O NÃO, para que não restasse qualquer dúvida resolveu esclarecer. “Queremos que nasçam crianças comunistas” E ainda bem que o esclareceram. Estávamos todos a ficar particularmente incomodados com a ideia de só passarem a nascer meninos com camisolas da Timberland e uma cabeleira farta milimetricamente despenteada e meninas louras já com a pele morena do sol ou do solário, com a mais recente colecção da Burberry.
Assim podemos não ter crianças com tanto estilo, mas se calhar até vão ter mais daquela coisa do livre arbítrio.
Assim podemos não ter crianças com tanto estilo, mas se calhar até vão ter mais daquela coisa do livre arbítrio.
Por indisponibilidade do link em cima aqui fica um excerto da notícia:
«Crianças ao colo, crianças nos carrinhos de bebé, crianças a distribuir folhetos. A acção de rua da Plataforma Não Obrigada e do movimento Juntos pela Vida realizada ontem no Rossio tinha como objectivo "o contacto e o esclarecimento dos eleitores". Os promotores apostaram no acompanhamento dos mais novos nas ruas da baixa lisboeta, que no fim-de-semana estão cheias de transeuntes. Talvez por causa disso campanha mostrou-se animada.(...) Mas a insistência dos activistas também resultava em reacções mais críticas. Especialmente por envolverem crianças na campanha. Um homem mais idoso, que fora interpelado por uma jovem com aspecto de ser menor cortou a conversa de forma ríspida: "Respeito a tua opinião, mas não tens idade para me vires falar sobre esse assunto."
O empenho de quem distribuía folhetos levava-os a falar com todos. Até mesmo com os vendedores ambulantes. Quem recusava um folheto era questionado porque o fazia. Numa dessas ocasiões, o debate resultou demorado e civilizado. "A minha mãe é técnica superior de educação e todos os dia retira crianças de famílias", afirmava um vendedor. "Isso não é razão para defender que devia ter havido um aborto", responderam-lhe. "Mas olha que eu não acho nada positivo que andem com as crianças a distribuir folhetos", retorquiu o vendedor. O debate terminou com uma das participantes da arruada a colocar o folheto ao lado do vendedor, dizendo: "Eu quero que nasçam crianças comunistas".»
04.02.2007, Público, p. 14 - via Sim no Referendo
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