sexta-feira, julho 07, 2006

Coluna Vertebral

Confesso que até gostava do Freitas mesmo quando discordava dele.
Isto sem gente como o Freitas, começa a ser cada vez mais ocupado por tecnocratas sem piada nenhuma, que nunca dizem nada de jeito sem perguntarem aos assessores como vai ficar a sua imagem nas sondagens. É uma profunda seca.
Ao Freitas pelo menos ninguém punha a pata em cima. Inconveniente, controverso e por vezes arrasador mesmo para com o próprio governo em que participava.
Muito diferente do amorfismo característico dos ministros dos últimos 20 anos em que parece que o cérebro começa imediatamente a perder capacidades, mal assinam o documento da tomada de posse.
Um bom ministro hoje em dia quer-se acrítico, apolémico e pau mandado. E depois se a coisa correr mal pode sempre apontar-se-lhe o dedo e mandá-lo pastar.
Freitas estava marcado para sair até porque não era compatível com o resto do governo. Tornou-se demasiado visível para poder continuar.
Aparentemente está mesmo doente e é mesmo impossível ser MNE com problemas de coluna, mas essa foi apenas a desculpa que Freitas precisava para se livrar de Sócrates, cujo politicamente correcto já não suportava. Este ultimo agradece os problemas na cervical e vai mudando aos poucos a coluna vertebral do governo.

3 comentários:

cuotidiano disse...

Será que, da mesma maneira que Freitas estava com um Sócrates entalado na coluna, Sócates teria um Freitas entalado em qualquer outro lado?

Pelo menos, sabe-se que Freitas foi a um ortopedista para poder continuar a manter a coluna direita (retirando Sócrates).

E em relação a Sócrates, será que foi a um proctologista para remover Freitas?

José Raposo disse...

Sou favor´vel à teoria de um Freitas entalado num Sócrates... e por lá ficará por muito tempo..

Anónimo disse...

Acho que sim!
Fizeste de forma desapaixonada um bom elogio ao Freitas!
Eu, como apreciador do Senhor, agradeço!

Freitas será (embora nunca reconhecido como tal pelas massas) um dos políticos de referência do pós-revolução em Portugal!
E sê-lo-á (já tenho acentos..VIVA)exactamente pelos predicados que lhe apontaste:
porque NÃO É: amorfo, acrítico, cinzento, seguidista!
Freitas É: o político por excelência e assume a sua essência de fazer política.
Freitas tem tudo: é competente na sua esfera de actuação. Sabe o que é ser português...e o que significa e vale Portugal no Mundo. Não se dedica a questínculas e fait-divers. É honesto. Comete erros. Não tem medo. Usa a política para o bem público e sabe servir a causa pública. Não se serve da política. Sabe o que quer. É culto sem ser superior. Não usa a cultura ou o intelectualismo como forma de fazer política ou de se "destacar". Sabe ler o momento (logo também seria um bom "treinador" se o deixassem). Desagrada à esquerda e desagrada à direita...logo é suficientemente independente..para todos (teoricamente) podermos confiar nele!