segunda-feira, maio 02, 2005

Ground Zero

Independentemente das opiniões que tenhamos sobre a arrogância americana ou sobre o papel dos americanos no mundo não podemos ficar indiferentes ao imenso espaço agora vazio do ground zero. Afinal os americanos comuns ou os imigrantes que ali morreram, tal como os portugueses ou outros estavam apenas a tentar safar-se, assim como dar uma vida melhor as suas famílias.

Para mim não é possível imaginar agora uma américa sem o 11 de setembro ou uma new york sem aquela gigantesca ferida física para além de psicológica. Talvez as coisas fossem diferentes antes dos atentados, mas esta américa que vimos com os nossos olhos, é uma américa em pânico e ainda um bocado em histeria colectiva em relação a uma segurança a que não está habituada na sua própria casa.

No interesse de todo o mundo livre (onde nós tb nos incluímos, por mais estranho que isso possa parecer a alguns americanos,..) seria útil que a américa olhasse um pouco para dentro e tentasse perceber a razão dos seus erros.

Junto à zona do WTC há uma pequena capela (St Paul's chapel) que juntamente com o ground zero se tornou um local de comemoração dos heróis americanos do dia da tragédia. Temos alguma dificuldade em perceber em que foram heroís mas se calhar é melhor chamar-lhes heróis e não mártires... Nesta capela foi onde descansaram e receberam refeições polícias e bombeiros que se encontravam nas operações de busca. O jardim com cemitério desta capela ficou tão danificado que só reabriu em 2003.

Neste momento existem ainda prédios de 40 e poucos andares que se encontram de tal forma danificados que terão de ser demolidos antes de avançar o projecto para aquela zona, mais um tributo à ambição humana que pretende voltar a ser o mais alto edificio do mundo.

De volta à capela além de inúmeros objectos daqueles dias (que tb podem ser encontrados noutras zonas da cidade) realiza-se um pequeno serviço religioso de evocação e recordação de todos os que morreram. Cada um de nós tê-lo-á sentido de formas diferentes.

Eu optei por esquecer as palavras que ouvi sobre "o apoio aos nossos líderes e as forças no iraque" e senti o silêncio que se seguiu com alguma emoção, e achei que a pequena capela e a simplicidade do acto traduziam uma infíma parte da mágoa que continua a haver nesta cidade.

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