Nesta altura conturbada da nossa vida política e porque quero genuinamente saber quais as opiniões dos principais lideres partidários... resolvi endereçar-lhes um e-mail pelos seus blogs.... Aqui fica o e-mail em versão reduzida.
Boa noite,
Tenho 29 anos e considero-me um cidadão português bastante interessado na vida politica em geral e principalmente nas soluções que os partidos políticos preconizam para o País.
Gostaria portanto de lhe colocar algumas questões sobre matérias concretas que me têm vindo a levantar dúvidas no vosso programa e intervenções públicas. (...)
(...) esta mesma pergunta será igualmente endereçada ao outro candidato com possibilidade de formar Governo e terei todo o gosto (caso o autorize) de publicar as respostas no meu modesto blog (sim, toda a gente tem um blog...) em www.joseraposo.blogspot.com
Vamos às perguntas mais em formato de comentários:
1 - Vejo com algum interesse algumas opiniões que têm vindo a ser veiculadas pela comunicação social sobre a produtividade do país e dos seus trabalhadores. Nos mais variados quadrantes políticos existem diversas opiniões sobre este assunto mas tenho em crer que apesar da nossa produtividade ser ainda baixa, é uma das que mais cresceu na Europa dos 15. A minha pergunta vai no sentido de saber se considera a produtividade em sentido estrito - mais e mais depressa - ou se pelo contrário considera que estamos numa posição em que não podemos fazer apenas mais mas - mais e bastante melhor -. Isto porque como certamente concordará comigo a falta de produtividade do país e a falta de qualidade de muitos dos nossos produtos está na maior parte das situações relacionada com a má organização do trabalho ao invés do que muitas vezes se diz sobre a capacidade dos trabalhadores portugueses. Acha V. Exa. que a solução do problema da produtividade está na flexibilização das leis laborais e de salvaguarda social com recurso a alterações constitucionais ou na tomada de medidas que levem o patronato a melhor organizar-se, a tornar-se menos burocrático, inovando e criando soluções que não passem por andar de mão estendida ao governo? Entende ser possível a criação de institutos (eficazes) de apoio à organização empresarial que não passem pelo simples adiar de problemas que os subsídios acarretam?
2- Segundo creio já se fala em rever o pacto de estabilidade europeu à algum tempo em particular depois de países como a França e a Alemanha o começarem a quebrar. As razões pelas quais estes países o quebraram são bastante diferentes das nossas. Por cá temos um Estado demasiado gordo e pouco funcional e quem muita gente faz a mesma coisa ou onde o custo de um simples impresso é tão maior quanto maior for o numero de assinaturas, carimbos e repartições por onde passe. No entanto depois da nossa entrada para o Euro (momento em que calculo as nossas contas estavam equilibradas) fomos já ultrapassados pela Grécia, país que orgulhosamente indicávamos como o exemplo a não seguir até porque os tínhamos ultrapassado. A Grécia tem neste momento uma elevada (pelo menos por comparação com a nossa...) taxa de crescimento, os salários aparentemente crescem acima do valor da inflação e parece haver um novo dinamismo económico impulsionado pelos jogos olímpicos do ano passado. Mas esta mesma Grécia acaba de ser multada pela comissão europeia encabeçada pelo Dr. Durão Barroso em virtude de uma análise incorrecta de défices excessivos nos últimos anos. A minha pergunta pretende que V. Exa. me esclareça e a todos os que possam consultar o meu blog (um máximo de 5 ou 6 pessoas...) se a nossa excessiva paranóia com o défice não nos terá deixado para trás pois a falência das finanças públicas criou um brutal travão ao consumo privado. Ou seja, não teria sido melhor corrermos o risco de sermos multados por Bruxelas num determinado ano mas ainda assim fazer as reformas necessárias à criação de um estado protector mas mais magro em vez de recorrermos às constantes receitas extraordinárias que lesam o estado por alienação do "nosso" património? E teremos aproveitado bem o fenómeno Euro2004?
3- Julgo que durante a última legislatura foram autonomizados os hospitais públicos com o objectivo de melhor gerir cada unidade o que provavelmente será bastante mais eficaz do que gerir o serviço nacional de saúde como um todo. No entanto o que importa saber é qual a prioridade para a nossa saúde. A prioridade reside em permitir que todos os portugueses possam de forma tendencialmente gratuita aceder aos melhores cuidados de saúde com a maior rapidez possível, ou se a prioridade é cortar nos custos. Julgo que eu e todos os portugueses não podem considerar aceitável que se percam vidas porque não há meios de assistência suficientemente rápidos ou porque existe algum tipo de terapia algures mas que ainda não está disponível em Portugal. Considero também inaceitável o grave problema da formação de clínicos portugueses. (...)
4 - Muito se tem falado de pactos de regime e a haver algum parece-me essencial que ele possa ocorrer na Educação. Certamente tem conhecimento, como tantos portugueses começam a ter, que estamos a anos-luz da formação fornecida noutros países. Neste momento temos cada vez mais licenciados em cursos que em nada servem o país, e os que não são doutores cada vez mais engrossam uma força de trabalho não qualificada mas que faz de tudo um pouco. Recordo-lhe um estudo lançado à uns anos atrás que dava uma percentagem muito elevada de iletrados e que ia ainda mais longe e indicava uma também bastante elevada percentagem de portugueses que não conseguiam desempenhar qualquer tarefa de carácter técnico. Ora num país cada vez menos rural isto é uma situação preocupante. A educação básica é bastante fraca e o reflexo dela vê-se todos os dias nas universidades. Considera que devemos continuar a aferir da qualidade dos nossos estudantes de acordo com a cultura de livros que conseguem obter ou de acordo com a capacidade de raciocínio que desenvolvem com as ferramentas que lhes são fornecidas? Considera que a aposta na educação deverá estar ligada à quantidade que cursos disponíveis ou à quantidade de cursos de profissões que o país precisa e que de certa forma possam garantir um emprego?
Estas são apenas algumas das minhas dúvidas que sinceramente gostaria que me esclarecesse
Desde já o meu Obrigado
Cumprimentos
José Manuel Raposo
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