domingo, janeiro 30, 2005

Why the Right Gets It Wrong and the Left Doesn't Get It...

Why the Right Gets It Wrong and the Left Doesn't Get It... O titulo faz parte de um qualquer livro evangélico (daqueles cultos perigosos lá para os states...) que começa por se chamar "God's Politics:" Mas achei este sub-titulo muito actual...

quarta-feira, janeiro 26, 2005

All about small things... (London chronicles III)


Depois de uma frustrante nega vinda de um homem de saia com um chapéu em forma de penico só porque já passava das 17h, lá conseguimos entrar na torre de londres no dia seguinte. Aquilo que parecia ser uma saudosista visita ao passado (os primeiros a montar aqui a barraca chegaram bem antes do romanos...) rapidamente se tornaria num momento bastante simpático da história da viagem. O responsável era agora um novo guarda (os yeoman's) com o tal chapéu em forma de penico que nos deu alguma divertidas explicações. "Now they call it Fosters" foi a forma que o guia encontrou para nos explicar que ainda podíamos encontrar à venda um tipo de cerveja de má qualidade (small beer) que era dada aos pobres ou viajantes que procuravam abrigo na torre. Mas a história do mais antigo monumento de londres é uma história de sangue e tortura... Aqui foram assassinados traidores mas tb príncipes e rainhas que insistiam em perder a cabeça quando não davam filhos ao henrique VIII.... Foram tb cometidos alguns erros como a decapitação por engano de um filho ilegítimo do rei... Quando perceberam o erro correram a tirar a cabeça do pau onde se encontrava espetada/exposta à entrada de Londres e tiveram a coser de volta ao corpo para que se pudesse pintar um retrato do defunto para a posteridade... afinal havia ali sangue real... O retrato lá se fez mas o pintor nunca viria a receber o pagamento porque o quadro foi considerado pouco vivo.... Ironias britânicas...

Daqui para a colossal catedral de São Paulo. Um dos mais emblemáticos símbolos de londres que teve direito a cobertura mundial no casamento do Carlos com a Diana... (mas isso não interessa para nada...) a cúpula desta catedral eleva-se a algumas centenas de metros e são precisos uns esgotantes 538 degraus para chegar lá acima...
Mas o que mais impressiona não tem a ver com a dimensão inacreditável do local mas com a inacreditável homenagem que tal como em Westminster é feita aqueles que morreram pelo Reino Unido. Provavelmente a minha surpresa deriva de sermos um país com muito poucos heróis e termos muito poucas histórias de verdadeiro altruismo, mas aqui , seja nas artes da guerra ou nas artes das letras o país sabe reconhecer aqueles que o fizeram chegar longe. Só alguns nomes... estão aqui o almirante Nelson, o nosso amigo (?) Wellington e são tb homenageados os homens e mulheres que durante os bombardeamentos alemães da II guerra mundial montaram a defesa da catedral para que esta não fosse destruída pelo blitz.

Como as antiguidades estavam no nosso percurso lá fomos para mais um caminho de metro com uma ou duas mudanças para conseguirmos encontrar o British Museum e as múmias roubadas do Cairo...

Mais tarde, depois de alguma comida para alimentar a caminhada e de mais algum tempo de metro estamos de volta a Piccadilly e vamos no encalço do turbilhão da chinatown... Passeamos pelos restaurantes com aspecto duvidoso, de nome impronunciável e com pato já lacado pendurado nas vitrines... e quase jurariamos que aqueles chineses todos de gravata e charuto que sairam de uma carrinha preta eram membros de alguma tríade ou mafia da zona.... optámos por nos afastar para irmos ao não menos estranho Zoo bar... "party hard or go home" era o lema do bar, música comercial acessivel na onda da mega FM, caras bonitas e vestidos curtos apesar do frio que se fazia sentir na rua. Fim do dia num Planet Hollywood às moscas onde nem já o modelo do agora governador da california com a tromba toda desfeita no seu papel de Terminator parece convencer alguém a lá ir.

Para fim de festa arrumámos as malas de manhã e partimos para a catedral do consumo... o Harrods... não sem antes alimentarmos uns esquilos demasiado atrevidos nos kesington gardens, que vêm comer à nossa mão quando lhes mostramos um chocolate. O Harrods é clássico e situa-se num edificio antigo e vitoriano mas o seu conteúdo não é diferente dos antigos armazens do chiado ou do actual corte ingles... os preços não são assim tão loucos....
Faltava para completar em beleza a nossa viagem uma ida ao natural history museum para vermos os primeiros a terem andado por terras de sua majestade muito antes de os ingleses se considerarem como tal.... sim, a galeria dos dinossauros com os seus esqueletos completos em salas monstruosas.

Londres é tudo isto que vos tenho dito nos ultimos dias e muito mais, Londres é uma metropole a perder de vista onde se mistura uma inglaterra clássica, real e monumental com a heterogeneidade das pessoas de todo o mundo que lá vivem. London is all about small things... pequenas coisas como o Mind the Gap no metro, a necessidade de identificação nos bares, as passadeiras na estrada com indicação do look right ou look left ou a inexistência de cães vadios ou de lixo. Londres é o cuidado com a memoria colectiva do maior imperio de sempre e a força que aparentemente ele continua a ter.

Depois da paranoíca segurança do aeroporto de Stansted (continuo sem perceber como se pergunta a alguém se outra pessoa pode ter introduzido algum objecto na nossa bagagem(????) não seria melhor perguntar logo de forma educada: Are you a terrorist?) e depois da pouca pontualidade britanica dos aviões irlandeses chegámos e já estamos cheios de nostalgia... que sentimento tão português....

segunda-feira, janeiro 24, 2005

Os cogumelos mágicos (London chronicles II)

Para continuar a falar em grandeza o mercado de camden town não é grande... É imenso... Na realidade não é um mercado mas sim uma sucessão de vários mercados, Camden market, camden lock ou inverness street market (a semelhança com o inverno não é propriamente estranha...).
Todos eles estão ligados por um emaranhado de ruas e vielas onde é virtualmente possível encontrar tudo... Mesmo tudo... Milhares de turistas de todo o mundo dividem as ruas com a fauna local. E que fauna... Eles são góticos ou punks (sim, os 80 continuam bem vivos por aqui) mas tb estrangeiros a procura de uma oportunidade de negócio.
Uma das milhares de espanholas que temos encontrado dizia que o mercado não tinha nada de característico... Se calhar não tem, mas não tem porque não é possível dizer que tem um tipo de produto próprio mas antes todos os produtos. Apenas uma pequena lista: roupa para todos os estilos, sapatos e botas com pêlo por dentro (e por fora) milhares de souvenirs, as t-shirts mais subversivas do planeta (pope smokes dope é quase inocente no meio destas) e dezenas de bancas de cogumelos mágicos...
Espera lá cogumelos mágicos???
Isto não é daquelas cenas que o pessoal das raves gosta? Pois é... Aparentemente aqui é legal e até se vendem pequenos mushroom grow kits... É capaz de ser um grande negócio para importar... Aliás as bancas são o ideal para alguém interessado em experiências, digamos alternativas.... Além dos cogumelos tb se vendem poppers (afrodisiaco para aqueles momentos mais íntimos) chupas de cannabis e todos os cachimbos que permitam fumar todos os tipos de droga imaginável.
Depois do choque que tudo isto representa só nos conseguimos recompor depois de uma tigela de seafood noodles directamente da barraca tailandesa. Best regards

sábado, janeiro 22, 2005

Size does matter... (London chronicles I)


O tamanho é mesmo uma coisa importante... E esta é um cidade em grande... Provavelmente quem vive aqui nem percebe, mas uma rede de metro com bem mais de 50 estações, jardins com 121 hectares ou 15 pontes fazem desta provavelmente a maior cidade da europa... Tudo aqui fica demasiado longe para um português pouco habituado a grandes distâncias e tudo aqui é demasiado caro para o ordenado de qualquer português...
Existe por todo o lado um ar de formalidade britânica que é amplamente gozada pelos guias turísticos dos autocarros, sejam eles ingleses ou australianos... Ficámos a saber que os ingleses tem um monumento que honra os pirilampos das duas guerras (sim, pirilampos...mas tb os burros e os cavalos) e que ainda acham que perderam o jogo contra Portugal no Euro2004 porque nós tivemos sorte...
A cidade é monumental, em cada esquina há uma boa oportunidade de uma boa foto, só monumentos a soldados desconhecidos ou conhecidos já devemos ter fotografado uns 10... É o que faz querer andar sempre a porrada com outros países e ainda por cima fazer passar a ideia que só se estavam a defender...
Em westminster coroam-se reis sobre os restos mortais de umas 400 pessoas, pode até dizer-se que eles são coroados no cemitério... Os túmulos estão todos a monte, no chão ou em altura de acordo com a importância do morto...
Começamos a ficar convencidos que o inglês não é a língua mais falada aqui... Talvez o indiano ou o árabe estejam a concorrer directamente com o inglês... Alguns deles têm o interessante trabalho de segurar uma placa o dia inteiro que apenas indica um macdonalds ou um indian tandoori na rua de baixo. A generalidade dos empregados de balcão fala um inglês 6 vezes pior que o meu. Aliás, são às centenas as lojas de indianos do tipo loja dos 300 com postais da princesa Diana ao lado de cuecas com a bandeira inglesa ou porta chaves com pequenas tower bridge, mas dão jeito porque estão abertas até as tantas.
Buckingam não é tão grande como parece na tv e os guardas perderam à muito a formalidade exigida e fazem agora um render da guarda especialmente dedicado aos milhares de máquinas digitais que os querem fotografar. Ainda assim há uns palhaços que se divertem a tentar perturbar os imperturbaveis cavaleiros reais gritando e dançando a volta deles.
Segundo soubemos o tony tem a residência oficial no número 10 de downing street mas na realidade mora no número 11 porque 17 quartos eram aparentemente insuficientes...
Tb parece que a al qaeda deixou marcas por aqui... Não se consegue tirar uma foto decente em downing street devido a quantidade absurda de polícias e de blocos de betão... Sim, blocos de betão que estão por todo o lado nos edifícios oficiais... Ficam lindos pintados de preto a volta da elitista houses of parliement e do big ben ou em cor de tijolo em buckingam. O big brother mora por aqui... Saudações londrinas...

sábado, janeiro 15, 2005

O regresso

É verdade estive ausente durante muito tempo porque como quase tudo na minha vida resolvi questionar a utilidade prática destas coisas.... nem sei sequer se isto é visto por alguém ou se isto interessa a alguém mas resolvi regressar por necessidade de deitar para fora as minhas opiniões neste registo para a posteridade (houve alguns registos que apaguei) não estava contente com eles...

Muita coisa aconteceu neste periodo... o Bush voltou a ganhar as eleições pelo que a violência no iraque foi aprovada, o governo caiu por razões que só o Sampaio conhece, o Santana teve oportunidade de se vitimizar duas semanas depois do congresso em que o Portas tb se chateou e ameaçou bater com a porta... e o governo demite-se depois de ter sido despedido.... mas depois fazem um acordo de pré-acordo prestes a deixar de ser...

Enfim tudo basicamente na mesma aqui no rectângulo à beira mar plantado... é normal que eu questione a utilidade de ter um blog....

Para terminar o ano tivemos de assistir à tragédia do sudoeste asiático... horas e horas em directo nos telejornais a mostrar os mortos e a destruição. Aparentemente morreram 260 mil pessoas. Um número inimaginável e uma tb inimaginável onda de solidariedade internacional.

Será que isso teve alguma coisa a ver com o impacto nos paises do ocidente da destruição dos seus paraisos de férias??? espero que não mas não posso deixar de pensar que durante 500 anos os ocidentais exploraram o resto do mundo e que quando nos viemos embora os locais continuaram a viver de forma tradicional em barracas junto do mar que agora foram substituidas por restaurantes e lojas de bugigangas para este novo tipo de colonialismo a que chamamos turismo...

Alguns devem estar a pensar " este é um gajo anormal e insensivel" mas isso não corresponde à realidade.... apenas me parece importante recordar que o homem sem qualquer intervenção da natureza tem um poder muito mais destruidor que qualquer terramoto ou tsunami. Alinho pelos relatorios da ONU que relembraram nesta altura de grande solidariedade internacional, que continuam a existir muitas causas e necessidades que continuam esquecidas.