Nos últimos anos têm-se ouvido e lido os mais variados disparates sobre o regime de acesso ao ensino superior para maiores de 23 anos.
Os argumentos têm servido para tudo. Desde criticar este governo porque existe acesso, criticar este governo porque não existe mais acesso, criticar os malandros que não estudam, criticar os malandros que não estudam mas passam de ano. Criticar os malandros porque não estudam e não passam de ano apesar das facilidades que este governo lhes dá. Uns porque não têm a instrução primária, outros porque ocupam o lugar dos pobres esforçados estudantes que a custo conseguiram concluir o secundário, contra todas as adversidades do estatuto do aluno.
Já se leu em parangonas de uns jornais que o ensino superior apenas vive à conta dos maiores de 23 e há algumas semanas (não tinha tido ainda tempo para escrever sobre isto) surgiu esta notícia sobre os desanimadores resultados dos maiores de 23, além de se ter concluído que estes não estão nos cursos que garantem mais e melhores empregos.
Não vou, como se imagina, abordar as injustiças, absurdos e cavalidades dos comentários a este artigo até porque a minha vida mudou, para melhor, no dia em que deixei de ler os comentários que os jornais gentilmente disponibilizam nas suas páginas, uma vez que tudo é possível ser resumido à expressão: “Eu farto-me de trabalhar, aliás sou mesmo a única pessoa que trabalha neste país e o resto é uma cambada de malandros e chupistas que vivem à conta dos meus impostos e tu (quem quer que sejas) és de certeza um palhaço...”
Importa portanto separar as águas e desmistificar algumas ideias.
Em primeiro lugar que as pessoas que se candidatam ao ensino superior por esta via simplesmente o fazem por não terem tido sucesso por qualquer outra via ou até nem terem tido sucesso noutros níveis de ensino. Esta afirmação é falsa e uma análise cuidada dos níveis de ensino das pessoas que se candidatam revelaria uma surpresa para alguns. Claro que tecnicamente nada impede os detentores do primeiro nível do ensino básico de se candidatarem, mas muitos, senão a maioria dos candidatos, concluiu com sucesso o nível secundário e alguns possuirão mesmo frequência universitária mas por razões pessoais várias afastaram-se dos estudos. Outros têm níveis de escolaridade pelo 10º, 11º ou 12º anos, muitos apenas com falta de algumas cadeiras. O número de candidatos com baixos níveis de escolaridade apesar do que se pretende fazer crer, é residual e quase inexpressivo.
A ideia de os candidatos serem gente iletrada, até algo burrinha leva a outra ideia corrente que é igualmente falsa, a de que para entrar é só facilidades. O fim do Ad Hoc como o fim de uma generalidade de coisas neste país, geram sempre uma legião de saudosistas do pior, que passam a vida a dizer que no antigamente é que eram exigentes e agora é tudo uma bandalheira facilitista. Ora o Ad Hoc foi substituído no que aos maiores de 23 diz respeito por provas com base em bibliografia própria de cadeiras de iniciação ou consideradas basilares ao curso. O que é que isto quer dizer? Quer dizer que se porventura alguém dos tais da instrução primária pretender candidatar-se a engenharia aeronáutica porque acalenta desde criança o sonho de fazer aviões porque era muito jeitoso a fazê-los em papel, há uma elevadíssima probabilidade de não conseguir entrar se porventura não concluir com sucesso a prova de matemática que o IST lhe apresentar…
Logo se podemos concluir que não são todos malandros e que tb não são só facilidades, então não há maneira de dizer que o Ensino Superior vive à conta dos maiores de 23.
Os argumentos têm servido para tudo. Desde criticar este governo porque existe acesso, criticar este governo porque não existe mais acesso, criticar os malandros que não estudam, criticar os malandros que não estudam mas passam de ano. Criticar os malandros porque não estudam e não passam de ano apesar das facilidades que este governo lhes dá. Uns porque não têm a instrução primária, outros porque ocupam o lugar dos pobres esforçados estudantes que a custo conseguiram concluir o secundário, contra todas as adversidades do estatuto do aluno.
Já se leu em parangonas de uns jornais que o ensino superior apenas vive à conta dos maiores de 23 e há algumas semanas (não tinha tido ainda tempo para escrever sobre isto) surgiu esta notícia sobre os desanimadores resultados dos maiores de 23, além de se ter concluído que estes não estão nos cursos que garantem mais e melhores empregos.
Não vou, como se imagina, abordar as injustiças, absurdos e cavalidades dos comentários a este artigo até porque a minha vida mudou, para melhor, no dia em que deixei de ler os comentários que os jornais gentilmente disponibilizam nas suas páginas, uma vez que tudo é possível ser resumido à expressão: “Eu farto-me de trabalhar, aliás sou mesmo a única pessoa que trabalha neste país e o resto é uma cambada de malandros e chupistas que vivem à conta dos meus impostos e tu (quem quer que sejas) és de certeza um palhaço...”
Importa portanto separar as águas e desmistificar algumas ideias.
Em primeiro lugar que as pessoas que se candidatam ao ensino superior por esta via simplesmente o fazem por não terem tido sucesso por qualquer outra via ou até nem terem tido sucesso noutros níveis de ensino. Esta afirmação é falsa e uma análise cuidada dos níveis de ensino das pessoas que se candidatam revelaria uma surpresa para alguns. Claro que tecnicamente nada impede os detentores do primeiro nível do ensino básico de se candidatarem, mas muitos, senão a maioria dos candidatos, concluiu com sucesso o nível secundário e alguns possuirão mesmo frequência universitária mas por razões pessoais várias afastaram-se dos estudos. Outros têm níveis de escolaridade pelo 10º, 11º ou 12º anos, muitos apenas com falta de algumas cadeiras. O número de candidatos com baixos níveis de escolaridade apesar do que se pretende fazer crer, é residual e quase inexpressivo.
A ideia de os candidatos serem gente iletrada, até algo burrinha leva a outra ideia corrente que é igualmente falsa, a de que para entrar é só facilidades. O fim do Ad Hoc como o fim de uma generalidade de coisas neste país, geram sempre uma legião de saudosistas do pior, que passam a vida a dizer que no antigamente é que eram exigentes e agora é tudo uma bandalheira facilitista. Ora o Ad Hoc foi substituído no que aos maiores de 23 diz respeito por provas com base em bibliografia própria de cadeiras de iniciação ou consideradas basilares ao curso. O que é que isto quer dizer? Quer dizer que se porventura alguém dos tais da instrução primária pretender candidatar-se a engenharia aeronáutica porque acalenta desde criança o sonho de fazer aviões porque era muito jeitoso a fazê-los em papel, há uma elevadíssima probabilidade de não conseguir entrar se porventura não concluir com sucesso a prova de matemática que o IST lhe apresentar…
Logo se podemos concluir que não são todos malandros e que tb não são só facilidades, então não há maneira de dizer que o Ensino Superior vive à conta dos maiores de 23.
Infelizmente não existem estatísticas, ou aparentemente eu não as consigo encontrar, ditas oficiais. Aliás a notícia do P que atrás refiro é um claro indicador dessa tendência. Ainda assim não é possível justificar que em três anos entraram 30.000 alunos pelos maiores de 23 até porque faltam nas contas do P um ano porque são quatro anos lectivos e não três, sem atribuir a este valor absoluto uma percentagem relativa ao total de alunos que no mesmo período entrou no concurso geral de acesso e que pelas minhas contas terá sido de aproximadamente 186.000 alunos (pegando apenas no número de vagas de 2004), ou seja, mais coisa, menos coisa 16,5% dos alunos são maiores de 23.
É um número considerável perante valores quase inexistentes em 2004, mas será possível, ainda que demos de barato que estes valores estão correctos, afirmar que as universidades vivem à conta dos maiores de 23?
É um número considerável perante valores quase inexistentes em 2004, mas será possível, ainda que demos de barato que estes valores estão correctos, afirmar que as universidades vivem à conta dos maiores de 23?
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