quarta-feira, maio 31, 2006

Talvez mais tarde

A vida nos grandes empresas como a minha (minha, como forma de falar…) faz-se de reuniões, discussões mais ou menos criativas sobre formas mais ou menos nobres de fazer mais dinheiro.
Mas como estas actividades são tão frequentes, surgem por vezes conflitos que quase sempre resultam no reagendamento destas actividades.
Seguindo o nobre exemplo dos nossos parlamentares, estou já a motivar alguns colegas para pedirmos à administração que “o” trabalho possa ser reagendado para depois do Portugal-México.

terça-feira, maio 30, 2006

O dedo que adivinha

Ou eu acabo de descobrir um dedo que adivinha ou o recente relatório da Opel sobre a unidade da Azambuja vai acabar por se resolver na assinatura de um protocolo numa cerimónia pública cheia de ministros...

Momentos Redondos...

O meu calção é mais florido que o teu

Aí está aquilo que estávamos ansiosamente à espera...
O calor deste fim-de-semana confirmou sem qualquer margem para dúvida que o calção e o chinelo estão de volta. E meus senhores, que pujança, que força interior, que estilo, que coragem a destes portugueses...
O calção exibe-se em vários modelos: mais Fashion de ganga com griffe para contentamento de metrossexuais e jovens de 13 anos já frustrados com o último Elite Model Look. Desportivos com um ar modernaço, ainda que em tamanho XXL. À Pirata em cor Mãe de Santo, transparentes quanto baste para se ver o interior (?!?!?). De piscina para irem andado e o calção se ir enfiando no rego do cu. Havaianos em padrões floridos de mão cheia, em cores berrantes, numa luta desenfreada pelo choque visual e em modelo exclusivo para senhora, de algodão para a celulite não se sentir presa e facilmente poder ser identificada do exterior.
Mas ainda mais importante nesta altura do ano é o incessante arrastar de pé chinelado e o som de borracha arrastada na terra que por agora se faz sentir.
A chinela Havaiana vinga. Muito provavelmente porque o seu peso permite um melhor arrastar, porque a acústica é melhor e porque são brasileiras onde já se arrastam pés há muitos anos. Não é de desprezar a quota de mercado do chinelo étnico que ganha cada vez mais adeptos entre as classes mais jovens. Mas dos seus inúmeros modelos o que eu prefiro é o modelo chinelo de transporte público. Em couro, (manda o protocolo que o chinelo havaiano não é bem-vindo no transporte público), com ou sem meia, sempre com uma tira sobre o peito do pé, deixando toda a parte da frente livre, fresca e arejada... para a próxima cagadela de cão...

Tem de ser...

Às vezes tem mesmo de haver uma pausa.
Prometo responder a todos os comentários que possam estar pendurados, mas a seu tempo lá irei. Agora é de todo impossível.

sexta-feira, maio 26, 2006

Longe da estabilidade

A título excepcional e por manifesta indisponibilidade de actualizar dois blogues, deixo aqui o link para o último post colocado por mim no Dolo.

terça-feira, maio 23, 2006

segunda-feira, maio 22, 2006

Quem te viu...

Claramente é o Emídio Rangel a melhor pessoa para invocar a ética jornalistica...

A (tradicional) agenda escondida dos jornalistas

Isto é uma democracia, e por isso é possível que ocasionalmente possam subir à tribuna da comunicação social, pessoas que se divertem a criticar os próprios meios onde escrevem e que outros colocaram à sua disposição, aproveitando essa possibilidade para destilar os seus pequenos ódios mesquinhos, que por razões que apenas saberão intimamente responder, nutrem pelos mais variados sectores da sociedade (sim, os homossexuais fazem parte da sociedade).
É um problema de discernimento mental. É um problema quanto à utilidade do que escrevem, como meio para a defesa de uma sociedade que imaginam. Quase sempre uma sociedade em que falta o respeito pelo ser humano (por todos os seres humanos ou apenas por alguns que têm alguma cor, género, deficiência ou estilo de vida diferente) respeito pelos outros, que ao contrário dos galões que constantemente puxam é capaz de ser o verdadeiro legado da civilização ocidental ao contrário da civilização "judaico-cristã" que tantas vezes lhes enche as medidas.
A falta de uma lógica racional no pensamento de João César das Neves é impressionante, não se conseguindo perceber outra razão que não o simples ódio a outros que não seguem os seus doutos ensinamentos, para justificar que se porventura a violência e o racismo fossem também considerados "doenças genéticas" o sentimento em relação a estas manter-se-ia, e que por isso, na opinião de JCN se justifica a manutenção do preconceito em relação à homossexualidade.
É importante que JCN perceba que o comportamento cobarde que alimenta a violência e o racismo não é partilhado pelos homossexuais. Não é do interesse dos homossexuais que o JCN seja homossexual nem tão pouco preto, ou imigrante, e muito menos mulher para que possa alguma vez compreender a naturalidade das escolhas que aparentemente nunca teve de fazer ao longo da vida. Mas é também importante que JCN perceba que não corre o risco de ser apedrejado ou espancado numa qualquer viela escura, por um qualquer grupo de cobardes, só por não partilhar o respeito pelos homossexuais.
Pelo contrário, a opção, genética ou outra, que os homossexuais estupidamente insistem em manter de irem para a cama uns com os outros, e imagine-se só, de ter as suas relações emocionais reguladas por um estado de direito, por oposição a uma sociedade livre desses demónios por ser maioritariamente heterossexual, é na realidade muito mais corajosa porque não reivindica estilos de vida para a sociedade em geral ou até para o JCN, mas respeito pelo estilo de vida que optaram seguir e para o qual não necessitaram de estudos suecos sobre as feromonas via olfacto ou da autorização do Bispo das Neves.
"(…) a atitude sexual está longe de ser um instinto acéfalo absolutamente incontrolável. Cada um de nós, pessoas racionais, continua a poder determinar a sua vida de forma autónoma." Daí resulta que houve pessoas racionais que decidiram, voluntariamente ou influenciadas pelos seus genes por não optar pelas mesmas escolhas que o JCN, ainda que este insista em apelar à discriminação de mais um grupo de portugueses que todos os dias lidam com a ignorância de pessoas como o JCN, ao comparar os supostos genes defeituosos dos homossexuais aos genes defeituosos daqueles que sofrem de Mongolismo.
É indiferente a opinião que JCN manifesta sobre a milenar compreensão da igreja católica sobre os homossexuais ou sobre a forma vil como os jornalistas querem que no país todos se tornem paneleiros, forçando ou extrapolando o aparecimento de estudos sobre o assunto.
"Há cem anos o racismo era normal, e a homossexualidade aberrante. Hoje inverteram-se as situações." A realidade é que JCN acha tão normal a discriminação que até compreende que as posições se invertam sem que ele (JCN) precise de se incomodar particularmente. Afinal a posição de superioridade moral que a milenar compreensão da igreja católica sobre estes fenómenos sempre acabou por resolver, permite-lhe ter a certeza que uma fogueira resolveria esse chato problema se por acaso nela se pudesse queimar homossexuais e jornalistas.

Também se confirma

... que o procurador continua sem terminar um processo que deveria ser urgente e que ainda assim utilizou esses tão frequentes demónios que são os jornalistas, para veicular as suas conclusões preliminares...

sábado, maio 20, 2006

Confirma-se...

... A culpa é da PT e dos jornalistas... Falta responder qual o caminho que percorreram as facturas detalhadas até ao 24horas...

quinta-feira, maio 18, 2006

Peanuts...

Bruxelas investiga ajuda pública à Autoeuropa

Isto no final de contas deve dar saldo zero em aproveitamento para o país... mas não interessa, temos um grande investidor em Portugal.

quarta-feira, maio 17, 2006

Piscar de olho asiático


Este post representa a minha nova aposta para o aumento de visitas no site.
Os indianos apenas representam 1% das minhas visitas e estamos a falar de um país com 1 bilião de habitantes... é um mercado em que tenho de apostar...

Há dias assim...

I just can't get enough...

«Ei-los que partem!»

- Quelle est ta nationalité?
- Je suis portugais.
- C'est impossible, les portugais sont noirs.

Conversa imaginada, baseada na história veridica de um emigrante português no Luxemburgo na década de 60.

terça-feira, maio 16, 2006

A propósito do Campo Pequeño...

Que bela festa Ibérica...
O que ainda safa é que o Bizet e o dressage são franceses, e ficam lindamente intervalados com um faducho... Aranjuez, Severa e Sevilhanas com fartura e Flamenco com a faena do Pedrito.
Guernica e uma Simone sem Desfolhada.
E numa última tentativa de salvar a face, Tordo e a Sô Dona Amália (podia lá faltar), para logo de seguida vir D. Quixote e os Moinhos de vento... Já chega de festa por hoje...
Eu acho lindamente, mas depois não venham queixar-se nas esquinas que temos de defender o que é nosso, porque parece mal.

Où commence la banlieue ?

Numas pesquisas para o Dolo, dei de caras com um blog do Le Monde que coloca uma questão interessante e que pretendo explorar aqui.

Onde acaba Lisboa?

Onde começa o Subúrbio?

A questão é mais ou menos retórica, mas é interessante tentar perceber se existe mesmo uma fronteira, ou se o espaço do subúrbio e o da cidade não correspondem a realidades físicas mas sim sociais.

Ou então, se correspondem a realidades quer físicas quer sociais, mas não necessariamente nos limites geográficos das cidades.

Fica aqui o desafio aos que me visitam. Um desafio que espero poder alimentar de vez em quando.

É o sistema...

Mais um daqueles dias de profundo suburbanismo deprimente... Ao que tudo indica o Metropolitano de LISBOA não está a funcionar.
Nos comboios da unidade de suburbanos da grande LISBOA da CP ninguém parece conhecer essa informação e por isso os utentes daquilo que um dia poderia ser um verdadeiro sistema de transportes, vão à estação do metropolitano de Sete Rios e voltam para a estação CP de Sete Rios... é a voltinha higiénica...

segunda-feira, maio 15, 2006

SPS - Serviço Público Suburbano

Amanhã (dia 16) realiza-se no Auditório Municipal António Silva, no Shopping do Cacém, uma sessão de esclarecimento sobre as obras do Programa Polis.

A sessão tem início às 21h e contará com a presença dos Administradores da Sociedade CacémPolis e representantes da Câmara Municipal.

Quem estiver interessado deve comparecer...

Esta cidade está cheia de vacas...


Uma vaca com ovo a cavalo... - Via Sherpas

A bolsa do futebol

Falar duas vezes de futebol com um intervalo inferior a 24h, é capaz de ser estranho por estas bandas. Mas é capaz de se tornar comum no próximo mês... Não sou grande fã de futebol, mas começo a ver o fenómeno com outros olhos e começo a perceber a quota parte de irracionalidade do jogo ou daqueles que o acompanham.
Talvez por isso tenha achado estranhas as notícias que nos últimos dias, as principais agências financeiras têm lançado, sobre as probabilidades estatísticas da vitória de uns em relação a outros e principalmente sobre as vantagens económicas da vitória de algum país para o seu PIB e para o seu desenvolvimento.
Esquecendo as evidentes vantagens que um qualquer pequeno país africano, ou outro, poderiam retirar de uma vitória no mundial, as agências financeiras de forma quase unânime têm apontado a itália como vencedora, demonstrando como seria bom para os Italianos e por arrasto para os Europeus.
Permitam-me que discorde. Primeiro porque o fenómeno do futebol como todos sabemos não é linear e tão poucas vezes racional. Afinal quantas vezes ouvimos dizer que a bola é redonda? E quando assim é costuma ser para ambas as equipas em campo...
Segundo porque a haver vantagens em alguém ganhar o mundial não consigo ver alguém mais necessitado que este nosso pequeno jardim à beira-mar.
Esperemos que se possa concretizar sem que para tal tenhamos de entrar em depressão colectiva, caso esta campanha não seja um sucesso.

Gente feliz com dívidas

Desculpe?!?

Será que ouvi bem? O governo vai assinar um protocolo para a exploração mineira em Aljustrel? Vamos ajudar a formar toda uma nova geração de mineiros para os desiludir daqui a 10 ou 15 anos?

domingo, maio 14, 2006

Convocados

Ricardo Quaresma não vai ao Mundial da Alemanha, a não ser que Scolari tire mais alguma da cartola. Mas esta notícia abriria os noticiários se o Quaresma jogasse noutro clube que não o FCP?

sexta-feira, maio 12, 2006

Hösok

Budapeste é uma cidade cheia de problemas.
Desde logo um problema de gigantismo arquitectónico, acompanhado por uma incompreensível falta de noção espacial dos seus habitantes, a juntar a uma língua que faz com que 2/3 da cidade tenham alguma coisa no seu nome com Ferenc (Francisco...).
Aqui vamos ter imensas surpresas em relação ao que esperávamos da cidade.
Gente mais afável não deve haver e a nossa famosa hospitalidade fica arrumada a um canto perante a simpatia dos húngaros.
Logo à chegada, 7 pessoas distintas quiseram oferecer-nos táxis, quartos e taxas de câmbio mais favoráveis, uns amores, numa simpatia capaz de fazer corar de vergonha as nazarenas que anunciam rooms, chambre ou zimmer…
Um posto de turismo depois e iniciávamos a nossa aventura em Budapeste. A primeira impressão não é boa, à saída da estação tudo parece confuso, empoeirado e velho. O autocarro não inspira confiança devido à cor azul gasta pela sol, ou devido à ferrugem, mas principalmente devido ao desconhecimento dos motoristas em relação à morada do nosso hotel mesmo quando assinalada num mapa.
Afinal a desconfiança tinha razão de ser. Após várias paragens e apesar da simpatia de um senhor de idade que confirmava com um aceno as paragens que passávamos, acabámos perdidos. Nós, e por mais estranho que pareça o motorista também... (continua)

Os Chouriços


Chamam-lhe propaganda, e é bem capaz de haver alguma coisa de um marketing incipiente na catadupa de projectos que o Governo tem vindo a apresentar. Melhores ou piores, estes projectos parecem ter valores com zeros a mais do que aqueles que já conseguimos imaginar em euros (excepção feita ao Euromilhões) e empregos a menos do que seria necessário para sairmos da crise. Apesar disso aparece sempre alguém a tentar aproveitar-se do mau momento dando chouriços em troca de porcos inteiros.
Patrick Monteiro de Barros e o Governo estão definitivamente de costas voltadas quanto à nova refinaria de Sines. E a bem dizer isso até é capaz de ser bom.
É difícil um governo resistir a este tipo de investimentos. Dá para se fazerem reuniões e apresentações várias que os canais de televisão aproveitam para abrir os telejornais, ao mesmo tempo parecem alimentar um determinado clima de confiança económica e apesar de poucos, vão criando alguns empregos de que estamos tão necessitados. Mas afinal a que custo?
Já é claro, com exemplos como a Auto-Europa e outros agora anunciados, que estes investimentos hipotecam valores elevados em benefícios fiscais e que se arrogam no direito de fazer cair a guilhotina sobre os seus funcionários sempre que os ventos da crise começam a soprar. É uma espécie de ameça permanente, ou se portam bem e trabalham como nós queremos ou mudamos tudo para a China.
Este investimento em Sines não só não representava qualquer inovação para o país e para o ambiente, como ameaçava tornar-se um custo para o Estado nos valores a pagar para assegurar o Protocolo de Quioto entre outros, enquanto os rendimentos iam para o promotor do projecto.
O Governo considera que não há investimento a qualquer custo o que à primeira vista parece bem para não se continuar a alimentar a ideia que isto é uma república das bananas, mas não me custa nada concordar com o Pacheco Pereira e reconhecer que o Governo não esteve bem neste processo.
A vontade de apresentar trabalho de casa resultou num estrondoso fracasso que esperamos não venha a estender-se a outros projectos. O governo antes de celebrar memorandos de entendimento com cerimónias públicas deve assegurar as condições adequadas aos investimentos, analisando a sua viabilidade económica, o seu impacto, os seus benefícios para o país e não só para alguns. Isso não foi feito e agora para proteger os interesses do Estado e do País tiveram de arrepiar caminho neste monstruoso espalhanço.
O governo tem de continuar a procurar os melhores investimentos e mais reprodutivos (como agora se diz) mas não pode esquecer que nós não queremos ser o porco dos chouriços de alguns.

quarta-feira, maio 10, 2006

Apelo

O Trauma da Morada

Este texto que recentemente me chegou e que erradamente tem vindo a ser divulgado sem autor ou como pertencendo a Miguel Sousa Tavares, pertence de facto a Miguel Esteves Cardoso e já tem uns anos... Serve para repensar o trauma associado a viver no Cacém (no meu caso) assim como noutras localidades mais ou menos infelizes.

"Um dos grandes problemas da nossa sociedade é o trauma da morada. Por exemplo. Há uns anos, um grande amigo meu, que morava em Sete Rios, comprou um andar em Carnaxide. Fica pertíssimo de Lisboa, é agradável, tem árvores e cafés. Só tinha um problema. Era em Carnaxide. Nunca mais ninguém o viu. Para quem vive em Lisboa, tinha emigrado para a Mauritânia!
Acontece o mesmo com todos os sítios acabados em - ide, como Carnide e Moscavide. Rimam com Tide e com Pide e as pessoas não lhes ligam pevide.
Um palácio com sessenta quartos em Carnaxide é sempre mais traumático do que umas águas-furtadas em Cascais. É a injustiça do endereço. Está-se numa festa e as pessoas perguntam, por boa educação ou por curiosidade, onde é que vivemos. O tamanho e a arquitectura da casa não interessam. Mas morre imediatamente quem disser que mora em Massamá, Brandoa, Cumeada, Agualva-Cacém, Abuxarda, Alformelos, Murtosa, Angeja... ou em qualquer outro sítio que soe à toponímia de Angola. Para não falar na Cova da Piedade, na Coina, no Fogueteiro e na Cruz dePau. (...)
Ao ler os nomes de alguns sítios - Penedo, Magoito, Porrais, Venda das Raparigas, compreende-se porque é que Portugal não está preparado para entrar na CEE. De facto, com sítios chamados Finca Joelhos (concelho de Avis) e Deixa o Resto (Santiago do Cacém), como é que a Europa nos vai querer integrar?
Compreende-se logo que o trauma de viver na Damaia ou na Reboleira não é nada comparado com certos nomes portugueses.
Imagine-se o impacte de dizer "Eu sou da Margalha" (Gavião) no meio de um jantar.Veja-se a cena num chá dançante em que um rapaz pergunta delicadamente "E a menina de onde é?", e a menina diz: "Eu sou da Fonte da Rata" (Espinho). E suponhamos que, para aliviar, o senhor prossiga, perguntando "E onde mora, presentemente?", só para ouvir dizer que a senhora habita na Herdade da Chouriça (Estremoz). É terrível. O que não será o choque psicológico da criança que acorda, logo depois do parto, para verificar que acaba de nascer na localidade de Vergão Fundeiro? Vergão Fundeiro, que fica no concelho de Proença-a-Nova, parece o nome de uma versão transmontana do Garganta Funda. Aliás, que se pode dizer de um país que conta não com uma Vergadela (em Braga), mas com duas, contando com a Vergadela de Santo Tirso? Será ou não exagerado relatar a existência, no concelho de Arouca, de uma Vergadelas?
É evidente, na nossa cultura, que existe o trauma da "terra". Ninguém é do Porto ou de Lisboa. Toda a gente é de outra terra qualquer. Geralmente, como veremos, a nossa terra tem um nome profundamenteembaraçante, daqueles que fazem apetecer mentir. Qualquer bilhete de identidade fica comprometido pela indicação de naturalidade que reze Fonte do Bebe e Vai-te (Oliveira do Bairro). É absolutamente impossível explicar este acidente da natureza a amigose strangeiros ("I am from the Fountain of Drink and Go Away..."). Apresente-se no aeroporto com o cartão de desembarque a denunciá-lo como sendo originário de Filha Boa. Verá que não é bem atendido.(...)
Não há limites. Há até um lugar chamado Cabrão, no concelho de Ponte deLima! Fica perto da aldeola de Sacripanta e da lendária vila Sacana (estes dois últimos são mentira). Urge proceder à renomeação de todos estes apeadeiros. Há que dar-lhes nomes civilizados e europeus, ou então parecidos com os nomes dos restaurantes giraços, tipo Não Sei, A Mousse é Caseira, ou Vai Mais um Rissol.(...)

segunda-feira, maio 08, 2006

Evo Morales


Nem sequer vou fazer juízos de valor sobre esta criatura, porque nem vale o esforço. Aliás o site que aqui reproduzo algumas "interessantes" citações, não passa da versão pós-moderna de algo que em Portugal e na Europa conhecemos bem e cujo nome próprio é Propaganda e Culto da Personalidade.

É estranho mas ocorre-me sempre aquela analogia do erro da Matriz, que ocasionalmente cria uma aberração no sistema. O problema é que estamos condenados a que estas aberrações se perpetuem, surgindo nos mais variados locais e beneficiando de enquadramentos politico-economicos propicios aos seu desenvolvimento. E se uns surgem ao abrigo da defesa dos povos oprimidos, outros surgem à sombra de conceitos mais ou menos claros de exportação da democracia e liberdade...

Leiam, o site tem verdadeiras pérolas...

Mantenha um nível de sanidade mental adequado...

... não leia o João César das Neves e a Joana Amaral Dias no DN. Vai ver que sua vida vai ser mais fácil e até mais feliz.

Ambos são o reverso da medalha um do outro e gostam demais dos seus próprios umbigos para merecerem a nossa particular atenção... (ressalva seja feita ao umbigo da Joana)

Deixo aqui algumas sugestões de como passar um dia muito mais interessante, sem João César das Neves e sem Joana Amaral Dias:

1) No seu horário de almoço, sente-se no seu carro estacionado, coloque os óculos escuros e aponte um secador de cabelo para os carros que passam. Veja se eles diminuem a velocidade.
3) Sempre que alguém lhe pedir para fazer alguma coisa, pergunte se quer batatas fritas a acompanhar.
4) Encoraje os seus colegas de sala para fazer uma dança de cadeiras sincronizada.
5) Desenvolva um estranho medo de agrafadores.
6) Coloque café descafeinado na máquina de café durante três semanas. Quando todos tiverem superado o vício a cafeína, mude para expresso.
7) No canhoto de todos os seus cheques escreva "Ref. favores sexuais".
8) Sempre que alguém lhe falar alguma coisa, responda com "isso é o que você pensa".
9) Comece todas as suas frases com "de acordo com a profecia".
10) Não use pontuações.
11) Sempre que possível, pule em vez de andar.
12) Pergunte às pessoas de que sexo elas são. Ria histericamente depois que elas responderem.
13) Mande e-mails para o resto da empresa para dizer o que está a fazer. Por exemplo: "Se alguém precisar de mim, estarei no WC, na cabine número 3".
14) Coloque uma tela de mosquitos ao redor do seu cubículo. Toque um CD com sons da floresta durante o dia inteiro.
15) Com cinco dias de antecedência, avise seus amigos que você não pode ir à festa deles porque não está no clima.
16) Quando sair dinheiro do Multibanco, grite Jackpot.
17) Ao sair do zoológico, corra na direção do estacionamento gritando "Salve-se quem puder, eles estão soltos!"
18) Na hora do jantar, anuncie para os seus filhos: "Devido à nossa situação econômica, teremos de mandar um de vocês embora".
19) Aperte os botões do elevador e finja que eles dão choque. Sorria e> faça de novo.>>
20) Quando ouvir chamar alguém pelo aparelhagem de som do supermercado atire-se ao chão, bata com as mãos na cabeça e diga "outra vez aquela voz".

Tá mal

Tá mal... o Pacheco Pereira também foi para Budapeste e já me está a tirar ideias para novos posts.
Mas não interessa, como eu também acabei de chegar de Budapeste vou escrever na mesma.

domingo, maio 07, 2006

A re-reeleição do chefe de banda

E pronto... Amanhã Ribeiro e Castro pode voltar para Bruxelas e a banda pode continuar a tocar a sua própria música...

sexta-feira, maio 05, 2006

Splachovací Záchod

Está algures perdido no leste Europeu, precisa urgentemente de uma casa de banho? Então basta procurar um splachovací záchod ou só záchod e preparar umas coroas, para deixar à senhora que por lá anda.
Não vale a pena fingir que não viu a senhora, porque ela reparou e vai atrás de si...

Yes, i speak a little...

De regresso à estrada, ou melhor de regresso à jornada de comboio que já desde Barcelona não fazia.
Praga vai ficando para trás e o encanto perde-se nas pequenas coisas. No urbanismo cinzento e nas arestas vivas dos comboios e das estações que nos levam a Holosovice.
O comboio é bom, mas afinal é alemão. Partiu 5 horas antes de Berlim e se quiséssemos levar-nos-ia até Bucareste na Roménia, mas essa é uma viagem para outras núpcias.
A paisagem aguada pelos rios cheios com o degelo das neves é interessante mas não resiste ao cansaço que acaba por nos derrotar e aos poucos instala-se o silêncio entre os quatro e pouco tempo depois o sono.
Em Bratislava tudo será diferente. A cidade é muito mais pequena, e temos de compreender porque só desde 1993 é que a cidade se tornou novamente capital de um país após quase 50 anos de domínio comunista.
Aqui o aparente estilo estalinista de que tinha falado em Praga, está mais presente. Aliás alguns dos edifícios deste período são mesmo marcas indeléveis da paisagem, que a transformaram para sempre. Exemplo disto é este edifício da Slovenský rozhlas (Rádio Eslovaca) e a Nový Most (Nova Ponte sobre o Danúbio) que os mais afortunados poderão confirmar nas fotos que lhes vou enviar ou aqui.
Da estação para "o" Hotel de Bratislava, pelo menos assim terá sido noutras alturas em que o PCUS se reunia no Hotel Kiev para as suas jornadas parlamentares de verão... No caminho a motorista de táxi orgulhosa da sua terra não hesita em apontar-nos numa língua próxima do checo mas ainda mais complexa, o Prezidentský Pálac, o Palácio Presidencial.
Aqui não é tão fácil falar em Inglês mas ainda assim um bagageiro do Kiev cumprimenta-nos com um expressivo e correcto "Bom dia, como estao" assim que percebe sermos portugueses.
O Hotel é um choque, e permite que se adense a ideia que a cidade parou algures num tempo longínquo, numa espécie de atmosfera ao mesmo tempo glamourosa (como o Miguel fez questão de frisar) e ao mesmo tempo decadente.
O Kiev terá uma altura de uns 20 andares embora não o correspondente número de andares. É um monólito de betão de cor acastanhada que se ergue sobre uma base gigantesca como se a ponte de um porta-aviões se tratasse (como o Miguel tb fez questão de frisar). Tudo é alcatifável no Kiev, o chão, as mesas-de-cabeceira, as bancadas do posto telefónico. Fora isso a sobriedade das linhas e dos halls em pedra com pequenas informações (castanhas) em Eslovaco e Inglês dão-lhe um ar sinistro.
O centro de Bratislava divide-se em três ou quatro praças na direcção do Danúbio (Danuj), devidamente recuperadas a pensar no crescente fenómeno do turismo ocidental. Lojas modernas, um posto de turismo funcional e a fatal feira de artesanato numa pequena praça com arcadas que fecha durante a noite até porque é a Câmara Municipal.
Lamentavelmente por estas bandas tudo fecha às segundas, e por pontaria do destino chegámos num domingo à tarde... Assim não foi possível visitar o Primacialné Palác – o Palácio Primacial que tem o infeliz nome de Primate's Palace em Inglês.
Uma sucessão de pequenas estátuas decora o centro de Bratislava na Hlavné Námestí. Napoleão, Cumil, ou melhor Men at Work, Schöne Nazi (Não sei se o nome tem alguma coisa a ver com os ditos Nazis, mas não me parece...) e um soldado que de dentro da sua guarida protege a praça.
No caminho para o Danúbio as ruas abrem-se numa grande praça onde fica o Narodné Divadlo (Teatro Nacional) que continua numa alameda cheia de restaurantes e esplanadas com um jardim central, a Hviezdoslavovo Námestí (sim, é impossivel ler isto).
Primeiro vislumbre do Danúbio. Confesso que embora soubesse que era um dos principais rios da Europa, nunca tinha imaginado que fosse tão grande, ou melhor que fosse tão forte. Certamente devido às cheias a corrente que o rio tinha era bastante forte e é noite no Circus Barok (bar Circus) uma espécie de barco atracado à margem parecia estarmos em andamento tal era a corrente.
No caminho para o Castelo (Bratslavský Hrad) começa a notar-se uma forte intervenção urbana a atirar para o projecto Polis, que a adesão à União começa a propiciar. O castelo permite uma ampla vista sobre a cidade e apesar de fechado permite o acesso a uma praça central no seu interior onde um conjunto de militares fardados parece receber uma lição de história de um oficial.
Tentar falar com os Eslovacos é sempre uma aventura. Tal como disse mais acima, aqui o inglês não vingou apesar do esforço dos locais, e é frequente a resposta ao “Do you speak english?” ser “Yes, i speak a little...” e o ”little” é mesmo só este "little", porque ao responder a uma pergunta em inglês, geralmente recorrem a uma torrente de palavras disparadas em Eslovaco com umas imperceptíveis palavras em inglês pelo meio, num sotaque continuo.
A sugestão para quem vai a Bratislava é ter cuidado nas direcções que recebe, é sempre preferível confirmar três vezes (ou mais) a não ser que estejam dispostos a viajar sem destino pela cidade e arriscarem-se a ter de dialogar num qualquer idioma com a maquinista/revisora de um comboio suburbano, de uma estação para onde não pretendiam ir.
Fora estas peripécias Bratislava não é uma cidade de tanta animação, mas é uma cidade em que facilmente se faz aquilo que se chama agora citybreak de fim de semana.
Descanso, cultura, vistas panorâmicas, história e boa gastronomia se porventura não optarem pelo Goulash :), tudo embrulhado num ambiente Art Nouveau quanto baste.

Zandinga

Ou muito me engano ou o Marques Mendes vai ganhar as directas...

quinta-feira, maio 04, 2006

Tenham medo, muito medo...

Hoje durante o dia a TVcabo enviou-me a seguinte mensagem, duas vezes: "Estamos a proceder a uma manutencao preventiva na rede com possivel impacto no servico de televisao e internet na zona do Cacem. Contamos ser breves. Obrigado."

terça-feira, maio 02, 2006

No coração da Europa

Vim de Portugal com algumas expectativas mais ou menos fundadas sobre os destinos para onde me dirigia no que geralmente chamamos de Leste. Levava também uma encomenda motivada pelas notícias que antecederam a minha partida. Comprovar in loco a ultrapassagem que a República Checa aparentemente nos teria feito naqueles obscuros relatórios dos bancos centrais que com uma disciplina quase militar dizem quem é que está à frente de quem, e fazer um relatório.
Essa encomenda é mais simples de resolver no que toca à Republica Checa e em particular a Praga, porque não quero competir em relatórios com os senhores comissários a quem pagam bem melhor do que a mim.
A República Checa não é mais rica nem mais desenvolvida que Portugal, mas pode vir a ser.
A cidade de Praga é bem mais difícil de definir do que este simplismo económico.
Tenho dificuldades, à distância de mais de uma década da queda do Muro, em imaginar Praga sob o jugo comunista que se instalou sobre a Checoslováquia após a segunda guerra mundial, não fossem alguns edifícios (apesar de poucos) facilmente identificáveis com um estilo talvez estalinista.
A cidade transpira uma força extraordinária a que não será alheia a sua robusta arquitectura medieval, cheia de pequenas ruelas, becos e passagens que geralmente desembocam em pontes magníficas ou praças soalheiras.
Aqui é impossível fugir à confusão politica que Portugal se viu alheio nas lutas entre reinos do centro da Europa e é quase possível identificar as marcas que cada nova invasão, ocupação ou guerra civil foram deixando na cidade ao longo dos tempos. Tudo parece correctamente organizado em camadas perfeitamente identificáveis em que se pode facilmente distinguir estilos diferentes e culturas diferentes.
E que cultura, a cidade fervilha em acontecimentos culturais. É certo que existe um aproveitamento turístico do fenómeno cultural, mas que mal pode vir ao mundo por se assistir a um pouco de Jazz da Dixie Band na Karlov Most (Ponte de Carlos, que irei falar mais à frente), ou num concerto de Bach numa qualquer igreja Barroca?
Toda esta cultura parece fazer sentido naquela que é a cidade de Kafka e onde não parece haver qualquer ressentimento em relação ao facto do escritor se ter expressado principalmente na língua alemã, o que viemos a saber era relativamente comum por estas bandas no tempo dos Habsburgos e do Império Austro-húngaro. Por estas ruas o perturbado escritor deambulou e criou o seu universo próprio que tanto admiramos hoje em dia.
Fervorosamente religiosos, abundam pela cidade as igrejas e os monumentos religiosos dos quais a fotografia que aqui associo será um bom exemplo dos muitos que poderia aqui colocar. Esta catedral (Nª Sr.ª de Tyn) situa-se no centro histórico classificado pela UNESCO e é muito perto dos apartamentos que em boa hora acabámos por escolher. Este centro que geralmente se traduz nos guias como a Praça da Cidade Velha ou Old Town Square dá pelo nome de Stáromestská ou Stáromestské Námestí na difícil língua checa. Nesta foto está também o monumento (em baixo a verde) a Jon Huss, cuja morte desencadeou as guerras religiosas Hussitas e provocaram as conhecidas defenestrações de Praga, sim... foram três…
Antes das defenestrações e da guerra dos trinta anos que resultou na ocupação pelos Habsburgos até ao início do séc. XX, Praga foi Capital da região da Boémia, o que fará muito mais sentido na Praga que renasceu depois da queda do Muro. Abundam pela cidade os cafés e esplanadas onde uma cerveja gelada escorre facilmente garganta abaixo, mas também abundam os casinos (maiores ou menores) as casas de strip e os cabarés da Praça Venceslau. Alguns deles prometem mesmo a presença de 150 meninas em palco a fazer recordar os melhores momentos do Can Can do Moulin Rouge.
A cidade é basicamente plana o que permite longos e agradáveis passeios pelas margens do Vlatva (estranha nome checo do rio Moldova). As únicas excepções são a colina em que se encontra o castelo, que no seu interior tem o medieval palácio real que foi o cenário das defenestrações, assim como a basílica de São Jorge (muito apreciado nestas bandas) e a Catedral de São Vito. Outra elevação da cidade é o monte Pétrin onde uma torre estilo Eiffel mas mais pequena faz as delícias dos fotógrafos de ocasião por uma bela foto panorâmica.
As margens do Vlatva permitem passeios longos até Vysehrad (uma fortificação na zona sul da cidade, mas quase sempre resultam numa ida à Ponte de Carlos. A Karlov Most é uma ponte pedonal, ao melhor estilo medieval, claramente influenciado pelas construções de pontes romanas deixadas um pouco por toda a Europa, mas adornada em toda a sua extensão por santos. A ponte e a Stáromestská são o centro da vida da cidade. Ambas fervilham de turistas, e de barraquinhas a vender os mais variados produtos relacionados com Praga e a sua história adaptada ao modelo de um íman de frigorifico.
Estes dois locais são o ponto de encontro das dezenas de línguas que se ouvem na cidade e muito provavelmente onde melhor se capta o espírito de Praga.
São estes mesmos turistas que enchem a Stáromestská na zona do relógio astronómico e que de hora a hora aplaudem freneticamente os santinhos que aparecem numas pequenas janelas por cima do relógio. Nós também cumprimos este ritual mas ficámos um pouco desiludidos, talvez esperássemos uns santos mais activos…
É fácil falar com os checos, que aparentemente apreciam o esforço dos estrangeiros em dizer umas palavras em checo como Dobrý Den (Bom dia), mas é impossível comer Goulash e Schnitzel. É sem duvida uma visita que vale a pena até porque poderia estar aqui a escrever até amanha de manhã.
Lembrei-me agora que me esqueci da história de retirarem as placas das ruas após a Primavera de Praga para dificultar as purgas que o KGB pretendia fazer… é uma história que fica para outra altura, mas que revela bem o tipo de povo que é o Checo.

Nota: a confusão dos tempos verbais pode derivar de este texto ter sido começado em Praga e acabado em Portugal.

segunda-feira, maio 01, 2006

De volta...

Não há mal que sempre dure, nem bem que não se acabe... E por isso aqui estou eu de volta, cheio de interessantes histórias do leste europeu.

No entanto, os meus amigos têm de permitir-me a normal adaptação pós-férias, porque ainda estou carregado de jet-lag, e ainda não percebi bem se estou ou não deprimido por voltar ao rectângulo...