sexta-feira, março 11, 2005
11-M
Não voltei a Madrid depois do 11 de Março.
Mas hoje não posso esquecer-me que meses antes tinha estado nessa mesma Atocha que agora recordamos. Por lá tirei fotografias, tomei café, vi as montras, as pessoas e fui ver pela segunda vez o TGV.
A Atocha é uma estação como qualquer outra, talvez maior que as que temos por cá, mas igual na pressa, na torrente de pessoas que inundam as gares a cada chegada de uma composição. Igual a um qualquer Rossio pois também por lá desembocam uma série de estações e comboios de subúrbios onde gente apinhada de sonhos de uma vida melhor caminha para os seus desmotivantes empregos.
Nesse dia de Março o ano passado acordei para uma espécie de sonho anestesiante em que assisti pela televisão ao drama que se desenrolava aqui mesmo ao nosso lado.
Eu estive lá, eu passei por aquelas pessoas, fiz o mesmo que elas faziam todas as manhãs e subitamente abateu-se sobre mim a ideia chocante que podia ser eu a estar naquela estação naquele dia, ou em qualquer outro dia numa outra qualquer estação do mundo onde aparentemente deixámos de estar seguros.
Não consigo até hoje esquecer a imagem radiofónica da voluntária da Cruz Vermelha que explicava que os telemóveis dos cadáveres alinhados no cais da estação de El Pozo tocavam incessantemente.
Morreu a Maria de Jesús e alguns colegas da minha globalizada empresa ficaram também feridos. Eu não os conhecia mas nesse dia senti-me madrileno e lamentei não poder estar lá nas filas para dar sangue ou a ajudar no que fosse necessário
Muitas conclusões politicas podem tirar-se dos atentados de Madrid e algumas dessas estão neste preciso momento a ser discutidas na mesma cidade, no entanto, julgo que como sociedade falhámos em deixar claro aos terroristas que somos todos ao mesmo tempo prisioneiros e vitimas do sistema que eles querem destruir.
De qualquer forma e independentemente das razões que os levam a tentar matar-nos, tentemos todos lutar sempre pelo triunfo da liberdade e democracia mesmo que o tenhamos de fazer contra os nossos próprios políticos pois essa é a única forma de nos defendermos.
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