Tolerar a intervenção etíope na Somália já é ter de se engolir um sapo relativamente incómodo para muito boa gente. Mas as circunstâncias próprias dos acontecimentos em África, a certeza que a Somália pura e simplesmente não tinha um estado tal como nós o imaginamos e o facto das forças etíopes estarem a dar cobertura a um governo criado pelas Nações Unidas acaba por amenizar essa sensação.
Agora, uma potência como os Estados Unidos aproveitarem a confusão para bombardear locais onde previsivelmente se escondem militares da Al qaeda é algo completamente diferente… (pelo menos para alguns)
Mas na substância é exactamente a mesma coisa. Os Estados Unidos reservam para si o direito de intervir onde muito bem lhes aprouver (pelo menos nesta administração) tal como os etíopes o fizeram e não me lembro que estes tenham recebido um mandato da ONU.
A única diferença está em que cada vez menos é possível acreditar na legitimidade moral dos americanos para “nos” protegerem. O governo americano colocou-se, e por arrasto colocou-nos, numa situação ímpar em que tudo pode ser questionado. E essa é uma imagem que vai demorar a recuperar.
As armas de destruição maciça afinal não existiam, os militantes da Al qaeda não tinham bases no Iraque (só chegaram depois da queda de Saddam) e os métodos praticados deixam muito a desejar. Por isso temos tantas certezas que aquilo que foi bombardeado na Somália foram perigosos extremistas, como temos de que existem extraterrestres…
1 comentário:
Agora que andamos todos tão "contabilistas", que tal expormos o número de países bombardeados pelos EUA desde, por exemplo e apenas, a 2ª guerra mundial? (Já para não falar nos auto-bombardeamentos em situações de guerra, com fins experimentais e científicos?)
Com aliados assim, ficamos sempre bem na fotografia...
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