sexta-feira, julho 27, 2007

Imprevisível

Não há maneira de ignorar Sarkozy. O presidente francês não voltará a deixar que a França, em tempos no centro das decisões europeias e uma opinião a ter em conta no panorama internacional, volte à situação para a qual se deixou arrastar no segundo mandato de Chirac.
A crise social francesa não está resolvida. As reformas não estão feitas e a oposição de rua ainda nem desfraldou as bandeiras, mas Sarkozy tenta recolocar a França no mundo de forma a que isso ajude dentro de portas, uma vez que os franceses são muito susceptíveis ao papel do país na diplomacia internacional e viam com desagrado a perda de influência.
Nessa estratégia tudo serve. Até a primeira-dama francesa pode dar uma mãozinha nas negociações, até porque tem pinta de quem impressiona um qualquer ditador ranhoso do terceiro mundo.
Sarkozy é ainda em grande medida uma incógnita, mas além de obliterar completamente a presidência portuguesa da União, aposta em opiniões fortes sobre o panorama internacional que naturalmente não lhe irão granjear bons amigos. Aliás, até será difícil perceber, se do outro lado do atlântico, o renovado amigo americano, gostará de saber que Sarkozy reconhece a necessidade de se estabelecer parcerias com países árabes para o desenvolvimento de energia nuclear, numa óptica de produção de energia para o futuro, mas que na realidade é uma grande negociata para as empresas francesas.
Depois das opiniões manifestadas sobre o “suposto” bloqueio da Polónia nas negociações sobre o tratado, depois da sua objecção total à entrada da Turquia na União, depois da parceria nuclear com a Líbia, seguem-se as FARC na Colômbia e qualquer dia o Nobel, mas mesmo assim Sarkozy continuará a ser imprevisível.

1 comentário:

J. P. disse...

parece sócrates na 1ª metade do mandato. até quando?