Não é invulgar à minha condição de português sentir uma certa nostalgia pelo passado, apesar de este nem sempre representar felicidade ou tempos melhores. Às vezes esta nostalgia não é necessariamente individual mas colectiva. Colectiva naquele sentido da memória que todos temos do nosso passado, muitas vezes conturbado mas sempre difícil e sofredor.
Arrependo-me até hoje de não ter dado seguimento a um projecto juvenil, idealista como todos, de recolher uma série provérbios populares e canções de trabalho das ceifeiras do Alentejo, através da minha Avó.
A pequena e incipiente recolha que ainda hoje guardo em parte incerta, não chegaria a passar por outros olhos além dos meus e com a morte da minha Avó perdeu-se o meu único acesso a um passado que desconheço.
E esse é um dos problemas dos nossos dias, muitas vezes fazemos uma avaliação incorrecta do nosso passado porque enviesamos a análise ao dar-lhe um determinado valor positivo ou negativo, um determinado juízo de valor sobre a forma como vemos o nosso passado colectivo o que por vezes nos faz optar por o esquecer.
No entanto, chegamos a um momento das nossas vidas em que tb já temos passado e começamos a pensar que é provável que o que andamos para aqui a dizer e escrever não faça qualquer sentido para as próximas gerações.
Mas todas estas considerações sobre passado e projectos juvenis e saudades, servem apenas para convidar os meus amigos a ouvir uma reportagem da TSF sobre gente do tal passado sofrido e difícil que em tempos foi tratado num tom ora fatalista, ora épico pelo Estado Novo.
Falo da faina do Bacalhau nos bancos da Terra Nova e do testemunho dos últimos pescadores que embarcaram nos "dories" e das suas memórias que o Museu Marítimo de Ílhavo se apressa a recolher antes que esse testemunho desapareça.
"Pescadores de Memórias" que pode ser ouvido no site da TSF clicando sobre a rubrica Reportagem TSF.
Arrependo-me até hoje de não ter dado seguimento a um projecto juvenil, idealista como todos, de recolher uma série provérbios populares e canções de trabalho das ceifeiras do Alentejo, através da minha Avó.
A pequena e incipiente recolha que ainda hoje guardo em parte incerta, não chegaria a passar por outros olhos além dos meus e com a morte da minha Avó perdeu-se o meu único acesso a um passado que desconheço.
E esse é um dos problemas dos nossos dias, muitas vezes fazemos uma avaliação incorrecta do nosso passado porque enviesamos a análise ao dar-lhe um determinado valor positivo ou negativo, um determinado juízo de valor sobre a forma como vemos o nosso passado colectivo o que por vezes nos faz optar por o esquecer.
No entanto, chegamos a um momento das nossas vidas em que tb já temos passado e começamos a pensar que é provável que o que andamos para aqui a dizer e escrever não faça qualquer sentido para as próximas gerações.
Mas todas estas considerações sobre passado e projectos juvenis e saudades, servem apenas para convidar os meus amigos a ouvir uma reportagem da TSF sobre gente do tal passado sofrido e difícil que em tempos foi tratado num tom ora fatalista, ora épico pelo Estado Novo.
Falo da faina do Bacalhau nos bancos da Terra Nova e do testemunho dos últimos pescadores que embarcaram nos "dories" e das suas memórias que o Museu Marítimo de Ílhavo se apressa a recolher antes que esse testemunho desapareça.
"Pescadores de Memórias" que pode ser ouvido no site da TSF clicando sobre a rubrica Reportagem TSF.
4 comentários:
Foram precisos tantos anos para descobrir o Zé Raposo etnógrafo, a correr planícies e montes, de caderninho e gravador na mão...
Amigo tu que es alentejano "de sangue" aconselho-te vivamente a leitura do livro "levantado do chão" do Saramago.
Isto a propósito de tempos passados e difíceis.
Miguel, não posso porque o anónimo durante este fim de semana fez o favor de me indicar que havia muito Saramago na minha estante... ele não vai confirmar mas foi em sentido claramente depreciativo...
Aliás nota-se sempre que ele pretende destruir estas minhas pequenas e francamente ingénuas incursões nos campos da antropologia e da etnografia... :)
Mas como destruir?! Nunca! Pelo contrário, apenas se pretende salientar e valorizar esses esforços, do tipo da chamada "etnografia espontânea", que por várias razões se revelam muito importantes e interessantes. Quanto ao Saramago, não te sintas constrangido, longe de mim pretender estabelecer qualquer censura. E se o Miguelinho aconselha...
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