segunda-feira, julho 23, 2007

O miolo

Anda para aí tudo sempre aos gritos e depois no final acaba por se perceber que não havia necessidade. Parece que se vai tirar o pai da forca ou que nos querem tirar as tripas pelo nariz e depois assinam acordos com o governo, e ainda por cima têm a lata de dizer que se não fossem bons acordos não teriam assinado. Palavras do Sr. Picanço.
E é mesmo isso que estão todos a fazer e não percebo bem a razão de tanto drama. Sindicatos e governo sabem que tal como está não pode ficar e ambos sabem também que têm de fazer render o seu peixe da melhor forma a pressionar a outra parte, a aceitar o que pretende, para que no final todos saibam que aquilo que se vier a assinar acaba sempre por ficar a meio caminho.
Afinal o governo não é o demónio, nem todas as propostas que lança visam depauperar os já vilipendiados e defraudados funcionários públicos. Algumas das medidas são simplesmente justas, ao ponto de com uns toques aqui e ali os sindicatos (ou pelo menos parte deles) as considerarem boas.
Não há razão para os bons apelidos que aqui e ali se vão chamando a uns e a outros. Os sindicatos fazem manifestações e fazem muitas. O Governo não faz, mas era o que mais faltava que não optasse igualmente por manter uma posição negocial forte.
Cá para mim parece-me tudo perfeitamente normal, parece-me que é assim que o sistema funciona e até é conveniente que assim continue a funcionar. As grandes hegemonias nacionais cheiram-se sempre muito mal. A virtude está sempre no miolo…

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