quarta-feira, janeiro 31, 2007
Eu avisei...
Agora não há alternativa, Manuel Pinho tem de sair.
Não é possível continuar a manter no governo um sujeito que consecutivamente ameaça a existência de qualquer projecto económico, se ele existe, para dinamizar a economia e o país. Não é possível manter no governo um homem que se tornou motivo de chacota nacional.
O Primeiro-ministro não pode corroborar estas afirmações escandalosas sobre os salários e fundamentalmente sobre as expectativas futuras desses salários e sobre o carácter supostamente mole dos trabalhadores portugueses, sob pena de isso legitimar totalmente as dúvidas que se manifestam na rua, de muito sectores profissionais e dos portugueses em geral sobre o trabalho do governo.
Sócrates não só tem de por o ministro na rua, como tem de fazer o correspondente acto de contrição público, que esclareça devidamente o que se passa naquele ministério.
Pontos de vista sobre o referendo (2)
terça-feira, janeiro 30, 2007
Pontos de vista sobre o referendo (1)
É uma questão de estilo
Mais um sinal da evidente cooperação estratégica entre Belém e São Bento. Assim pode falar-se directamente com os eleitores, sem o escrutínio desses incómodos e malvados jornalistas.
Provavelmente, e apesar de mais uma comitiva cheia de empresários, esta será mais uma viagem para voltar de mãos vazias.
Aborto - take 3
No final acaba por ser clandestino
Se os defensores do Não, não conseguirem, e é previsível, que não consigam objectivamente falar com todas as mulheres, e partindo do principio que algumas das que tentarem convencer vão continuar a querer abortar, qual a alternativa que lhes vão dar?
Nenhuma outra, que não o aborto clandestino e a prisão.
É lindo
segunda-feira, janeiro 29, 2007
Onde é que eles andavam?
Desde 1998 todos os jovens portugueses continuaram a corar e a rir às escondidas dos preservativos e da pílula e as mãezinhas continuaram a pagar os abortos em Badajoz às meninas que se descuidavam, mas com quem nunca antes tinham falado sobre sexualidade, pois alguém deve ter essa obrigação.
Campanha pelo SIM
Associação para o planeamento da família; ATTAC; Barreiro pelo Sim; BE; Beja pelo Sim; CGTP; Cidadania e Responsabilidade; Colectivo Feminista; Em movimento pelo Sim; esquerda.net; ILGA - Portugal; Jovens pelo Sim; JS; Médicos pela escolha; Movimento Democrático das Mulheres; Não te prives; PCP; PH; POUS; PS; Rede de Jovens para a Igualdade; Sim esclarecido; Sim no referendo; UMAR; Voto Sim.
Há um ano...
Agora parece que vai nevar todos os anos e apesar de estarmos a falar de uns flocos mínimos, não podemos ignorar que depois de 40 anos sem nevar em Lisboa, é muita coincidência nevar dois anos consecutivos.
É como a historia das ondas de calor. Consecutivamente são cada vez mais fortes e a cada ano que passa a temperatura sobe mais.
Isto assim já não tem muita piada. Afinal sempre soubemos que para ver neve a sério podíamos ir à Noruega, mas aparentemente a Noruega insiste em vir ter connosco no Inverno, assim como o deserto do Sahara insiste em enfrentar-nos no Verão.
Frase do dia
sábado, janeiro 27, 2007
T3
Para já pequenas alterações apesar de todos os blogs aqui da lista ao lado terem ficado desconfigurados devido aos acentos, que irei corrigindo aos poucos e quando houver tempo.
A melhor alteração são as Labels ou Tags que aqui se chamam (vá alguém perceber porquê) Marcadores. Vão estar debaixo de cada post e permitem seleccionar todos os restantes posts relacionados com esse, caso existam.
Esta alteração também determina a morte do Terminal do Suburbano porque estes marcadores fazem perfeitamente essa função de histórico muito melhor e sem grande trabalho.
Assim sendo, e mesmo não se prevendo para já alterações de template, o nosso T3 acaba por ficar melhor organizado.
sexta-feira, janeiro 26, 2007
Solitariedades - Aborto - take 2
Solitariedades - A Queda
Logo agora... Logo agora que começava a ficar claro que dificilmente voltarias a ser usada por quem te usou tantas vezes. Coincidência, dizem uns. Sinal, dirão outros. Nada de mais, proclamam os restantes. Mas caíste...
E caíste no momento certo...
quinta-feira, janeiro 25, 2007
Já passou...
olhares do campo - Desmistificar II
olhares do campo - Desmistificar I
(clique na imagem para ampliar. Transcrição do artigo 26º do Decreto-Lei nº 24/84, de 16 de Janeiro - Estatuto Disciplinar dos funcionários e agentes da administração pública)
quarta-feira, janeiro 24, 2007
The usual
Quem acaba por ser constituído arguido é sempre o jornalista e o jornal, ou site que publicou os dados, tentando-se sempre passar a ideia que são os jornalistas, esses demónios, os grandes responsáveis pela violação do segredo de justiça.
No entanto fica sempre por esclarecer a forma como vão parar aos jornais os documentos, afastada que está a improvável teoria de os jornalistas se esconderem na procuradoria durante a noite.
Solitariedades - Populismo de Direita à Portuguesa
Um Suburbano em cada casa
Ou então, para todos aqueles que não resistem a identificar-se com as nossas opiniões, mas que por razões não totalmente esclarecidas estejam na casa de banho, no comboio, num avião (em breve), numa qualquer situação íntima, em que inexplicavelmente o uso de um computador para ler o Suburbano não seja comum, não necessitam de esperar mais pois chegou a solução.
O Suburbano tem uma versão para telémovel. Agora basta aceder ao Web Browser no seu telefone (normalmente é aquela coisa com um planeta) aceder a opções, seleccionar “Ir para URL” ou algo parecido com isto, e introduzir o seguinte endereço: http://www.google.pt/gwt/n?u=http://joseraposo.blogspot.com , depois é so memorizar para não se ter de repetir este endereço.
Logo de seguida fazer ok, e eis que surge o Suburbano. Tal e qual como na net com imagens e tudo, embora com uma configuração adaptada a telefones móveis.
Disclaimer: Este endereço apenas funcionará em equipamentos que já suportem actualmente serviços como o Vodafone Live!; I9 ou Optimus Zone e que funcionem em GPRS.
terça-feira, janeiro 23, 2007
Quem esteve comigo esta tarde vai perceber...
Quem diria...
É bem capaz de ser a surpresa dos Óscares deste ano. Penélope Cruz está nomeada para o Óscar de Melhor Actriz e pode arrumar de uma vez por todas o complexo que vêm sempre atrás das actrizes... digamos... voluptuosas... mesmo que não ganhe a estatueta careca.
Solitariedades - Apocalypto ou o fim em si mesmo ?
Caro Mel, fui ver o teu último filme. Tal como aquando da “Paixão de Cristo”, hesitei. Mas fui. E saí de lá um bocado perturbado. Isto, só por si, é sinal de que produziste Arte. Pelo menos é o que dizem alguns. Arte é tudo aquilo que perturba. Mas adiante. Como tu és um fervoroso religioso conservador, confesso que entrei na sala já algo desconfiado. Mas conseguiste que essa desconfiança fosse em escalada até à cena final.
Parabéns pela fotografia e pelo elenco. Apesar de desconhecido, tem interpretações de grande nível. Também é verdade que te lembraste de contar uma história menos conhecida. É um facto. Mas por seres quem és e quem fazes questão de assumir ser, perguntei-me porquê e para quê.
Quando começas o filme com aquela citação, estás a insinuar que o colonialismo só teve as características e consequências que teve porque as sociedades colonizadas se desfaziam por dentro ? É que se estás, deixa-me dizer-te que acho que essa análise é um bocado limitada. Não sei de alguém que defenda a “perfeição” das sociedades colonizadas, pelo que não te entendo.
Quando o protagonista realça o facto de ser um caçador, como o seu Pai foi e os seus filhos serão, estás a defender uma espécie de back to basics civilizacional ? Se é isso, podemos falar melhor porque talvez até tenhamos algumas perspectivas em comum.
Quando só apresentas os aspectos bárbaros da civilização Maia, estás a querer o quê ? A esta prefiro nem imaginar respostas. Mas o mínimo que posso dizer é que é estranho só teres mostrado aspectos negativos de uma civilização com tanto de interessante para relatar...
E que dizer da violência que chegou a roçar o sadismo que tu pareces insistir em apresentar nos teus filmes ? Confesso que não percebo, mas é apenas mais uma coisa que não percebo. Deixa lá.
Os media classificam Apocalypto como um “Drama”. Na minha modesta opinião, o teu filme é fraquito de argumento. Bem vistas as coisas, é uma história bem comum em cinema. Lá está, aquilo que a distingue é precisamente aquela relação entre os bons e os maus selvagens... Não é ?
Mel, já agora, se me permites, já pensaste que aquela cena final dificilmente terá tido uma continuação agradável para aquelas três personagens ? É que os tipos que se preparam para desembarcar naquela praia, carregando uma cruz de madeira, não devem ter permitido que os bons selvagens continuassem a sua vida pacata em plena selva, não te parece ? Bom... E isto porque não acredito que estejas a pretender passar a ideia que os recém chegados vieram colocar ordem naquele caos que tu apresentas. A sério que não.
Mel, como vês, até nem te tenho em muito má conta. Assim sendo, e logo que possas, esclarece-me estas dúvidas, está bem ? Se não o fizeres, também não te levo a mal. Afinal de contas, o simples facto deste filme me ter colocado várias questões, já o distingue de muitos outros.
segunda-feira, janeiro 22, 2007
Nada menos que um SIM esclarecido
A falta de bom senso habitual
A família e de preferência bem tradicional, bonitinha e lavadinha tornou-se um objecto de devoção da mesma forma como os carros de grande cilindrada ou as viagens ao estrangeiro.
Resultados visíveis da viagem do Presidente à Índia
quinta-feira, janeiro 18, 2007
Falta de decência mascarada de respeito pela vida
Angola está a crescer anualmente na casa dos 13% ao ano. E isso é bom mas representa uma possibilidade estrutural da economia angolana em crescer muito depressa, porque antes não conseguia crescer nada. Mas isso quererá dizer que o crescimento económico angolano os coloca imediatamente a par de países ricos que até crescem menos? Não.
Logo, se não temos abortos legais é perfeitamente natural que a sua liberalização faça aumentar consideravelmente o número absoluto de abortos, porque antes eles não existiam (legalmente). No entanto isso significará que vai haver mais mulheres a engravidar só para terem essa extraordinária possibilidade de abortar, tal como se estivessem a utilizar o telemóvel? Não creio.
Aliás parece-me até que o argumento é de tal forma repugnante que qualquer campanha do NÂO, deveria hesitar em ter este anormal nas suas fileiras. Comparar o fenómeno associado a tendências, e modas, na aquisição de telemóveis de acordo com o seu preço ou características, é o mesmo que dizer que as mulheres da tal cultura abortista, que ele refere, passariam a fazer abortos porque as amigas já tinham feito e tinham gostado. O que naturalmente não passa de um absurdo cretino de uma mente perturbada e irresponsável.
Solitariedades - Citando 1
Eu sou muito burro...
quarta-feira, janeiro 17, 2007
Para os mais distraídos...
Cardealismos
A bem dizer, isto dos argumentos a favor do Sim e do Não, são continuamente uma reciclagem deles mesmos para irem sempre ocupando espaço na comunicação social, à excepção do novos e sofisticados argumentos como aquele dos impostos e mais recentemente o do suposto stress pós aborto. No fundo repetimos todos os mesmos argumentos, reformulando e baralhando os argumentos, mas dizendo quase sempre a mesma coisa. É isso que provavelmente acontece comigo e que acontece certamente com o Cardeal nas suas comunicações semanais, por isso definir o aborto como um desrespeito pela vida humana não é em si mesmo uma novidade.
Mas continuando… tenho alguma tendência a compreender o ponto de vista do Cardeal. Na ideia dele existe sempre vida humana desde o momento da concepção e temos de respeitar que haja quem no seu intimo, ou no seu público, considere que tudo é um desrespeito à vida humana, nem que estejamos a falar da pílula do dia seguinte, onde julgo todos concordamos não existe vida humana, pois não? Dentro desta lógica ele até tem razão.
No entanto esta ideia carece de uma coerência clara. De que forma podemos considerar que uma organização defenda a vida, classificando o aborto como desrespeito pela vida humana, se na realidade não aceita, não promove e de certa forma pune (nem que seja com as chamas do inferno) instrumentos e comportamentos que previnem a existência de aborto. Os espermatozóides e o os óvulos per si, sem estarem a fazer companhia um do outro também possuem alma e logo são indissociáveis da condição da vida humana, ainda que não possam produzir qualquer vida sozinhos?
Não é um desrespeito pela vida humana, não permitir a existência de um planeamento familiar equilibrado, que permite famílias funcionais, onde uma criança possa ter um crescimento saudável?
Não é desrespeito pela vida humana, empurrar mulheres que procuraram soluções inúteis nas igrejas, para a situação em que a única solução pode passar pelo aborto?
Para mim essas são também formas de desrespeito pela vida humana que poderiam ser evitadas antes de existir vida humana que parece ser tão cara ao Cardeal.
terça-feira, janeiro 16, 2007
A mais prática solução
Se não é possível que os gigantescos projectos imobiliários que aproveitaram a marina para vender casas a preços irreais, se interessem pela recuperação do espaço e ele acabe por ter de ser recuperado por dinheiros públicos, então eu tenho a solução.
Devolvam o espaço ao Rio Tejo. Deitem aquilo abaixo, enterrem os milhões que já gastaram naquilo para prevenir o enterramento de mais uns milhões numa coisa sem qualquer viabilidade económica, especialmente dedicada a novos-ricos com um estilo de vida público não totalmente compatível com os seus rendimentos. Quem conhece aquela zona desde 1998 sabe que aquele edifício da marina nunca esteve completamente cheio, nem no seu melhor momento e todos os restaurantes e lojas foram sucessivamente fechando. Não vale a pena insistir.
Já se estava a prever
É verdade, não passa de um programa de televisão e nem sequer sabemos quantas pessoas votaram. Mas a crer na Maria Elisa que referiu que receberam o dobro dos votos do mesmo programa em Inglaterra (terra bastante mais populosa que esta) então aquilo deverá servir pelo menos como sondagem. Um indicativo da forma como os portugueses se vêm uns aos outros e especialmente como vêm os seus supostos heróis.
Portugal em comparação com os restantes países onde existe este modelo televisivo, caminha directamente para a nomeação de um ditador como seu grande herói. E talvez o país o mereça. Não que isso signifique que o pais está cheio de nacionalistas totós e parolos (apesar de haver muitos), ou tão pouco que o país esteja cheio de perigosos agitadores de direita. O pais está é cheio de gente inapta e incapaz de pensar pelas suas próprias cabeças.
Afinal são todos aqueles para quem o 25 de Abril foi um dia como outro qualquer, em que uma série de gente agitadora derrubou o Marcelo Caetano, que afinal até era tão bom homem. Esses continuam a ser uma parte substancial dos portugueses vivos e juntam-se a todos os mais jovens, filhos e netos dos primeiros que cresceram a ouvir dizer que no tempo do seminarista é que era bom.
Vivemos tempos de revisionismo histórico. Como se por acaso quem não entende ainda ser tempo de dar ao sujeito o mesmo respeito histórico que têm outras figuras da historia portuguesa fossem esses sim os saudosistas por uma ideia de uma esquerda perdida que já não faz sentido e que ainda assim se conseguiu reflectir na votação militante de Cunhal.
Foi assim quando foi lançado o programa, quando parecia terem abanado os pilares do céu quando a RTP não sugeriu à partida a criatura, como se à partida ele não fosse igual aos outros candidatos e fosse logo mais importante. Ainda esta semana numa visita do Cavaco à Índia foi notícia a não passagem do homem por parte de uma galeria em Goa que expõe diversos vice-reis e lideres portugueses entre os quais o seminarista, como se um presidente da democracia tivesse de prestar algum tipo de vassalagem ao seminarista.
O principal problema reside na forma como os portugueses pretendem esquecer determinados assuntos e não os discutir, porque isso facilita a sua vida e acaba por propiciar a criação de mitos históricos.
olhares do campo - Na discussão do aborto
O melhor de dois mundos
Os inquisidores gerais deste país, grandes responsáveis pela consciência global, têm vindo a falar muito sobre o aborto. Afinal o aborto não passará de pena de morte ou de terrorismo, mas também já sabíamos que o homem está manchado de pecado pelo simples facto de ter nascido e a justiça dos homens é o que é, mesmo que sejam homens de fé, para os quais a pena de morte já se justificou amplamente no passado.
Não posso deixar de achar interessante como seres assexuados se preocupam tanto com a sexualidade dos outros, como se à partida pudessem saber do que se trata. Provavelmente sabem e ficaram enjoados (acontece aos melhores). Mas enfim, aquilo que me parece mais interessante nesta questão é perceber como a generalidade dos católicos mais conservadores ou beatos, pretende impor a sua visão moral a um Estado laico, sobre o que para eles é um absoluto moral, o direito à vida, e no entanto não pretendem seguir as vastíssimas indicações morais da igreja católica sobre a sua vida.
Afinal o sexo é bom, todos sabemos isso. É bom antes, depois ou durante o casamento. O preservativo pode ser, antes, durante e depois de qualquer engate numa de one night stand. A noiva deve ir de branco e flor de laranjeira, apesar de já desvirginada. O Aborto é que não pode ser. Especialmente para os outros, pois qualquer católico não hesitará quando o problema lhe bater à porta a ponderar, pelo menos ponderar, esta possibilidade.
É o melhor dos dois mundos. Lemos a cartilha da santa madre igreja e decidimos aquilo que queremos optar por cumprir. Para certas coisas aceitamos a evidência da revelação da palavra do Senhor e sobre outros assuntos achamos que se calhar a igreja está a ser muito conservadora e castradora das nossas vontades individuais e se calhar é melhor não levar muito a sério a palavra do senhor.
Pelo caminho fazemos todos de conta que este é um país 99% católico porque a hegemonia é uma coisa que fica sempre bem nas estatísticas, e vamos levando as nossas vidinhas.
Olhares
Eu achei que não deveria fazer o especial esforço para lhe falar e fixei um qualquer ponto na janela para evitar que os nossos olhares se cruzassem.
Quando chegámos olhou novamente para mim e toda a sua expressão facial transmitia uma certa raiva, como que a responsabilizar-me por não lhe ter falado. No final da viagem apenas havia um culpado. Era eu. No fundo és apenas uma mulher normal.
segunda-feira, janeiro 15, 2007
Solitariedades - Os trintinhas
Perante este cenário, é natural que sejas daqueles que continua a depender directa ou indirectamente dos Pais, ao contrário dos homólogos de muitos países da União Europeia que, em média, se autonomizam bem mais depressa do que nós.
Talvez este cenário sirva de justificação para o facto de continuarmos a não ter uma sociedade mobilizada em torno de causas, ao contrário (por exemplo) dos nossos vizinhos do Estado Espanhol. Uma cidade de média dimensão como Saragoça, tem dezenas de grupos de solidariedade e trabalho com isto ou aquilo. E “isto” e “aquilo” é, na maioria dos casos, muito distante, tanto geográfica, como socialmente.
sexta-feira, janeiro 12, 2007
Trust Issues
Tiro no pé
O cessar-fogo recebeu a sua estocada final com o atentado no parque de estacionamento do aeroporto de Barajas e a incerteza instala-se em todo o processo de paz que se pretendia encetar anteriormente. Ninguém mais consegue perceber quais as verdadeiras intenções dos Etarras que neste atentado nem sequer foram acompanhados (nem podiam) pelo seu braço politico que está sempre à beira da ilegalização. Ser terrorista é uma profissão de risco e de impaciência. Não sabemos o que Zapatero andava a fazer, mas aparentemente ao dedo no gatilho juntou-se demasiado nervoso miudinho pela pressão e não foi possível esperar mais pelo início de negociações sérias com o governo socialista.
quinta-feira, janeiro 11, 2007
olhares do campo - Viagens na minha terra
"E, caso curioso, enquanto que o conselho rionorês é a forma mais perfeita da antiga organização comunitária, a domus municipalis de Bragança (onde reunia o conselho da cidade) é, no género, o momento românico mais perfeito e talvez o único existente na Península."
Jorge Dias - Rio de Onor. Comunitarismo agro-pastoril
Oleoduto da discórdia
quarta-feira, janeiro 10, 2007
Ah, a sério?
É no mínimo falta de compostura, até porque este foi um assunto que foi abordado quando as eleições estavam já perdidas e o sujeito foi pressionado a ficar.
Tutelar
E eu, que não minha ingenuidade (começo a parecer a Carolina Salgado em Compostela...) pensava que o Policarpo queria mesmo manter-se fora da campanha para o referendo, quando aqui há uns meses disse, que a igreja não se deveria envolver na politização deste assunto.
Pois claro que não. A igreja não pretende estar no meio. Pretende estar por cima desta suposta confusão. Pretende tutelar a opinião dos outros, sem ter a necessidade de a discutir ao mesmo nível que os demais porque é inquestionável o seu ponto de vista.
Mais um bom serviço para o esclarecimento dos portugueses. Nada melhor que manter o bom e disciplinado povo português a pensar tudo em termos maniqueístas e ajudar a mantê-lo longe das brasas do inferno.
terça-feira, janeiro 09, 2007
Vai um par de estalos?
São 1000 Senhor, são 1000…
Há aqui algumas coisas engraçadas, tão mais engraçadas quando a pressão sobre o que as motivou for menor. Por isso mesmo tenho-me divertido a ler algumas coisas perdidas noutros posts largados algures em meses passados e até lhes consigo ver a graça que não tinha visto na altura. Sei que é um pouco pretensão a mais (auto bajular-me desta forma, mas sou adepto do leite Matinal), ainda assim, convido todos a ler este blog ao contrário da regra normal nos blogs, do post mais antigo para o mais recente, e descobrirão que é muito mais coerente e divertido.
Solitariedades - Deputados milionários na terra dos sem-terra
Mas o facto mais relevante é que os mesmos senhores que aprovaram esse aumento para o salário mínimo, decidiram aumentar-se eles mesmos. Neste caso, o aumento foi de 90.7%!!! Exacto, não é gralha. Noventa vírgula sete por cento!
Os senhores deputados brasileiros só terão os deputados japoneses e italianos à sua frente, em termos de remuneração. E para aqueles que julguem que se tratou de uma medida acordada por uma ou duas bancadas parlamentares, devo dizer que a lista de subscritores da proposta incluíu deputados de praticamente todos os partidos representados. Um dos principais defensores foi mesmo o velho Aldo Rebelo (Partido Comunista do Brasil), actual presidente da Câmara de Deputados, enquanto que uma das excepções foi o Partido Verde que, confesso, nunca tinha sequer ouvido falar...
Já agora, os senhores deputados brasileiros passarão a receber 8.670€, mais 5.300€ de despesas de representação. É caso para dizer que, no país do futebol, há quem não precise de jogar à bola para ter salários milionários.
segunda-feira, janeiro 08, 2007
Não, obrigado
Desta vez a viagem tem pormenores interessantes ou então a contenção de despesas começa a atingir níveis de ridículo. O Presidente mandou um questionário para alguns empresários, para estes responderem quais as suas expectativas sobre a União indiana. De acordo com as respostas, avaliadas pelo Presidente (???) terão sido escolhidos os empresários que vão à Índia. Além disso, Belém optou por não pagar nada da viagem e cada um vai desembolsar a sua própria estadia, só pelo prazer da companhia do Presidente, ou porque calhava mal dizer que não... A continuarem assim, dentro em breve basta um Cessna para as viagens oficiais…
Mas não é sobre isso que pretendo falar. A Índia como todos sabem tem demonstrado uma grande capacidade de enfrentar o desafio da globalização com uma aposta forte na formação para as novas tecnologias. Possuem em Bangalore um pólo tecnológico ao melhor nível do Silicon Valley, onde também estão representadas as maiores e melhores multinacionais. Têm uma taxa de crescimento double digit e por isso são exemplo para muitos economistas.
A comunicação social, reflexo da falta de formação deste país, muitas vezes vai atrás dos press-releases que são lançados e torna-se reflexo dos interesses dos políticos e das corporações. Esta semana as várias televisões não questionaram nem uma palavra do discurso oficial sobre a visita do Presidente à índia. Falaram sobre as enormes potencialidades do mercado indiano e de como a Índia é um exemplo de desenvolvimento… Mas achamos todos (especialmente os economistas) que este é o exemplo a seguir? Que o desenvolvimento económico indiano está mesmo a servir os interesses da maioria dos seus habitantes?
Ora aí é que está a questão fundamental. A índia não é exemplo de desenvolvimento para ninguém. É um país com enormes desigualdades sociais, com uma estrutura social quem em muitas ocasiões não respeita as liberdades individuais, que não respeita as mulheres e a sua liberdade. Uma sociedade em que a maioria dos seus elementos vive abaixo do limiar da pobreza em condições sub-humanas, onde as doenças e a fome continuam a ganhar terreno. Aos indianos não estão garantidos direitos básicos como a habitação ou a água potável.
Acho lindamente que se procurem oportunidades de negócio para os empresários portugueses na Índia. Mas permitam-me não concordar com as comparações sobre as expectativas económicas da união indiana. Este é um tipo de desenvolvimento que não me interessa e que calculo não pode interessar à nossa classe política. Este tipo de desenvolvimento... não, obrigado.
sexta-feira, janeiro 05, 2007
olhares do campo – Medida de coacção
Mas por vezes há medidas que parecem perfeitas para acentuar alguns equívocos e preconceitos, em vez de assegurarem a eficácia social que supostamente deveriam perseguir.
Incentivar formas activas de procura de emprego é uma medida pertinente, não tanto para pôr a mexer esses malandros que vivem do subsídio de desemprego, mas para incluir e implicar as pessoas na (re)orientação do seu percurso profissional. O preconceito de que exista muita gente a viver à sombra do subsídio de desemprego, além de equívoco, omite uma realidade que a alguns talvez convenha esconder: o nosso mercado de trabalho não tem resposta para as legítimas expectativas de emprego das pessoas.
Mas obrigar os desempregados a apresentarem-se quinzenalmente, isso, francamente, não me parece medida nenhuma de combate ao desemprego. Parece-me mais uma acentuação do preconceito sobre os malandros dos desempregados, fixando-se-lhes uma medida como a judicial de termo de identidade e residência.
quinta-feira, janeiro 04, 2007
A coerência do costume (all over again)
Hoje o Tribunal de contas já é bom, mas como se esperava nem uma palavra. Nem um acto de contrição sobre as duvidas que alimentaram em relação ao nomeado. É o costume…
quarta-feira, janeiro 03, 2007
Para todos
Este argumento tem sido invocado frequentes vezes como fundamento para a manutenção de milhentos subsistemas de saúde que na realidade não são mais do que formas de beneficiar certas classes em detrimento de outras.
Naturalmente as diferentes classes profissionais têm gente rica e gente pobre. Têm gente com sucesso profissional assim como gente mais azarada na vida. Têm gente competente e gente incompetente como em qualquer outro lugar.
Não podemos pensar que apesar da projecção mediática que algumas profissões têm, como por exemplo os jornalistas, é suficiente para aferir que todos os jornalistas nadam em dinheiro. Não é possível pensar que por os médicos geralmente auferirem altos rendimentos e ainda por cima beneficiarem de acumulação com rendimentos do sector privado, que todos sem excepção o conseguirão fazer e que não existem médicos em dificuldades. Claro que existem.
No entanto, o corporativismo de classe que protesta contra o fim dos subsistemas de saúde visa proteger aqueles que menos têm dentro dessas classes, ou visa continuar a alimentar aqueles que não precisam do subsistema?
Este argumento é tão válido para a manutenção de subsistemas de saúde que protegem e garante o acesso dos mais fracos, como para a sua extinção.
O Estado deve concentrar-se em ajudar quem realmente precisa de um sistema de saúde a funcionar, com qualidade e rapidez, e não pode, ou não deve, permitir a estratificação entre portugueses com acesso a saúde de qualidade e os outros que têm de ir para as filas da caixa. A existência de subsistemas mais vantajosos para determinadas classes profissionais favorece a descapitalização do serviço nacional de saúde, que lida desde sempre com problemas de orçamentação e não permite justiça no acesso à saúde.É fundamental que salvaguardando as especificidades de algumas profissões de desgaste rápido, que incluem necessidade de exames frequentes e de assistência específica, os subsistemas de saúde terminem e se possa ter um acesso à saúde democrático e de qualidade para todos e não apenas para alguns.
terça-feira, janeiro 02, 2007
Exigências para todos os gostos
Em ultima análise até podemos dizer que quem elegeu o Sócrates foi também quem elegeu Cavaco, o que em abono da verdade até é capaz de ser verdade.
Mas o apoio politico não veio da esquerda mas sim da direita que é quem mais provavelmente o poderá voltar a apoiar no futuro em vez de esquerda. (a não ser que ocorra o mesmo que aconteceu com Soares no segundo mandato).
Dai que o Presidente tenha não só de lançar sinais que apoia a vertente reformista deste governo, mas também que é muito exigente em relação a essas reformas.
O que Cavaco pretende é marcar a agenda politica, o que tem vindo a ser feito pelo governo. Precisa que o governo cumpra com aquilo que provavelmente já está a fazer, para que o presidente diga que teve visão estratégica e só apostou na cooperação com o governo porque este seguiu o caminho delineado por Belém. Se os resultados aparecerem Cavaco fica bem na fotografia porque este lá. Se não aparecerem resultados também fica bem na fotografia porque poderá sempre dizer que avisou nos seus discursos para a necessidade de exigência e o governo falhou, abrindo o caminho a uma maioria do seu partido de origem. Cavaco ganha sempre independentemente do caminho que o País seguir no próximo ano.