quinta-feira, setembro 14, 2006

De volta ao TGV

No fim-de-semana falava com um amigo sobre a viabilidade económica do TGV numa expectativa de crescimento do mercado ferroviário vs preços das companhias aéreas low cost. Claro que não o fizemos desta forma circunspecta e cinzenta à laia de prós e contras.
Como ambos partilhamos do gosto pelas viagens tivemos conhecimento de uma nova companhia aéreas (a Clickair), subsidiária da Ibéria, que se propõe a fazer viagens de Lisboa para Barcelona por 5€ mais taxas. Qualquer coisa do tipo: menos de 30€ ir e vir para Barcelona e outros destinos.
Já anteriormente falei aqui do TGV. Sou a favor da construção do comboio rápido, pelo menos no que toca à ligação prioritária a Madrid e daí ao resto a Europa, mas não a qualquer preço.
Antes de mais, na altura em que escrevi este post, julgava ser importante tomar uma decisão definitiva. Ou se faz ou não se faz. E acabar de uma vez por todas com a discussão estéril sobre que tipo de meios de transporte o país vai ter para se ligar ao resto do mundo.
Tinha dito anteriormente que a ligação, ou melhor, as ligações ferroviárias que temos a Espanha são no mínimo tristes. Uma pequena amostra do que poderá ser uma descida aos infernos.
Logo, actualmente não existe mercado que suporte uma expectativa de crescimento do tráfego ferroviário que leve a justificar o TGV, a não ser que o fenómeno da introdução de um novo conceito de viagem ferroviária atraia um mercado próprio, ao ponto do investimento se pagar a si próprio.
Disse que a criação de uma linha de TGV a Madrid insere-se numa lógica europeia de ligações transfronteiriças e que o valor a pagar era comparticipado em grande medida por fundos europeus tal como acontece em relação a outros projectos que a comissão europeia pretende tornar comuns ao espaço da União.
No entanto parece que pelo menos a possibilidade de inserir o projecto da linha Lisboa-Porto já não vai beneficiar de qualquer apoio especial para as redes transeuropeias e por isso é preciso repensar se faz sentido ter apenas a ligação Lisboa-Madrid por TGV, se a ela não corresponderem outras ligações dentro do país como a de Lisboa- Porto. Isto porque a existência de uma rede nacional é complementar à ligação internacional e pode em grande medida facilitar a sua viabilização económica.
Continuo a concordar com a existência de uma linha entre Lisboa-Madrid que nos permita estar ligados ao resto da Europa, mas a não subsidiação directa de um projecto nacional de TGV obriga a repensar o investimento ferroviário no país e o próprio mapa ferroviário, de que forma este se possa ligar ao TGV.
Depois tudo o que se disse o TGV vai voltar à discussão e está relançada a polémica sobre o projecto. Uma coisa é certa, a culpa é de todos os governos portugueses que se atrasaram nesta matéria.

3 comentários:

Anónimo disse...

Acho que fará todo o sentido fazer uma ligação entre Lisboa e Madrid pelo TGV, mas parece-me completamente disparatada a ideia de ligar Lisboa e Porto pelo mesmo sistema, segundo um estudo ganharia-se apenas 30 minutos em comparação a actual rede pendular (na qual foi feito um grande investimento ainda muito recentemente), provavelmente seriam os 30 mais caros da historia.

Anónimo disse...

Há em portugal informação que permitirá neste caso que o estado gaste menos, os privados mais e a população fique melhor servida.
inventorpt@gmail.com

Anónimo disse...

TGV para quê?

Finalmente conseguiram a medida para afastar esta Terra pequena, que é Portugal, atrás das cancelas vermelhas. Mais uns minutinhos e estamos a chegar ao isolamento que, dirigentes deste país, tanto lutaram e se queixam da descentralização. Mas Eles estão com pressa, e eu também, de poder viajar no dia da sua inauguração, mas em primeira classe ao lado do ministro dos transportes, para lhe mostrar o que deixou em atraso, por uns valentes milhões.
Ver crescer matagais neste território desordenado, tão rápido e mais uns minutinos e está tudo ardido, para provar que nada existia, só mesmo esta aparência em velocidade.