Por morar num sítio que fica no caminho de Fátima, ele habituara-se a ver algumas extravagâncias, de tempos a tempos.
Ao sair de casa para o trabalho, ainda alta madrugada, não lhe parecia estranho, em certos dias, encontrar algumas figuras em exercícios de treino e aquecimento. Não se tratava de atletas madrugadores, mas de fiéis devotos, no início de mais uma etapa do seu caminhar peregrino.
Em vez de equipamentos desportivos, as mochilas cheias nas costas, com colchões de campismo por cima, cantis pendurados no peito, muitas vezes uns (nada recomendáveis) chinelos nos pés e os inevitáveis cajados. Nos últimos tempos o célebre colete das estradas também se tornara comum.
Mas naquele dia aguardava-o um outro encontro, que haveria de guardar na memória.
Ao fundo da longa rua a direito que percorria todas as manhãs avistou uma luz ténue. Percebeu ser mais um peregrino, que caminhava na sua direcção. Na mão uma pequena vela, que supôs acesa em permanência.
Conforme se aproximavam podia entrever a figura daquele singular peregrino. Um velho curvado, com longas barbas e cabelos brancos, sem nenhum dos habituais “acessórios” de peregrino, apenas com a pequena vela acesa. Talvez um ermita saído do seu refúgio somente para aquela peregrinação. Passos pequenos e frágeis não faziam abater a determinação que se pressentia no seu caminhar.
Cruzaram-se a meio da rua. Trocaram olhares e o velho deu os “bons dias”. Retorquiu da mesma forma e seguiram os seus caminhos.
No resto do seu percurso não conseguiu que lhe saísse da cabeça a imagem do velho homem. Não pensou censurar a devoção beata ou o irracionalismo da fé. Ocorreu-lhe apenas que gostaria de ter desejado uma boa jornada àquele estranho velho com quem se cruzara.
Não pretendeu sequer imaginar qualquer simbolismo implícito nos sentidos diferentes do caminhar de ambos. O velho peregrino dirigia-se lentamente para o seu lugar de culto, ele corria para o bulício da cidade grande. Cada um no seu caminho. Qual deles no caminho certo?
Ao sair de casa para o trabalho, ainda alta madrugada, não lhe parecia estranho, em certos dias, encontrar algumas figuras em exercícios de treino e aquecimento. Não se tratava de atletas madrugadores, mas de fiéis devotos, no início de mais uma etapa do seu caminhar peregrino.
Em vez de equipamentos desportivos, as mochilas cheias nas costas, com colchões de campismo por cima, cantis pendurados no peito, muitas vezes uns (nada recomendáveis) chinelos nos pés e os inevitáveis cajados. Nos últimos tempos o célebre colete das estradas também se tornara comum.
Mas naquele dia aguardava-o um outro encontro, que haveria de guardar na memória.
Ao fundo da longa rua a direito que percorria todas as manhãs avistou uma luz ténue. Percebeu ser mais um peregrino, que caminhava na sua direcção. Na mão uma pequena vela, que supôs acesa em permanência.
Conforme se aproximavam podia entrever a figura daquele singular peregrino. Um velho curvado, com longas barbas e cabelos brancos, sem nenhum dos habituais “acessórios” de peregrino, apenas com a pequena vela acesa. Talvez um ermita saído do seu refúgio somente para aquela peregrinação. Passos pequenos e frágeis não faziam abater a determinação que se pressentia no seu caminhar.
Cruzaram-se a meio da rua. Trocaram olhares e o velho deu os “bons dias”. Retorquiu da mesma forma e seguiram os seus caminhos.
No resto do seu percurso não conseguiu que lhe saísse da cabeça a imagem do velho homem. Não pensou censurar a devoção beata ou o irracionalismo da fé. Ocorreu-lhe apenas que gostaria de ter desejado uma boa jornada àquele estranho velho com quem se cruzara.
Não pretendeu sequer imaginar qualquer simbolismo implícito nos sentidos diferentes do caminhar de ambos. O velho peregrino dirigia-se lentamente para o seu lugar de culto, ele corria para o bulício da cidade grande. Cada um no seu caminho. Qual deles no caminho certo?
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