segunda-feira, outubro 30, 2006

Guernica

Guernica, ainda no atelier de Paris (clicar para ver maior)

A cultura, mais concretamente a arte, é sempre algo não totalmente unívoco. Sempre houve, e sempre haverá discussão sobre estilos, formas, materiais e fundamentalmente sobre o papel da arte, num passado mais conservador do que vivemos actualmente, no presente e no futuro que se espera melhor. Não sou grande apreciador de arte. Sou antes um apaixonado pelas formas e pela disposição dos objectos no espaço, e pelos significados encerrados em cada peça, se ainda por cima forem significados políticos. Sou o público ideal da arte enquanto murro no estômago. Muito embora seja como a generalidade das pessoas. Simplesmente gosto ou não gosto. É uma coisa de pele. E talvez por estes pontos aqui por cima fiquei muitíssimo impressionado com "a" ou "o" Guernica de Picasso. É impressionante pela dimensão, que não poderia ser outra, e encerra uma carga simbólica de tal forma que é quase impossível ser indiferente a quem quer que seja. O monte de gente nas imediações do quadro denuncia a sua presença, e é natural. A forma violenta como parece ter sido feito, quase que salta cá para fora, e é impensável o sofrimento com que terá sido feito, tendo presente o genocídio que se propõe retratar. Simplesmente aterrador.
O quadro está no Museo Reina Sofia, e é acompanhado de uma excelente exposição fotográfica da Guerra Civil espanhola. Uma visita essencial a quem passa por Madrid.

Coitado do Picasso jamais deve ter pensado que ia parar a um museu com nome de rainha e que os seus quadros se tinham de expor a este tipo de disparate.

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