo, cada um opta pelo seu, não é? Conceder-me-ás que também tente pensar por mim e que a sugestão dos "sinais" não tenha sido mais do que isso - uma sugestão de algo em que me revi, num estilo que muito aprecio. O teu estilo é que, insisto, raia muito o "Marcelo do Sócrates" (se me faço entender), e olha que o "estilo Marcelo" é muito dado a boas paródias... ;-)
Pois, realmente isto dava pano para mangas. Não é de facto uma questão de estilo, é uma questão de princípio. O princípio de tomar por bom questionar a realidade em que vivemos como um princípio que não se aplica exclusivamente ao poder político mas a toda a gente. Como um princípio que não reconhece verdades absolutas e muito menos a existência de detentores de verdades absolutas, sob pena de podermos ser enganados por alguns em suposto benefício de todos.
Para mim está por provar a vantagem para a educação deste país em caírem sucessivos ministros resultado de centenas de manifestações e de dezenas de greves.
Mas essa aparentemente é a pergunta que não se quer colocar.
"mas o espaço aqui talvez não seja o mais adequado para as prolongarmos... "
"Pois, realmente isto dava pano para mangas."
Sem querer estar a dizer ao dono do estabelecimento como deve gerir a casa... mas estão não é para isto mesmo que serve um (este) blog?... Como ponto de encontro de ideias?
Em relação ao assunto do Post, de facto nesse aspecto tiro o chapéu aos professores, são sem duvida uma das classes mais coerentes do nosso pais, na minha modesta opinião, para alem das justas reindivicações salariais e do mau funcionamento das escolas, ( ha que devolver a autoridade ao "papel" do professor na escola ) o problema dos professores não é muito diferente do problema do resto do funcionalismo publico que durante mais de 30 anos se habituou a viver no regime do nacional-porreirismo e que agora se sente ameaçado por começar a ter um código de trabalho idêntico ao regime privado.
Ora a partir do momento em que se fala em avaliações do trabalho dos professores e como tal de uma responsabilização directa pelo trabalho de cada um individualmente pois claro que temos uma mobilização corporativista a lutar para que neste aspecto (o das avaliações) tudo fique na mesma.
[Este Macedo é quem eu penso? Até pelo argumento, parece-me que sim... vamos então discutir...]
Ó Macedo, concordo plenamente contigo, num aspecto, discordo absolutamente, na ilação que retiras. O problema dos professores é realmente o mesmo da restante administração pública, mas também do país. Na minha óptica não se trata é daquele que referes. Trata-se de enfrentar um governo que pretende, entre outras finalidades maiores, e com o fito nelas, reduzir despesas a todo o custo, submetendo a esse desígnio tudo o que depois vem chamar de "reformas" (que são, portanto, "poupanças"). Que isso venha "explodir" na área da educação, soa-me bastante revelador, por ser uma área sempre tão presente nas retóricas do(s) governo(s).
Assim, além da questão da avaliação, importante e decerto complexa (mais ainda para quem está de fora como nós), o que está em causa é o novo Estatuto da Carreira Docente, porque uma reforma não pode ser uma poupança.
E o problema é do país, porque, além da educação, eterna "prioridade", é todo o papel do Estado, em todas as áreas, que se está a pôr em causa.
E relativamente à avaliação e responsabilização, como insinuar que se lhe quer fugir (os corprorativistas...), se ela é apenas ferramenta da poupança, digo, reforma? Quando não da prepotência e da arbitrariedade...
Mas aqui chegados, dir-se-ia que ao menos assim atinge-se a igualdade entre todos os trabalhadores, nessas novas Sagradas Escrituras que seriam o Código do Trabalho global. Mas porque terá de ser assim?
Enfim, utopias, poderá sempre alguém dizer, com a mesma facilidade com que o amigo Raposo decerto sorri dos Alegres, Louçãs e Jerónimos deste mundo, que eu, francamente, acho que fariam muita falta a uma Assembleia adulta e madura (minoritária), que tivesse realmente de discutir e decidir os destinos do país (que, na verdade, quase não se decidem por cá, mas vá...), livrando-nos dos "detentores de verdades absolutas" que abundam no poder (porque o argumento, amigo Raposo, é absolutamente reversível, se queres ir por aí...).
Bom, demasiada discussão, demasiada ideologia (tchiii...), pelo menos para o espaço e o tempo, que continuo a entender não serem os melhores [se o Macedo é realmente aquele que penso, podemos sempre continuar a discussão na eventual inauguração de algum novo lar... ;-)]. Mas não deixei de responder ao desafio (espero que de forma perceptível), que estamos cá é para isso... Abraços!
Vão-me desculpar mas temos de uma vez por todas de arrumar a questão dos custos. Ou então começamos a sugerir alternativas e levá-las a sério. Estamos num espaço económico a que muito devemos onde existem regras claras sobre défices excessivos. O País estava e provavelmente continua a viver acima das suas possibilidades, logo tem de poupar. E tem de poupar em todos os lados e a educação é tb um deles. A alternativa que se tem de assumir é se pretendemos sair do espaço europeu com todos os custos que isso tem.
Esse até pode ser um objectivo acessório, mas eu (pelo menos eu) não vejo apenas isso (embora eu considere que o combate ao desperdício é um principio nobre) no que se pretende para a educação. O que eu tenho de exigir enquanto contribuinte porque o estado me exige obrigações, é que se analise de forma clara se o valor investido na educação ao longo do tempo produz os resultados que todos queremos para melhorar a educação. E isso não se pode fazer sem a avaliação do desempenho dos agentes de educação como são os professores. Recordo aqui que os alunos é que são o objecto da educação, não os professores, e estamos neste momento a permitir arrastar esta confusão para os alunos, para que estes protagonizem lado a lado com os professores momentos de rara beleza como o de ontem, em que uma miúda de Fafe dizia que “ela não veio cá (depois de lhe ter atirado ovos) porque não quer ouvir a verdade”. E como sempre o jornalista não pergunta a frase essencial, qual é a verdade? Mas ao professor que estava atrás já perguntou o que lá estava a fazer e ele responde que se estava a solidarizar com os alunos… (mas solidarizar com o quê? Com a verdade? Qual verdade?) Isso chama-se manipulação. E se a comunidade dos professores talvez não se reveja neste tipo de comportamento de alguns dos seus elementos, então temos de logicamente concluir que não existe uma verdade, mas várias e que isso é tão verdade nos professores como em qualquer outro lado.
Mas se acharmos que não, que ainda assim não queremos/devemos avaliar os professores, então pretendemos fazer perpetuar a ideia totalmente absurda que todos os professores ou são bons ou muito bons, o que é um exercício um pouco tonto porque todos lá passámos e sabemos que não é verdade, por oposição a um mundo em que as próprias agências das Nações Unidas têm processos de avaliação de desempenho dos projectos de dinamização de educação, e tb dos professores, no terceiro mundo, precisamente para aferir da qualidade do que se está a fazer. Há aqui claramente alguma coisa de absurdo que sinceramente me escapa.
E ainda é mais absurdo se pensarmos que o processo é despoletado dentro das escolas, são os professores que se avaliam uns aos outros, nem quero imaginar os disparates que já se teriam dito se porventura a avaliação fosse efectuada por uma entidade externa. Mas se for essa a solução eu próprio monto uma barraca à porta do ministério para convencer a ministra a pôr a avaliação externa, e depois cá estaremos para ver o que se diz…
E o resultado de tudo isto é que independentemente dos milhões investidos na educação (segundo todos os organismos, Portugal investe em % do PIB o normal para a Europa) e tendo em conta que parece que Portugal tem a maior taxa de professores por número de alunos do mundo ocidental (António Barreto em Portugal - um retrato social) então os resultados não são maus, são miseráveis.
Claro que a avaliação dos professores está inserida numa reforma (sim, uma reforma) mais vasta e claro que ela está associada a uma reforma da administração pública urgente. Mas a verdade é que se as pessoas se adaptam tão facilmente a mudanças nas suas vidas pessoais e passam a querer coisas novas e melhores para si e para as suas famílias e têm objectivos diferentes que não tinham há trinta anos, com que critérios podem imaginar que os estados e a forma como se organizam são perpetuamente imutáveis? Mais do que ninguém nós deveríamos saber que não são e ainda bem.
Mas temos de falar de factos em vez de passarmos o tempo a falar de ideias, porque isso já percebemos que existem muitas ideias neste país sobre o que se pretende. Algumas verdadeiramente inconsequentes para não dizer irresponsáveis.
Donde deriva a implementação do modelo de avaliação actual este ano? Pois deriva de um acordo que os sindicatos aparentemente esqueceram, mas que assinaram com a ministra para parar (sim, parar) o processo no ano passado. Sinal mais do que evidente da intransigência e arbitrariedade deste governo... Aliás se formos a outros sectores, e se o meu amigo for objectivo, sabe que foram conseguidos alguns acordos em concertação social e que por exemplo o Sr. Picanço que o meu amigo conhece bem, até já assinou acordos com este governo. Não são os acordos ideias, para toda a gente. Mas ora bolas, eu não sou toda a gente e o meu amigo tb não. Unanimismos bacocos já existem de sobra neste país. Isto para mim não é intransigência e muito menos arbitrariedade, ou o meu amigo tem a peregrina ideia que cada vez que um ministro caga uma sentença tem de ir a correr perguntar aos sindicatos se concordam? Isto ainda não é uma democracia directa e os sindicatos até ver ainda não são legitimados pelo voto popular. O meu amigo está a deixar-se influenciar em demasia com essa ideia de arbitrariedade, é uma história que lhe conta quem já se esqueceu das cargas políticas a agricultores e estudantes entre outros.
Claro que sorrio se o meu amigo me fala do Alegre, nem ninguém pode deixar de sorrir. Nunca me vistes criticar o Louça com sorrisos, até porque sabes que concordo com algumas das suas propostas. O Jerónimo eu ignoro. Mas até sorrio muito mais quando penso na reserva mental que existe em relação aos governantes, simplesmente por serem governantes, que nos leva ao ponto de achar, sem dados nenhuns que substanciem essas afirmações, que a ministra fala e mente e que o gajo do bigode (que não é efectivamente professor vai para uns 20 anos, os sindicatos são instituições muito democráticas e têm toda a essência da rotatividade pluralista em si….) fale e o que diz é verdade, como se fossemos todos mosquinhas e tivéssemos todos estado nas reuniões.
Agora para mim não é possível imaginar que alguém que não consegue apontar um única solução ande os dias inteiros por ai a dizer que isto é o tempo da outra senhora, que está farto do quero posso e mando, e que a mim ninguém me cala e que tenha tido a lata de estar a milímetros de distancia de dizer que esta ministra era pior que os ministros da ditadura. Deve ser do Alzheimer…
Se tu ouviste uma proposta válida para 2008, não para 1950, no mundo em que vivemos, que tenha saído da boca daquele senhor, então telefona-me rapidamente a contar-me. Além de que estes senhores não faltam na “assembleia madura”. Eles estão lá, se tu não gostas dos resultados eleitorais que compõem esta assembleia, isso não faz dela automaticamente imatura apenas tens de esperar mais um ano e depois se vê se gostas ou não.
Então se o argumento é reversível, vamos revertê-lo, tenha o meu amigo o raro prazer de me apontar qual foi a reforma na educação protagonizada pelos governos das duas cores habituais em que os sindicatos não convocaram manifestações / greves? É que eu não me lembro. Ou melhor lembro-me de uma, mas gostava que o me indicasses qual e porquê razão isso aconteceu.
Explica-me por favor que sistema é este em que os ministros que caem é que (na tua perspectiva) possuem as verdades absolutas e os sindicatos que lhes fazem oposição não se movimentam uma vírgula. Uma coisa assim leva-me a concluir que as verdades absolutas estejam de facto no lado dos sindicatos, mas é só uma opinião minha…
E há muito mais coisas nas quais o meu amigo está enganado, até porque não vejo alternativas credíveis ao actual estado de coisas… :)
Sim o Macedo é quem tu estas a pensar :-)
O governo esta apenas a fazer aquilo que prometeu no seu compromisso eleitoral, a fazer reformas de modo a tornar a "maquina" do estado uma "maquina" mais leve em termos de custos e mais competente em termos de eficiência, e é evidente que este ultimo parâmetro só é possível alcançar fazendo avaliações individuais ao desempenho de cada um (uma coisa normal em qualquer empresa privada), este ponto parece-me fundamental não só para os professores mas para toda a função publica, ate porque só assim haverá dentro da própria função publica justiça laboral em termos de promoções de carreira, ao contrario do que acontecia antigamente com as promoções automáticas independentes do desempenho, nas questões de pormenor poderá haver discussão mas onde tu vez prepotência e arbitrariedade eu vejo legitimidade, pois ao contrario dos sindicatos o governo foi eleito pelo voto popular, esta situação ainda se torna mais evidente no caso dos professores pois como foi referido no post, venha o governo que vier, o posição dos seus representantes sindicais é sempre o "bota a baixo" as medidas governativas para reformar a educação.
Se desistir de argumentar parecer-vos-á rendição? Não pareça, mas que também não pareça que o diálogo é "de surdos"...
Fraco :)
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