terça-feira, setembro 18, 2007

Gente com tomates


O regresso à rotina de depois de umas merecidas férias. Claro está que a doutrina diverge. Haverá quem me ache um vulgar calão que nem férias merece, mas por enquanto vou preferindo a minha fundamentada opinião sobre o bem que as férias fazem. Aliás, quase é bom trabalhar só para se poderem ter férias.
Desta vez por lado diferentes, ou nem por isso. Novamente Espanha, ou melhor, sempre Espanha, mas por motivos diferentes. Valência e depois Buñol, porque não existem tomates noutras paragens (acho eu). Uma guerra alimentar é algo que é capaz de ferir a mais violenta sensibilidade dos moços dos transgénicos, mas a verdade é que é bem interessante.
Os tomates são apenas uma parte de uma festa, ou antes o seu auge. Últimas quartas-feiras de Agosto de todos os anos, desfilam pelas ruas ínfimas de Buñol, vários camiões carregados de toneladas de tomates maduros (alguns nem por isso) que a custo se movimentam pela multidão de ingleses, americanos, mexicanos, japoneses e uns poucos mas orgulhosos e divertidos portugueses. Sim, os espanhóis parecem ser poucos. Já diz o ditado, em casa de ferreiro…
Uma simples hora, que na realidade é uma eternidade tomatal, acompanhada que é de um pau ensebado com bónus (um jamón como não podia deixar de ser) de umas cañas de litro e de uns bocadillos, logo a seguir de um apinhado Toma-Tren para lá chegar.
Uma festa popular é certo, mas com dress code. A banca que anuncia o Kit Tomatina não o desmente. Uns óculos de mergulhador, uma toca amarela e uma máquina fotográfica descartável com protecção aquática, são acessórios obrigatórios à protecção dos convivas, assim como ao registo para a posteridade. Mas a tomatina é mais que tomates. É também água. Muita água, bem fria e de alta pressão. É também chinelos voadores, concurso mister t-shirt molhada e voadora, mas também concurso de máscaras, sejam elas bananas, vestidos de noiva, quimonos ou simplesmente a farda “Até Já” da TMN.
Uma hora de encontrões e empurrões e a rara oportunidade de levar com muitos mais tomates do que aqueles que se conseguem atirar aos demais e manter um sorriso na cara. Completamente encharcados, com uma coloração excepcionalmente avermelhada e a sentir a pele a estalar à medida que o sol começa a fazer secar o tomate, regressamos ao comboio apinhado e a Valência com a sensação de dever cumprido.
Não é totalmente errado pensar que por aqui se atiram tomates. É preciso tê-los para se participar neste evento e sobreviver incólume :)






1 comentário:

Nuno Guronsan disse...

Já tenho saudades... Especialmente daquele maravilhoso odor a tomate... e ainda hoje tenho arrepios de cada vez que tenho de tomar banho... :)