Um estudo divulgado há dias pelo ICS conclui que, em Portugal, o factor considerado mais representativo da identidade nacional é a história do país.
A uma primeira impressão não te surpreendes e podes mesmo reconhecer-te nessas conclusões. Afinal, a nossa história é cheia de feitos assinaláveis, alguns dos quais até inconcebíveis para um país da nossa dimensão. E mesmo para além disso, a história parece-te como que o cimento que dá consistência a todo o edifício que se vai consolidando. Nem de mais, nem de menos, reconheces a história do teu país e aceitas ver nela um factor estruturante da identidade nacional.
Mas se te disserem que, num universo vasto, Portugal é o terceiro dos países que mais valorizam a história como factor da identificação nacional, não se te pode revelar uma outra perspectiva?
Noutros horizontes outras ideias preenchem o sentimento de pertença a uma mesma comunidade nacional. O passado será então entre nós um país demasiadamente próximo, ao qual nos mantemos presos por atavismo, medo ou impotência de enfrentar o presente?
Evitas especulações, não queres pensar. Ainda assim, uma ideia anima-te o espírito: afinal, esta forma de identificação e pertença pode ser positiva, se fundada sobre a consciência histórica e o civismo.
Mas então está tudo estragado! Num desses fóruns em que a rádio dá diariamente voz ao povo, ouves algo talvez não representativo, mas decerto sintomático: numa intervenção única, uma senhora invoca Salazar, protestando contra a actual situação política, e termina recordando Zeca Afonso, para dizer que o poeta decerto não gostaria de ver como estamos, se vivesse ainda... Afinal, em que ficamos?! Assim não, caramba!
A uma primeira impressão não te surpreendes e podes mesmo reconhecer-te nessas conclusões. Afinal, a nossa história é cheia de feitos assinaláveis, alguns dos quais até inconcebíveis para um país da nossa dimensão. E mesmo para além disso, a história parece-te como que o cimento que dá consistência a todo o edifício que se vai consolidando. Nem de mais, nem de menos, reconheces a história do teu país e aceitas ver nela um factor estruturante da identidade nacional.
Mas se te disserem que, num universo vasto, Portugal é o terceiro dos países que mais valorizam a história como factor da identificação nacional, não se te pode revelar uma outra perspectiva?
Noutros horizontes outras ideias preenchem o sentimento de pertença a uma mesma comunidade nacional. O passado será então entre nós um país demasiadamente próximo, ao qual nos mantemos presos por atavismo, medo ou impotência de enfrentar o presente?
Evitas especulações, não queres pensar. Ainda assim, uma ideia anima-te o espírito: afinal, esta forma de identificação e pertença pode ser positiva, se fundada sobre a consciência histórica e o civismo.
Mas então está tudo estragado! Num desses fóruns em que a rádio dá diariamente voz ao povo, ouves algo talvez não representativo, mas decerto sintomático: numa intervenção única, uma senhora invoca Salazar, protestando contra a actual situação política, e termina recordando Zeca Afonso, para dizer que o poeta decerto não gostaria de ver como estamos, se vivesse ainda... Afinal, em que ficamos?! Assim não, caramba!
3 comentários:
Gostei da ironia mordaz Raposo. Abraço.
Caro Pinto Ribeiro, desta vez não fui eu. Foi o nosso correspondente no_campo :)
Depois da leitura... Vivemos momentos de confusão. Na realidade este tipo de situação que referes leva-me a crer que andamos de alguma forma perdidos e sem referências. Uma sociedade com valores mal conquistados não pode ser uma coisa boa...
Enviar um comentário