Dito isto, importa perceber o óbvio, a razão pela qual os cursos que os maiores de 23 seguem, não serem os cursos com maior empregabilidade. Mas creio que a questão não pode ser colocada dessa forma se antes não pensarmos se os cursos que a generalidade dos estudantes opta por seguir são, ou não, os de maior empregabilidade. Senão qual é o sentido de se achar por bem comparar os resultados dos maiores de 23 com os dos restantes estudantes, mas achar que sobre estes recaía a responsabilidade especial de escolherem cursos de fortes níveis de empregabilidade? Não faz sentido, pois não? Alguém já se lembrou de perguntar aos alunos saídos do secundário porque vão para Antropologia e não para Engenharia aeronaútica? Então porque razão colocar essa questão aos maiores de 23?
Claro que os cursos escolhidos não são os de maior empregabilidade, e em muitos casos nem sequer são os cursos que em outros contextos as mesmas pessoas acabariam por escolher. Mas são em muitos casos os cursos possíveis, limitadas que estão as áreas devido ao percurso que se teve no secundário, mas também aqueles que por conveniência de proximidade ao trabalho, disponibilidade horária pós laboral ou outra qualquer razão, as pessoas acabaram por escolher, tenham ou não muita empregabilidade. Afinal o que parece importar é o canudo e não bem o que se faz com ele.
Mas não haja ilusões, estas universidades que aparentemente viveriam à custa dos maiores de 23, não estão objectivamente preparadas para os receber, nem tão pouco as empresas estão disponíveis a assegurar o que legalmente lhes compete do estatuto de trabalhador estudante.
O pedido de estatuto é sempre boa razão para torcer o nariz. Inexplicavelmente este é um efeito que se produz nas chefias e nos colegas, mas isso são contas de outro rosário…
As universidades estão organizadas em torno de estudantes que é suposto irem às aulas todos os dias, no eterno conflito entre avaliação contínua (bom) e avaliação final (mau). Os professores continuam a ficar muito maçados com essa coisas de as pessoas só terem disponibilidade para aparecer no exame final, mesmo que tenham dispensado muito do seu tempo para estudo individual em casa.
Bolonha apenas veio dar uma mãozinha a esta dificuldade. A existência, mais ou menos permanente, de trabalhos, todos eles de grupo, é incompatível com um emprego e a flexibilidade / tolerância dos professores para encontrar soluções alternativas deixa um pouco a desejar. Especial perplexidade quando o esforço da avaliação contínua não parece justificar em termos de resultados, quando comparados com os de avaliação final.
Mas nem todas as responsabilidades podem ser das universidades, dos percursos de vida das empresas ou simplesmente do sistema, esse é responsável noutras problemáticas…
Há também responsabilidades dos próprios estudantes maiores de 23. A ideia que isto agora são só facilidades também está presente dentro das cabeças dos que pretendem voltar a estudar e completar ou iniciar um curso superior. As pessoas têm alguma dificuldade em adaptar-se a diferentes ritmos, principalmente de estudo, que entretanto perderam. Mas também têm dificuldade em entender qual o melhor momento para voltar a estudar. Não se preparam pessoalmente, não preparam as suas empresas ou chefias, não preparam as famílias, não preparam os seus orçamentos e não estão dispostas a fazer grandes sacrifícios nas suas vidas pessoais e a mudar rotinas. E isso reflecte-se no desaparecimento após as primeiras semanas de aulas e naturalmente em muitos maus resultados.
Ainda assim não posso considerar uma má iniciativa o regresso à escola através deste processo dos maiores de 23. Faz sentido que a formação ao longo da vida continue a ocorrer, para mais não seja porque a formação pode nem sempre estar relacionada com a empregabilidade, mas apenas com o cumprimento de metas e objectivos pessoais.
Utilizando uma expressão conhecida, deixem as pessoas trabalhar em paz... Os maiores de 23, 30 ou 35 são pessoas normais com objectivos normais como todos os outros, independentemente da opinião fervorosa dos adeptos dos comentários venenosos do costume e independentemente dos resultados do estudo aqui apontado. Que este sirva para apontar caminhos e soluções para um maior sucesso e não apenas para constatar que é dificil voltar à escola.
O pedido de estatuto é sempre boa razão para torcer o nariz. Inexplicavelmente este é um efeito que se produz nas chefias e nos colegas, mas isso são contas de outro rosário…
As universidades estão organizadas em torno de estudantes que é suposto irem às aulas todos os dias, no eterno conflito entre avaliação contínua (bom) e avaliação final (mau). Os professores continuam a ficar muito maçados com essa coisas de as pessoas só terem disponibilidade para aparecer no exame final, mesmo que tenham dispensado muito do seu tempo para estudo individual em casa.
Bolonha apenas veio dar uma mãozinha a esta dificuldade. A existência, mais ou menos permanente, de trabalhos, todos eles de grupo, é incompatível com um emprego e a flexibilidade / tolerância dos professores para encontrar soluções alternativas deixa um pouco a desejar. Especial perplexidade quando o esforço da avaliação contínua não parece justificar em termos de resultados, quando comparados com os de avaliação final.
Mas nem todas as responsabilidades podem ser das universidades, dos percursos de vida das empresas ou simplesmente do sistema, esse é responsável noutras problemáticas…
Há também responsabilidades dos próprios estudantes maiores de 23. A ideia que isto agora são só facilidades também está presente dentro das cabeças dos que pretendem voltar a estudar e completar ou iniciar um curso superior. As pessoas têm alguma dificuldade em adaptar-se a diferentes ritmos, principalmente de estudo, que entretanto perderam. Mas também têm dificuldade em entender qual o melhor momento para voltar a estudar. Não se preparam pessoalmente, não preparam as suas empresas ou chefias, não preparam as famílias, não preparam os seus orçamentos e não estão dispostas a fazer grandes sacrifícios nas suas vidas pessoais e a mudar rotinas. E isso reflecte-se no desaparecimento após as primeiras semanas de aulas e naturalmente em muitos maus resultados.
Ainda assim não posso considerar uma má iniciativa o regresso à escola através deste processo dos maiores de 23. Faz sentido que a formação ao longo da vida continue a ocorrer, para mais não seja porque a formação pode nem sempre estar relacionada com a empregabilidade, mas apenas com o cumprimento de metas e objectivos pessoais.
Utilizando uma expressão conhecida, deixem as pessoas trabalhar em paz... Os maiores de 23, 30 ou 35 são pessoas normais com objectivos normais como todos os outros, independentemente da opinião fervorosa dos adeptos dos comentários venenosos do costume e independentemente dos resultados do estudo aqui apontado. Que este sirva para apontar caminhos e soluções para um maior sucesso e não apenas para constatar que é dificil voltar à escola.
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