terça-feira, janeiro 16, 2007

Olhares

Eu já estava sentado, ela chegou e sentou-se a um metro de mim e ficámos de frente um para o outro. Olhou-me pelo canto do olho, fingiu que não me viu e enfiou a cabeça nas palavras cruzadas.
Eu achei que não deveria fazer o especial esforço para lhe falar e fixei um qualquer ponto na janela para evitar que os nossos olhares se cruzassem.
Quando chegámos olhou novamente para mim e toda a sua expressão facial transmitia uma certa raiva, como que a responsabilizar-me por não lhe ter falado. No final da viagem apenas havia um culpado. Era eu. No fundo és apenas uma mulher normal.

1 comentário:

Anónimo disse...

As saudades que eu tenho dos silêncios incómodos das viagens na linha de Sintra... acaba por vir sempre ao de cima os sentimentos próprios de quem é suburbano... :)

Um forte abraço (e sim, ainda estou vivo)