quarta-feira, março 28, 2007

Apenas (mais) um sinal

Diz que foi uma espécie de concurso televisivo. Ainda bem que foi apenas isso. Via sondagens, o maior António não obteve mais do que 6% das intenções de voto. Se os 41% também estivessem presentes nos resultados das várias sondagens de opinião, seria um sinal de alerta. Assim sendo, a leitura de que se tratou de uma mobilização de extremistas e/ou de desgostosos do sistema parlamentar, parece-me aceitável e, principalmente, suficiente.

O que me parece muito insuficiente é ver alguns elementos do sistema a esbracejar contra o suposto significado de tal votação. Num País marcado por alguns provérbios trágicos, o “Casa arrombada, tranca na porta” voltou a fazer valer os seus (de)méritos.

Parecem não entender que isto foi (no máximo) apenas mais um sinal de que a “democracia” não é o fim da história. Le Pen não foi à segunda volta com Chirac ? Não está a extrema-direita disseminada um pouco por essa Europa democrática fora ? Não será hora de abrir os olhos para estas questões ?

A população portuguesa já inclui 6% de estrangeiros. O conceito de “estrangeiro” ainda perdurará durante umas boas décadas. Como as condições económicas andam de mãos dadas com a ignorância, o populismo da direita mais radical tem um terreno excelente para prosperar.

Oxalá o “centrão” se aperceba disto a tempo. E quando isso acontecer, poder-se-á dizer que combatida a extrema-direita, é hora de questionar para onde vai a “democracia” ? Oxalá ainda cá estejamos todos para participar nos “Estados Gerais da Democracia Mundial”!

Para que isso seja possível, acredito que programas como o que, pela mão de António Barreto, a RTP estreou ontem, dão um contributo muito relevante. Porque não há nada mais perigoso do que a ignorância, convém que nos conheçamos para que possamos avaliar-nos e, quem sabe, modificar o que gostarmos menos. Desta forma, da próxima vez que acontecer algo semelhante ao que aconteceu com o António, não seremos apanhados de surpresa ou sujeitos a leituras exacerbadas. Saberemos porque é que assim é. E isso é o código postal para dinâmicas de mudança, sejam elas quais forem.

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