quarta-feira, setembro 26, 2007

Um rio de cultura atomatada (3)


Desta vez o tempo era pouco e por isso a fatal viagem de Bus Turistic tinha de ocorrer, pois não houve oportunidade para entrar em museus e monumentos. A volta não é como a de outras cidades. É bem mais pequena e não são muitas as paragens, pelo que o tradicional hop on - hop off não resulta tão bem.
Valência é a terceira cidade de Espanha em termos de área metropolitana. Mas o seu centro histórico é muito condensado na margem direita de um cotovelo que o Túria escavou. Nesta zona, estão todos os monumentos dos quais se destaca La Lonja, uma igreja encimada por uma pomba na sua torre, onde os pais que abandonavam os filhos ao cuidado da igreja, pediam que olhassem para cima enquanto eles se escapuliam pelas ruas estreitas. O Mercat Central, um edifício com uma estrutura em ferro ornamentado por vitrais e azulejos coloridos. Ou as duas torres que em tempos foram porta de entrada da cidade, a Torre de Serranos e a Torre de Quart. As torres são respectivamente dos séculos XIV e XV, mas as primeiras estão tão bem conservadas que parecem ser bem mais recentes. Já as Torres de Quart mostram os sinais do tempo e também as marcas do avanço das tropas napoleónicas sobre a cidade, durante a Guerra da Independência espanhola. Passando por baixo desta, a Carrer de Quart e depois a Carrer de Caballeros levam-nos ao centro da cidade, à Praça da Virgem e a toda a zona comercial.
Mas por mais estranho que pareça, voltamos sempre ao rio, porque é no rio, ou pelo menos em parte do seu antigo leito que reside desde 1998 a nova jóia da coroa valenciana. A Ciutat de les Artes i de les Ciences, obra do nosso também já familiar Calatrava e que ocupa uma área relativamente extensa da zona leste da cidade, a caminho do porto e do mar. A volumetria dos edifícios e mas ao mesmo tempo a sua harmonia é impressionante. O complexo possui várias estruturas, L’ Hemisféric (uma espécie de cinema 3D/360º/Imax), L’ Umbracle (uma estrutura ajardinada), L’ Oceanográfic (um aquário como o de Lisboa mas com partes ao ar livre), Palau de les ciènces Príncipe Felipe (um Visionarium ou um pavilhão do conhecimento) e O Palau de les Arts Reina Sofia (ainda não está pronto mas será composto de museus e salas de espectáculos). Valência não deu para mais, mas ainda assim poderia escrever mais uns seis posts. Não terá sido uma cidade surpreendente e nalguns aspectos é capaz de ter deixado algo a desejar, mas tenho confiança que talvez apreciada com mais calma a cidade possa ter outro encanto. Até sempre.


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