quinta-feira, fevereiro 09, 2006

O regime democrático anda distraído

Andamos todos distraídos com as meias palavras, da meia comunicação do MNE sobre os cartoons, quando surge em Portugal mais um caso de uma morte dificilmente explicável, provocado por disparos de um agente de autoridade.

Antes mesmo de me insultarem com os actuais brindes do esquerdismo cego, eu acho mesmo que as armas se podem e devem utilizar e já tive oportunidade de falar neste blog da morte totalmente injustificada de polícias. No entanto, insistimos em manter um problema absurdo na administração interna deste país.

A suposta segurança do ordenado ao fim do mês continua a sobrepor-se à vocação de serviço público e a servir de tapa-buracos do falhanço da educação e civismo que tanto nos falta.

Desta vez um jovem de 19 anos, é baleado pelas costas depois de ter sido devidamente disciplinado por um agente com uma bofetada, apenas por este não ter recebido a resposta que considerava adequada a um perigoso jovem meliante que ainda não sabe que o "respeitinho é muito bonito".

Vontade de impor o "respeitinho" que aparentemente não se reconhece perante outros mais ou menos jovens meliantes, mais ou menos organizados que todos os dias cometem crimes mais ou menos a sério, contra pessoas mais ou menos reais.

Neste país e nesta matéria é tudo a meias tintas, desde que seja possível aplicar os exemplos do dia à dia à necessidade de não fazer coisa nenhuma.

Se a policia abusa é porque o criminoso merece, até porque neste país não faltam juízes em causa própria. Se é criticada está a perturbar-se a autoridade do estado (da qual não são os exclusivos defensores) e entregam as armas. Se lhes pretendem mudar as condições de trabalho, mudar o regime de segurança social ou a saúde ou simplesmente tirá-los da secretária para o sítio a que se candidataram que é a rua... então é porque estão a ser perseguidos e é causa directa da morte de polícias.

Muito útil à prossecução do objectivo do estado de direito.

Independentemente do que os agentes de autoridade possam pensar a sua função não é ralhar ou disciplinar ninguém, para isso temos todos os nossos pais (o meu por sinal, é militar). A função dos Srs. agentes é cumprir e fazer cumprir as leis deste país o melhor possível sem que nisso esteja implícito a arrogância e o abuso que muitas vezes os caracteriza.

Não está em causa a necessidade (ainda não comprovada) de deter o jovem devido a um nível de perigosidade (tb ainda não comprovado), o que está em causa é a desproporcionalidade dos meios utilizados.

Por favor, limitem-se a fazer o trabalho que vos compete.

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