quarta-feira, dezembro 27, 2006

Prémio (intolerância religiosa) do ano 2006

Lá para Fevereiro fazia 14 anos que um grupo de jovens tinham enveredado por um projecto associativo numa escola dos subúrbios e a redacção do 24horas tornava-se sujeito da notícia ao mostrar as suas mãos limpas. Começavam os Jogos Olímpicos de Inverno em Turim, mas aquilo que viria definitivamente a marcar Fevereiro, e muito dos meses seguintes, seriam as caricaturas de Maomé.
As caricaturas que já tinham aparecido num jornal dinamarquês no ano de 2005 e que estrategicamente alguns líderes de países muçulmanos "so called" extremistas decidiram contestar já este ano, seriam a fonte do despoletar de uma vaga de intolerância religiosa dos dois lados da barricada.
Maomé parece não poder ser retratado, até porque ninguém saberá qual a sua figurinha, mas isso não impediu que alguns movimentos mais próximos da extrema-direita dinamarquesa fizessem publicar, republicar e re-republicar as caricaturas assim como publicá-las um pouco por todo o mundo.
Num ápice o mundo muçulmano confundiu o todo com as partes e toca a atear fogo às embaixadas da Dinamarca e logo de seguida à de outros países à medida que estes publicavam ou defendiam a publicação de tais hereges caricaturas. Pelo meio, as ocidentais marcas multinacionais adoptaram o conceito "think global, act locally" (é ao contrário, eu sei) e começaram a banir produtos dinamarqueses e por arrasto europeus de algumas das suas lojas. Do outro lado do atlântico, Bush e a sua Condolleza invocavam a necessidade do politicamente correcto nas relações com os países árabes. Logo, Bush não se vê como um elefante numa loja de porcelanas... isso são os outros...
É ao fim ao cabo como as coisas se resolvem por aquelas bandas, à paulada. Não há interlocutores válidos e os que há, ou quando há, o ocidente não os reconhece como tal. É outra vez o fenómeno da pescadinha de rabo na boca.
Ainda este ano o prémio intolerância religiosa 2006 viria a ter de ser repartido exequo com o Bento, que lá foi falar que alguma vez houve um imperador que tinha uma ideia absurda sobre a violência do Islão, porque hoje em dia isso não existe…

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