domingo, setembro 10, 2006

Madrecita, que haces ahí debajo???


Almodovar é sempre surpreendente, mas está a perder o jeito de manter as suas intrigas até ao final…
Não se explica porque se gosta de alguma coisa e eu não consigo explicar porque gosto dos filmes do Almodovar. Será das cores garridas, das mulheres fortes e ao mesmo tempo sofridas, dos temas comuns, da música ou do choque de uma Espanha moderna e inconvencional com um tradicionalismo com que a primeira choca, mas que nos filmes de Almodovar parecem conviver? Talvez…
“Volver” não é um espanto, mas alguns filmes de Almodovar são, o que é mais do que se pode dizer de muitos outros realizadores.
Nesta fase em que o realizador parece exorcizar partes da sua vida, o regresso de uma mãe morta é afinal um pretexto para se falar da morte, da vida e como afinal a história se repete apesar de não estarmos atentos.
Em Volver, a morte não pesa nada, é mais ritual que dramática, ninguém parece sofrer com a morte e tão simplesmente a aceita e prepara como a coisa mais natural da condição humana. É ritualista, obedece a talhões e lápides bem esfregados e serviços fúnebres pagos em adiantado para evitar incomodar familiares.
As personagens obedecem a uma habitual lógica do realizador que com mestria torna vítimas em responsáveis por odiosos acontecimentos no passado, mas com os quais nos conseguimos identificar moralmente. Uma espécie de “poetic justice” que só estaria completa com o purgatório a que estão sujeitas estas mesmas personagens numa tentativa de expiarem os seus pecados.
Pelo meio a habitual fixação de Almodovar sobre a exploração de sentimentos alheios com que vive a televisão actual.
Não revelo mais, só indo ao cinema porque vale a pena :) Até lá, fica o gosto aguçado pela música...

Também disponivel em "As canções dos meus dias "

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