domingo, dezembro 31, 2006
Bom Ano
Solitariedades - Aborto - take 1
Último dia de 2006. Pensei em escrever algo sobre o ano que agora termina. No entanto, acabei por optar por agarrar já em 2007 e no primeiro factor de interesse do ano - o Referendo de Fevereiro.
Desde já, devo dizer que não reconheço como “vida humana” um feto de semanas. Se reconhecesse, a minha opção de voto seria Não. Ou seja, a opção de voto seria ainda mais evidente do que é. Mas se reconhecesse, então deveria estar há muito a combater a Lei em vigor há mais de 20 anos. É que se a Vida começa no momento em que o espermatozóide fecunda o óvulo, então as excepções que a Lei actual prevê são inaceitáveis. Uma gravidez originada numa violação não é igual a qualquer outra, em termos da avaliação do feto ? E o feto com deformações ? Não é “vida humana” ?
É como vos digo. Reconhecesse eu “vida humana” e andaria a recolher assinaturas para eliminar toda e qualquer excepção ao direito de interromper a gravidez. Caso contrário, seria uma hipocrisia.
Mas não reconheço. Como tal, é-me suficiente saber que há mulheres perseguidas e julgadas como criminosas por interromperem um processo biológico que decorre nos seus corpos, sem os quais os fetos não sobreviveriam.
Se não fosse suficiente, sê-lo-ia o facto das excepções previstas na Lei actual serem de aplicabilidade complexa que, em muitos casos, elimina mesmo a possibilidade admitida na Lei. A excepção em casos de violação é disto exemplo.
E as condições em que muitas mulheres acabam por abortar ???
Se, mesmo assim, ainda não estivesse convencido, lembrar-me-ia que legislar sobre o direito da Mulher em decidir o que fazer com o seu corpo é apenas mais uma etapa da histórica opressão patriarcal em que o Ocidente (e não só) continua a navegar.
Votar Não impede um direito. Votar Sim não transforma um direito numa obrigação!
E já que se lembraram de, pela segunda vez, colocar os eleitores a decidir algo que é da maior intimidade da Mulher, o mínimo que se pode fazer é mesmo votar Sim. Nem que seja porque SIM!!!
Que 2007 seja melhor que 2006...
quinta-feira, dezembro 28, 2006
olhares do campo - um presente mais, este para o Ano Novo
olhares do campo - irmão Ramos Horta
Mas não esqueçamos que Ramos Horta é líder de um povo até há tão pouco tempo humilhado pela terrível ocupação indonésia. Recordemos que esse povo luta com dificuldades pela afirmação como país, esse país novo que vimos nascer com o início do Século e que foi o motivo das nossas esperanças e mobilizações.
Que um homem como Ramos Horta eleja as palavras que proferiu, independentemente de tudo o mais, representa talvez a reafirmação de princípios facilmente esquecidos no plano político internacional. E é também talvez um sinal de esperança, ao qual gostaríamos de poder aderir nestes dias em que é costume olhar-se o futuro e procurar-se um caminho para lá do já percorrido.
quarta-feira, dezembro 27, 2006
Solitariedades - Notas de Natal
Durante este período, os canais de televisão vão buscar clássicos e/ou novidades que retratam o nascimento de Cristo e episódios afins. Mesmo que não se tenha fé alguma nestes contos, há que convir que são histórias extraordinárias. Ou, dito de outra forma, Jesus Cristo é, ainda hoje, e no mínimo, protagonista de um dos mais belos romances da História.
Entretanto, morreu Gerald Ford. Parecendo que não, este senhor tinha alguns pontos em comum com outro recém falecido. Para começar, nenhum deles foi eleito. Para além disso, faziam ambos parte das amizades de uma terceira figura chamada Richard Nixon. Ford foi escolhido para vice de Nixon e Pinochet foi avalizado pela CIA no (primeiro) 11 de Setembro tristemente célebre.
Prémio (intolerância religiosa) do ano 2006
As caricaturas que já tinham aparecido num jornal dinamarquês no ano de 2005 e que estrategicamente alguns líderes de países muçulmanos "so called" extremistas decidiram contestar já este ano, seriam a fonte do despoletar de uma vaga de intolerância religiosa dos dois lados da barricada.
Maomé parece não poder ser retratado, até porque ninguém saberá qual a sua figurinha, mas isso não impediu que alguns movimentos mais próximos da extrema-direita dinamarquesa fizessem publicar, republicar e re-republicar as caricaturas assim como publicá-las um pouco por todo o mundo.
Num ápice o mundo muçulmano confundiu o todo com as partes e toca a atear fogo às embaixadas da Dinamarca e logo de seguida à de outros países à medida que estes publicavam ou defendiam a publicação de tais hereges caricaturas. Pelo meio, as ocidentais marcas multinacionais adoptaram o conceito "think global, act locally" (é ao contrário, eu sei) e começaram a banir produtos dinamarqueses e por arrasto europeus de algumas das suas lojas. Do outro lado do atlântico, Bush e a sua Condolleza invocavam a necessidade do politicamente correcto nas relações com os países árabes. Logo, Bush não se vê como um elefante numa loja de porcelanas... isso são os outros...
Ainda este ano o prémio intolerância religiosa 2006 viria a ter de ser repartido exequo com o Bento, que lá foi falar que alguma vez houve um imperador que tinha uma ideia absurda sobre a violência do Islão, porque hoje em dia isso não existe…
terça-feira, dezembro 26, 2006
A guerra do Natal
Seguindo esta lógica, porque razão continuamos a dar noticias sobre acidentes de viação???
Todos os anos, sem excepção a quadra de Natal (já para não falar no resto do ano) fica irremediavelmente marcada pela guerra que se vive diariamente nas estradas portuguesas. É de uma guerra que falamos porque os portugueses não conseguem cumprir as mais básicas regras de civilização quando aos comandos de um carro.
É na estrada que vêm ao de cima o que de pior temos em nós. Toda a mesquinhez, estupidez e ignorância do povo português manifesta-se dentro de um carro.
Temos de ter grandes carros, com grandes cilindradas, isso é que é de homem. Não acelerar e andar a pisar ovos é logo razão mais que suficiente para questionar a legitimidade da carta de alguém, além de ser óptima razão para se insultar alguém que aquele cabeludo e impiedoso nome que faz tremer os homens com eles no sítio, "MEU GRANDE PANELEIRO, anda lá com essa merda".
Na essência não se consegue compreender para que existe um código da estrada em Portugal, senão precisamente para não o cumprirmos. Há uma série de gajos que não percebe nada de condução, sim porque nós somos todos tão bons condutores quanto somos bons treinadores de bancada, que insistem em colocar sinais e traços e marcas no chão. Tudo para apenas se tornar mais evidente a necessidade de não os cumprir. É irresistível… um português não consegue ter um nível de civilização adequado que lhe permita escolher entre cumprir e não cumprir. Nem sequer chega a ser um dilema moral. Um traço contínuo é a própria definição do incumprimento. Ele existe precisamente para ser violado.
É de uma guerra que se trata, e independentemente das desculpas que possamos arranjar, no momento em que alguém é vítima da condução irresponsável de outrém, temos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para deter estes anormais.
Na realidade o verdadeiro milagre de Natal dos nossos dias é não morrer mais gente na estrada, porque boas oportunidades não faltam e a Divina providência vai acabando por safar alguns.
segunda-feira, dezembro 25, 2006
sexta-feira, dezembro 22, 2006
Mensagem de Natal
Alguns dos que agora vão receber esta mensagem, lembrar-se-ão que eu tinha a mania que era uma espécie de Cardeal Patriarca alternativo e que por isso tinha de fazer chegar aos meus amigos momentos de reflexão natalícia, apropriados a esta altura em que tanta gente apenas se recorda da parte consumista da coisa.
Agora que perdi o encanto pela vida de pastor alternativo (cruzes, credo, canhoto) as minhas mensagens de Natal serão naturalmente mais simples e menos simbólicas ou até filosóficas.
O Natal, apesar de ser uma festa religiosa, pode e deve ser comemorado por crentes e não crentes como aquilo que realmente é, um sentimento.
Um sentimento de Paz, de recolhimento e de família, por mais que eles nos possam dar cabo do juízo, e um momento (ainda que escasso) para lembrarmos aqueles que têm menos sorte que nós.
A todos os meus amigos, aos nossos leitores (acidentais e fiéis), aos nossos colegas bloggers (até ao Pacheco Pereira) e à blogoesfera em geral, desejo o melhor que o Natal tem para dar :)
quinta-feira, dezembro 21, 2006
Um Natal politicamente correcto
Alemão - Frohe Weihnachten
Arménio - Shenoraavor Nor Dari yev Pari Gaghand
Basco - Zorionak
Catalão - Bon Nadal
Coreano - Chuk Sung Tan
Croata - Sretan Božić
Castelhano - Feliz Navidad
Esperanto - Gajan Kristnaskon
Finlandês - Hyvää joulua
Francês - Joyeux Noël
Grego - Καλά Χριστούγεννα
Inglês - Merry Christmas ou Happy Christmas
Italiano - Buon Natale
Japonês - Merii Kurisumasu (adaptação de Merry Christmas)
Mandarim - Kung His Hsin Nien
Holandês - Kerstfeest
Romeno - Sarbatori Fericite
Russo - S prazdnikom Rozdestva Hristova
Sueco - God Jul
Ucraniano - Srozhdestvom Kristovym
Disclaimer: Lista obtida com a preciosa ajuda da Wikipedia. Pedimos desculpa pela ausência de variadissimos idiomas ou dos seus caracteres originais. Essa ausência não poderá ser invocada como representativa de ódio visceral aos povos que os utilizam.
Acontecimento (económico) do ano 2006
Subitamente o país acordou para a realidade que outros já viveram em que as empresas se compram umas às outras e acabam por se fundir e multiplicar ou concentrar.
Subitamente ficámos todos com a sensação que estava tudo à venda. Que todas as empresas fossem de telecomunicações, bancos ou transformadoras de papel estavam a preço de saldo e por isso se justificavam as OPA’s. Ainda por cima porque pelo menos uma destas operações é protagonizada por uma formiga que quer engolir um gigante.
Mas rapidamente percebemos que não é bem assim, que isto demora muito mais tempo do que seria razoável, e que outra coisa não seria de esperar em Portugal.
Sem querer alongar-me nesse assunto até porque as OPA’s ainda vão ser matéria do próximo ano, estas dificuldades surgem porque não definimos ainda o que pretendemos do papel do estado nas grandes empresas e também na influência na economia. E enquanto não repensarmos esses aspectos, vamos continuar a ter este tipo de operações rodeado de montanhas de burocracia sem sentido com pareceres de um lado para o outro. Esperemos que em 2007 o acontecimento económico seja o crescimento económico aliado à consolidação das pequenas e médias empresas, que são quem afinal alimenta este país.
A genética da discriminação
quarta-feira, dezembro 20, 2006
olhares do campo - outra música para os nossos dias
Onde o sol se põe cinzento
E o bel-canto da cigarra
Jaz mudo sob o cinzento
Quando a noite cai sombria
Com seus ténues lampadários
Luzindo na simetria
Dos novos bairros operários
O meu coração vadia como um lobo solitário
Na tristeza de um subúrbio
Pinto apelos em murais
Esfumo a noite em olheiras
Deslizo na hora do lobo
Sigo o rastro das padeiras
Afio as minhas armas brancas
Nas esquinas de metal
Cravo-as bem fundo nas ancas
Da cintura industrial
O meu coração vadia como um lobo solitário
Na tristeza de um subúrbio
Silva a hora do comboio
Treme na erva o orvalho
Corações da outra banda
Apressam-se para o trabalho
Com olhos mal acordados
Brilho vestido ao contrário
Como peixes alucinados
Às voltas no seu aquário
O meu coração vadia como um lobo solitário
Na tristeza de um subúrbio"
Carlos Tê/Rui Veloso - "Corações Periféricos", em "Avenidas"
"Nunca acontecerá, jamais em tempo algum"
terça-feira, dezembro 19, 2006
Da regulação
Enquanto isso a Entidade reguladora da comunicação Social parece estar descontente com os seus já vastos poderes, que a ser aprovada a lei de televisão lhes permitirá fazer a impensável interrupção de programas em directo. Querem agora dar parecer (mais pareceres, que estão tão na moda) sempre que for nomeada uma administração da RTP. Controlar os conteúdos não é suficiente, a gestão também deve sofrer um parecer. Sobre esta Entidade o PSD não parece interessado em manifestar-se até porque aprovou o funcionamento da entidade tal como está.
Da estupidez
Solitariedades - Dois homens, uma diferença
Nasceram ambos no Verão de 1978 em pequenos lugarejos rurais. Os pais, adeptos da Argentina campeã do Mundo nesse Verão, baptizaram-nos em homenagem a Mário Kempes. Casaram relativamente cedo e foram Pais quase ao mesmo tempo. Ao primeiro filho seguiu-se o segundo. À medida que a família aumentava, o mesmo acontecia às dificuldades económicas que enfrentavam nos seus países.
A opção pela emigração começou a ser ponderada nas duas famílias. As vantagens materiais eram indiscutíveis. Ainda assim, ambos hesitaram imenso. Nunca haviam saído dos seus países e raras foram as viagens até às respectivas capitais. Mas o pior era a antecipação das saudades que sentiriam dos amigos e familiares, das mulheres e filhos em particular.
Pesados prós e contras, tomaram a decisão de arriscar. Destino escolhido - Paris.
Os pontos em comum terminam aqui. Mário Silva pegou num montante suficiente para pagar o Sudexpress e foi até ao Porto. Chegou a Paris e, após alguns dias de procura de trabalho e de análise das opções disponíveis, começou a trabalhar numa loja de fast-food da capital gaulesa. Nasceu em Trás-os-Montes. É português.
O outro Mário nem sequer chegou a Paris. Chamava-se Mário Yameogo e nascera a duas horas de carro de Bobo-Dioulasso, no Burkina Faso. O objectivo Paris passava por pedir dinheiro emprestado a vizinhos, familiares e amigos. Só assim pôde pagar aos vários intermediários que lucram com a emigração ilegal para a Europa. Mas a viagem deste Mário terminaria no Sul da Península Ibérica. O seu corpo foi encontrado junto a Gibraltar há uns dias. Já sem vida...
Esta história é fictícia. As verdadeiras acontecem todos os dias. Até quando ?
segunda-feira, dezembro 18, 2006
Solitariedades - Eu, tu, nós, eles
sexta-feira, dezembro 15, 2006
Acontecimento (político) do ano 2006
Janeiro foi um mês estranho. Nevou em todo o país, Mozart fez 250 anos, o Hamas chegava ao poder na Palestina e Bacelet no Chile. Ouvimos falar pela primeira vez no MIT e do envelope 9. Aqui em casa nascia o Terminal do Suburbano (que insiste até hoje em não estar devidamente actualizado), e O Eleito fechava as portas. Cavaco ganhou as presidenciais e a blogoesfera tornou-se uma seca...
Atento às dificuldades do país real, Cavaco lançou a sua versão de presidência aberta, os Roteiros, que aos poucos têm vindo a chamar a atenção para assuntos sociais como a exclusão.
Com discursos fortes nos momentos certos e com um maior sentido da protocolaridade do lugar, tem vindo a marcar o seu estilo na presidência.
Ainda que se espere que, tal como todos os outros, não haja nada de relevante a dizer do primeiro mandato, Cavaco já defraudou as expectativas de uma parte substancial do seu eleitorado, daqueles outros partidos que o apoiaram. Todos aqueles que não esperavam ver uma tão grande proximidade ou até sintonia com o governo.
quinta-feira, dezembro 14, 2006
Post PQP das 23:17
Deviam abrir mais faixas no IC19 porque três filas entupidas a esta hora, ainda não conseguem recriar o ambiente familiar e aconchegante do Natal. Ainda somos poucos e está muito frio. Com mais uma ou duas faixas talvez fosse melhor, porque o efeito visual é mais impressionante...
Mais notícias (ou más notícias. Depende de quem lê)
Agora é que isto vai "apitar fininho"
olhares do campo - Se eles são tão amigos...
olhares do campo - Nós, os finlandeses
1- O Engenheiro Sócrates ter de esconder a cara de vergonha, pela revelação da forma manipuladora como refere o "modelo Finlândia". De universos tão díspares, escolhe-se aqui e além o que interessa ao marketig político reles, para iludir muito e fazer talvez tão pouco. Como pretende seguir o "modelo", na sua lógica de contabilista de mercearia?
2- O perigo de se alinhar pela tendência geral para a "psicologia colectiva". Desgraçados de nós, que nunca chegaremos ao nível daquele povo afortunado? Ou felizes dos lusitanos, no seu espírito tão próprio, que não cai na frieza do "rigorismo"? São assim, os portugueses...
quarta-feira, dezembro 13, 2006
Acontecimento (medíocre) do ano 2006
O médio Oriente e o conflito palestiniano, parecem ser o inicio e o fim de todos os problemas.
A confusão generalizada entre estado e religião, entre ditadura, suposta democracia e extremistas e a forma como se movimentam forças extremistas para conquistar espaços que os mais moderados não conseguem manter, a juntar à absurda prepotência e cegueira americana sobre a região, ajudaram a perpetuar conflitos e crises politicas e a alimentar a máquina de guerra com milhares de corpos de inocentes. Pode ser que em 2007 alguém decida assumir um plano sério para o conflito israelo-palestiniano. Imagino ser esperança vã…
Será...
... que a promessa de baixar os impostos em 2010, apenas se o crescimento económico do país atingir os 3% do PIB, também faz parte da escalada de propaganda eleitoralista sem escrúpulos, que o governo tem vindo a alimentar, com o intuito de enganar os portugueses?
Pensamento do Dia
"Senhor, dá-me SABEDORIA para entender as pessoas que comigo trabalham, porque se me dás FORÇA parto-lhes a cara."
terça-feira, dezembro 12, 2006
Sai um ditador, bem tostado por favor...
De acordo com os familiares, o corpo de Augusto Pinochet vai ser cremado para evitar que adversários e opositores do general vandalizem o seu túmulo.
Frase (mas será que ninguém me demite) do ano 2006
Tem aqui início a recordação de alguns episódios do ano de 2006. Até ao final do ano vou deixando aqui alguns destaques que nos chocaram, nos foram indiferentes ou simplesmente nos fizeram rir.
Começamos por Manuel Pinho. O feliz autor desta frase cheia de consciência social, digna de um grande estadista, proferida no meio das negociações entre trabalhadores e a administração da Auto-Europa e perante a possibilidade de estar em risco a viabilidade da empresa:
"Os trabalhadores em plenário, trocaram a certeza de mais horas extraordinárias, pela certeza de mais desemprego..."
olhares do campo - Nos 30 anos do poder local democrático...
segunda-feira, dezembro 11, 2006
Autarquias
O executivo das câmaras municipais tem de ser de uma única cor e as forças partidárias que não conseguirem ganhar as eleições devem fazer-se representar nas assembleias municipais investidas de novos poderes.
É o que faz sentido e evita este tipo de situações que com maior ou menor visibilidade que é dada à capital do país, acontece na maioria das câmaras do país.
O PC e as forças políticas mais pequenas não gostam, mas é normal. Já acontece o mesmo com a reforma da lei eleitoral. Não é uma questão de poderes mas uma questão de governabilidade.
Armar ao pingarelho
Tarde demais
O sentimento agridoce deriva da relativa impunidade e tranquilidade em que morrem. Não se faz justiça e os poderes políticos pós ditadura, no Chile como em outras paragens têm receio de chafurdar na porcaria, que a qualquer momento pode voltar-se contra eles. A consolidação democrática permite demasiadas vezes a cedência a situações de compromisso mais ou menos absurdas como a que permitiu que até 1998 Pinochet fosse o chefe supremo das forças armadas, e permite que o julgamento público seja amenizado a bem da paz social. Ainda assim é lamentável que este sujeito não tenha podido ser julgado e tenha passado pela humilhação de estar preso num cárcere vulgar como tantos outros que ele prendeu, nem que fosse apenas por um dia.
Mesmo assim os julgamentos podem e devem continuar, porque Pinochet não actuou sozinho nem morreram todos ontem à noite.
Talvez agora o Chile, apesar das manifestações mais ou menos violentas de ontem, motivadas por uma minoria de saudosistas (há destes em todo o lado...) possa encontrar um caminho de paz e prosperidade.
quinta-feira, dezembro 07, 2006
The Bridge
A sociedade moderna além de não estar, na maioria das vezes, atenta aos sinais, também proporciona inúmeras possibilidades de concretização do suicídio.
Enquanto a maioria de nós celebra o êxito do génio humano, outros vêm oportunidades de por termo às suas vidas. Provavelmente será sempre assim, e sempre existirão perguntas sem resposta.
Otário
Otário – individuo que defende, com ardor mas sem argumentos, a construção do Aeroporto da Ota.
Quem é que já me terá chamado isto? :)
quarta-feira, dezembro 06, 2006
Solitariedades - Babyklappe
A irracionalidade vai a pontos de nem sequer perceberem que o direito à vida de que supostamente são arautos é defendido por medidas destas. As “babyklappe” salvam as vidas dos recém-nascidos ali deixados, tal como a despenalização do aborto poderá salvar as vidas de mulheres deixadas ao sabor de curiosos da matéria que, sem o mínimo de condições, fazem abortos por esse país fora...
Serviços mínimos
Não sou um orgão de soberania
Além disso já ninguém normal consegue aturar esta treta.
terça-feira, dezembro 05, 2006
Solitariedades - I told you so...
domingo, dezembro 03, 2006
Factor geracional
Não sabia que este estudo sobre os jovens era afinal sobre mim, e sobre a minha geração, sobre as dificuldades e incertezas que sempre tivemos e sobre a forma como sobrevivemos a um sistema de educação perdido entre reformas. Como conseguimos sobreviver à droga, aos subúrbios descaracterizados, à violência que os mais velhos que iam ficando para trás nos anos que reprovavam nos iam infligindo e sobre a qual os nossos pais nos avisavam com frequência. Sobrevivemos aos micróbios e à chuva copiosa sempre que insistíamos em não usar chapéu-de-chuva. Iludimo-nos e encantámo-nos com as coisas mais simples. E como acabámos por dar a volta por cima, acabando tudo por correr mais ou menos. Sim, mais ou menos.
Ninguém, com ou sem estudo, nos pode negar a evidência que ninguém fez nada de especial para nos ajudar e tivemos de ser nós a lidar com a frustração de sermos filhos de uma geração que não queria menos para os seus filhos do que serem todos doutores, e nem todos lá conseguimos chegar. Os que chegaram continuam a bater-se pela sua oportunidade.
Não casámos, não vamos casar, juntámos os trapinhos, vivemos em casa dos pais ou acabámos por estar cheios de dívidas porque decidimos não o fazer. Mas o importante é perceber que embora este estudo venha a servir para fazer politicas de juventude para o futuro, a juventude actual não tem necessariamente os mesmos dramas que nós tivemos e talvez fosse uma boa ideia fazer politicas de juventude adequadas às suas dificuldades e não apenas publicarem um estudo quando eles já tiverem trinta.
SIM
Numa altura em que se começa a “contar espingardas” e começam a aparecer cada vez mais movimentos a favor ou contra a despenalização da IVG, este blog considera não poder ficar de fora.
Tencionamos deixar aqui as razões que alimentam as nossas posições, numa altura mais oportuna, talvez no início do ano. No entanto, isso não invalida que neste momento possamos afirmar que este blog e os seus elementos são pela escolha e pelo SIM no referendo, de forma a terminar esta hipocrisia que continua a humilhar mulheres nos tribunais portugueses.
sexta-feira, dezembro 01, 2006
Pontos de vista
Depois de ouvir que a Rádio Renascença tomou uma posição sobre o referendo para a despenalização da IVG, mas que ainda assim a sua informação vai manter a mesma independência de sempre, só me consigo lembrar (e um amigo que aqui pára tb) da objectiva liberdade com que a Rádio Renascença evitou passar uma música do Rui Veloso chamada "O Prometido é devido"...