Ir receber militares que vêm do estrangeiro é o equivalente moderno do Guarda-republicano que regressava à aldeia... Só ainda não reparei se também há uma banda.
O conjunto não ficaria completo sem umas rapariguinhas pirosas com a maquilhagem borrada de saudades do homem que foi para a guerra e de mães histéricas que soluçam pelos filhos como se eles ainda fossem o sustento da casa.
Num espaço exíguo acumulam-se as ditas senhoras com militares que cantam alarvemente hinos e cânticos dos tempos em que lhes ensinaram a não pensar por si, mas que são imperceptíveis ao comum dos mortais menos alcoolizado. Os restantes homens correm em direcção ao bar para se agrafarem a uma Sagres, que bebem pelo gargalo não vá alguém lembrar-se de lhes colocar a virilidade em causa e olham os militares com um misto de respeito que se tem pelas gajas que eles conseguem facturar com as fardas, e a profunda admiração que se tem pelo Rambo.
No meio de tudo isto chegam os verdadeiros heróis, de cabelos e barbas feitas, com aquele ar de quem foi ali ao cinema ver o Chuck Norris e que com ele aprendeu uma lição tipo "Kick Drugs Out of America ", mas aqui é uma lição de democracia e liberdade que ajudaram a difundir ao povo mártir do Afeganistão.
Isto é completamente surreal e até seria divertido se não fosse o meu país a brincar aos soldadinhos... Eu, esta gente, os americanos, os afegãos, os iraquianos, os israelitas ou os palestinianos somos apenas peças nesta máquina onde se movem interesses que não conseguimos alcançar. O negócio dos exércitos é um negócio de morte, mas paradoxalmente exorcizam a morte ignorando-a caso contrário a ideia de morte não lhes permitiria continuar e muito menos às suas famílias.
2 comentários:
Quem sou eu para criticar, analisar ou comentar o imaginário, o ritual, o simbolico qualquer que ele seja, ou juizos de valor? JF
Concorde-se ou não, excelente post!
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