Hoje é mesmo um dia dado a encerramento de assuntos pendentes porque a falta de esperança que indevidamente se apropriou deste blog não é aceitável. Ainda não ficam todos resolvidos hoje mas por mais interessantes que as questões me pareçam, pretendo dar menos tempo à discussão de argumentos estéreis do ponto de vista que já nada de novo se trás ao debate.
Por isso aqui vai:
Afinal continuamos todos à volta do Anti-americanismo primário vs Americanismo primário que ao longo dos últimos anos todos temos arremessado uns aos outros baseados em conceitos mais ou menos fundados de liberdade e do que é preciso fazer para a manter.
Depois da questão das caricaturas do profeta Maomé, nada melhor que um detractor do Holocausto para pôr muita gente a salivar por essa blogoesfera fora. Não me interessa nem tão pouco me motiva, tentar perceber se a tolerância exigida anteriormente quanto à liberdade de expressão aquando das caricaturas está agora a ser posta em causa pelas mesmas pessoas. O que sei é que os anteriores defensores de limites provavelmente vão passar a ocupar o espaço que anteriormente era ocupado pelos defensores da liberdade sem fronteiras, para defender o ultraje da prisão de um homem por ter ousado manifestar a sua opinião e os segundos gentilmente passarão ao lado desta polémica porque não estavam à espera que ela lhes viesse tirar o tapete. Tudo muito coerente como habitual...
Mas do que é que estamos a falar? Estamos a falar de David Irving que no direito que a liberdade de expressão lhe confere publicou livro ou livros (que confesso não conhecer) que contestam a existência do Holocausto e que por isso foi acusado, levado a um tribunal onde teve a oportunidade de constituir a sua defesa e por fim condenado.
Por aqui no subúrbio discorda-se por princípio da existência de leis que visem limitar ou penalizar com prisão assuntos tabu, porque se acredita que a força daquilo que se defende é maior que a eventual necessidade de limitar opiniões.
Mas importa fazer uma distinção quanto à substância de ambas as situações.
Contestar o holocausto independentemente do juízo de valor que lhe atribuamos, é contestar a existência de um acontecimento real, comprovado pelos mais diversos documentos, provenientes de diversas origens, tendo inclusivamente existido um julgamento dos autores morais e materiais da matança.
Outra coisa substancialmente diferente é questionar a figura supostamente abstracta de um profeta ou de deus e do que eles representam, muito embora do ponto de vista dos ofendidos possa não haver lugar a qualquer dúvida razoável.
Ainda assim, ambas as questões embora diferentes e no meu entender totalmente opostas quanto aos fundamentos, são legitimamente criticáveis por quem assim o entender. A essência da legitimidade da crítica está na forma como se traduz.
Agora sim prometo não alimentar mais esta polémica.
1 comentário:
José,
Apesar de acabar de escrever um texto sobre o tema - denunciando que caminhamos sobre gelo muito fino quando falamos de liberdade de expressão - concordo que o tema deve deixar de ser alvo de polémica.
Mas, não tenhas qualquer tipo de dúvida, que este tema não deve morrer aqui porque é necessária uma alargada reflexão. Mas a seu tempo, não a quente.
O que mais me chocou foi a maneira como tentou-se transformar um incidente menor numa guerra de civilizações.
Da minha parte também encerro, para já, a discussão deste tema.
Abraço,
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