quarta-feira, abril 11, 2007

Uma no cravo...

Ou se promulga ou se veta. Não está previsto juridicamente o meio termo que Cavaco parece querer instituir.
Mas já estamos a ficar habituados. Cavaco do alto da sua sapiência não consegue decidir-se sobre se gosta de carne ou de peixe. Prefere ficar no limbo dos que gostam apenas de legumes, evitando hostilizar os omnívoros, tudo para no final acabar por dizer que sempre teve razão, seja ela qual for. Assim eu também nunca me engano e raramente tenho dúvidas.
Fazer acompanhar de uma mensagem à Assembleia da República, que em muitos aspectos contraria uma lei que acaba de promulgar, só poderia vir de Cavaco.
Não só vai contra o espírito da lei que os legisladores interpretaram dos resultados do referendo, como é moralmente inaceitável dar como a opção às mulheres, a adopção, cujo sistema perpetua o sofrimento de crianças que ninguém quer, porque não correspondem aos padrões da sociedade limpinha que o Presidente sempre preconizou.
A possibilidade/obrigatoriedade de serem mostradas ecografias às mulheres é para mim moralmente inqualificável e constitui uma chantagem emocional que condiciona a opção livre da mulher, e é totalmente contrária aos resultados do referendo.

3 comentários:

Anónimo disse...

Este excerto do teu post é inaceitável: "[...]é moralmente inaceitável dar como a opção às mulheres, a adopção, cujo sistema perpetua o sofrimento de crianças que ninguém quer, porque não correspondem aos padrões da sociedade limpinha que o Presidente sempre preconizou.[...]". Porque:a) há uma lista enorme de pessoas que querem adoptar, especialmente bébés;b)porqu enão sei onde queres chegar com sociedade limpinha que o Presidente preconiza. Para além de achar que as recomendações do Presidente fazem, efectivamente, todo o sentido. Ou o "Sim" já se esqueceu que ganhou este referendo exactamente pela postura moderada que adoptou e pela receptividade ao "aconselhamento" às mulheres que pretendessem abortar?
Estranho era o Presidente vetar uma lei emanada da AR com um referendo "confirmativo" (embora não vinvulativo) por trás. Estranho era ele não dizer ou aconselhar nada, se efectivamente ele tem algo a dizer ou a aconselhar!

José Raposo disse...

Damásio, tu achas que fazem sentido, eu acho que é uma extrapolação dos resultados do referendo e tenho em vista que tu também fazes essa extrapolação. Há de facto imensa gente à espera de bébés para adoptar, mas infelizmente têm de ser louros e de olho azul. Se forem pretos ou ciganos ou se tiverem uma qualquer deficiência por mais minina, estão condenados a um calvário de instituição em instituição. O SIM que naturalmente eu não represento não se esqueceu de nada do que prometeu na campanha e isso está reflectido na lei que curiosamente o presidente promulgou.

Anónimo disse...

Aconselhamento é uma coisa... chatagem emocional é outra.
É natural que dentro do "aconselhamento" se inclua a informação. Informação sobre as alternativas, pq as há, ao aborto; informação sobre métodos contraceptivos...
Agora obrigar a grávida q já não toma uma decisão fácil, embora haja que ache q sim, a olhar para o embrião - e aposto que vão pergunta qq coisas como: já viu o seu filho? Tem a certeza que o quer matar? - e a decidir nessa altura algo que concerteza já foi pensado e debatido antes da decisão final não é aceitável.
Também não é aceitável que um casal queira adoptar e não o consiga fazer... mas se a solução passar por obrigar mulheres a passarem por uma gravidez indesejada para no fim colocarem um bébé "nos braços" de uns pais babados, então não obrigada.